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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

versão On-line ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.10 no.3 Ribeirão Preto dez. 2014

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v10i3p119-125 

ARTIGO ORIGINAL
DOI: 10.11606/issn.1806-6976.v10i3p119-125

 

Consequências relacionadas ao consumo de crack entre mulheres e motivações para o abandono da droga

 

 

Michele Mandagará de OliveiraI; Luciane Prado KantorskiI; Valéria Cristina Crhistello CoimbraI; Roberta Zaffalon FerreiraII; Gabriella Bastos FerreiraIII; Vania Dias CruzIV

IPhD, Professor Doutor, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
IIDoutoranda, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil. Professor, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, RS, Brasil
IIIMSc
IVDoutoranda, Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande, RS, Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo objetivou conhecer as consequências relacionadas ao consumo de crack entre mulheres e motivações para o abandono da droga. Trata-se de estudo qualitativo, descritivo e exploratório, realizado com 11 mulheres ex-usuárias de crack, através de entrevista semiestruturada. Os principais resultados foram o rompimento de laços afetivos, familiares e com o meio social, além de perdas materiais. Quanto ao que motivou o abandono da droga, foi destacada a maternidade, o afastamento das áreas de risco e a prática religiosa. Assim, sugere-se que a assistência prestada pelos serviços de saúde deve ser repensada, na intenção de valorizar a singularidade da pessoa, considerando a complexidade desse fenômeno.

Descritores: Cocaína Crack; Mulheres; Drogas Ilícitas.


 

 

Introdução

No Brasil, há aproximadamente 30 anos o crack disseminou-se pelas ruas do país, trazendo consigo um número cada vez maior de aderentes ao hábito de seu consumo e, em consequência, acabou gerando amplo debate no meio social, não só pela dependência provocada aos usuários, mas, também, pelo fato da marginalidade e criminalidade estarem ligados a essa prática, refletindo em desordem urbana(1).

Atualmente, o crack pode ser considerado a droga com maior associação a problemas de saúde pública, devido ao rápido mecanismo de dependência causado por tal substância e, ainda, pelos intensos efeitos provocados por ela. Tais questões agregam grande importância devido aos comportamentos de risco (violência e condutas sexuais) que deflagram conflito tanto para a pessoa que faz uso quanto para a sociedade(2).

Alguns motivos são identificados como responsáveis pelo consumo da droga, tais como a tentativa de minimizar a solidão, dificuldades financeiras e problemas familiares, além da busca por prazer e felicidade(3). Nessa perspectiva, destaca-se que o uso abusivo de crack pode acarretar perdas e danos ao próprio sujeito, à família e também à sociedade, relacionados à perda de emprego, violência, crimes, rupturas familiares e acidentes(4).

A prática de atividades nas quais se envolvem alguns usuários de crack, que geram tais perdas e danos à vida do indivíduo, agrava-se com a inclusão das mulheres no cenário de uso e comercialização do crack, pois a mulher, em alguns momentos, pode utilizar seu corpo como bem material para negociação e aquisição de drogas, ficando em situação de vulnerabilidade à prostituição com riscos de adquirir doenças sexualmente transmissíveis como HIV/AIDS, além do risco de violência sexual(5-6).

Diante da vulnerabilidade da mulher ante o contexto do consumo de crack, ressalta-se a importância deste estudo no que tange à carência de produções científicas relacionadas ao sexo feminino e ao consumo de crack, dando voz às usuárias para que exponham suas experiências relacionadas às consequências do uso da droga e aos motivos que levaram ao abandono do consumo. A literatura aponta que, atualmente, se investe em pesquisas direcionadas a profissionais de saúde e instituições especializadas em atender essa população, havendo lacuna na atenção dispensada ao usuário de crack enquanto sujeito(7).

Além disso, alguns estudos voltados para a questão do crack enfatizam a existência de um viés no que diz respeito ao tratamento de saúde das mulheres que consomem essa droga, pois, habitualmente, os profissionais de saúde tendem a estabelecer um padrão masculino para essas pessoas, quando as razões para o consumo, o padrão desse e a sua manutenção são diferentes em ambos os sexos, dificultando o tratamento contínuo e a redução do uso de drogas entre as mulheres. Dessa forma, o tratamento dirigido às mulheres deve ser diferencial, trabalhando aspectos ligados à beleza, cuidados com o corpo e com as dimensões sexuais como uso de contraceptivos e prostituição, além de discussões acerca da feminilidade, sentimentos e objetivos de vida dentro da perspectiva de gênero(8-9).

Abordagens da figura feminina no contexto de vulnerabilidade física, psíquica e social estimulam reflexões na busca por transformações nas áreas da educação, da saúde e da segurança. Dessa forma, este estudo teve como objetivos conhecer as consequências relacionadas ao consumo de crack entre mulheres e motivações para o abandono da droga.

