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Ciências & Cognição

versão On-line ISSN 1806-5821

Ciênc. cogn. vol.13 no.1 Rio de Janeiro mar. 2008

 

Artigo Científico

 

Mulheres, trabalho e redes sociais: Uma experiência etnográfica de produção de performances para o vídeo

 

Women, work and social nets: ethnographic film and performances

 

 

Ana Lúcia Marques Camargo Ferraz

Laboratório de Imagem e Som em Antropologia (LISA), Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, São Paulo, Brasil

 

 


Resumo

Frente ao crescimento das taxas de desemprego que se deu ao longo dos anos 90, a literatura produzida no campo das ciências sociais indica um processo de precarização das relações de trabalho que parece obedecer a padrões que reproduzem desigualdades no tocante ao gênero no acesso a posições no mercado de trabalho. São tecidas aqui considerações que se inserem no contexto da reflexão sobre os marcadores sociais de diferença quando operam no mundo do trabalho. Assim, buscou-se, neste trabalho, pela compreensão da forma como os sujeitos lidam com tais padrões em suas ações e relações sociais. Foi construída ainda uma abordagem com o vídeo etnográfico, com o objetivo de compreender a forma como apresentam suas identidades pessoais e profissionais nas relações que se estabelecem no terreno de suas redes de sociabilidade e no mercado de trabalho. Os recursos da pesquisa etnográfica e da técnica do vídeo foram heuristicamente importantes, uma vez que investiram na produção de representações e na proposição de performances que evidenciam os sentidos mobilizados pelos sujeitos em suas ações e relações sociais.

Palavras-chave: gênero; trabalho; desemprego; redes sociais; vídeo etnográfico.


Abstract

With the growth of unemployment rates in 90's,the literature produced in the field of social sciences indicates a process of insecurity of employment relationships that comply with standards seems that reproduce with regard to gender inequalities in access to positions in the labour market. Here there were made considerations that fall in the context of reflection on the social markers of difference when operating in the world of work. So, the aim of this work was looking for understanding how the subjects dealing with such patterns in their actions, and social relationships. It was also constructed an approach with a video ethnographic, with the goal of understanding how their identities have personal and professional relations established on the ground of their networks of sociability and the labour market. The resources of ethnographic research and technology of the video were heuristically important since invested in the production of representations and in the proposition of performances that highlight the senses deployed by subjects in their actions and social relations.

Keywords: gender; work; unemployment; social nets; ethnographic film


 

 

No presente artigo, viso compreender a forma como o gênero atua como traço marcador de diferença no mercado de trabalho e o modo como a elaboração de uma identidade pautada pela diferença delimita possibilidades de inserção profissional. Observando as formas elaboradas pelos sujeitos que vivem a situação de desemprego para lograrem a sua recolocação em uma atividade produtiva, noto que o processo atualmente em curso indica uma informalização dos vínculos nas relações de trabalho, considerando que as soluções criadas para sair da inatividade muitas vezes não significam saída da situação de desemprego.

Em minha trajetória de pesquisa no campo dos estudos do trabalho e na elaboração de uma abordagem particular no estudo da produção de identidades referidas a essa experiência, nasce o problema formulado nesse projeto. Realizando vídeos etnográficos entre grupos de trabalhadores, acompanhei, durante a pesquisa de mestrado (Ferraz, 1999), um momento de intensa reestruturação produtiva na região do ABC paulista. Documentei um evento, as 2800 demissões no Natal de 1998, momento em que produzi o vídeo intitulado Feliz ano novo, véio!. Nesse trabalho compartilhei o cotidiano do movimento dos trabalhadores demitidos. Produzindo imagens dentro da fábrica e convivendo com as suas famílias, vou compreendendo uma linguagem própria dos trabalhadores, inscrita nos corpos, mais que verbalizada.

