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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

versión On-line ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.9 no.2 Ribeirão Preto ago. 2013

 

ARTIGO ORIGINAL

 

Perfil dos usuários com diagnóstico de transtornos de personalidade de um serviço de saúde mental

 

Perfil de los usuarios con diagnóstico de trastornos de personalidad de un servicio de salud mental

 

 

Leonardo Naves dos ReisI; Emilene ReisdorferII; Edilaine Cristina da Silva Gherardi-DonatoIII

IDoutorando, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil
IIPós-Doutoranda, University of Alberta, Edmonton, AB, Canadá
IIIPhD, Professor Associado, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Os transtornos de personalidade constituem um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento destoante das normas sociais e da cultura vigente. O objetivo deste trabalho foi verificar a prevalência de portadores de transtornos de personalidade em um serviço ambulatorial de saúde mental, bem como identificar suas características sociodemográficas. Realizou-se estudo transversal, descritivo e exploratório. Aproximadamente 16% apresentaram como diagnóstico principal transtorno de personalidade. O tipo mais prevalente foi o transtorno de personalidade emocionalmente instável ou borderline, em mulheres, jovens, com baixa escolaridade e cerca de 16% já necessitaram de uma internação hospitalar na vida. Os resultados obtidos neste estudo permitem melhor compreensão das necessidades dos usuários e podem auxiliar na definição de estratégias de atendimento.

Descritores: Transtornos da Personalidade; Estudos Transversais; Serviços de Saúde.


RESUMEN

Los trastornos de personalidad constituyen una calidad persistente de vivencia íntima o comportamiento distinto de las normas sociales y de la cultura vigente. El objetivo de este trabajo fue verificar la superioridad de portadores de trastornos de personalidad en un servicio de ambulatorio de salud mental, así como identificar sus características socio-demográficas. Se realizó un estudio transversal descriptivo y exploratorio. Aproximadamente 16% presentaron como diagnóstico principal trastorno de personalidad. El tipo más prevalente fue el trastorno de personalidad emocionalmente inestable o borderline, en mujeres, jóvenes, con baja escolaridad y cerca del 16% ya necesitaron una internación hospitalaria en la vida. Los resultados logrados en eses estudio permiten una mejor comprensión de las necesidades de los usuarios y pueden auxiliar en la definición de estrategias de servicio.

Descriptores: Trastornos de la Personalidad; Estudios Transversales; Servicios de Salud.


 

 

Introdução

Os transtornos mentais integram o quadro de doenças crônicas não transmissíveis e se apresentam como um problema de saúde global e como ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano, especialmente para países de baixa e média renda. Em 2001, 450 milhões de pessoas sofriam de transtornos mentais, resultantes da interação de fatores genéticos e ambientais(1).

Entre os transtornos mentais, destacam-se as distorções da personalidade e do comportamento adulto, categoria na qual estão agrupados os diferentes tipos de transtornos de personalidade, como transtornos dos hábitos e dos impulsos, transtorno de identidade de gênero e transtorno da preferência sexual(2).

Os transtornos de personalidade constituem um padrão persistente de vivência íntima ou comportamento destoante das normas sociais e da cultura vigente. Iniciam-se na adolescência ou no começo da idade adulta e provocam sofrimento ou prejuízos(3).

No Brasil, em estudo realizado em 1985, verificou-se prevalência dos transtornos de personalidade de 0,9% ao longo da vida e predominância de indivíduos do sexo feminino entre os acometidos pela doença(4).

Dentre os subtipos, estima-se que a prevalência do transtorno de personalidade antissocial na população geral seja de 3% para homens e de 1% para mulheres. Quanto ao distúrbio de personalidade esquizoide, a prevalência estimada foi entre 3 e 7,5%, respectivamente. No que se refere ao transtorno de personalidade esquizotípico estima-se que 3% da população possua o distúrbio e, quanto ao transtorno borderline, há variação entre 2 e 3%, sendo duas vezes mais comum entre mulheres do que em homens(3).

