SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.17 número1Percepção estética e cultural de produtos regionaisDas 'Neurociências Aplicadas ao Marketing' ao 'Neuromarketing Integrativo' índice de autoresíndice de materiabúsqueda de artículos
Home Pagelista alfabética de revistas  

Ciências & Cognição

versión On-line ISSN 1806-5821

Ciênc. cogn. vol.17 no.1 Rio de Janeiro abr. 2012

 

Ensaio

 

O conhecimento de mundo e as experiências do falante no Processamento da Linguagem Natural: a polissemia em foco

 

The world knowledge and experiences of the speaker in Natural Language Processing: polysemy in focus

 

 

Jorge Bidarra

Ciência da Computação, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel, Paraná, Brasil

 

 


Resumo

A quantidade de palavras polissêmicas em língua portuguesa é bastante significativa. Apesar de o fenômeno, pelo menos aparentemente, não impor dificuldades para os falantes da língua, o mesmo, no entanto, não se verifica em relação aos trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores que se debruçam sobre o assunto. Dos muitos avanços obtidos pelas pesquisas, o que já se sabe é que, enquanto tratadas apenas de um ponto de vista gramatical, as respostas não têm sido satisfatórias. Os estudos apontam que, para resolver os dilemas teóricos impostos pela polissemia, necessário se faz considerar não só os aspectos gramaticais em jogo, mas também o conhecimento de mundo e as experiências de vida dos falantes. Para a presente discussão, além de serem passadas em revista algumas abordagens teóricas que buscam uma solução para problema em questão, forneço alguns exemplos ilustrativos com o objetivo de auxiliar a compreensão do fenômeno, bem como dos impasses que se colocam. Ao longo do texto, tento chamar a atenção do leitor para as diferentes estratégias que tendem entrar em ação quando se está diante da polissemia e da necessidade de desambiguação. © Cien. Cogn. 2012; Vol. 17 (1): 166-177.

Palavras-chave: polissemia; estratégias linguístico-cognitivas; desambiguação; processamento da linguagem natural.


Abstract

The amount of polysemic words in Portuguese is quite significant. Although the phenomenon, at least apparently, does not impose difficulties for speakers, it does not apply for the researchers who focus on the subject. Despite of many advances made by research, we already know that the problem only discussed under a grammatical point of view is not enough. Studies show that to solve the dilemmas posed by polysemy theoretical we need considering not only the grammatical aspects, but also the knowledge of world and life experiences of the speakers. For the present discussion, we review some theoretical approaches that seek a solution to the problem at hand. And a little more, I provide some illustrative examples in order to helping us to understand the phenomenon, as well as the dilemmas that arise. Throughout the text, I try to draw the reader's attention to the different strategies that tend to take action when one is faced with the need for polysemy and disambiguation. © Cien. Cogn. 2012; Vol. 17 (1): 166-177.

Keywords: polysemy; cognitive-linguistic strategies; disambiguation; natural language processing.


 

 

Introdução

Que as linguagens se manifestam de diferentes formas, submetendo-se a tipos de processamentos diversos, parece não haver dúvida. Em termos mais amplos, as formas de linguagem que costumamos utilizar são realizadas em contextos ora puramente visuais (p.ex., a linguagem da propaganda), gestuais (p.ex., a língua de sinais para os surdos), mas, sobretudo, na forma oral e/ou escrita, cada uma delas exigindo, tanto da parte de quem produz a mensagem quanto por aquele que a recebe, processamentos mentais de alta complexidade. Uma das grandes habilidades humanas está justamente na capacidade que os povos desenvolveram, desde os primórdios, para expressar os seus conhecimentos e sentimentos por meio de linguagens particulares, através das quais expõem suas ideias, fazem divulgações, bem como emitem os seus pareceres sobre as coisas e os fatos que existem ou ocorrem no mundo; enfim, por meio das linguagens, avaliam/julgam e, sobretudo, decidem.

A literatura nos tem mostrado que todas as linguagens, aqui entendidas e restritas às línguas naturais, se desenvolveram até hoje, e continuam a evoluir, a partir de um sistema complexo, estruturado e organizado, constituído por um vocabulário, mais ou menos rico, voltado para as necessidades de comunicação, oral ou escrita, determinadas pelas comunidades que delas fazem uso. De um ponto de vista lingüístico, todo esse processo se estabelece a partir de um relacionamento intrínseco no qual estão envolvidos estruturas e princípios fonético-fonológicos, morfossintáticos, semânticos e também pragmáticos, muito bem definidos e elaborados.

Curioso é notar, no entanto, que, apesar da reconhecida habilidade do falante, nem sempre há consciência dos fenômenos que realmente ocorrem, sejam nas estruturas internas das línguas ou no tipo de processamento requerido pelo sistema subjacente e que, ao final, é o responsável pelo suporte ao processamento requerido. O Processamento da Linguagem Natural, doravante apenas referido pela sigla PLN, de todos os processamentos cognitivos, relacionados ou não à linguagem, parece ser, de fato, o mais imbricado, dependente de muitos fatores, e de uma forma particular do próprio domínio que cada um de nós desenvolveu em relação ao (uso do) vocabulário e às estruturas disponíveis na língua usada.