Anos depois, realizando a pesquisa de doutorado (Ferraz, 2005), estudo a constituição de cooperativas que são arranjos de grupos de trabalhadores em defesa de sua ocupação. Oriundas de processos falimentares ou partindo de movimentos sociais, tais grupos formulam respostas locais ao desemprego. Centrados em redes de sociabilidade, constituídas, sobretudo, na experiência do trabalho, esses casos, embora signifiquem manutenção dos postos de trabalho, são invisibilizadas por implicarem num processo de informalização. Isto é, nas estatísticas que dizem respeito ao emprego formal tais formas de trabalho desaparecem. Isso se deve a contextos cognitivos que constroem certas atividades como sendo "trabalho", e às instituições sociais que sustentam tais definições (Sorj, 2000: 29).

Observo a forma como os trabalhadores criam, através de suas atividades produtivas, formas próprias de sociabilidade e ao fazê-lo reproduzem-se enquanto identidades de classe. Um dos casos estudados, que vive o desemprego e se forma como movimento por moradia, constitui-se como tal a partir de uma afirmação de sua alteridade em relação ao Estado em sua prática de ocupar terrenos urbanos ociosos. Compartilhando o cotidiano desse movimento, acompanho a constituição de uma cooperativa de reciclagem, que surge como necessidade econômica e moral do grupo. Nesse caso, uma divisão sexual do trabalho era bem demarcada. No momento de seu assentamento na terra, realizei oficinas de vídeo com os seus membros, que produziram suas próprias imagens. A partir delas, editei o vídeo 'Foi através da necessidade'. História de um movimento por moradia em Osasco, S.P.. Em ambas as ocasiões, refleti sobre o sentido das representações de trabalho e emprego para os sujeitos estudados. Tanto no mestrado, quanto na pesquisa do doutorado, a questão da diferença de gênero aparece - seja na afirmação de uma identidade masculina de operário, no primeiro caso, seja no protagonismo feminino, no último caso, fato este que não aprofundei naquele momento de meu percurso de pesquisa.

Utilizo-me da técnica do vídeo convidando os trabalhadores à produção de representações para a câmera - de diversos modos: quando os sujeitos estudados produzem imagens em vídeo, revelando seus olhares; quando em suas performances expõem suas relações; quando assistem a materiais que registram instantes de sua história, atualizando uma memória que é coletiva. Em todos esses casos, fica evidente o lugar do sujeito que ao revelar seu modo de ver compartilha conosco a constituição de um modo de ser. Aqui é importante marcar que a produção de representações pelos indivíduos é um momento em que se realiza a identidade através da ação.

Przeworski (1977) defende que o problema da identidade não se resolve entendendo as posições objetivas dos indivíduos, seus lugares socialmente estruturados, como supõem as leituras estruturalistas. As classes em luta são efeito das lutas sobre as classes, são construções simbólicas que dão sentido à vida social. "A fim de compreender a emergência de quaisquer atores coletivos num momento concreto, é necessário vê-los como efeitos de lutas pela formação das classes" (Przeworski, 1977: 13). Buscando a compreensão dos sentidos mobilizados, na produção das identidades, parto da dialogia e da problematização das diversas negociações que se dão entre os sujeitos em relação, tomo o instante da pesquisa como um momento de produção de performances, elas mesmas propiciadoras de discursos-síntese sobre si e sobre os outros com os quais se defronta, nas relações que estabelecem em suas redes sociais e no mercado de trabalho. Ora:

"o sociólogo não pode ignorar que é próprio de seu ponto de vista ser um ponto de vista sobre um ponto de vista. Ele não pode re-produzir o ponto de vista de seu objeto, e constituí-lo como tal, re-situando-o no espaço social, senão a partir deste ponto de vista muito singular (e, num sentido, muito privilegiado) onde deve se colocar para estar pronto a assumir (em pensamento) todos os pontos de vista possíveis" (Bourdieu, 1997: 713).

