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Ciências & Cognição

versión On-line ISSN 1806-5821

Ciênc. cogn. vol.16 no.2 Rio de Janeiro ago. 2011

 

Ensaio

 

Aspectos da afiliação epistemológica da Linguística Cognitiva à Psicologia da Gestalt: percepção e linguagem

 

Some Aspects of the Epistemologica. Affiliatio. of Cognitive Linguistic. to Gestal. Psychology: perception and language

 

 

Adriana Maria Tenuta de Azevedo e Marcus Lepesqueur

Faculdade de Letras, Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos, Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

 

 


Resumo

Existe, em geral, uma relação significativa entre linguística e psicologia. Dentre as áreas dos estudos linguísticos, a Linguística Cognitiva tem um envolvimento especial com questões que são mais prototipicamente ligadas à psicologia porque lida direta e sistematicamente com a relação entre linguagem e cognição. Por outro lado, dentre os modelos de estudos psicológicos, o que mais fortemente influenciou a Linguística Cognitiva foi a Teoria da Gestalt. Este ensaio visa a discutir alguns aspectos da afiliação epistemológica da Linguística Cognitiva à Psicologia da Gestalt, mais especificamente, a apropriação pela Linguística Cognitiva, através de conceitos e noções, das seguintes proposições gestaltistas: (a) a percepção é básica para os demais processos cognitivos; (b) as partes não são primárias à percepção do todo e (c) a percepção é regida pelo princípio da atenção seletiva. © Cien. Cogn. 2011; Vol. 16 (2): 065-081.

Palavras-chave: linguística cognitiva; psicologia da Gestalt; linguagem; percepção; figura e fundo.


Abstract

There is, in general, a significant relation between linguistics and psychology. Among the linguistic studies, Cognitive Linguistics has special interest in issues that are more prototypically linked to psychology. On the other hand, among the psychological models, the one that has most strongly influenced Cognitive Linguistics was the Gestalt Theory. This paper aims at making explicit some aspects of this epistemological affiliation, more specifically, the appropriation by Cognitive Linguistics, by means of concepts and notions, of the following Gestalt propositions: (a) perception is basic for other cognitive processes; (b) the parts are not primary to the perception of the whole and (c) perception is governed by the principle of selective attention. Therefore, this paper aims at making explicit some aspects of this epistemological affiliation. © Cien. Cogn. 2011; Vol. 16 (2): 065-081.

Keywords: cognitive linguistics; Gestal. psychology; language; perception; figure and ground.


 

 

Introdução

Existe uma relação muito significativa entre linguística e psicologia. Na prática, diferentes perspectivas psicológicas apoiam a forma como abordamos e compreendemos os fenômenos linguísticos. Essa relação entre os dois campos do conhecimento torna-se mais evidente quando é considerada a dimensão cognitiva da utilização da linguagem. Estão em jogo, nesse caso, habilidades e capacidades, tais como as de categorização, abstração, esquematização, percepção, memória e solução de problemas, que podem ser investigadas sob as duas óticas. A Linguística Cognitiva tem um envolvimento especial com essas questões que são mais prototipicamente ligadas à psicologia porque lida direta e sistematicamente com a relação entre linguagem e cognição.

De acordo com Sinha (2001), a Psicologia da Gestalt foi uma das vertentes dos estudos psicológicos que mais teve influência sobre a Linguística Cognitiva. Apesar disso, muitas vezes não é explicitada, de forma específica, qual a natureza dessa relação. Neste ensaio, vamos discutir alguns aspectos dessa afiliação epistemológica.

A Psicologia da Gestalt é uma doutrina psicológica que surge no inicio do século XX em um contexto de oposição ao associacionismo1. Para Köhler (1947/1980), que foi um dos fundadores da escola de Berlim da Psicologia da Gestalt, na língua alemã encontram-se dois significados para o termo gestalt: 1) a forma como atributo de uma coisa ou 2) uma unidade concreta per se que pode ter a forma como uma característica. Quando falamos da Psicologia da Gestalt, atribuimos a segunda significação ao termo, que se refere a uma unidade e sua respectiva organização.

Wertheimer (1924/1938) formula a Teoria da Gestalt através da afirmação de que o comportamento de um todo não é determinado pelos seus elementos constitutivos (suas partes). Esse autor explica que o que ocorre é o contrário, ou seja, as características, os processos das partes é que são determinados pela natureza do todo. Para Wertheimer, o fator motivador da Teoria da Gestalt foi um problema levantado por Ehrenfels. Ehrenfels, visando a questionar uma perspectiva composicional da psicologia do início do século XX, de que a experiência é composta de elementos e a percepção dela também é um somatório de percepções parciais, indagou como é que reconhecemos uma mesma melodia depois de a ouvirmos tocada através de notas distintas. Apesar de as duas audições serem estruturadas por elementos distintos, ambas proporcionam a percepção de um mesmo todo. Ehrenfels propõe, então, que há um elemento extra aos elementos componentes do todo, a gestaltqualität, possibilitando essa situação. A Teoria da Gestalt, por sua vez, vai além dessa explicação e propõe que a percepção da melodia não vem desse processo secundário à percepção de seus componentes, mas que o que se dá é o reverso. A teoria propõe que aquilo que percebemos de cada parte do todo nos é fornecido pelo próprio todo e que, se pretendemos chegar às características desse todo, não podemos partir das partes que o compõem, isoladamente. Nessa perspectiva explicativa, a organização ou a natureza do todo influi na percepção das partes desse todo, o que significou, para a psicologia da época, uma reformulação de caráter tanto teórico quanto metodológico.