Tal é a complexidade do sistema lingüístico que, como nos chama a atenção Lyn Frazier (1990), o conhecimento seguro sobre a estrutura dos mecanismos que operam sobre a linguagem natural tem sido, ao longo dos tempos, um terreno bastante movediço, desafiador e, ao mesmo tempo, intrigante para os estudiosos. Apesar dos notáveis avanços já obtidos com os estudos feitos sobre as mais diversas línguas e suas representações, quer no campo da organização e estruturação das palavras, seu armazenamento, reconhecimento e acesso lexical, quer no que diga respeito aos processamentos sintático, semântico e pragmático, o fato é que ainda estamos muito longe de solução definitiva que responda aos diferentes enigmas existentes e as lacunas identificadas pelas teorias vigentes.

Segundo a autora, a distinção dos princípios empregados, p.ex., para o acesso lexical como suporte para a análise sintática é tão complexo que chega mesmo a nos sugerir a existência de não apenas um, mas de vários subsistemas, cujos processamentos são bem distintos entre si, embora complementares.

Na tentativa de compreender o sistema que regula o funcionamento das línguas, várias disciplinas têm combinado os seus esforços em busca de respostas que possam lançar alguma luz sobre os problemas e fenômenos frequentemente verificados. Uma parte significativa desses estudos tem sido realizada a partir de, pelo menos, três tipos de abordagens distintas, a saber: Lingüística Teórica, Psicolingüística e, mais recentemente, a Lingüística Computacional. O objetivo dos pesquisadores tem sido entender o processamento das línguas pela investigação das regras e dos princípios com os quais elas operam; os psicolinguistas, de sua parte, tentam reunir num mesmo arcabouço teórico os estudos veiculados pelas áreas da psicologia e da própria lingüística teórica. Desenvolver modelos teóricos a partir de resultados experimentais e estratégias, especialmente aqueles aplicados no âmbito da aquisição da língua materna, tem sido a base forte para as investigações perpetradas na área. Como uma terceira abordagem, há ainda e mais recentemente, quando comparada às duas outras áreas, os estudos realizados pela Lingüística Computacional, que, com o advento dos computadores, vem permitindo importantes descobertas para alguns dos principais problemas que até então ainda não haviam sido desvendados pelas teorias clássicas. Com os recursos computacionais, tem sido possível, p.ex., simular o processamento da linguagem natural, bem como testar o funcionamento dos modelos teóricos propostos.

Constituem os principais objetivos desse ensaio não apenas a verificação, mas também uma reflexão sobre os problemas encontrados durante o processamento lingüístico, notadamente em relação à presença da ambigüidade lexical e mais especificamente da polissemia. A idéia é permitir que, juntos, possamos discutir um pouco mais sobre como nós, os falantes, podemos nos revelar tão aptos quanto hábeis com relação ao uso da língua, mesmo quando diante de situações que, à primeira vista, nos imporiam algumas dificuldades. Saber, por exemplo, que lugar específico o fenômeno da polissemia ocupa na estrutura semântica do léxico e da própria sintaxe, bem como tentar entender que tipo de processamento a polissemia mantém e requer com relação a outras manifestações ocorridas no âmbito do significado e no uso das palavras, são duas das principais questões observadas e norteadoras para o presente debate.

Sem a pretensão de fornecer soluções para os problemas em questão, a intenção aqui é levantar alguns dados importantes que possam ser úteis no entendimento desse fenômeno. Para tanto, tomarei como elemento de base para discussão alguns princípios sustentados pela linguística cognitiva, cujas contribuições podem ser úteis não apenas para os estudos realizados na área da lingüística teórica, mas também para a psicolingüística e lingüística computacional e, em particular, para o PLN.

 

A Polissemia como uma manifestação lingüística necessária: aspectos gerais

Os debates travados nos círculos científicos sobre as formas de ocorrência da polissemia e os mecanismos usados pelos falantes para resolverem os "impasses" interpostos por esse tipo de processamento nos dão uma boa idéia das dificuldades enfrentadas pelos teóricos. De um ponto de vista mais geral, intriga o fato de que, entremeio a tantas palavras e contextos novos, não há falante que, instruído/alfabetizado ou não, pareça se embaraçar com as ambigüidades interpostas numa conversação aberta e/ou numa escrita elaborada. O que os teóricos se esmeram em entender é como os falantes conseguem resolver as muitas armadilhas impostas pelas línguas, tendo em vista que as palavras, no geral, não são suficientes para dar conta dos conceitos e denominações necessárias para a representação e explicitação do que existe no mundo, nesse contexto, abrindo espaço para o surgimento da ambigüidade lexical. Em outras palavras, saber como os falantes lidam com os múltiplos sentidos admitidos por muitas palavras é o cerne do debate. O fenômeno da ambiguidade lexical, em particular, no que tange à polissemia, tem sido tão marcante no campo das investigações que alguns episódios (históricos) merecem comentário. Enquanto atualmente o fenômeno tem sido tratado de forma natural e absolutamente necessário para as línguas, visto a necessidade que têm de darem conta dos variados conceitos no mundo, a verdade é que nem sempre o seu uso foi bem aceito, especialmente nas sociedades mais antigas. Para Aristóteles, p.ex., as palavras de significado ambíguo tinham, por parte dos oradores, uma finalidade abjeta. Isso porque, segundo o filósofo, a ambigüidade servia para muitas intenções; sobretudo, para permitir ao sofista desorientar os seus ouvintes e, assim, não raro, serem manipulados por interesses diversos dos governantes da época. No extrato a seguir, essa visão e a abrangência do recurso, observadas por Aristóteles, ficam evidenciadas:

"[...] O termo próprio, o vocabulário usual e a metáfora são as únicas expressões úteis para o estilo do discurso puro e simples. O que confirma é que elas são as únicas a serem utilizadas por toda a gente; não há ninguém que a conversação corrente não se sirva de metáforas, dos termos próprios e dos vocabulários usuais. Pelo que é evidente que, com perícia, o discurso poderá apresentar o ar estrangeiro de que falamos, a arte ficará dissimulada e o estilo será claro, qualidades estas que, como vimos, comunicam a virtude do discurso oratório. Ao contrário, no emprego dos nomes, as homonímias são úteis ao sofista, por lhe permitirem suas habilidades desonestas [...]" (Aristóteles, s/d, p. 162-163; meus grifos)

Ullmann (1977, p. 330), ao discorrer sobre o assunto, relata que os filósofos contemporâneos de Aristóteles chegavam mesmo competir uns com os outros, sempre na tentativa de denunciar a ambigüidade lexical, especialmente a polissemia1, como um defeito da linguagem e como um importante obstáculo para a comunicação e para um pensamento claro. Uma postura que, ao longo do tempo, foi-se modificando. Frederico, o Grande, por exemplo, se mostrava publicamente um admirador ardente da língua francesa. Pare ele, o significado multifacetado do francês revelava um sinal de prosperidade da língua e que, a seu ver, era essa riqueza de significados que a colocava no topo das línguas mais promissoras e até dominante.

Na literatura especializada, há muitos trabalhos publicados e interessantes sobre o assunto2. Conquanto se esforcem em fornecer respostas teoricamente elegantes e plausíveis, o que se nota é que, no fundo, todas as tentativas, por muitas razões, acabam falhando em algum ponto. Com isso, não se quer dizer, absolutamente, que esses estudos sejam inconsistentes; mas, antes, que o assunto, por sua complexidade, acaba exigindo dos pesquisadores estratégias mais elaboradas do que aquelas com as quais se podem contar normalmente, considerando-se, logicamente, o estágio atual da nossa ciência. Apesar disso, o caminho aberto por todas as pesquisas já realizadas e/ou em andamento tem-nos permitido desenvolver estudos que, a passo e passo, vão produzindo respostas lentas, porém satisfatórias e, em muitas situações, revelando-nos pistas bastante interessantes.

As pesquisas em PLN, por exemplo, têm dado mostras do potencial das descobertas feitas a respeito do funcionamento das línguas, especialmente quando esses trabalhos se articulam com os estudos realizados no âmbito da cognição. Entender a Polissemia a partir das teorias lingüísticas com um viés cognitivo parece ser um caminho seguro, a ser seguido por todos aqueles que buscam compreender e explicar o fenômeno. No que segue, farei uma breve discussão sobre essa articulação e os possíveis resultados daí advindos.

 

O PLN no contexto da ciência cognitiva: preliminares para o estudo da Polissemia

Independentemente do grau de interesse que cada uma das três abordagens (lingüística teórica, psicolingüística e lingüística computacional) nutre pelo estudo das línguas, em particular no que se refere às ocorrências de ambigüidades lexicais, importante é mencionar que é na junção das três que, ao final, se constrói o arcabouço teórico que dará sustentação à chamada Ciência da Cognição3.

Desde que a principal preocupação da Ciência Cognitiva é entender as relações estabelecidas entre o que se percebe com o processamento lingüístico e os demais componentes do processamento cognitivo, o que ela faz vai muito além da linguagem, naquilo que seria uma visão mais tradicional. Para os estudiosos da área, a questão desafiadora está na possibilidade de se isolar a faculdade da linguagem das outras atividades cognitivas, tais como o processamento de cálculos matemáticos, o ato de andar e desenhar, assim por diante. Eles acreditam que esse isolamento, se realmente possível, propiciaria um olhar mais preciso e, portanto, mais informativo sobre o que realmente estaria acontecendo na mente humana com o processamento da fala, escrita, enfim, da linguagem, de uma maneira mais geral.

Apesar dos esforços, os debates teóricos realizados em torno do processamento lingüístico cognitivo, a partir dos modelos propostos, têm produzido pontos de desavenças teóricas entre os estudiosos. Dois grupos, com visões diametralmente opostas, há muito não se entendem sobre o assunto, cada qual tentando apresentar evidências que confirmem as suas teses. O que poderia parecer à primeira vista um problema, na realidade abre um riquíssimo espaço para o debate, do qual podemos extrair experiências, bem como pistas muito proveitosas para o entendimento da língua em sua mais nobre e primordial função que é a comunicação.