Buscando fornecer todos os elementos para uma compreensão do ponto de vista da pessoa interrogada, o cientista social procura, então, tecer "um olhar que restitui ao pesquisado sua razão de ser e sua necessidade; o desafio de se situar no espaço social a partir do qual são tomadas todas as vistas do pesquisado sobre esse espaço" (Bourdieu, 1997:711).

Por isso mesmo, nas minhas experiências de pesquisa tenho buscado a compreensão dos sentidos de trabalho mobilizados pelos sujeitos em suas práticas e posições, no estudo das relações que observo e analiso a partir da pesquisa etnográfica. Para tanto, introduzo a técnica do vídeo, propondo aos sujeitos que explicitem sua perspectiva sobre a situação vivida. No processo de produção de representações que nasce da situação de pesquisa em campo, os sujeitos sociais (tomados como objetos da pesquisa) verbalizam suas experiências atualizando suas memórias, trazendo à consciência sua trajetória de relações sociais. Buscar compreender a forma como as identidades sociais são apropriadas, em que contextos, frente a quais outros sujeitos, é reconstruir um jogo de espelhos em que as imagens de si variam conforme a posição de que se fala, conforme a relação que se estabelece nos percursos de busca de (re-)inserção profissional. Compreender a forma como os sujeitos constroem suas identidades de gênero só será possível analisando relações sociais, isto por que o papel do outro na formação de uma consciência de si é preponderante (Novaes, 1993).

"O sociólogo pode ajudá-las nesse trabalho, à maneira de um parteiro, sob a condição de possuir um conhecimento aprofundado das condições de existência de que são o produto e dos efeitos sociais que a relação de pesquisa e, através desta, suas posições e suas disposições primárias podem exercer" (Bourdieu, 1997:708).

Essa parece ser uma tarefa da pesquisa que busca estudar a forma como os sentidos são manipulados pelos sujeitos em suas relações intra e extra-grupo, na afirmação do seu pertencimento a uma classe e da construção de gênero como diferença. O vídeo etnográfico é meio potente de produção, registro e circulação de tais perspectivas.

Um outro papel fundamental do filme é possibilitar a difusão do conhecimento oriundo da pesquisa em ciências sociais. Esse fato tem sido salientado na história do filme etnográfico, e de modo particular pela obra de Jean Rouch. Acredito ser necessário aprofundar um diálogo sobre as diferentes formas como o cinema e as ciências sociais, em particular a antropologia, lidam com a produção de representações dos temas que abordamos na pesquisa.

 

Arranjos precários, cooperativos e o trabalho feminino

No estudo das formas de como se constituem e expandem certos arranjos precários, novas formas de relação de trabalho, em São Paulo, um fenômeno particular que chama a atenção e tem sido pouco estudado, são as cooperativas de trabalho, chamadas também de cooperativas de mão de obra, por arregimentarem trabalho e o intermediarem. Diferente da pesquisa de meu doutorado, focalizo aqui um outro tipo de cooperativa, que realiza o serviço de intermediar força de trabalho. São cooperativas para terceirização de mão de obra ou de serviços, modos de precarizar os vínculos de trabalho. Sem vínculo empregatício, tais organizações arregimentam trabalhadores sem o devido reconhecimento dos direitos trabalhistas. (Oliveira, 2005; Singer, 2004).

Lima (2002) sublinhou a precarização das situações de trabalho em cooperativas de terceirização de trabalho, em particular o feminino. O autor destaca que em tais cooperativas de terceirização de trabalho, o trabalho feminino tem sido privilegiado por se adaptar melhor à sazonalidade da produção. Por serem as mulheres "trabalhadoras flexíveis por excelência. Trabalham apenas quando as empresas necessitam" (Lima, 2002:112). Tais representações em torno do trabalho feminino, vigentes no universo das relações precárias de trabalho, se pautam nas crenças de que "as mulheres são donas de casa ou meninas que nunca trabalharam, não existindo problemas quando não ganhavam" (Ibid. :111). É a afirmação de ser este um trabalho acessório à renda doméstica que justifica a precariedade.