Após o advento do Sistema Único de Saúde, em 1988, vivenciou-se um processo de transformações no modelo de assistência em saúde, inclusive no que se refere ao campo da saúde mental(5), no qual os esforços direcionados à desinstitucionalização dos pacientes acometidos por transtornos psiquiátricos são cada vez maiores. Nesse contexto de mudanças, um dos principais desafios está em conhecer a clientela atendida e o perfil dos usuários, buscando uma caracterização que possibilite direcionar melhor as ações do serviço(6).

Uma importante estratégia para ampliar o conhecimento sobre a população é o levantamento epidemiológico, que pode fornecer dados capazes de apontar especificidades do público atendido bem como explicitar suas reais necessidades de saúde. A importância dos estudos de cunho epidemiológico nos serviços de saúde se deve, em grande parte, ao seu papel na produção de conhecimentos para a tomada de decisões no que se refere à formulação de políticas de saúde, à organização do sistema e às intervenções destinadas a solucionar problemas específicos(7).

Nesse contexto de planejamento das ações em saúde mental, torna-se necessário conhecer a demanda real que cada transtorno imprime ao serviço, considerando-se as peculiaridades de cada patologia, como o curso da doença, os prejuízos sociais da mesma e o tipo de tratamento estabelecido. Essa perspectiva permite melhorar a estrutura dos serviços de atendimento à saúde mental, especialmente os de nível secundário de atenção, de que trata o presente trabalho, em termos de recursos físicos e humanos.

A necessidade de se prestar atendimento integral e equânime aos usuários de serviços de saúde mental; a falta de informações sobre o perfil epidemiológico da população atendida e, principalmente, a possibilidade de aumentar as chances de intervenções dirigidas aos pacientes com transtornos de personalidade, motivaram a realização deste trabalho. O objetivo foi verificar a prevalência de portadores de transtornos de personalidade em um serviço ambulatorial de saúde mental, bem como identificar suas características sociodemográficas.

 

Método

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (Protocolo nº1446/2011), atendendo as normas estabelecidas pela Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde.

Realizou-se um estudo transversal, descritivo e exploratório. A população foi composta por todos os indivíduos em tratamento no Núcleo de Saúde Mental (NSM) do Centro de Saúde Escola da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, no período da coleta de dados, nos meses de abril e maio de 2012.

O NSM é uma unidade especializada de atendimento ambulatorial, composta por médicos, enfermeiro, médicos residentes de psiquiatria, auxiliar de enfermagem e psicóloga, e que oferece assistência em saúde mental gratuita à população maior de 18 anos de idade, do Distrito Sanitário Oeste do município de Ribeirão Preto.

Os serviços prestados pelo NSM são consultas médicas agendadas e eventuais, consultas de psicoterapia, consultas de enfermagem, medicação supervisionada para alguns pacientes com dificuldades na adesão ao tratamento medicamentoso. Além disso, são realizadas visitas domiciliares por graduandos e pós-graduandos, visto que o referido serviço de saúde constitui cenário de ensino teórico-prático e local de estudo para pesquisas.

O acesso ao serviço se dá pela atenção básica, pela contrarreferência da atenção terciária ou, ainda, transferências dos outros serviços também de nível secundário em saúde mental, quando passam a residir na área de abrangência do NSM.

O NSM foi escolhido como local do estudo por constituir um serviço de atendimento ambulatorial em saúde mental, localizado em uma região populosa do município (cerca de 170 mil habitantes, correspondendo a cerca de 25% da população total) e por constituir campo de ensino aos alunos de graduação e pós-graduação da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da USP.

Após a análise da população em estudo, apurou-se que 244 pacientes apresentavam algum transtorno de personalidade como diagnóstico principal (critério de inclusão no estudo). No que se refere à análise dos dados, realizou-se a estatística descritiva das características sociodemográficas da população de pacientes com diagnóstico de transtorno de personalidade. Neste estudo, o transtorno de personalidade foi definido de maneira ampliada, abrangendo todos os pacientes com diagnóstico na CID-10 F60.