Enquanto para um dos grupos, os da tradição gerativista ou chomskyana (Chomsky, 1988), o processamento das línguas é modular; para a sua contraparte, esse processamento é holístico (Anderson, 1983; Langacker, 1987). Dito de modo diferente, mas de forma bastante reduzida e simples, enquanto para os primeiros, a língua é um subsistema autônomo e altamente especializado nos seus processamentos; para os holistas, a língua é resultado de uma notável habilidade humana e que apenas poderia ser explicada por princípios cognitivos, baseados em construções do conhecimento a partir do todo e não de sistemas segmentados e aparentemente autônomos, no sentido trabalhado pelo gerativismo. Tomando por base esse ponto, isso seria o mesmo que dizer, na concepção holística, que não cabe o isolamento pretendido/defendido pela outra linha teórica.

O debate não cessa e os argumentos apresentados por ambas as vertentes ressoam e, respeitadas as diferentes posições, merecem toda a nossa atenção. A idéia de se construir um modelo teórico capaz de responder às muitas inquietações dos estudiosos, em qualquer dos casos, tem sido uma atividade constante, cujos avanços têm permitido, senão integralmente, uma boa compreensão sobre os fenômenos lingüísticos e o modo como o falante nativo se desvencilha das nuanças explicitadas pelas línguas naturais.

Seja como for, importante mesmo é considerar que, como bem pontua Dias (2000), "no uso cotidiano da linguagem, não nos damos conta de todos os processos envolvidos para que ela se processe de maneira eficaz". Conforme a autora, as línguas nos impõem uma gama de interpretações semânticas, em potencial, já desde o momento em que estruturamos os nossos pensamentos, seja quando refletimos, ponderamos, perguntamos, respondemos ou afirmamos algo. Esse trabalho que, à primeira vista, tende parecer (quem sabe, o é mesmo) corriqueiro, na verdade, requer de cada falante "um esforço mental, de armazenamento de conhecimentos anteriores, de processamento desses conhecimentos e de tradução desse processamento em linguagem"; algo complexo e, muitas vezes, de difícil mensuração ou percepção teórica.

Partindo dos apontamentos apresentados acima, na sequência, inicio algumas discussões sobre o assunto em tela. A situação evidenciada pelo exemplo (1) levanta aspectos muito interessantes do processamento linguístico. É particularmente relevante o fenômeno porque revela contornos que podem nos ajudar a compreender um pouco mais sobre as condições que dão origem às ocorrências de ambigüidade lexical e as dificuldades que persistem na compreensão teórica do caso. Assim, vejamos.

(1) O navio entrava no porto angolano o navio brasileiro.

Experimentos psicolingüísticos dão conta de que quando uma sentença como essa é submetida aos falantes de português, nota-se um retardo significativo quanto a sua compreensão. Gonçalves e Pagani (2004) explicam que essa dificuldade de interpretação decorre da necessidade de se proceder a uma detida análise, para a qual deve ser considerada uma menção explícita ao fato de que entrava é uma forma do verbo entravar e não de entrar; duas primeiras interpretações possíveis, mas cuja determinação somente se resolve no momento em que o leitor/ouvinte avança com o processamento. Observe-se que a tarefa de desambiguação provocada pela sentença exemplo não é simples e muito menos trivial. O seu processamento requer o envolvimento de muitos outros recursos para além dos lingüísticos. Dentre os recursos necessários encontra-se o próprio conhecimento do falante/ouvinte sobre o cenário que se revela por detrás da descrição apresentada pela sentença.

São justamente a "não trivialidade" e a dificuldade inerentes a um tipo de processamento como esse, conhecida por "efeito labirinto" ou garden path (Dillinger, 1992; Frazier & Fodor, 1978), que vão despertar grande interesse não apenas por parte dos psicoliguistas, mas também de outros estudiosos das línguas. Ainda conforme Gonçalves e Pagani (op.cit), esse é um "efeito que ocorre quando o processador mental (parser) falha ao atribuir uma estrutura gramatical a uma expressão lingüística durante o processamento incremental". A falha, de acordo com eles, "só pode ser superada por meio de um retrocesso na análise (backtracking) ou, nos casos mais graves, por meio de uma (re)análise consciente da expressão escrita/falada.".

Ao discutirem o fenômeno, Crain e Steedman (1985 apud Gonçalves e Pagani, 2004) argumentam que a complexa resolução da ambigüidade presente em tal circunstância depende não apenas do processamento ou de mecanismos estritamente sintáticos, como postulado por alguns, mas também de uma interação quase palavra a palavra estabelecida entre os mecanismos estruturais, a semântica e o próprio contexto.

Embora seja um caso curioso de ambigüidade, essa é, na verdade, apenas uma das diversas facetas dos problemas frequentemente vivenciados pelos falantes durante os processamentos que precisam fazer no uso da língua que falam/escrevem. Nos estudos semânticos, além do fato acima comentado, são evidenciadas muitas outras situações que para serem resolvidas dependem da consideração de muitos fatores, muitas vezes de difícil identificação. Há casos em que, p.ex., para o processamento lingüístico, vamos precisar lançar mão de uma malha completa de relações que se estabelecem não apenas entre os termos que compõem uma sentença, mas também do modo como se estruturam sintática e semanticamente. No universo dessas relações, encontram-se, por exemplo, a sinonímia (similaridade), a hiperonímia (generalização versus especificidade) e a meronímia (partes-de), cujas ocorrências nos servirão aqui de base primeira para discutirmos as significações e extensões de sentidos suportadas pelas palavras polissêmicas.