Holzmann (1992), estudando uma cooperativa de produção, enfoca o problema da reposição de desigualdades no cotidiano de trabalho, pelo reconhecimento de qualidades entendidas como sinais marcadores de diferença no interior do grupo. Mobilizados na interação com o extra-grupo tais sinais funcionam como justificativas para a reprodução da desigualdade. Habilidades tais como escrever, falar em público, dirigir, propor, elaborar, muitas delas desenvolvidas ao longo de experiências escolares, operam como marcadores de diferença no interior mesmo das cooperativas de trabalhadores. Investigo os mecanismos pelos quais tais distinções operam como desigualdade.

A problemática do funcionamento dos grandes mercados metropolitanos em contextos de desemprego recorrente e de encolhimento da relação de assalariamento formal e duradouro, ganha nova luz focando tais iniciativas de trabalho precário. O fenômeno que analiso é o da flexibilização das relações de trabalho. O aspecto contratual parece ter sido focado por boa parte das análises nesse campo ainda incipiente (Culti, 1999; Singer, 2004). Já o aspecto identitário, que norteia a ação social dos indivíduos, parece estar sendo secundarizado pela literatura. A abordagem proposta visa compreender os sentidos que norteiam as ações dos sujeitos, suas escolhas e elaborações. Cercadas de condicionamentos construídos socialmente, essas formas têm nas redes sociais meios de acesso a tais organizações mobilizadas para encontrar trabalho remunerado.

 

Gênero e trabalho

Em minha trajetória de pesquisa, busquei compreender as relações entre uma identidade de classe afirmada por grupos de trabalhadores em suas representações acerca de si mesmos, que se evidenciam em suas narrativas, e as estratégias de produção de trabalho e inserção sócio-econômica, construídas individual e coletivamente. Localizei uma concepção de trabalho que valoriza as atividades produtoras de valores de uso, a partir do estudo de casos de grupos que se apresentam como autogestionários e vivem situações de transição entre o trabalho assalariado e formas autônomas de produção. Tal perspectiva parece valorizar o trabalho realizado para autoconsumo e na esfera da autoconstrução, trabalho que não é mercadoria, majoritariamente feminino (Ferraz, 2005; Dedecca, 2004). Um ethos de trabalhador centrado na possibilidade do exercício da atividade, na representação do trabalho como valor moral, mais que econômico (Colbari, 1995; Rosa, 1994), parece nortear a ação dos sujeitos na elaboração de soluções próprias para o problema do desemprego e seus modos de relação com a metrópole.

Recentes achados de pesquisa, analisando situações de desemprego recorrente e de intensificação das transições ocupacionais (Guimarães, 2004 e 2001), apontam padrões de reprodução de desigualdades no tocante a gênero que se explicitam como razões das trajetórias de trabalho precário e risco de desemprego. Cito: "desigualdades de gênero parecem marcar os padrões de discriminação no mercado de trabalho quando se olha para as posições de trabalho precário e sazonal. Subcontratação, reincidência no desemprego de longa duração" (Guimarães, 2005) são fatos que parecem obedecer a critérios norteados por marcadores sociais de diferença de gênero que implicam em desigualdade. Um campo da literatura analisado em maior profundidade é o dos estudos de gênero. Nele, as relações entre trabalho produtivo e reprodutivo (ou o desempenhado pelas mulheres na esfera do lar) são sublinhadas.

"O que me interessa reter das análises feitas sobre a posição e experiência das mulheres no trabalho é que foram muito convincentes em mostrar a existência de um estreito vínculo entre o trabalho remunerado e o trabalho doméstico, uma vez que os indivíduos ou coletividades de trabalhadores não estão condicionados apenas por fatores de ordem econômica, tecnológica ou política, fatores estes freqüentemente privilegiados nas explicações sociológicas" (...). "O principal resultado dessas contribuições à Sociologia foi a expansão dos limites da definição de trabalho e o aprofundamento da reflexão acerca do caráter histórico e cultural deste conceito e das atividades que abrange" (Sorj, 2000:29).

