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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

On-line version ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.12 no.4 Ribeirão Preto Dec. 2016

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.v12i3p137-138 

DOI:10.11606/issn.1806-6976.v12i4p198-199
EDITORIAL

 

Uso e abuso de álcool e tabaco: os caminhos da prevenção

 

 

Sandra Cristina Pillon

Editor Associado da SMAD, Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas, Professor Titular da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: pillon@eerp.usp.br

 

 

 

A promoção de saúde mental e a prevenção do uso de substâncias psicoativas são elementos cruciais que geram impacto positivo nas condições de saúde e bem-estar do indivíduo, família e comunidade(1-3).

Os problemas relacionados ao uso de álcool e tabaco estão entre as maiores causas de incapacidades, mortes e carga global de doença, as quais se mantém significativas em diversos países(1-3), gerando altos custos sociais e de saúde. Por essa razão, são considerados prioridades nas agendas de saúde pública(1-2).

Um dos artigos do presente fascículo destaca o uso de álcool e tabaco em uma amostra de adolescentes mexicanos. Essa é uma realidade global que envolve substâncias psicoativas mais usadas por diversos grupos da população, principalmente adolescentes e jovens(1-2).

Dados do Relatório Global sobre Álcool e Saúde(2) estimou que, no mundo, cerca de 16% dos bebedores com idade acima de 15 anos consumiram bebidas alcoólicas de forma pesada e episódica, representando embriaguez. No referido relatório, o que chama a atenção é o consumo pesado de álcool entre adolescentes. Esse dado sugere que o álcool está, cada vez mais cedo, presente na vida das pessoas associado a fatores que podem ser modificáveis. O uso abusivo dessas substâncias, nessa importante etapa do ciclo vital, pode prejudicar o funcionamento e desenvolvimento cerebral em áreas críticas como o controle da motivação, memória, aprendizagem, julgamento e comportamento(4). Por outro lado, existe um crescente corpo de evidências apontando o impacto causado pelo consumo de substâncias por crianças e adolescentes (fases iniciais do desenvolvimento humano).

Não é surpreendente que adolescentes que usam álcool e outras drogas muitas vezes apresentam graves problemas familiares e sociais, incluindo as situações de violências, negligências e abuso na infância, empobrecimento do desempenho e abandono escolar, além de problemas relacionados à saúde e infração à lei. Portanto, é imprescindível o trabalho que envolve ações preventivas direcionadas a essa população(1,5-6).

A prevenção baseia-se em princípios, tais como maior eficiência de práticas preventivas, capacidade de impactar outras esferas da vida das pessoas para além da dependência, como problemas de saúde, sociais e legais; e o potencial de mudar, de fato, os indicadores de prevalência do uso de drogas.

Como diz o adágio popular, prevenir ainda é melhor que remediar. A relação custo-benefício dos investimentos em programas de prevenção e intervenção precoce para dependência e transtorno mental varia de 1:2 a 1:10. Isso significa que o investimento de um dólar pode gerar uma economia de dois a 10 dólares nos gastos com saúde, sistema judicial, custos educacionais e perda de produtividade(7).

Enfermeiros e outros profissionais de saúde que trabalham na área da saúde mental, em especial álcool e drogas, podem contribuir na prevenção, identificação precoce, tratamento e reabilitação dos problemas relacionados ao uso de álcool e drogas entre os diversos grupos da população nos settings de saúde(8-9).

Esses profissionais podem inserir em suas rotinas instrumentos de triagem e de avaliação para identificar pessoas que estão fazendo uso ou abuso, ou que preencham critérios para dependência de substâncias psicoativas, propondo intervenções breves e encaminhamentos pontuais(8-9).

Programas de prevenção enveredam seus esforços para aumentar os fatores protetores e minimizar ou reduzir o máximo possível os fatores de risco frente o uso de drogas. Os programas são planejados de modo universal, ou seja, para várias idades, mas também podem ser desenhados pontualmente para indivíduos ou grupos específicos, tais como a escola, trabalho e grupos da comunidade(8-9).

Portanto, é necessário avaliar detalhadamente questões de saúde mental relacionadas ao uso de substâncias psicoativas nos diversos ambientes e constituir o passo inicial para a adoção de políticas continuadas, visando à promoção e prevenção, de modo a minimizar futuros problemas sociais e de saúde.

O presente fascículo da SMAD é composto por sete artigos (cinco estudos originais e dois de revisão) que trazem uma contribuição ampla e diversa sobre o tema uso de substâncias psicoativas. Os estudos enfeixados nessa publicação avaliaram a prevalência e os riscos relacionados predominantemente ao consumo de álcool e/ou tabaco entre adolescentes e trabalhadores, como profissionais de agências bancárias, trabalhadoras (costureiras) de fábricas de costura e profissionais de saúde vinculados à Estratégia Saúde da Família. Destaca-se, ainda, um estudo de abordagem qualitativa, que busca compreender à luz da Fenomenologia, como os sujeitos que se autorrealizam em Alcoólicos Anônimos (AA) vivenciam a experiência comunitária, a realização e a formação pessoal.

Por fim, existem dois estudos de revisão integrativa de literatura que discorrem sobre a consulta de enfermagem em saúde mental em serviços de saúde e a construção e acompanhamento de Projetos Terapêuticos Singulares (PTS) por profissionais dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS). Repensar os caminhos da prevenção e intervenção, no sentido de buscar programas efetivos de prevenção e modelos de tratamento pode contribuir na redução de fatores que levam os indivíduos, famílias e comunidades ao uso e abuso de substâncias.

 

Referencias

2. World Health Organization. Global status report on alcohol and health. Geneva: WHO; 2014.         [ Links ]

3. Substance Abuse and Mental Service and Administration (SAMHSA). Prevention of substance abuse and mental illness. [Internet]. 2015. [Acesso 20 ago 2016]. Disponível em: http://www.samhsa.gov/prevention

4. Fowler JS, Volkow ND, Kassed CA, Chang L. Imaging the addicted human brain. Sci Pract Perspect. 2007;3(2):4-16.         [ Links ]

5. World Health Organization. Global status report on alcohol and health. Geneva: WHO; 2011.         [ Links ]

6. da Mata BRG, Nascimento LC, Silva MAI, de Campos EA, Pillon SC. The context of alcohol consumption among adolescents and their families. Int J Adolesc Med Health. 2014; 26(3):393-402. doi: 10.1515/ijamh-2013-0312.         [ Links ]

7. National Research Council and Institute of Medicine. Preventing mental, emotional, and behavioral disorders among young people: Progress and possibilities. Committee on prevention of mental disorders and substance abuse among children, youth and young adults: Research advances and promising interventions. In: O’Connell ME, Boat T, Warner KE, editors. Board on children, youth, and families. Division of Behavioral and Social Sciences and Education. Washington, DC: National Academies Press; 2009.

8. Junqueira MAB, Pillon SC, Santos MA, Rassool GH. The impact of an educational program in brief interventions for alcohol problems on undergraduate nursing students. J Addict Nurs. 2015;26:129-35.         [ Links ]

9. Gonçalves AMS, Pillon SC, Tagliaferro P, Zerbetto S, Jezus SV. Aspectos básicos da relação enfermeiro-paciente e a prática do enfermeiro na intervenção breve para os problemas Relacionados ao uso de álcool. In: Garcia G, organizador. Relacionamento Interpessoal - Uma Perspectiva Interdisciplinar. Vitória: ABPRI; 2010. p. 122-30.         [ Links ]

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