Para Taylor (1995)4, a possibilidade de colocar em perspectiva uma determinada componente de uma estrutura conceitual, em detrimento de outra ou do todo, conjuga bem com a flexibilidade no campo das buscas dos significados, quer das palavras ou das sentenças. Um exemplo de polissemia para demonstrar esse fato seria o do verbo "fechar", ilustrada pelos enunciados (a) Fechei a porta/tampa para (b) Fechei a caixa. Com efeito. Enquanto nos dois casos, (a) e (b), o significado básico se mantém (impedir o acesso a algum lugar), em (a), o fato de se colocar em destaque apenas uma componente do complemento verbal exigido, dada pelas palavras "porta" ou "tampa", permite uma leitura menos restritiva do que em (b), uma vez que, nesse último caso, o que se traz para o pano de frente é a ação em sua totalidade. Essa possibilidade interpretativa e real, tratada pela semântica lexical como processos de "extensão de sentidos" (Cruse, 1986; Pustejovsky, 1995), embora muitas vezes não percebida pelos falantes no dia-a-dia, requer, no entanto, processamentos altamente especializados.

Vários estudos mostram que a multiplicidade de sentidos de uma mesma palavra, notadamente as extensões de sentidos, se manifesta de diferentes maneiras. Sweeter (1990), por exemplo, defende a idéia de que os sentidos deôntico e epistêmico que caracterizam os verbos chamados modais, p.ex. "dever", resultam de extensões metafóricas que, para serem entendidos, vão exigir do falante a consideração de esquemas de dinâmica e tensão de forças do mundo físico, sem o que a interpretação e o uso adequado simplesmente não têm como acontecer [o verbo "dever", dependendo do contexto, tanto poderá (i) denotar uma força que leva alguém a agir - "você deve falar com o seu pai sobre esse seu problema o quanto antes"; quanto (ii) conduzi-la a uma conclusão: "devo admitir que esse é um caso perdido"]. Silva (1999), por seu turno, ao discutir a coerência semântica do verbo "deixar", afirma que, nesse caso, vão subsistir duas categorias semânticas, numa das quais existe "um objeto construído como estático e expresso num complemento nominal [deixar x]" (p.ex., deixei o livro sobre a mesa) e na outra extremidade, "um objeto dinâmico expresso num complemento verbal [deixar fazer y]" (p.ex., deixei o aluno fazer a prova no intervalo das aulas).

Seguindo uma linha de discussão diacrônica, Geeraerts (1997) procura demonstrar que as mudanças semânticas são, na verdade, um reflexo de efeitos de prototipação observados nos conceitos e objetos de uma mesma categoria. Em outras palavras, segundo ele, a mudança na extensão de um significado é provocada por modulações ocorridas no centro prototípico de cada categoria, fenômeno que ocorre pela exacerbação dos membros mais salientes e, portanto, afirma ele, mais estáveis dentro daquela categoria.

Guardadas as devidas diferenças e fronteiras teóricas, verificamos que a ideia de exacerbação de aspectos mais salientes na composição dos conceitos não está circunscrita apenas aos estudos da lingüística cognitiva. Encontramos esses mesmos cuidados em modelos construídos a partir de outras linhas teóricas, como por exemplo, é o caso do léxico gerativo (Pustejovsky, 1995)5. Baseando-se nos qualia postulados por Aristóteles, o autor constrói um modelo de estruturação e organização lexical que, segundo ele, seria capaz de não apenas capturar, mas também, projetar o comportamento polissêmico lexical que, mediante operações de coerção de tipo, co-composição e ligação seletiva as quais muitas palavras se submetem, revelam os diferentes sentidos que suportam quando expostas a contextos diversos. Os qualia retomados por Moravcski (1975) que, por sua vez, serviram de inspiração para Putejovsky, constituem uma estrutura complexa composta por quatro papéis (constitutivo, formal, télico, agentivo) que, por meio da representação dos diferentes modos de predicação de um item lexical, segundo o autor, seriam capazes não só de identificar, mas também de localizar um "objeto" no mundo. Trata-se, na sua origem, de uma tentativa de se definir uma ontologia, aos moldes sustentados pela filosofia clássica. As operações que se processariam sobre esses qualia tornariam, de acordo com a teoria, certos atributos mais salientes do que os outros, dando-se assim a chamada extensão de sentidos, uma característica da polissemia.

Em que pesem as diferenças entre um e outro, pela proposta, importante é observar que, ao fazer uso dos qualia, não há como prescindir de elementos fortemente presentes e que sustentam também as teorias defendidas pela lingüística cognitiva. Com efeito, o que as estruturas qualia tentam registrar nada mais é, num outro plano de debate, bem entendido, do que colocar a serviço dos falantes os conhecimentos construídos e trazidos por ele ao longo da vida.