A partir dos estudos sobre relações de gênero, em particular sobre o trabalho feminino e do campo da literatura feminista, "passou-se a questionar as diferenças nos atributos de gênero estabelecidos e justificados como verdades eternas do senso comum" (Sorj, 2000:28). Essa literatura aponta uma dicotomia nas abordagens produzidas sobre o tema que opõe determinações estruturais a construções culturais (Lobo, 1991: 11).

Tais estudos de gênero sublinham a impossibilidade de se falar em situação da mulher no singular, posto que os diferenciais de posição social demarcam situações particulares e distintas (Kofes, 2001). Só é possível falar em mulheres no plural, a diversidade e a diferença são notadas pelas autoras que se situam nesse campo. Outro dado importante é o crescimento de uma heterogeneidade no mercado de trabalho que também diferencia as posições ocupadas pelo trabalho feminino em posições de status extremas - em ótimas posições e em precárias condições (Lavinas, 1997; Guimarães, 2001).

Outros achados de pesquisa ressaltam a centralidade da instituição família e os rearranjos crescentes por que ela passa, frente ao novo contexto societal. Estudos sobre mulheres chefes de família colocam centralmente a questão da extensão da jornada de trabalho, das estratégias de sobrevivência e a centralidade de redes sociais nesse apoio (Soares , 2001). Outro aspecto abordado pelo campo é a forma como a construção socialmente demarcada da sexualidade norteia o desenvolvimento de saberes que são práticas institucionalmente atribuídas à experiência feminina. Maternidade, amamentação, alimentação, educação, cuidados com a saúde... há muito firmam convenções que têm sido postas em questão, uma delas é a da "domesticidade feminina" (Tupy, 2003). Outros elementos apropriados na esfera do mercado de trabalho, que atuam como marcadores de diferença do gênero feminino, são saberes e habilidades - tais como delicadeza, destreza em trabalhos manuais, rapidez, entre outros -, requeridas como "qualificações tácitas" do trabalho feminino mal remunerado e não reconhecidas por operarem na esfera das habilidades "naturais" da mulher (Castro, 1993, Rizek, 1996).

Há extensa produção de literatura sobre a construção social de papéis de gênero em profissões ligadas às áreas da saúde - como a enfermeira, e à educação - como a professora, nos campos em que o habitus conferiu primazia à atividade feminina. A profusão de produção de representações sobre esses campos de atividade específicos já indica a força do habitus. Como propõe Bourdieu (2003), em seu estudo sobre a dominação masculina, para além da filosofia da consciência, é preciso analisar a produção das estruturas, do habitus. Posto que nossos pensamentos e percepções são estruturados em conformidade com as estruturas mesmas das relações de dominação. Os atos de conhecimento são, inevitavelmente, atos de reconhecimento da submissão.

Por outro lado, estudos sobre a atuação de movimentos sociais por saúde em bairros da periferia da cidade (Garcia, 2001), sublinham a construção de modos cognitivos próprios às mulheres, linguagens particulares que são elaboradas para solucionar problemas concretos. Outro ponto de vista é o do campo do direito e das políticas públicas. Alguns estudos sublinham a forma como a legislação é manipulada pelos diversos sujeitos em relação, para discriminar positiva ou negativamente (Novais, 2004); ou a forma como as mulheres reinventam suas práticas a partir das demandas do trabalho e frente à legislação (Franco, 2001). Outra ainda é a abordagem que aponta a distância entre as práticas sociais e a ineficiência das políticas públicas que buscam solver a discriminação de gênero (Santos, 2002).