 

Reflexos da psicologia da Gestalt na linguística cognitiva

Nossa proposta, neste trabalho, é mostrar o reflexo de três proposições da Psicologia da Gestalt no quadro teórico abrangente da Linguística Cognitiva, exemplificando essa relação a partir de aspectos teóricos e de análises de fenômenos ou ocorrências linguísticas. No subitem 2.1, abordamos a primeira dessas proposições.

A percepção é básica para os demais processos cognitivos

Max Wertheimer, Wolfgang Köhler e Kurt Koffka buscaram compreender os princípios da organização perceptual. Desenvolveram vários estudos psicofísicos, em especial relacionados à percepção visual, e analisaram a relação entre sensação, percepção e forma. Nesse contexto, a percepção é compreendida, não como uma soma de diversas experiências sensoriais, mas como a totalidade da experiência imediata, tomada em si mesma (Koffka, 1935/1975).

No âmbito dos estudos gestaltistas, a percepção tem um estatuto central e está na base da compreensão de outros processos cognitivos: Köhler (1947/1980) propunha que o conceito de gestalt fosse aplicado para além da experiência sensorial e pudesse ajudar a esclarecer processos de aprendizagem, de raciocínio, de atitude emocional etc. Para Köhler, comportamentos diversos poderiam ser analisados utilizando-se as leis e princípios relacionados à percepção, compreendidos como leis e princípios cognitivos, de uma forma mais ampla. Wertheimer acreditava na Teoria da Gestalt funcionando em sua base fisiológica: os processos fisiológicos não poderiam ser vistos como soma de elementos, mas como processos de um todo. Engelmann (2002) mostra como essa teoria veio a explicar fenômenos do campo da física, da biologia e da sociologia; mostra ainda como ela tem sido estudada, recentemente, à luz dos recursos tecnológicos atuais e como suas postulações têm sido confirmadas.

Um dos postulados primários da Linguística Cognitiva, que sofreu influência da Psicologia Gestalt, é aquele segundo o qual, para a utilização da linguagem, lançamos mão de recursos psicológicos e cognitivos mais gerais, que atuam em vários aspectos de nossa interação com o mundo. Esse postulado, contrário à perspectiva modularista da linguagem, integra a visão de que não contamos com setores cognitivos muito especializados. A percepção espacial, por exemplo, tem-se argumentado estar na base de representação e de pensamento abstrato, portanto de nossa utilização linguística.

A Linguística Cognitiva propõe, então, um isomorfismo, ao menos parcial, entre linguagem e cognição, assumindo que parte dos princípios que governam a cognição está presente, de forma semelhante, na linguagem. Nesse campo dos estudos linguísticos, a percepção tem status de nível básico com relação aos processos ligados a linguagem e pensamento. Muito especialmente, noções ligadas à percepção visual, que foi uma área de investigação significativa da Psicologia da Gestalt, estão na base de proposições desse quadro teórico da linguagem.

Na Gramática Cognitiva de Langacker (1987, 1991, 2008), por exemplo, os significados linguísticos são resultado tanto do conteúdo conceptual evocado, como da perspectivação conceptual imposta a esse conteúdo. Isto é, os conteúdos expressos linguisticamente trazem sempre uma dimensão de perspectiva, expressam um determinado ponto de vista sobre a 'cena' sendo descrita. Nas frases em (1), uma mesma situação pode ser descrita (pelo menos) de duas maneiras:

(1)a) A bolsa está atrás do Laptop./ O laptop está na frente da bolsa.

b) Eu peguei o objeto./ Eu peguei o grampeador.

O que distingue uma frase da outra em (1a) é a variação do elemento que inicia a sentença, do tópico frasal, que é o foco de atenção da frase no momento da interação discursiva. A alteração desse tópico denota uma alteração na perspectiva assumida na descrição do evento, em termos da direção: da posição 'atrás', para a posição 'na frente'/ da posição 'na frente', para a posição 'atrás'. Em (1b), o que distingue as duas possibilidades de sentença é o item lexical selecionado para representar o objeto; um item lexical de conteúdo mais geral/ um item lexical de conteúdo mais específico. Nesse caso, estamos lidando com a noção da granularidade, ou seja, com a expressão mais vaga ou mais definida do mesmo objeto. Tanto em (1a) quanto em (1b), o que está em jogo para o falante são escolhas que espelham possibilidades do campo da percepção cognitiva, especialmente a percepção visual.