 

A linguagem e a cognição face ao problema da interpretação de palavras polissêmicas

No âmbito dos fenômenos lingüísticos, como enfatizado desde o início, talvez não haja mesmo um outro fenômeno que chame mais a atenção dos pesquisadores do que a polissemia. Desvencilhar-se, por assim dizer, dos labirintos provocados pelos processos interpretativos necessários para a desambiguação de palavras polissêmicas é um problema requer dos especialistas e, aparentemente menos, dos falantes recursos variados que não se restringem ao conhecimento lingüístico instituído. Estão em jogo, de forma notável, diversos elementos e que são oriundos da construção do conhecimento de mundo que todos nós, seres humanos, fazemos ao longo de nossas vidas. Desse processo, tomam parte as nossas experiências, o nosso conhecimento enciclopédico sobre as coisas existentes no mundo e variados sentimentos sobre tudo e todos que nos cercam.

A polissemia acontece entremeio a um turbilhão de sensações e estímulos lingüísticos e não lingüísticos que recebemos de maneira sistemática e recorrente. Sendo assim, é razoável pensar que um processamento que a envolve a polissemia necessita mais do que olhar para a língua como submetida a princípios gramaticais. É preciso, sem dúvida, trazer para o plano das discussões todo esse conhecimento que se origina em outro domínio.

Com o objetivo de ilustrar o debate, passemos à verificação dos fatos produzidos em alguns trechos coletados em jornais, propagandas6 e situações quotidianas que vão nos servir de base para as demonstrações pretendidas.

Ex. 1) Propaganda veiculada (outdoor) em Portugal de uma margarina
No dia dos namorados, o seu coração começa a bater mais forte logo de manhã. Para ser saudável um coração precisa de amor. E (ele - coração) também de Ómega 3, vitamina E e polinsaturados. E (ele - o coração) não precisa de sal nem de colesterol. Ou seja, (ele - o coração) precisa de Becel. Porque Becel é especialista no coração há mais de 30 anos. Escolha com o coração. Escolha Becel.

Nota-se nesse trecho uma deliberada duplicidade de sentidos atribuída à palavra "coração". Percebe-se que esse efeito é provocado não por uma única ocorrência da palavra, mas por uma sucessão de idéias associadas (bater mais forte, referindo-se ao coração órgão do corpo humano; amor, agora, relacionando a palavra a um sentimento; e outros elementos aqui colocados em destaque). Também resulta de uma repetição sistemática da palavra coração, que algumas vezes não se revela, por efeito de elipse, mas que está presente na estrutura profunda da sentença. Nesse tipo de jogo, não apenas com a palavra, mas com a situação expressa, surgem de uma maneira muito natural duas acepções para a palavra "coração". Uma delas, aquela como referência ao sentimento e ao desejo do cliente em adquirir alguma coisa; e a outra, motivada pelo apelo (muitas vezes, uma orientação dada pelos médicos aos seus clientes) de que o coração, um órgão do corpo humano, necessita de alimentos que garantam ao indivíduo uma vida saudável e de qualidade.

No que tange à acepção orgânica, poderíamos dizer que se trata de um conceito prototípico e, portanto, inerente ao próprio significado da palavra. Mas, no que diz respeito ao outro aspecto ou sentido, em que está envolvida a emoção, necessário se faz que o falante/leitor busque conhecimentos não dados pela palavra em si mesma, mas que, ao longo da história da humanidade, foram associados e assumidos pelas pessoas de que o "coração", assim como visto até bem pouco tempo atrás pela área médica como um órgão central e, portanto, de controle de todo o corpo humano, também é capaz de controlar as emoções, os sentimentos e os desejos. A palavra "amor" expressa bem essa situação.

No exemplo a seguir, a ambigüidade aparece de forma muito semelhante à anterior, mas que requer do leitor um conhecimento a mais, na medida em que as associações que são feitas nem sempre fazem parte do senso comum. Trata-se de uma manchete veiculada pela Revista Veja, a propósito de escândalos denunciados pela mídia e que envolviam representantes de uma igreja.

Ex. 2) Manchete da Revista Veja (Edição 2126, Ano 42, N. 33 - p.85)
"Cheque ao Bispo - O Ministério Público de São Paulo acusa Edir Macedo e mais nove integrantes da Igreja Universal de usar o dinheiro de doações de fiéis para fazer negócios e engordar o próprio patrimônio."

Há também aqui duas leituras possíveis para o título da manchete (em itálico). De um lado, se tomado tão somente o teor da mensagem (digamos que seja essa a leitura preferencial ou mais imediata), notaremos que o sentido dado se refere ao enriquecimento pessoal e ilícito, obtido pela arrecadação de dinheiro dos fiéis da igreja. Isso fica claro quando avançamos na leitura da manchete e nos deparamos com as expressões grifadas. Com efeito, um dos significados da palavra cheque está justamente relacionado à transação com dinheiro. A palavra "Bispo", é preciso esclarecer, para essa leitura, se refere a um posto hierárquico na composição dos membros da igreja; no caso, o nível mais alto de representação. A outra interpretação, talvez não tão imediata para o leitor, somente será possível se ele, o leitor, souber de antemão que há um jogo - xadrez, em que "cheque" significa colocar uma de suas peças em posição tal que fica difícil se livrar do bloqueio provocado por outra peça do jogo. Nesse contexto, a palavra "Bispo" representa exatamente a peça em situação de perigo. Não obstante, é essa peça uma, se não a mais importante do jogo.