Foram consideradas como variáveis independentes a faixa etária (18-29, 30-39, 40-49, 50-59, 60-69, 70-79 e 80 anos ou mais), sexo (masculino ou feminino); nível de escolaridade (não alfabetizado, ensino fundamental incompleto, ensino fundamental, ensino médio incompleto, ensino médio, superior incompleto e superior) e diagnósticos psiquiátricos mais prevalentes, divididos conforme o capítulo V da CID-10.

Descreveu-se, ainda, a variável denominada "internação", dividida em "sim", se o paciente já foi internado em unidade psiquiátrica pelo menos uma vez na vida e "não", caso nunca tenha sido submetido à internação. Por fim, realizou-se a comparação entre dois grupos de pacientes com diagnósticos de transtornos de personalidade e os demais pacientes do NSM.

Sabe-se que o diagnóstico psiquiátrico depende de vários fatores, entre eles a forma de interpretação do profissional. Considerando-se que 93% dos pacientes do NSM foram atendidos por médicos psiquiatras e que 7% foram atendidos por médicos residentes de psiquiatria, foi admitido um viés relacionado à variável "diagnóstico", sendo aceito o diagnóstico mais recente, constante no prontuário do paciente, independentemente de qual tenha sido o profissional responsável por seu tratamento(8).

 

Resultados

Verificou-se que, na ocasião da coleta de dados, havia 1.281 pacientes em tratamento no NSM. Aproximadamente 16% apresentaram como diagnóstico principal algum transtorno de personalidade (244), tornando-se, assim, importante analisar os diferentes tipos de transtornos de personalidade diagnosticados nesse núcleo.

A Figura 1 aponta os transtornos de personalidade mais frequentes no serviço. Percebe-se que o mais prevalente é o diagnóstico F60.3, transtorno de personalidade emocionalmente instável ou borderline. Em seguida, aparecem os transtornos de personalidade histriônica e os transtornos de personalidade inespecíficos. Os demais transtornos apresentaram baixa prevalência, sendo agrupados na categoria "outros" (F60, F60.2, F60.6, F60.7, F61, F61.0, F63.3, F64.0, F65, F68.1, F68.2).

A Tabela 1 apresenta os dados comparativos entre os pacientes com diagnóstico de transtornos de personalidade e a população geral do NSM.

 

 

Assim como observado no quadro geral de pacientes do NSM, entre os diagnosticados com transtorno de personalidade as mulheres também são maioria; no entanto, apresentam percentual ainda mais elevado, constituindo quase 81% do total contra cerca de 69% do perfil do NSM.

Quanto à distribuição etária, percebe-se que a faixa etária dos pacientes com transtornos de personalidade é menor que a dos pacientes da população geral do NSM. Essa diferença fica ainda mais evidente ao se comparar as médias de idade apuradas, sendo que para os diagnosticados com transtornos de personalidade verificou-se 44,1 anos e para o quadro geral do NSM 49,7 anos (Tabela 2), diferença essa estatisticamente significativa. Também chama atenção o fato de que menos de 10% dos que apresentam transtorno de personalidade têm 60 anos ou mais.

No que se refere à distribuição por nível de escolaridade, observa-se certa semelhança entre o perfil dos diagnosticados com transtorno de personalidade e o quadro geral de pacientes do NSM. Cerca de 58% dos que apresentam diagnóstico de transtorno de personalidade têm, no máximo, o ensino fundamental. No entanto, é possível observar que, de forma geral, os pacientes com transtorno de personalidade apresentam nível de instrução acima do observado no perfil geral do NSM, concentrados nos níveis secundário e terciário.

Em relação à necessidade de internação dos pacientes com transtornos de personalidade, observa-se que a grande maioria nunca necessitou hospitalização, achado semelhante entre a população geral de pacientes do NSM.