Langacker assinala, portanto, o papel central da experiência de visualização na estruturação semântica e gramatical e propõe um paralelo entre o processo de conceptualização e o processo da percepção visual. O termo visualização, para o autor, serve tanto para percepção, quanto para conceptualização. (Langacker, 2001). A noção de construal da Gramática Cognitiva indica que a forma como um conceptualizador estrutura uma situação para se expressar linguisticamente depende da seleção de fatores tais como o foco, o ponto de vista e a orientação, a figura relativamente ao fundo - como em (1a) - e o grau de detalhamento imposto à cena - como em (1b).

O diagrama que se segue, que, na visão de Langacker, representa o processo de conceptualização (ligado ao pensamento e à utilização da linguagem), revela essa analogia entre esse processo e o de visualização (da percepção cognitiva).

Figura 1

Figura 1 - Representação do processo de conceptualização de Langacker (2001)2.

No diagrama da figura 1, o conceptualizador depara-se com limites para a conceptualização que guardam semelhança aos limites impostos ao nosso campo visual. E a expressão linguística vai ocorrer com base nessas possibilidades existentes.

De forma semelhante, o Modelo dos Espaços Mentais (Fauconnier, 1994, 1997; Cutrer, 1994) também integrante da Linguística Cognitiva, utiliza-se de noções derivadas do processo de percepção visual para descrever, através de espaços mentais, a forma como a informação linguística é distribuída e organizada no nível cognitivo à medida que a linguagem vai sendo modelada ou interpretada.

O modelo permite-nos diagramar trechos discursivos mostrando como certas noções e categorias atuam no processo de construção de significado. O processamento que ocorre relativamente à produção e à interpretação de linguagem, semelhante ao proposto no âmbito da Gramática Cognitiva, ocorre de forma análoga ao processamento cognitivo referente à nossa percepção.

Em geral, o falante situa seu discurso em uma base, assume um determinado ponto de vista, põe determinado evento em foco e realiza mudanças constantes nessa configuração. Temos aí noções relacionadas, ou relacionáveis à percepção visual, que são representadas no modelo pelas categorias discursivas de Base, Ponto de Vista e Foco. Ao longo do processamento do discurso, essas categorias discursivas são distribuídas entre os espaços mentais e os participantes da interação têm de acompanhar a dinâmica desse processo: perceber as alterações locais e manter a perspectiva do todo. Sucintamente, pode-se dizer que, em uma diagramação representativa de discurso realizada com base nesse modelo, os espaços construídos serão marcados como:

"BASE is a kind of deictic center, the space to which the discourse as a whole is anchored; FOCUS is the space which is the center or focus of attention, the space which a sentence is "about"; EVENT is the space where the full structure of the event or situation indicated by the verb is constructed; and V-POINT is an anchor point for tense-aspect categories (as well as time adverbs)." (Cutrer, 1994, p. 22)

Na construção de um diagrama do Modelo dos Espaços Mentais representativo de discurso corrente, o conteúdo gramatical das sentenças auxilia na distribuição da informação entre os espaços. Dessa forma, as informações tempo-aspectuais, por exemplo, determinam configurações na relação entre Base, Ponto de Vista e Foco, configurações essas que estão relacionadas a diferentes valores semânticos de uma mesma forma verbal. (Tenuta, Lepesqueur & Moreira, 2010; Tenuta & Lepesqueur, 2010). Exemplificamos o Modelo dos Espaços Mentais com uma configuração de espaços para

(2) Em 2010, ela adquiriu sua casa própria.

Figura 2

Figura 2 - Diagramação no modelo dos espaços mentais.

A expressão Em 2010, que é um 'construtor de espaços' nos termos do modelo, suscita a constituição de um espaço temporal, Passado, que é o espaço no qual a situação indicada pelo verbo é construída. Esse espaço está mapeado ao espaço Base, Presente, que representa a situação de interação falante/ouvinte. No processo de interpretação dessa estrutura linguística, colocamos o Foco de nossa atenção no espaço Passado, visualizando-o a partir do espaço Presente, que é o nosso Ponto deVista para a interpretação do valor tempo-aspectual em questão.3

Diagramas desse tipo representam a maneira como conceptualizamos uma situação, ou seja, como atribuímos significado à estrutura linguística. Esses diagramas têm ainda o potencial de revelar motivações de ordem cognitiva para a ocorrência de um determinado fenômeno, pois expõem situações que se estabeleçam no nível cognitivo, subjacente à utilização da linguagem propriamente.4

De uma forma geral, para a Linguística Cognitiva, aspectos de nossa utilização da linguagem podem ser descritos através de estruturas de conhecimento, que têm por base não apenas aspectos de nossa experiência visual, perceptual, mas também de padrões recorrentes de interações motoras de nosso corpo, na dimensão espacial na qual atua. Estruturas desse tipo, como os esquemas imagéticos (Johnson, 1987; Turner, 1996; Talmy, 2000) são internalizadas por nós muito cedo em nossa experiência e estão na base de processos relacionados a pensamento e linguagem.