Para concluir, vejamos um terceiro exemplo extraído de outra propaganda, da empresa Philips, também extraída da Revista Veja, mesma edição.

Ex. 3)
"O novo Purificador de Água Philips proporciona uma água tão leve, mas tão leve, que não pesa nem no seu bolso" (Propaganda comercial da Philips)

O jogo feito com a palavra "leve" revela mecanismos semelhantes aos exemplos anteriores; talvez, de modo ainda mais elaborado. Prototipicamente, o adjetivo "leve" se refere a algo que possa ser suportado por alguém sem que para tanto seja necessário um grande esforço (por exemplo, uma caneta é considerada um objeto leve para qualquer um de nós; pois, afinal, para carregá-la ou usá-la, não fazemos qualquer esforço significativo). Contudo, não é esse o caso aqui. Esse exemplo traz duas outras acepções que, de outro modo, diríamos estar bem longe desse conceito prototípico. A questão que se coloca então é: o que nos leva, como falantes, a usar termos, como é o caso de "leve", em situações diferentes e em alguns casos até inesperadas, mas plenamente aceitas pela comunidade de falantes?

Mais uma vez, entram em jogo conceitos que de algum modo se aproximam. Se não vejamos. Considerando-se que o significado básico de "leve" remete a algo que para ser portado não demanda esforço e, portanto, não provoca desconforto ou dificuldade de transporte; uma associação válida e pertinente seria, por exemplo, dizer que a água, objeto em questão, uma vez ingerida também não provoca desconforto, na medida em que, por ser pura, não contém substâncias ou elementos naturalmente presentes na água quando in natura e que as torna pouco saborosa ou, até, menos saudável e de difícil trato pelo organismo humano.

Esse sentido de "leve", todavia, é rapidamente desfeito, ou melhor dizendo, recolocado para dar conta de uma outra possibilidade interpretativa e que corresponderia ao contrário de "pesado" ou sua derivação. No entanto, o sentido de "peso" dado na situação presente também não se confunde com o conceito ou com a dificuldade de transportar mediante a aplicação de esforço, tampouco se refere ao fato de conter substâncias relacionadas ao sentido antes sugerido para "leve". No caso presente, o "peso", como um antagônico do "leve", vai se referir à capacidade de o indivíduo, alvo da propaganda, adquirir/comprar o produto anunciado.

 

Considerações finais

Nesse ensaio, apresentei uma breve discussão sobre os problemas teóricos da polissemia e o modo como o assunto vem sendo tratado pelos estudiosos das línguas. Ao longo do debate, vimos que o tratamento da polissemia não depende apenas de uma abordagem gramatical, mas requer a consideração de determinados aspectos oriundos do conhecimento de mundo e também das experiências de vida dos falantes. E, nesse contexto, a cognição passa ser um elemento de particular relevância. Confirmando pesquisas que já vêm sendo realizadas há muito tempo, vimos enfim que lançar mão do processamento cognitivo é, pois, um recurso indispensável. Enquanto reconhecendo que muitos avanços foram de fato obtidos pelas pesquisas desenvolvidas na área dos estudos da linguagem, o que se pode concluir é que ainda, pelo menos de um ponto de vista teórico, estamos muito longe de uma resposta definitiva e satisfatória sobre como se processa de fato a polissemia na cabeça de um falante e como o seu funcionamento poderia ser representado por modelos de descrição. A polissemia, dentre os muitos fenômenos da linguagem, desde a antiguidade, vem colocando vários desafios para os filósofos inicialmente e para os linguistas, mais tarde. Embora, à primeira vista, possa parecer uma batalha desalentadora e, quem sabe, perdida, muito pelo contrário, aguça mais a curiosidade científica dos pesquisadores. O comportamento e a resolução da polissemia, mais do que as dificuldades há muito já anunciadas, aparecem no cenário das pesquisas como um dado intrigante e que, por sua natureza, merece toda a atenção. Compreender os meandros de sua realização, ninguém duvida disso, é sim um desafio. Compreendê-la, em sua essência, no entanto, é uma conquista e absolutamente necessária porque, ao final, ocorrência de palavras ambíguas é o que não falta nas línguas humanas.

 

Agradecimentos

À Fundação Araucária e ao CNPq.

 

Referências bibliográficas

Anderson, J.R. (1983). The Architecture of Cognition. Cambridge, Mass.: Harvard University Press.         [ Links ]

Aristóteles (s/d). Arte retórica e arte poética (Carvalho, A.P., Trad.). Rio de Janeiro: Ediouro.