O tempo de tratamento psiquiátrico também apresentou diferença estatisticamente significativa entre os dois grupos. Os pacientes com transtornos de personalidade apresentam média menor de tempo de tratamento quando comparados com a população geral de usuários do NSM (Tabela 2s).

 

Discussão

Este estudo analisou a prevalência de diagnóstico de transtorno de personalidade em um serviço secundário de atendimento à saúde mental em uma cidade de grande porte do interior do Estado de São Paulo. A prevalência do desfecho foi de 16%, sendo que o principal transtorno identificado foi o transtorno de personalidade emocionalmente instável ou borderline (aproximadamente 70%), mais prevalente entre mulheres, pessoas com idade entre 40 e 49 anos, com baixa escolaridade. Além disso, 18% dos indivíduos já necessitaram de internação hospitalar alguma vez na vida.

Também foi realizada a comparação do perfil epidemiológico desses pacientes com os demais participantes da população atendida no serviço. Os pacientes portadores de transtornos de personalidade apresentaram distribuição de sexo semelhante à dos demais pacientes, eram mais jovens, apresentavam nível de escolaridade ligeiramente superior, prevalência de internação hospitalar semelhante à dos demais usuários dos serviços e tempo de tratamento psiquiátrico inferior.

Uma das dificuldades encontradas na realização deste estudo foi a diversidade de diagnósticos de acordo com o profissional médico de referência do paciente. Por se tratar de um serviço que recebe estudantes e residentes de medicina, por vezes os pacientes são atendidos por diversos profissionais ao longo da vida, tendo seu diagnóstico diversas vezes modificado. Como critério de inclusão, optou-se pelo último diagnóstico registrado em prontuário.

Outro ponto a ser destacado foi a dificuldade na localização de estudos semelhantes para efeitos de comparação de resultados encontrados. Foi realizada uma busca sistemática nas bases de dados SciELO, PubMed, MedLine, com os descritores "personalitydisorders" and "prevalence", tendo sido encontrados poucos artigos relacionados ao tema deste estudo. Entretanto, foram encontrados alguns artigos semelhantes, relacionados ao transtorno de personalidade emocionalmente instável ou borderline. Assim, será dado maior enfoque a esse diagnóstico, pois foi o mais prevalente no estudo.

A prevalência de transtornos de personalidade encontrada foi de 16%, semelhante à apresentada em estudo norueguês, realizado(9) no ano 2001, que foi de 13,4%, porém, em uma amostra comunitária.

Dentre os diversos tipos de transtornos de personalidade existentes, o mais frequente neste estudo foi o transtorno de personalidade emocionalmente instável ou borderline, fato que é coerente com a literatura na área(10). A prevalência esperada desse transtorno em pacientes provenientes de ambulatórios é próxima de 10%(11).

Considerando-se os resultados obtidos por meio da análise dos resultados das variáveis sociodemográficas, pode-se inferir que a amostra estudada apresenta distribuição semelhante à da literatura com relação ao sexo(12). Estudos mostram prevalência de, aproximadamente, 75% de mulheres acometidas pelo transtorno(10), dado semelhante ao encontrado neste estudo, que foi de 81%.

Apesar das dificuldades relacionadas à definição das causas, estudos apontam que o sexo desempenha importante papel nessa ocorrência. Pesquisadores têm relatado diferenças substanciais na função serotonérgica entre homens e mulheres, que podem estar relacionadas ao desenvolvimento desse transtorno(13).

Com relação à idade dos indivíduos analisados, observa-se relação inversa à normalmente encontrada na literatura. Os estudos consultados apresentam maior prevalência entre adultos jovens(9-10,14), enquanto no presente estudo encontra-se maior número de casos entre pessoas da faixa etária de 40-49 anos.