É possível compreender os sentidos imputados pelos sujeitos que expõem suas trajetórias, relações e perspectivas, a partir do diálogo possibilitado pela pesquisa etnográfica. Procuro mapear a forma como os traços de gênero são apropriados como moeda frente a um mercado que discrimina. Viso compreender como é que as identidades de trabalhadora e mulher são mobilizadas, em que condições, frente a quais relações. À luz das questões introduzidas pelos estudos de gênero, compreendemos como as características tidas como masculinas e femininas perpassam as convenções e normatizações sobre o corpo e como elas permeiam saberes e práticas corporais. Com Marcel Mauss (1974), sabemos que o corpo é suporte de diversas máscaras sociais que compõem a pessoa e que apreende técnicas em seu processo de socialização permanente. O campo da literatura produzida nas ciências sociais sobre o tema da homossexualidade sublinha a distinção entre "o plano da elaboração de uma identidade de gênero e o da orientação sexual" (Sorj e Heilborn, 1999: 219). Busco investigar como as convenções sociais se materializam na produção de corpos e estilos de sociabilidade considerando as trajetórias de trabalho e as situações vividas pelos sujeitos na busca por reinserção profissional.

Compreender a forma como a pessoa se constitui, como traços marcadores de identidades são apropriados, sempre a depender da relação que estabelece com a alteridade (Cunha, 1987) e, o modo como a diferença de gênero, é construída pelos que procuram inserção social, em particular através do trabalho. Analisar como os marcadores sociais de diferença operam na reprodução da desigualdade no mercado de trabalho. Pensar como se negocia a legitimidade para obter uma vaga; especialmente quando se sabe que ela não advém pura e simplesmente de uma história ocupacional prévia, ou da chamada qualificação. Observar as formas como "o reconhecimento do estereótipo" (Bhabha, 1992) atua como espécie de poder que sujeita os indivíduos ao jogo da discriminação.

"Estereotipar é um texto ambivalente de projeção e introjeção de estratégias metafóricas e metonímicas, deslocamentos, causas múltiplas, culpa e agressividade; significa o encobrimento e a ruptura de conhecimentos 'oficiais' e fantasmáticos para construir as posições e oposições do discurso." (Bhabha, 1992: 200)

Esses marcadores de diferença são manipulados na situação da procura de trabalho pelos diversos sujeitos em relação. As relações com o mercado formal de trabalho e as estratégias criadas pelos sujeitos quando estão fora dele são processos vividos.

Aprofundando o estudo sobre os traços marcadores de identidades de gênero como construções simbólicas de diferenças que pautam escolhas e possibilidades de inserção no mercado de trabalho, compreendemos as representações em torno da discriminação de gênero para os sujeitos que a experimentam e praticam. Tais sentidos são capturados tanto nas experiências que se estabelecem nas relações tecidas no interior das redes de sociabilidade, quanto no quadro das instituições do mercado de trabalho.

 

O vídeo etnográfico

Analizando em particular as formas elaboradas nas estratégias dos sujeitos frente ao desemprego, estudamos modos de re-inserção no mercado de trabalho, as experiências de criação de atividade. Consolidando a abordagem de uma sócio-etnografia mediada pelo vídeo, produzo reflexões metodológicas acerca do trabalho com a técnica do vídeo etnográfico. Compartilho a produção de representações com os sujeitos estudados, buscando compreender as diversas perspectivas que compõem o universo de suas relações. Analisando um modo específico de produção de conhecimento que se realiza a partir da proposição do vídeo etnográfico - como um momento de reflexão e elaboração do sujeito sobre si mesmo, analiso o diálogo intersubjetivo valendo-me de uma reflexividade capaz de objetivar a própria situação de pesquisa.

Procurando mapear as soluções encontradas para a saída da situação de desemprego, localizar os sujeitos que experimentam tais arranjos precários de trabalho. Observando as situações de procura de trabalho, aprofundar contato com mulheres demandantes de trabalho; formando uma rede de indivíduos que constitui o grupo empírico em análise.