Chomsky, N. (1988). Language and Problems of Knowledge. Cambridge, Mass.: MIT Press.         [ Links ]

Coimbra, R.L. (2002). Jogos polissémicos no discurso publicitário. Em: Ferreira, A.M. (Org.), Presenças de Régio - Actas do 8º Encontro de Estudos Portugueses (PP. 145-151). Aveiro: ALAEP, Universidade de Aveiro.         [ Links ]

Crain, S.; Steedman, M. (1985). On not being led up the garden path: the use of context by the psychological syntax processor. Em: Dowty, D.; Karttunen, L.; Zwicky, A. (Org.). Natural language processing: psychological, computational and theoretical perspectives (pp. 320-358). Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

Cruse, D.A. (1986). Lexical Semantics. Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

Dias, M.C.P. (2000). Cognição e modelos computacionais. Veredas, 4 (1), 31-41.         [ Links ]

Dillinger, M. (1992). Parsing Sintático. Boletim da ABRALIN, 13.         [ Links ]

Frazier, L. (1990). Exploring the Architecture of the Language-Processing Systema. Em: Altman, G.T.M. (Ed.). Cognitive Models of Speech Processing (pp. 409-433). Cambridge: The MIT Press.         [ Links ]

Frazier, L.; Fodor, J. (1978). The Sausage Machine: A new two-stage parsing model. Cognition,6, 291-326.         [ Links ]

Geeraerts, D. (1997). Diachronic prototype semantics. A contribution to historical lexicology. Oxford: Oxford University Press.         [ Links ]

Gibbs, R.W.; Beitel, D.; Harrington, M.; Sanders, P. (1994). The Poetics of Mind. Figurative Thought, Lanaguage, and Understanding. Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

Gonçalves, R.T.; Pagani, L.A. (2004). O efeito labirinto além da sintaxe: eliminando a ambigüidade. Revista Letras, 63, 177-195.         [ Links ]

Kilgarriff, A. (1997). I don't believe in word senses. Computers and the Humanities, 31 (2), 91-113.         [ Links ]

Lakoff, G. (1987). Women, Fire, and Dangerous Things: What Categories Reveal about the Mind. Chicago: The University of Chicago Press.         [ Links ]

Langacker, R.W. (1987). Foundations of Cognitive Grammar. Vol. I. Stanford, California: Stanford University Press.         [ Links ]

Moravcsik, J.M. (1975). Aitia as Generative Factor in Aristotle's Philosophy. Dialogue, 14, 622-636.         [ Links ]

Pollard, C.; Sag, I. (1994). Head-Driven Phrase Structure Grammar. Chicago & London: The University of Chicago Press.         [ Links ]

Pustejovsky, J. (1995). The Generative Lexicon. Cambridge: The MIT Press.         [ Links ]

Silva, A.S. da (2006). O Mundo dos Sentidos em Português: Polissemia, Semântica e Cognição. Coimbra: Edições Almedina.         [ Links ]

Silva, A.S. da (1999). A semântica de DEIXAR. Uma contribuição pra a abordagem cognitiva em semântica lexical. Tese de Doutorado, Universidade Católica Portuguesa - Faculdade de Filosofia, Braga, Portugal.         [ Links ]

Sweeter, E. (1990). From etymology to pragmatics. Metaphorical and Cultural Aspects of semantic structure. Cambridge: Cambridge University Press.         [ Links ]

Taylor, J.R. (1995). Linguistic Categorization. Prototypes in Linguistic Theory. Oxford: Clarendon Press.         [ Links ]

Ullmann, S. (1951). The Principles of Semantics. Oxford: Blackwell.         [ Links ]

Ullmann, S. (1977). Semântica: uma introdução à ciência do significado (Osório, J.A., Trad.) Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian (Original publicado em 1962).

 

 

Notas

J. Bidarra
Endereço para correspondência: Rua Universitária 1619, Jardim Universitário, Cascavel/PR, CEP 85819-110
E-mail para correspondência: jorge.bidarra@unioeste.br.

(1) A homonímia de Aristóteles se aproxima, até certo ponto, da definição de polissemia tomada atualmente. Eis o motivo pelo qual Ullman e outros autores, ao se referirem aos estudos de Aristóteles, preferirem o termo polissemia à homonímia.

(2) Leituras sugeridas relacionadas à polissemia: Silva (2006), Ullmann (1951), Gibbs e cols. (1994), Kilgarriff (1997), Pustejovsky (1995), Lakoff (1987).

(3) Em relação à Ciência da Cognição, em particular os estudos perspectivados pela Lingüística Cognitiva, vale mencionar que, diferentemente de paradigmas teóricos tais como o estruturalismo e o gerativismo que postulam a autonomia da linguagem como um sistema autônomo ou como uma faculdade autônoma, a sua preocupação central é estudar e explicar a linguagem em termos semânticos e funcionais, para os quais são considerados não só questões de natureza lingüística, mas também o conhecimento de mundo, bem como a experiência de vida dos indivíduos (Silva, 2006).

(4) Os estudos de Taylor se dão no campo das investigações metonímicas, por ele referidas como conceituais.

(5) Numa outra perspectiva, mas que também serve como exemplo, veja-se ainda a HPSG (Pollard & Sag, 1994), uma proposta de gramática orientada lexicalmente.

(6) Sobre o modo de exploração da ambiguidade lexical, entendida aqui de modo mais amplo em que do processo tomam parte a polissemia, o duplo sentido e a vagueza, por exemplo, pelo mercado da das propagandas, encontramos em Coimbra (2002) um interessante debate linguístico a cerca do jogo de palavras característico desse tipo de mídia.

Creative Commons License