Essa diferença encontrada pode estar relacionada ao fato de que muitas pessoas podem conviver durante anos com esse transtorno e apenas chegar ao serviço de saúde em uma fase mais avançada da vida. Essa necessidade de intervenção pode ser devida a uma crise decorrente de uma perda importante ou situação muito conflituosa, ou outras(10).

Dos indivíduos, aproximadamente 58% daqueles pesquisados apresentam escolaridade considerada baixa, ou seja, no máximo, nível fundamental completo. Em determinado estudo encontrou-se que a prevalência de transtornos de personalidade é maior em indivíduos com menor nível de escolaridade(9). Uma das possíveis razões para tal achado é a frequente precocidade do aparecimento da doença, impossibilitando o adequado seguimento das atividades escolares dos indivíduos. Além disso, há um grande sub-registro dessa informação, sendo que esse dado refere-se aos dados localizados.

Quanto à necessidade de internação hospitalar ao longo da vida, encontrou-se, neste estudo, prevalência de cerca de 16%. Comparando-se com os demais indivíduos atendidos no serviço com diferentes patologias, foi maior que entre as pessoas com diagnóstico de depressão (5%) e menor que a prevalência de internação entre as pessoas com diagnóstico de esquizofrenia (37%).

Esse achado é semelhante ao de um estudo em que foi feito um levantamento entre os pacientes internados em um hospital geral durante 10 anos(15). A prevalência de internação por transtornos de personalidade foi de 15%, esquizofrenia 19% e, por transtornos de humor, 30%.

Neste ponto, cabe traçar um comparativo entre os dados deste estudo e os resultados de um levantamento semelhante realizado nos Estados Unidos da América, em que 72% dos pacientes necessitaram de internações hospitalares(11). O autor coloca que, tradicionalmente, os serviços ambulatoriais desse país focam suas atenções nos indivíduos com transtornos de humor e esquizofrenia, tendo dificuldades em lidar com situações de crise dos pacientes com transtornos de personalidade. Indivíduos com esse transtorno costumam apresentar comportamentos agressivos e impulsivos, além de atitudes autodestrutivas, incluindo tentativas de suicídio, sendo que, em torno de 10% dos portadores, consumam o suicídio(16).

Apesar das controvérsias que envolvem o tema, a internação psiquiátrica continua sendo um indispensável recurso assistencial, especialmente para os indivíduos em situações de crise ou com complicações decorrentes do tratamento medicamentoso. No caso específico das internações hospitalares para pessoas com transtornos de personalidade, esse recurso se torna imprescindível em casos de ideação ou tentativa de suicídio.

Levando-se em conta o perfil epidemiológico traçado neste estudo, percebe-se a importância de se conhecer melhor esse público usuário dos serviços de saúde. É importante considerar que essas pessoas utilizam tanto serviços específicos, para atendimento em saúde mental, quanto ambulatórios gerais, unidades básicas de saúde e hospitais gerais.

 

Considerações Finais

Os resultados encontrados neste estudo avançam o conhecimento sobre as características epidemiológicas dos portadores de transtornos de personalidade atendidos nos serviços públicos de saúde brasileiros. Os escassos estudos encontrados demonstram a necessidade de maior ênfase nessa área da psiquiatria.

Conhecer o perfil dessas pessoas e compreender melhor suas necessidades pode auxiliar na definição de estratégias de busca e manutenção dos pacientes no serviço, melhorando a qualidade da assistência prestada. Espera-se que os resultados encontrados neste estudo contribuam para ampliar a visibilidade dos portadores de transtornos de personalidade nos diversos serviços de saúde, propiciando cuidado direcionado para suas necessidades específicas.

 

Referências

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Correspondence
Edilaine Cristina da Silva Gherardi-Donato
Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto
Departamento de Enfermagem Psiquiátrica e Ciências Humanas
Av. Bandeirantes, 3900
Bairro: Monte Alegre
CEP: 14040-902, Ribeirão Preto, SP, Brasil
E-mail: nane@eerp.usp.br

Recebido: 17 Out. 2012
Aceito: 23 Abr. 2013