A importância da metodologia em que compartilho a produção de representações com os sujeitos estudados está no acesso aos sentidos mobilizados para explicarem suas experiências. Acredito, com Henri Gervaiseau (1995:91), que um longo processo de observação, a subordinação da filmagem aos dados revelados nesse processo, o acesso dos protagonistas à visão de sua imagem registrada, bem como o direito dos mesmos de opinarem sobre a realização das seqüências, no quadro de uma 'autêntica antropologia compartilhada', será meio fundamental para o diálogo sobre o tema delicado que é a construção da identidade de gênero no contexto do mercado de trabalho.

A cristalização dessa abordagem é fruto da prática da pesquisa etnográfica como momento de rememoração e produção de performances, e o vídeo é o meio privilegiado para essa proposição. Com a possibilidade de produzir imagens de si para a pesquisa, pode-se tomar a representação em seu processo de constituição, elaborá-la, problematizá-la, dialogar através dela.

Pensando o processo de produção do conhecimento procuro praticar uma reflexividade que evidencie como é que o ponto de vista que adoto - marcado pela posição de gênero, enquanto pesquisadora e mulher, é determinante dos problemas que formulo. Sublinhando a questão de gênero, Callaway (1995) tece críticas à distância entre os momentos de trabalho de campo e o da escrita dos textos.

"Como pesquisadores de campo somos necessariamente criaturas incorporadas, identificados pelas sociedades anfitriãs de acordo com seus sistemas de classificação, sendo o gênero uma característica saliente. Nossos textos, ao contrário são desincorporados; o gênero do autor só se faz evidente nas inflexões e nuances. Homens e mulheres em campo conduzem seus trabalhos em relações pessoais, face a face, através do meio do diálogo. Depois, de volta ao seu mundo, os múltiplos níveis do discurso pessoal são transmutados em impessoais e distantes palavras impressas." (Callaway, 1995: 30)

Apesar da centralidade na discussão da observação participante, no campo das ciências sociais, essa imagem do observador neutro e não situado historicamente ainda persiste. Se as relações que estabelecemos em campo são capazes de engendrar conhecimento, muitas vezes para ambas as partes, o estudo do outro, e de suas relações de gênero, deve ser praticado a partir de um exame de nós mesmos como identidades de gênero. A autora defende uma escrita que revela o processo de compreensão, apresentando os dramas da vida cotidiana. Apreender um modo de escuta do outro, experimentar novas formas de representar a sua vida, são buscas da abordagem proposta. Callaway (1995) propõe uma reflexividade que é um trabalho contínuo sobre o indivíduo pesquisador, que desenvolve suas categorias analíticas para explicitar diversas formas de subjetividade. Pratica o exercício de um olhar duplo - sobre a experiência do outro e sobre a sua própria possibilidade de vê-lo, ou sobre a capacidade de experimentar o modo de ser do outro. Por essa concepção temos o momento da pesquisa como um instante em que uma nova consciência é criada.

Utilizando-me da técnica do vídeo e convidando os trabalhadores à produção de representações para a câmera, procuro estabelecer uma relação em que seja possível o speak nearby, falar de perto, como propõe Trinh Minh-ha (1995), autora de filmes etnográficos, em sua crítica ao realismo. A câmera possibilita o estabelecimento de um lugar cúmplice em que a produção de conhecimento é compartilhada. Na pesquisa, estabeleço uma relação de comunicação com o sujeito filmado, em que o discurso verbal, o olhar, as sensações, as percepções possibilitam uma relação corporal, mediada pela câmera. Desse modo, coloco a questão da participação de um outro ponto de vista. Assim também argumentam Burawoy (1991) e Carlos Rodrigues Brandão(1985), este último inverte a proposição de Malinowski de uma observação participante, teorizando uma participação observante.