Por exemplo, a vivência da verticalidade referente ao nosso corpo físico permite-nos uma extensão dessa percepção para outros objetos e situações. A verticalidade envolve as posições 'alto' e 'baixo', como em uma escala, e as relações 'acima' e 'abaixo'. Expressões linguísticas podem refletir essa maneira como organizamos esse tipo de percepção, pois estão ancoradas em esquemas. Nos enunciados em (3), encontram-se ocorrências ilustrativas da atuação desse esquema imagético da verticalidade na linguagem:

(3)a) O Poeta desceu a Serra e repousou no Vale.5

b) Eleições 2010: Anastasia realmente subiu; Costa realmente desceu.6

c) Crescimento econômico na zona euro desceu em Agosto.7

d) O vôlei desceu ao ponto baixo e humilhante de times de futebol que entregam jogos para prejudicar adversários[...]8

Na expressão desceu dos enunciados em (3), de significado, em cada caso, mais ou menos metafórico (se consideramos uma proximidade ou um distanciamento do domínio semântico da espacialidade), subentende-se a oposição para cima/para baixo, que é projetada para cada uma dessas situações. Por exemplo, em (b), o que se está dizendo é que houve uma diminuição no número de pessoas que pretendem votar no candidato Costa e isso é conceptualizado na perspectiva de um movimento descendente em uma escala alto/baixo. O mesmo ocorre relativamente à piora no desempenho do crescimento econômico da zona do euro, em (c). Em (d), é o mau comportamento dos jogadores de vôlei que é conceptualizado em termos desse movimento.

Esse conteúdo conceptual subjacente às estruturas em (3) reflete um esquema imagético do tipo:

Figura 3

Figura 3 - Direção para baixo do esquema imagético da verticalidade.

Na representação gráfica da figura 3, encontram-se os termos Trajetor e Marco, que, no quadro da Linguística Cognitiva, dizem respeito ao primeiro e ao segundo participantes de uma relação.9 Em O Poeta desceu a serra, o Trajetor corresponde ao sujeito sintático da oração e o Marco, ao objeto.

Em vários estudos realizados na perspectiva da Linguística Cognitiva, postula-se a existência de esquemas imagéticos desse tipo expressos linguisticamente. Outras oposições que se relacionam a esquemas imagéticos são: Dentro/Fora, que tem como inspiração o fato de nosso corpo funcionar, em alguns aspectos, como um recipiente; Perto/Longe e Fonte-Caminho-Meta, que ocorrem devido ao fato de realizarmos e percebermos movimento através do espaço; Figura/Fundo, que se apóia em nosso aparato perceptivo, que nos leva a perceber elementos salientes sobre um fundo indiferenciado e, finalmente, Equilíbrio, que tem por base essa importante dimensão de nosso funcionamento corporal.

A parte e o todo na percepção cognitiva

O segundo postulado da Psicologia da Gestalt que analisamos neste artigo constitui um elemento central da teoria: as partes de um todo não são primarias à percepção. Percebemos o todo e, a partir dessa percepção, as partes se configuram como tal. Portanto, uma parte se constitui como parte de um todo na dependência do todo do qual faz parte. Para Wertheimer (1924/1938), isso é um fato ligado à natureza do processo perceptivo. Em termos do processo de percepção, trata-se de uma mudança na concepção de que a experiência sensorial não depende apenas do estímulo local, mas está sujeita às condições da organização do contexto como um todo (figura 4).

 

Figura 4 - Percepção sugerida de um cubo.10

 

A figura 4 serve bem ao propósito de esclarecer a situação introduzida neste subitem do texto. Se perguntamos o que se vê nessa figura, haverá uma tendência a se responder que o que se vê é um cubo. No entanto, se forem analisados os elementos que compõem a figura, não se encontram os elementos de um cubo; não estão ali desenhados os lados desse cubo, necessários à sua formação. O que temos representados são círculos com três linhas formando ângulos variados entre elas. Dessa forma, se as partes tivessem que ser necessariamente percebidas anteriormente para que se percebesse o todo, jamais aconteceria a percepção do cubo. No entanto essa percepção do todo é o que, na prática, ocorre de imediato.

Köhler (1947/1980) observa que, na visão de uma imagem, a projeção na retina não possui uma organização sensorial prévia e nem se constitui em unidades. O que obtemos como percepção final é o resultado organizado de um mosaico de estímulos inteiramente independentes, não representativos de uma situação física. Na verdade essa organização forma conjuntos e grupos separados quando não existem unidades físicas correspondentes à esses conjuntos.