 

Metodologia

O presente estudo é um recorte do projeto de pesquisa "Perfil dos usuários de crack e padrão de uso", financiado pelo CNPq, através do Edital MCT/CNPq 41/2010.

Trata-se de estudo qualitativo do tipo descritivo e exploratório. Participaram do estudo 11 mulheres ex-usuárias de crack, cadastradas no Programa Redução de Danos (PRD) e indicadas pela equipe de Agentes Redutores de Danos (ARD), sendo determinados os seguintes critérios de inclusão: ser maior de 18 anos, usuárias ou ex-usuárias de crack, estar em condições físicas e mentais capazes de responder ao instrumento de pesquisa e aceitar participar da pesquisa.

A coleta de dados ocorreu por meio da Estratégia de Redução de Danos de Pelotas (ERD) que, atualmente, faz parte do organograma da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e está vinculado à Gerência do Programa de DST/AIDS, sendo entendido e organizado dentro da perspectiva da ERD. A ERD localiza-se na SMS da Prefeitura Municipal de Pelotas, sendo composta por uma coordenadora, uma enfermeira e seis Agentes Redutores de Danos que realizam assistência direta aos usuários nas cinco grandes áreas do município (Areal, Fragata, Zona Norte, Centro e São Gonçalo).

A coleta dos dados foi realizada no mês de janeiro de 2012, juntamente com os ARD, por meio de uma entrevista semiestruturada. Para garantir a preservação das falas, foram utilizados gravadores de voz, a fim de garantir o anonimato dos informantes do estudo, por meio do uso da letra E (entrevistado) seguido pelo número indicativo da entrevista. As entrevistas foram realizadas durante o trabalho de campo dos ARD nos diferentes bairros da cidade de Pelotas, prevendo a coleta de dados no contexto do sujeito, tendo duração média de 45 minutos. Os resultados foram organizados por meio da análise temática(10).

Ao longo do desenvolvimento da pesquisa, foram respeitados os preceitos da Resolução nº196/96, do Conselho Nacional de Saúde (Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos). O projeto recebeu aprovação da Secretaria Municipal de Saúde da cidade de Pelotas e, em seguida, do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, sob Parecer n°301/2011.

 

Resultados e Discussão

Perdas/danos relacionados ao consumo de crack

Muitos são os motivos que levam as pessoas a consumirem drogas, no entanto, a literatura aponta motivos variados em tempos distintos para justificar tal prática. No início da década de 90, o principal motivo para o consumo de drogas era a busca pelo prazer. Entretanto, com o passar dos anos, o prazer, somado à compulsão e dependência da droga, constituiu a principal forma de lidar com problemas familiares e dificuldades pessoais(11). Assim, a perda dos vínculos relacionais com a família e o meio social, a venda de produtos da casa e as mudanças na aparência, devido à falta de cuidados com o corpo e à alimentação, foram alguns fatores relatados pelas mulheres como danos ou perdas relacionados ao consumo do crack, explicitado nos relatos a seguir.

[...] perdi meus filhos, perdi marido, perdi a vergonha na cara, perdi tudo, perdi família [...] eu dormia na rua, comia no lixo, eu roubava, traficava, fazia tudo o que não devia [...] Perdi minha aparência, minha beleza que eu era muito bonita, eu tinha o cabelo comprido todo cacheado, a minha voz mudou, a minha saúde, dignidade, meus filhos, minha casa, o homem que eu amava [...] (E3).

[...] só que chegou um tempo que a gente começou a vender as coisas [...] o cartão do Bolsa Família das crianças tava empenhado [...] empenhava fogão, geladeira [...] eu não deixava eles saírem pra rua porque eu usava o crack, mas queria que eles tivessem na frente dos meus olhos porque eu tinha a sensação de que eles saíssem alguma coisa iria acontecer [...] muitas vezes eles dormiram com fome, chorando de fome, mas a droga tinha [...] (E11).

Observam-se nas falas das usuárias de crack o rompimento dos laços afetivos e familiares e os danos materiais ocasionados devido à perda da noção da realidade, em decorrência do uso abusivo da droga, ficando sujeitas ao aparecimento de prejuízos nas suas vidas.

O usuário determinado à prática de consumir o crack acredita que essa seja a maneira mais eficaz para lidar com as adversidades cotidianas. Porém, ao vivenciar a realidade de compulsão, que leva ao consumo exaustivo da droga, bem como a dependência, depara-se com um caminho ambíguo: de um lado o prazer e, do outro, as perdas e danos, afetando suas relações sociais e saúde(2,7).

