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Ciências & Cognição

versão On-line ISSN 1806-5821

Ciênc. cogn. vol.15 no.1 Rio de Janeiro abr. 2010

 

Resenha

 

Pensamento Crítico: o poder da lógica e da argumentação

 

Critical Thinking: the power of logic and reasoning

 

 

Glaucio Aranha

Organização Ciências e Cognição (OCC), Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil; Instituto de Ciências Cognitivas (ICC), Três Rios, Rio de Janeiro, Brasil

 

 

A obra Pensamento Crítico: o poder da lógica e da argumentação apresenta uma versão adaptada ao contexto brasileiro do livro Critical Thinking. Trata-se de um estudo introdutório de Lógica, focado na questão técnica sobre argumentações e persuasão. Os autores Richard L. Epistein (Advanced Reasonig Forum) e Walter Carnielli (Centro de Lógica, Epistemologia e História da Ciência da Unicamp) abordam questões sobre o Pensamento Crítico.

Os autores partem do princípio de que é necessário promover o acesso às bases da boa argumentação, sem as quais o sujeito pode vir a se tornar alvo fácil de instâncias como a propaganda, os discursos políticos e outros. Neste sentido, o texto apresenta um estudo sobre as técnicas de construção de um discurso lógico e coerente, o qual serviria também para identificar as falhas nos discursos alheios, uma espécie ferramenta para a "defesa intelectual". Como destacam os autores: "O estudo do pensamento crítico é uma ótima introdução ao estudo da lógica, e pode servir como uma primeira aproximação à filosofia" (p. XI).

Na primeira parte do livro ("As bases fundamentais"), composta por cinco capítulos, são levantados pontos acerca dos fundamentos básicos do Pensamento Crítico, elucidando aspectos terminológicos e expondo didaticamente os conceitos principais, sempre acompanhados de farta exemplificação. Adota o uso de seções de "Estudo Complementar" apontando para universos de leitura que podem ampliar e aprofundar os conhecimentos do leitor. Dentre os tópicos abordados neste capítulo inicial estão a diferença entre frases vagas e frases ambíguas, qualidade na construção de um argumento, possibilidades de reparação de argumentos, avaliação de premissas, critérios para aceitação, rejeição e suspensão de juízos, dentre outros.

A partir do capítulo seis, o estudo avança em direção à análise da "Estrutura dos Argumentos", compondo, até o Capítulo 8, a segunda parte da obra. Neste momento, é colocado foco sobre as formas de organização das afirmações. São abordadas as afirmações compostas desdobrando o pensamento em relação às alternativas e condicionantes. No capítulo sete, discorre sobre os argumentos complexos, destacando a questão das objeções, refutação de argumentos, argumentos encaixados, premissas conectadas e desconectadas e análise de argumentos complexos.

A terceira parte do livro, "Como evitar os maus argumentos", volta-se para o estudo das maneiras de se evitar os maus argumentos. Assim, do nono ao décimo primeiro capítulos temos um cuidadoso levantamento dos "maus argumentos", sendo abordadas questões como eufemismos, disfemismos, minimização, maximização, insinuações e outros aspectos. Neste momento, entra em discussão também a questão da interferência da emoção na elaboração de argumentos, destacando-se aspectos negativos como a fundamentação pautada nos apelos à misericórdia, medo, respeito e outros estados emocionais. Por fim, é analisado o uso da "falácia" na elaboração de argumentações, enquanto maus argumentos.

A última parte do livro é dedicada aos "Argumentos com base na experiência". Ao longo dos sete capítulos que compõem esta parte são desenvolvidos aspectos sobre a argumentação por analogia, as generalizações pautadas na experiência e o uso da noção de causa e efeito com sustentação argumentativa. No décimo sexto capítulo, os autores trazem para a obra aspectos relacionados com o papel da argumentação na tomada de decisões, evidenciando, por exemplo, os perigosos labirintos cognitivos que o uso descuidado da argumentação podem promover na tomada de decisões. A obra é concluída apresentando um guia de falácias famosas (estruturais e de conteúdo), retoma a discussão de pontos já trabalhados no capítulo onze, mas avança no sentido de estabelecer um rol das "falácias famosas", explicando-as caso a caso.

Nesta "versão nacional", publicada pela Rideel, são feitas adaptações do exemplo, que premiam a leitura com a melhor contextualização dos exemplos. A exposição das idéias é clara e bastante didática, servindo estudo introdutório, o que corresponde ao escopo apontado pelos autores. Par facilitar a compreensão o livro apresenta farta quantidade de recursos gráficos, tais como cartoons, imagens e tabelas, facilitando a apreensão e assimilação do conteúdo. A obra se destina ao público leigo e neste sentido cumpre adequadamente seu papel.

Pensamento Crítico - O poder da lógica e da argumentação.
Walter Carnielli e Richard L. Epstein.
Editora: Ridell.

 

Notas

Glaucio Aranha
E-mail para correspondência: glaucioaranha@gmail.com.

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