A postulação de que as partes de um todo não são primárias à percepção desse todo e de que o todo é mais que a soma dessas partes reflete-se, na Linguística Cognitiva, na visão da não-composicionalidade do significado. Turner e Fauconnier (1995) mostram que, para a compreensão de termos compostos do inglês, é necessário acessarmos estruturas conceptuais amplas que envolvem esquemas de nossa experiência, nos quais os elementos componentes do termo se inserem; é necessário o conhecimento dos padrões de interação que mantemos com esses elementos. Os autores trabalham com a expressão dolphin safe e mostram como os significados obtidos dessa combinação de conceitos não são a soma dos significados dos termos que compõem a expressão. Dolphin safe, em uma lata de atum, sugere medidas de proteção de golfinhos ao se pescar atum; em uma situação de mergulho, significa condições sob as quais os mergulhadores são protegidos por golfinhos (dolphin safe diving); ou sugere, em outro contexto, que peixes dourados estarão protegidos dos golfinhos, seus predadores. Os autores trabalham ainda com as possibilidades que surgiriam da simples inversão dos elementos do composto (safe dolphin: o golfinho que não causará os problemas que outros animais causam etc).

O que se evidenciou, então, através dessa análise, foi que se o significado fosse puramente composicional, obtido pela soma do significado de dolphin com o significado de safe, essa situação não se daria. Ao se tratar tais estruturas compostas na perspectiva da Linguística Cognitiva, percebe-se que seus significados dependem dos papéis que seus elementos componentes desempenham em cada cenário do qual participam. A explicação se dá em termos da construção de mesclagens ou integrações conceptuais a partir da informação linguística restrita e da ativação desses cenários. Pensa-se, relacionado a essa questão, que os conceitos não são essencialmente definíveis em termos de traços, como na semântica formal. Considera-se a visão de protótipos, que é um modelo de categorização (Rosch, 1977; Lakoff, 1987).11

Alguns termos compostos da língua portuguesa são a seguir analisados com o intuito de se mostrar que a reflexão feita relativamente aos termos compostos da língua inglesa aplica-se, de maneira geral, a outras línguas.

(4) a) risco de vida / risco de morte.

b) guarda-chuva / guarda-roupa.

Em (4a), há semelhança de significação entre os dois termos compostos. Itens lexicais semanticamente antônimos, compondo estruturas idênticas, resultam em sinonímias funcionais. Em (4b), por outro lado, há distinção da significação entre os dois termos compostos. O segundo item do composto mantém com o verbo (guardar) relações diversas em cada composição (Salomão, 2002).

O que se depreende da observação desses dois casos é semelhante ao que se depreende da análise de dolphin safe. Apenas pela combinação do sentido central de cada elemento do termo composto não é possível se captar o significado das expressões. Novamente se afirma que é necessário levar-se em consideração os contextos nos quais os elementos aparecem, as relações entre eles, as diferentes molduras das quais esses elementos participam. E a explicação da construção desses significados pode ser mais apropriada se levamos em conta processos cognitivos de integração conceitual subjacentes, demonstrados através da Teoria da Mesclagem, outro modelo integrante da Linguística Cognitiva.

Para a Teoria da Mesclagem, rotineiramente, significados emergem da integração, em um espaço mescla, de elementos selecionados de espaços de entrada variados. Esse processo não é também puramente composicional. O diagrama que representa esse modelo é o que se apresenta a seguir na figura 5.

Figura 5

Figura 5 - Mesclagem conceptual.

Os diagramas de mesclagem propõem a existência de domínios fonte, ou seja, espaços de entrada, com suas estruturas informacionais próprias, provendo elementos a serem selecionados para projeção e composição de nova estrutura integrada no espaço mescla, resultante dos seguintes processos imaginativos: composição, completamento e elaboração. Nesse processo, o significado que ocorre na mescla não é previsível com base apenas nos espaços de entrada. Isso já impede a possibilidade da composicionalidade pura. O espaço genérico (que nem sempre aparece representado) informa que as estruturas dos espaços de entrada têm alguma analogia entre si (permitindo mapeamento). Todo o conjunto forma uma rede de espaços mentais, vista como uma rede de integração conceptual. Essa integração é um tipo de processamento cognitivo que perpassa nossa experiência cotidiana de forma diametral. A dimensão cultural está presente nesse processamento uma vez que as molduras que estruturam os espaços têm caráter cultural e relacionam-se a conhecimento prévio, adquirido em função de nossa vivência em contexto social.

A seguir, abordamos o terceiro postulado da Psicologia da Gestalt em relacionamento com posturas da Linguística Cognitiva, o que revela a afiliação deste quadro teórico dos estudos da linguagem a essa teoria da psicologia.

A percepção é regida pelo principio da atenção seletiva - figuras destacam-se de um fundo

 

Figura 6 - A jarra de Rubin: figura X fundo.12

 

Imagens como a da figura 6, já bastante conhecida na literatura para a discussão de figura e fundo, quando analisadas da perspectiva dos postulados da Gestalt, ajudam-nos a compreender os limites de nossa percepção e a forma como nosso aparato visual está estruturado.

Nessa imagem, vemos, forçosamente, uma jarra escura ou duas faces claras. É-nos vedado ver as duas figuras, ao mesmo tempo e com a mesma saliência. Isso não se trata de uma escolha, mas sim de uma condição: percebemos, invariavelmente, uma figura, ou seja, um elemento saliente, em foco, por sobre um fundo, que é mais indiferenciado, homogênio.