Para MacDougall (1999), antropólogo formado pela escola do cinema observacional, "o filme é um modo de mostrar para o outro como eu o vejo e o espaço entre o sujeito que filma e o sujeito filmado é um espaço em que a consciência é criada" (MacDougall, 1999: 26). O trabalho com a técnica do vídeo etnográfico permite compartilhar com o grupo a produção de representações a seu respeito. Uma identificação empática com os sujeitos permite a reconstrução de seus modos de ver, quando o pesquisador em diálogo com o outro pode ter acesso às suas perspectivas. Saberes (de si) imbuídos de história emergem da troca etnográfica, categorias nativas que nomeiam e visualizam o mundo de modo particular.

Jean Rouch (1978), antropólogo e cineasta francês, que pratica o que nomeia de uma "antropologia compartilhada", compartilhava as performances dos grupos que estudava para compreendê-las. Atuou na formação do campo de uma antropologia visual. A potencialidade do filme na circulação de imagens, para dentro e para fora do grupo estudado, é conhecida pelos informantes da pesquisa que enunciam discursos públicos e produzem representações de si.

Proponho uma fenomenologia da situação de pesquisa em que o problema da representação do outro está sendo entendido como uma questão de método. Ele se dá em dois sentidos: quando as trabalhadoras produzem discursos sobre seus outros de gênero e de classe, momento em que o exercício da reconstrução do seu modo de ver produzirá interpretações e; quando elas são tomadas como objeto, momento em que uma reflexividade deve elucidar as condições da verdade científica. Assim sendo, o momento da pesquisa etnográfica é tempo de produção de representações.

A produção de performances pelos sujeitos que estudo diz muito acerca dessa troca de papéis a depender do contexto de enunciação da fala, a quê se responde, a quem, em que situação. Schechner (1985), que tece um debate entre o campo do teatro e o da antropologia, conceptualiza performance num sentido amplo, como apresentação de si, pautada pela cultura, que delimita as suas possibilidades. O autor sublinha a existência de um outro estado de consciência, que se dá quando o performer se coloca frente a sua audiência e desempenha seu papel. O autor estuda os momentos característicos da situação de performance, em que se atinge, pela exposição ao olhar e à crítica do outro, uma busca do ser que desempenha seu papel ao mesmo tempo em que é ele mesmo. Uma identidade múltipla que se configura num mesmo instante, o da representação. Aí reside a importância heurística do vídeo etnográfico, no fato de que a presença da câmera atua como propositora de performances, catalisadora de representações. Busco interagir na produção de representações, tematizando suas vidas de trabalho marcadas pela diferença de gênero; refletindo sobre a relação sujeito/objeto como o espaço em que se produz o conhecimento no campo das ciências sociais. Compartilho a construção de uma narrativa audiovisual a partir da experiência de personagens, cujas histórias sintetizem percursos, teias de relações e significados.

A experiência da situação de procura por trabalho e as soluções elaboradas para o problema do desemprego revela a forma como o mercado de trabalho estrutura padrões de ocupação que reproduzem desigualdades de acesso, os diversos percursos que levam os protagonistas a suas posições. Compartilhando tempo e espaço do cotidiano de nossos personagens, compreendemos o sentido de suas posições, como elas são vividas subjetivamente. Os espaços da casa e do trabalho; os tempos do trabalho doméstico, do trabalho fora de casa ou emprego, do lazer, da sociabilidade, enfim, são todos espaços significativos e fundantes de uma identidade. Representamos as relações de gênero e a construção das identidades segundo os padrões que as estruturam, suas dinâmicas e permanências.

 

Referências Bibliográficas

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Notas

A.L.M.C. Ferraz
Endereço para correspondência: Av. N. Sra. de Assunção, 780 ap.13-B, CEP; 05359-000 São Paulo SP.
E-mail para correspondência: analu.ferraz@hotmail.com.