Motivações para abandono do crack

Gestação e maternidade

Algumas mulheres entrevistadas afirmaram estar em abstinência de crack há alguns meses e até mesmo anos. O principal motivo relatado para o abandono da droga foi o medo de perderem seus filhos, devido à desestrutura de suas vidas causadas pelo consumo do crack. Cuidar e educar os filhos, culturalmente, faz parte do papel feminino. Uma mãe usuária de drogas que negligencia o cuidado a seu filho é vista pela sociedade como irresponsável e egoísta, sendo diariamente submetida a olhares preconceituosos, assim, as mulheres que consomem crack são duplamente estigmatizadas e acabam se sentindo culpadas pelo seu vício, ocasionando baixa autoestima e sintomas de ansiedade que contribuem para o aparecimento de paranoias referentes à perda de seus filhos, como citado nos relatos e evidenciados como o estopim para o abandono do crack.

[...] um dia eu parei para pensar: não, eu tenho duas filhas, então eu vou parar, aí eu parei. Desde um dia que eu dei um pega forte assim, aí eu viajei com a minha mandinha com o conselho tutelar foi daí que eu comecei a dizer que não ia querer mais [...] faz dois anos que eu não fumo (E9).

Além disso, a gestação aparece entre as mulheres entrevistadas como um elemento desencadeante para a abstinência do crack. A gravidez desencadeia na mulher usuária de drogas sentimento de culpa, uma vez que as tarefas que envolvem a maternidade são vistas pela sociedade como exclusividade da mãe, e a sua preocupação em estar prejudicando o seu bebê, devido ao consumo de crack, gera sentimentos de aflição.

Eu consigo parar, eu parei porque engravidei da minha filha, então fiquei todo esse tempo sem fumar [...] A minha filha de 2 anos, eu engravidei e fiquei todo tempo sem fumar e só depois de 6 meses voltei (E6).

[...] eu usei, fumei umas 2 ou 3 vezes e descobri que estava grávida da que está com 6 anos agora, aí eu não quis fumar mais [...] (E11).

[...] eu grávida com ela dentro de mim e eu fumava, eu fumei até o último dia da gestação e quando ela nasceu eu parei de vez, nunca mais, parei por livre e espontânea pressão psicológica por causa das crianças e do conselho que foi lá no hospital [...] Hoje faz um ano que eu parei (E5).

Ao perceber mudanças no seu corpo, sentir o bebê mexer, amamentar e ter maior conhecimento acerca dos riscos que o consumo do crack pode trazer ao feto, como prematuridade, baixo peso, atraso cognitivo, predisposição a transtornos mentais e até mesmo morte fetal(12-13), muitas mulheres criam coragem e decidem parar seu consumo.

O estudo realizado com gestantes usuárias de crack e outras drogas mostrou que as usuárias que mantiveram o consumo durante a gestação apresentavam autoestima baixa, ansiedade e depressão em relação às que pararam o uso durante a gestação(14).

Como evidenciado nas falas acima, a maternidade pode ser considerada uma importante ferramenta de motivação para o abandono ou redução do consumo de crack entre mulheres, sobressaltando o contexto cultural do papel feminino no cuidado aos filhos.

Distanciamento de áreas de risco

Nesse contexto, as mulheres listam algumas estratégias que utilizam para se manterem longe do crack, chamadas por elas como afastamento das "áreas de risco".

[...] às vezes tem áreas de risco que eu me afasto eu fujo, entendeu? Áreas de risco é onde a gente usou [...] eu procuro andar sempre com pouco dinheiro empregar esse dinheiro com a minha família, como eu sou uma dependente química eu não me arrisco [...] se eu vejo um amigo da ativa de antes eu procuro desviar o caminho [...] nem álcool eu não tomo, senão vai me abrir a porta para usar o crack, vai me dar vontade, então eu tenho que me autoconhecer (E3).

[...] eu não vou tratar o usuário de forma diferente só que, assim, é ele na casa dele e eu na minha, essa gente que usava drogas e ainda usa na minha casa eu não quero mais então as minhas amizades são totalmente diferentes, são outras amizades [...] eu não posso estar me testando, faz 6 meses que eu não dou um pega [...] eu vou estar dentro da casa de um usuário, vai que eu chegue lá e tem um cachimbo e me dá uma vontade[...] (E7).

As pessoas que se encontram em abstinência por alguma droga criam estratégias para manter seu afastamento. Com as falas, percebe-se que as mulheres procuram se distanciar das chamadas "áreas de risco", por meio do afastamento de amigos com quem usavam a droga e de locais onde costumavam consumir o crack, andar com pouca quantidade de dinheiro e não consumir outras drogas que possam desencadear a vontade de usar o crack como, por exemplo, o álcool.