O processo de figuração, segundo o qual nós percebemos o mundo ressaltando determinados aspectos (Foreground) em relação a outros (Background) foi considerado um dos princípios de organização básicos para o processo perceptivo. Em decorrência desse princípio, tem-se que o fundo permanece por sob a figura e a figura depende do fundo para a sua caracterização. Assim, a taça escura só se constitue a partir do fundo branco e as faces brancas dependem do fundo preto para se constituírem como tal.

A distinção figura/fundo manifesta-se na linguagem de formas variadas. Hopper (1979) realizou um estudo translinguístico funcionalista no qual ele discute a maneira como algumas línguas gramaticalizam essa distinção. Esse autor mostrou que o texto narrativo oral traz eventos essenciais, que corresponderiam à figura narrativa, e eventos de suporte, que seriam o fundo narrativo. Tenuta (1992), com base nessa concepção de que as gramáticas das línguas refletem, de algum modo, a pressão cognitiva da figuração, mostrou, como Hopper havia feito em relação a outras línguas, que, no português do Brasil, o sistema verbal, com suas distinções de tempo, aspecto e modo (TAM), serve linguisticamente para a expressão deste princípio cognitivo. As características semântico-formais encontradas na figura e no fundo narrativos revelaram que o sistema TAM é um recurso utilizado pelo falante no sentido de organizar seu texto e orientar o ouvinte para que este perceba basicamente aquilo que é material narrativo central, ou seja, a linha sequenciada dos eventos, e aquilo que é informação que amplia estes fatos apresentados com descrições, comentários etc.

Tenuta (2006) corrobora a atuação do princípio cognitivo da percepção humana na estrutura da narrativa, trabalhando com a Linguística Cognitiva, pois mostra como a estruturação básica do texto narrativo oral se dá em termos de três domínios, ou três macro-espaços discursivos: Domínio dos Eventos Narrativos (figura narrativa); Domínio Suporte (fundo narrativo) e Domínio da Encenação (discurso direto). Em (7), temos um trecho de uma narrativa oral que apresenta eventos dos dois primeiros domínios, ou seja, da figura e do fundo narrativos. Os eventos do fundo são os que estão recuados à direita relativamente aos demais, que compõem a figura. Essa narrativa relata a ida do narrador a um congresso de linguística e um episódio ocorrido nesse congresso. Os eventos da figura são aqueles que avançam a história, que a conduzem a seu desfecho. Já os do fundo trazem uma explicação. O tempo verbal pretérito perfeito, de aspecto perfectivo, marca significativamente os eventos da figura, sendo que, no fundo, encontramos o presente e o pretérito imperfeito, o que pode ser observado pelos itens sublinhados em (7).

(7)Aí de repente tinha um um- levantô no no no

no fim assim do do auditório um desses poetas de cordel,

Levantô

e começô a falá os cordéis dele, sabe?

E o cordel dele- eu lembro do cordel mais ou menos,

falava

que que a que a língua não estava nos dicionários.

Não, a língua não era uma prisioneira dos dicionários.

Eu lembro que ele é esse esse poeta de cordel levantô assim muito abruptamente

e o Homero Homem levô um susto tão grande

que as páginas dele caíram da mão dele,

espalharam assim,

saíram voando

e o óculos dele caiu no chão.13

Os estudos realizados em Tenuta (2006) levam em consideração Reinhart (1984), que propõe, com base em Koffka (1935/1975), critérios para identificação da Figura narrativa, explicitando o paralelo entre os princípios reguladores da organização espacial do campo visual e a organização temporal da narrativa. Tal paralelo reforça a existência de um processo cognitivo único para a percepção e a utilização da linguagem.

Dentre ao critérios propostos pela autora, temos:

Continuidade Temporal

 

Figura 7 - Continuidade temporal.

 

Quando vemos a parte de cima da figura 7, muito provavelmente a descrevemos como 'uma linha formando ângulos retos e uma linha com curvas'. Não acontece uma descrição que expressaria as formas fechadas escuras da parte de baixo da figura. Isso ocorre porque, cognitivamente, selecionamos a continuidade para compormos figura, ou seja, aquilo que é contínuo é mais facilmente percebido como tal.

Linguisticamente, as unidades temporais são os eventos sequenciados que provêem continuidade ao discurso. De acordo com esse critério, servem como figura narrativa unidades textuais cuja ordem de apresentação corresponde à ordem na qual os eventos que elas representam supostamente ocorreram. Como a narrativa é um texto que representa eventos passados, o tempo verbal passado traz essa continuidade: fiz, encontramos, apareceu etc. Assim, a continuidade temporal é obtida pela utilização do Pretérito perfeito nos eventos que avançam a história.

Pontualidade

 

Figura 8 - Pontualidade.

 

Na descrição do que vemos na figura 8, diremos, também muito provavelmente, que são 'três faixas estreitas com uma linha sobrando à direita'. Não descreveremos essa figura como 'três faixas largas com uma linha sobrando à esquerda'. O que nos motiva a provermos essa descrição é que nosso aparato cognitivo nos leva a perceber mais facilmente o que é pequeno como figura, pela razão de que a figura menor exige menos esforço cognitivo para se completar o fundo sob ela.

