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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

versão On-line ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.15 no.2 Ribeirão Preto abr./jun. 2019

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.000408 

ARTIGO ORIGINAL
DOI: 10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.000408

 

Informação, crenças e atitudes de escolares acerca do uso de Álcool e outras Drogas

 

Información, creencias y actitudes de escolares acerca del uso de alcohol y otras drogas

 

 

Marcus Luciano de Oliveira TavaresI; Amanda Márcia dos Santos ReinaldoI; Eliana Aparecida VillaI; Maria Odete PereiraI; Marlene Azevedo Magalhães MonteiroI

IUniversidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG, Brasil

 

 


RESUMO

OBJETIVO: conhecer os níveis de informação, crenças e atitudes de escolares acerca do uso de álcool e outras drogas.
MÉTODO: estudo transversal, descritivo e exploratório com uma amostra de 240 escolares da rede municipal de educação de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Foi utilizada a Escala de Representações Sociais do Consumo de Álcool e Drogas em Adolescentes. Os dados foram analisados por meio dos testes t-Student, Mann-Whitney e Correlação de Spearman.
RESULTADOS: o uso de álcool e outras drogas foi apontado por 29,2% da amostra. Foi identificado que o nível de informação influencia em atitudes não permissivas e crenças positivas.
CONCLUSÃO: a capacitação de escolares sobre a temática é uma importante estratégia para intervenção em escolas, devendo ser realizada de maneira intersetorial, envolvendo saúde e educação, pois desse modo, pode-se reduzir o estigma que associa a temática à marginalização.

Descritores: Drogas Ilícitas; Bebidas Alcoólicas; Adolescente; Serviços de Saúde Escolar; Saúde do Adolescente; Promoção da Saúde


RESUMEN

Objetivo: conocer los niveles de información, creencias y actitudes de escolares acerca del uso de alcohol y otras drogas.
MÉTODO: estudio transversal, descriptivo y exploratorio con una muestra de 240 estudiantes de la red municipal de educación de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil. Se utilizó la Escala de Representaciones Sociales del Consumo de Alcohol y Drogas en Adolescentes. Los datos fueron analizados a través de las pruebas t-Student, Mann-Whitnney, y la correlación de Spearman.
RESULTADOS: el uso de alcohol y otras drogas fue señalado por el 29,2% de la muestra. Se ha identificado que el nivel de información influye en actitudes no permisivas y creencias positivas.
CONCLUSIÓN: la capacitación de escolares sobre la temática es una importante estrategia para intervención en escuelas, debiendo ser realizada de manera intersectorial, involucrando salud y educación, pues de ese modo, se puede reducir el estigma que asocia la temática a la marginación.

Descriptores: Drogas Ilícitas; Bebidas Alcohólicas; Adolescente; Servicios de Salud Escolar; Salud del Adolescente; Promoción de la Salud


 

 

Introdução

A prevalência do consumo de álcool e outras drogas por adolescentes aumentou durante os últimos anos. Dados da pesquisa nacional sobre o uso de drogas lícitas e ilícitas entre adolescentes escolares nos Estados Unidos da América, realizada em 2017, apontam um aumento na prevalência do uso ao longo da vida(1). No Brasil, não é diferente, pois dados do Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID) revelam que 25,5% dos escolares brasileiros referiram uso de algum tipo de droga ilícita na vida. Esses dados evidenciam a magnitude do problema que perpassa as dimensões de saúde, sociais e políticas(2).

O aumento do uso de drogas entre adolescentes escolares é um alerta para as autoridades responsáveis por políticas públicas para a área devido às especificidades da adolescência, enquanto ciclo da vida, e à necessidade de ações que considerem fatores de proteção e de risco associados à adolescência no que concerne à prevenção do uso de drogas(3).

Sabe-se que a adoção de modos de vida não saudáveis, entre eles, o consumo de álcool e outras drogas, é comum na adolescência, e a dependência química instalada nessa faixa etária impacta a vida do indivíduo, da sua família e da rede social na qual ele está inserido, o que contribui para o desenvolvimento de doenças e agravos em saúde, além das questões psicossociais fragilizadas(3).

A prevenção ao uso de álcool e outras drogas em escolas é uma estratégia utilizada mundialmente(4). Estudo realizado com o objetivo de avaliar a eficácia das ações de prevenção e o abuso de substâncias psicoativas entre adolescentes escolares apontou que, para o tabagismo entre escolares, as intervenções mais efetivas foram os programas de prevenção realizados nas escolas e direcionados às famílias, além das campanhas de mídia; para o uso de álcool, as intervenções de prevenção do álcool no ambiente escolar foram associadas à redução da frequência de beber, enquanto as intervenções de base familiar tiveram pouca efetividade. Quanto ao abuso de drogas ilícitas, as intervenções na escola baseadas no desenvolvimento de competências sociais demonstraram efeito protetor no desenvolvimento dessa habilidade na prevenção do uso de drogas, em especial, do uso de cannabis(5).