A decisão pela interrupção do uso do crack sofre influência de diversos fatores, entre eles: a fissura pela droga, o estado emocional do sujeito, a realização de tratamento e alguns estímulos ambientais. No entanto, há alguns estudos que retratam a tendência dos indivíduos de empregarem estratégias para regular seu consumo e até mesmo pararem de usar o crack, por meio de estratégias de afastamento do contexto social no qual consumiam, estruturação de atividades diárias e de lazer, desvio de atenção e pensamentos para outras práticas e moderação do consumo de outras substâncias, que servem de "gatilhos" para o uso do crack(1-2).

A recaída da pessoa no uso do crack pode ser desencadeada por vários motivos, dentre eles: usar álcool, sentir emoções (raiva, tristeza, alegria), ter dinheiro na mão, ver usuários de crack e sentir-se sozinho. A exposição do indivíduo a fatores ambientais previamente associados ao consumo da droga produz uma resposta fortemente condicionada que incita o indivíduo a usar o crack. Nesse sentido, percebe-se a importância de avaliar essas situações no tratamento dos indivíduos que usam crack e outras drogas(15).

As práticas de regulação do consumo de crack, por meio da redução do uso ou até mesmo abstinência parecem resultar de certa experiência acumulada sobre a droga e os danos associados ao seu consumo.

Prática religiosa

A crença em um ser maior ou envolvimento em alguma religião também foram citados como práticas exercidas para abandono do uso do crack.

[...] Eu vou às terças, não falho e nas quintas também não falho e também procuro uma ajuda espiritual [...] Tens que te agarrar com Deus para ti poder sair dessa, eu consegui com Deus (E3).

Às vezes me dá vontade de usar e eu penso em tudo que eu passei e já me passa a vontade, aí eu falo para o meu Deus "Senhor eu não vou precisar disso" [...] Se eu tô buscando um Deus tão poderoso por que ele vai deixar eu cair [...] aquela abstinência, aquela vontade, eu chegava a tremer, suava por dentro, mas ao mesmo tempo eu pensava: meu Deus, eu estou te buscando, se eu sou escolhida tu não vai deixar isso acontecer comigo e aquilo passava assim sabe, é incrível a sensação de paz , uma coisa muito boa (E2).

A inserção das mulheres estudadas em uma prática religiosa ou crença em um ser maior para se manterem afastadas do crack foi identificada em algumas falas como sendo de fundamental importância. Resultado esse que corrobora um estudo no qual os autores identificaram que a aderência religiosa do usuário de drogas favorece a diminuição do consumo, quando esse é desejado(16). Em outro estudo do tipo exploratório transversal com 223 universitários de Faculdades Adventistas da Bahia identificou-se que 79,8% dos alunos afirmaram ter convicção que as crenças ajudam na abstinência de drogas, sendo que 90,4% creem que o fator religiosidade contribui para o abandono ou redução do uso de drogas(17).

Ao se envolver em práticas religiosas, as pessoas aderem a um conjunto de valores, símbolos e práticas sociais, que influenciam seus pensamentos e comportamentos acerca da aceitação ou recusa do consumo de álcool e outras drogas(17).

 

Considerações finais

Os principais fatores relacionados a perdas e danos identificados pelas mulheres no estudo foram o rompimento de vínculo com a família (principalmente filhos e marido) e com a sociedade, além de bens materiais. Quanto aos elementos que motivaram o abandono do uso de crack, as entrevistadas destacaram a maternidade, afastamento das "áreas de risco" e a prática religiosa.

Nesse sentido, acredita-se que o comportamento e as condutas apresentadas pelas usuárias de crack acarretam fragilidade nas relações familiares e sociais, o que justifica a quebra dos laços de convivência.

A identificação dos principais riscos relacionados ao consumo de crack, o desenvolvimento de estratégias para lidar com esses e a compreensão da sociedade e dos profissionais de saúde sobre o fenômeno complexo que é o consumo de crack, com implicações culturais e sociais, parece ser a chave para a sobrevivência daqueles que desejam continuar seu consumo ou realizar tratamento.

Portanto, compreender o significado da vivência sob a ótica das usuárias de crack, conhecendo as implicações das perdas associadas ao crack e as motivações para o abandono da droga, pode ser estratégia eficaz de enfretamento das dificuldades cotidianas experienciadas por essas mulheres. É nessa direção que a assistência prestada pelos serviços de saúde deve ser repensada, na intenção de valorizar a singularidade da pessoa, considerando a complexidade desse fenômeno.

 

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Correspondência:
Gabriella Bastos Ferreira Av. Pres. J. K. de Oliveira, 3241, apto. 301 Centro CEP: 96080-000, Pelotas, RS, Brasil E-mail: gabriellabferreira@gmail.com

Recebido: 10.06.2013
Aceito: 24.04.2014