Nesse contexto linguístico, um evento 'pequeno' é conceptualizado como um evento que 'toma pouco tempo para se realizar', o que é expresso por verbos semanticamente pontuais. São exemplos de verbos semanticamente pontuais: espirrar, tropeçar etc. Esses verbos se opõem aos verbos durativos, tais como: morar, estudar etc. Pelo critério da pontualidade, então, servem mais facilmente como figuras narrativas as unidades textuais expressas por verbos pontuais.

Completamento

 

Figura 9 - Completamento.

 

Ao nos depararmos com a figura 9, produziremos uma descrição do tipo 'três quadrados abertos com uma linha sobrando à esquerda'. A única coisa que distingue a figura 9 da figura 8 é essa indicação de fechamento nesta última, o que gera percepções distintas nos dois casos. Do ponto de vista cognitivo, as unidades fechadas são mais facilmente percebidas como figura do que as abertas. Percebemos, pela análise dessas duas figuras, que o critério do completamento prevalece sobre o critério da pontualidade.

Pelo critério do completamento, unidades textuais que indicam eventos completados servem mais facilmente como figura narrativa. Um evento conceptualizado como completado, ou fechado, é expresso especialmente através do aspecto verbal perfectivo (trouxe, vendi etc). Em oposição a esse valor aspectual, temos as formas imperfectivas, que, por sua vez, não informam sobre fechamento (estava partindo etc). Na figura narrativa, encontram-se predominantemente formas de pretérito perfeito, de aspecto perfectivo.

As oposições sujeito/predicado; tópico/comentário e discurso prévio/ discurso corrente são outros exemplos que revelam o processo de figuração como um processo cognitivo geral, que atua tanto em relação à percepção, quanto em relação à utilização da linguagem.

Em uma oração, o sujeito gramatical, em geral, está na posição de foco e é dele que se fala. O conteúdo do predicado constitui informação de fundo para esse sujeito. O elemento que é colocado em foco, na posição de sujeito, é 'escolhido' pelo falante na expressão de uma determinada situação. Assim, o falante assume um ponto de vista podendo colocar diferentes elementos em foco, realizar construals distintos. Isso é o que ocorre em (5) (a) e (b), que apesar de expressarem uma mesma situação objetiva, são construções com diferentes sujeitos gramaticais.

(5) a) João entregou o dinheiro.

b) O dinheiro foi entregue.

Em uma frase, a distribuição da informação em tópico e comentário, que, em geral, é coincidente com a estruturação em sujeito e predicado, também reflete o princípio cognitivo baseado na oposição figura e fundo. Outras unidades sintáticas podem aparecer como tópicos, além do sujeito, caso seja do interesse do falante em um determinado contexto discursivo. Em (6), Maria é o tópico e é co-referente de ela (o objeto da frase).

(6) Maria, eu vi ela aqui ontem.

Qualquer elemento tornado tópico do discurso é um elemento colocado em evidência pelo falante; ou seja, é um elemento de figura relativamente aos outros elementos, de fundo, que constituem o comentário.

Um terceiro exemplo da relação figura/fundo na linguagem é referente ao desenvolvimento discursivo. Em qualquer trecho de discurso, aquela parte que está ocorrendo em um determinado instante é figura relativamente a tudo o que ocorreu anteriormente; é o elemento em foco, em perspectiva. Esse é um aspecto da dinamicidade da linguagem.

No contexto da Gramática Cognitiva de Langacker, o valor semântico de qualquer unidade linguística é denominado perfil e qualquer perfil é definido em termos de uma relação entre duas entidades. O trajetor é o primeiro participante da relação, e o marco, o segundo participante, ou o participante secundário. O trajetor e o marco estão em Talmy (2000) como objetos primários e secundários, que têm por base a distinção apresentada pela Gestalt entre figura e fundo, pois são distinguíveis em termos de proeminência, saliência, ou foco. Talmy (2000, pp. 183-184) apresenta a seguinte tabela, que sistematiza a distinção entre os dois objetos na relação:

 

Objeto primário

Objeto secundário

- Possui propriedades espaciais (ou temporais) desconhecidas a serem determinadas.

- Mais móvel

- Menor

- Geometricamente de tratamento mais simples (pontual)

- Mais recente na cena/na consciência

- De maior relevância

- Menos perceptível de imediato

- Mais saliente, uma vez percebido

- Menos dependente

- Atua como uma entidade de referência que possui propriedades conhecidas que podem caracterizar as propriedades desconhecidas do objeto primário.

- Localizável de forma mais permanente

- Maior

- Geometricamente de tratamento mais complexo

- Mais antigo na cena/na memória

- De menor relevância

-Mais perceptível de imediato

- Mais relegado ao fundo, uma vez que o objeto primário é percebido

- Mais dependente

Tabela 1 - Objeto primário e secundário de Talmy (2000).

 

Observe:

(7) a) A bicicleta está perto da casa.

b) A casa está perto da bicicleta.

Talmy argumenta que pode se pensar nas duas estruturas em (7) como expressando o mesmo significado. No entanto, elas não são sinônimas, pois, apesar de haver uma simetria referente à distância entre os dois objetos, em (a), existe a especificação de que a casa é para ser tomada como um ponto de referência fixo para a localização da bicicleta. A frase em (b) soa-nos estranha, pois nela há a especificação contrária de a bicicleta ser o ponto de referência fixo para a casa. Esse estranhamento ocorre pelo fato de um objeto menor ser referência para um maior, contrariando o princípio cognitivo da percepção em figura e fundo.

Na Linguística Cognitiva, figura e fundo são noções que estão presentes também em Langacker (2008) exatamente quando trata da questão da perspectivação. Ou seja, ao se assumir uma determinada perspectiva, ou ponto de vista, na representação linguística, estamos necessariamente selecionando uma figura, dando saliência a um aspecto da realidade a ser representada.

 

Conclusão

A Linguística Cognitiva utiliza conceitos e noções, bem como apoia-se em princípios que são originários da Psicologia da Gestalt. Neste trabalho, investigamos basicamente três aspectos dessa afiliação epistemológica. O primeiro desses aspectos é o postulado da Gestalt de que a percepção é básica para os demais processos cognitivos. Na Linguística Cognitiva, isso se reflete em conceitos bem fundamentais para a teoria, relativos aos processos de visualização e de conceptualização, que são vistos como similares. O segundo aspecto diz respeito à relação parte e todo na percepção cognitiva. O postulado gestaltista de que as partes não são primárias no processo de percepção do todo que elas compõem tem um forte reflexo na forma como se lida com a questão da significação na Linguística Cognitiva. O terceiro aspecto dessa afiliação é aquele que relaciona-se ao princípio da Psicologia da Gestalt segundo o qual a nossa percepção envolve atenção seletiva, ou seja, que, no processo de percepção, figuras (elementos salientes do contexto, em foco) destacam-se de um fundo (elementos fora do foco principal da atenção). Esse postulado gestaltista também encontra reflexo na perspectiva descritiva de fenômenos linguísticos adotada pela Linguística Cognitiva. Essa abordagem dos estudos linguísticos afilia-se, então, epistemologicamente, à teoria da Gestalt, pois, ao considerar a existência de uma interrelação visceral entre linguagem e cognição humanas, utiliza-se de conceitos e noções de base gestaltista na análise de fenômenos linguísticos.

 

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Notas

A. M. Tenuta.
Endereço para correspondência: Rua Patagônia, 19/801, Bairro Sion. Belo Horizonte, MG 30.320-080, Brasil.
E-mail para correspondência: atenuta@gmail.com.

M. Lepesqueur.
Endereço para correspondência: Rua Eloi Mendes, 493, Bairro Sagrada Família. Belo Horizonte, MG 31.030-110.
E-mail para correspondência: marcus.le@gmail.com.

(1) O associacionismo é uma doutrina psicológica que defende a associação como base principal dos processos de aprendizagem, comportamento e pensamento (Audi, 1999). A visão associacionista é uma visão composicional e baseia-se na lei da contiguidade. Nessa perspectiva, os processos mentais, inclusive a percepção, são pensados em termos da associação de elementos próximos no tempo e no espaço.

(2) Diagrama traduzido por Aparecida de Araújo Oliveira.

(3) Em qualquer diagrama do modelo, a informação que aparece em um retângulo corresponde à moldura (frame, no inglês) suscitada pelo evento representado no espaço ao qual o retângulo está ligado. Neste caso, o espaço passado é estruturado pela moldura que contém os elementos ela e sua casa própria e a relação adquirir a b.

(4) Tenuta, Lepesqueur e Moreira (2010) e Tenuta e Lepesqueur (2010) analisam o fenômeno da alteração do valor semântico prototípico da forma verbal, considerando que a categoria tempo verbal expressa uma relação entre foco e ponto de vista, o que se baseia em Turner (1996) e Cutrer (1994).

(5) http://www.piracuruca.com/colunatexto.asp?codigo_=247&codigo_1=O%20Memorista.

(6) http://veja.abril.com.br/blog/radar-on-line/eleicoes-2010/anastasia-realmente-subiucosta-realmente-caiu/.

(7) http://pt.euronews.net/2010/08/23/crescimento-economico-na-zona-euro-desceu-em-agosto/.

(8) http://globoesporte.globo.com/platb/olharcronicoesportivo/2010/10/03/vergonha-e-consciencia/.

(9) Langacker (1987, 1991, 2008).

(10) Disponível em http://www6.ufrgs.br/psicoeduc/fotos/main.php?g2_itemId=50&g2_page=11

(11) Categorização é a atividade cognitiva através da qual realizamos a apreciação ou julgamento de um elemento como pertencente ou não a uma determinada categoria conceitual.

(12) Disponível em http://roberto-martins.blogspot.com/2008/11/diante-da-vera-felicidade.html.

(13) Encontrada em Tenuta, 2006: Narrativa No 13.