As crenças e o nível de informação que um indivíduo apresenta sobre um determinado assunto estão intimamente relacionados com suas condutas no cotidiano das relações sociais e se manifestam por meio de sentimentos, estereótipos, atitudes, frases e expressões(6). A investigação sobre o nível de informação, crenças e atitudes frente ao uso de álcool e outras drogas é importante na população de adolescentes escolares. A curiosidade, característica marcante nessa faixa etária, é um dos principais motivos elencados para a experimentação de uma substância psicoativa, lícita ou ilícita, ou seja, uma característica inerente a esse ciclo da vida torna-se um fator de risco para a dependência química(7).

A escola é considerada um dos principais locais para o desenvolvimento de ações de prevenção ao uso de substâncias devido ao tempo de vinculação do adolescente ao espaço escolar(8). Sendo assim, devido à importância do papel da escola enquanto espaço de proteção e prevenção ao uso de álcool e outras drogas, este estudo teve como objetivo conhecer os níveis de informação, crenças e atitudes de escolares acerca do uso de álcool e outras drogas.

 

Método

Trata-se de um estudo transversal, exploratório e descritivo realizado no município de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil.

O município é subdividido em nove unidades administrativas, sendo elas: Barreiro; Centro Sul; Leste; Nordeste; Noroeste; Norte; Oeste; Pampulha e Venda-Nova. O estudo foi realizado com adolescentes matriculados em nove escolas da rede municipal de educação, sendo uma pertencente a cada subdistrito.

A escolha das escolas foi realizada por membros do grupo de estudos em álcool e outras drogas da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SME – BH), que utilizou, como critérios, as escolas cujos profissionais fossem, em sua maioria, funcionários efetivos; faltasse maior tempo para a sua aposentadoria e tivessem menor percentual de absenteísmo, pois, dessa forma, favoreceria a utilização dos resultados da pesquisa no desenvolvimento de ações de prevenção ao uso de drogas nas escolas.

A população elegível para a pesquisa foram alunos matriculados no 7º e 8º anos do ensino regular e no programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA) das escolas selecionadas. Como critérios de inclusão, definiram-se adolescentes que consentissem em participar da pesquisa e tivessem a autorização do responsável legal por meio do Termo de Assentimento, no caso de menores de 18 anos.

Foi realizada amostragem probabilística, estratificada e proporcional. Para o cálculo amostral, foi estabelecida uma frequência esperada de 60% para o uso de álcool, considerado o evento de maior ocorrência(2). A amostra mínima calculada foi de 239 alunos para um intervalo de confiança de 90% e erro amostral de 5%. A esse valor, foram acrescentados 20%, considerando perdas e/ou recusas, totalizando uma amostra de 287 alunos.

Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário estruturado autoaplicável contendo questões para a caracterização sociodemográfica e de consumo (sexo, idade, uso de drogas na vida, tipo de droga utilizada) e utilizada a Escala de Representações Sociais do Consumo de Álcool e Drogas em Adolescentes (ERSCADA). Essa escala, publicada originalmente em Portugal, foi validada para o Brasil. É composta por 33 itens subdivididos em três subescalas: Informação; Atitudes e Crenças(9-10).

A subescala Informação contém 12 questões com o intuito de avaliar a quantidade e a qualidade de informações que o adolescente possui acerca dos diferentes tipos de substâncias, se são consideradas drogas e se podem causar dependência (ex.: "1 – A maconha é um tipo de droga"; "11 – O uso do álcool pode causar dependência")(9-10).

Os 12 itens que compõem a subescala Atitudes são referentes ao comportamento dos adolescentes quando expostos a uma situação favorável ao uso de substâncias (ex.: "13 – Se eu estivesse com os meus amigos em uma festa e eles me incentivassem a consumir bebidas alcoólicas, eu aceitaria"; "22 – Se, em minha família, quase todos consomem bebidas alcoólicas, eu sinto-me "tentado" a consumir")(9-10).

Na subescala Crenças, os nove itens que a compõem têm o objetivo de avaliar as crenças positivas e/ou negativas associadas ao consumo de álcool e outras drogas (ex.: "26 – A família é o ambiente adequado para se discutir sobre o uso de drogas"; "29 – Os adolescentes que consomem bebidas alcoólicas bebem para relaxar")(9-10).

As respostas a cada item foram em escala do tipo likert, que variava de cinco a um, sendo cinco o número referente a concordo totalmente e um a discordo totalmente. Dessa maneira, quanto mais elevada a pontuação, maior seria o nível de informação, mais permissivas seriam as atitudes e maior o número de crenças positivas associadas ao uso de álcool e outras drogas, exceto no item 25, em que a ordem da escala seria invertida para um a cinco(9-10).

Os dados foram coletados de setembro a novembro de 2016 nas dependências das escolas participantes. Para reduzir potenciais vieses de informação, a aplicação dos instrumentos foi agendada previamente e realizada com todos os alunos concomitantemente. Dessa forma, evitaria que os participantes se sentissem coagidos ou constrangidos a responder a alguma pergunta e a ser identificados, ainda que tenha sido garantido o anonimato.

Para a elaboração do banco de dados e posterior análise, foram utilizados os programas estatísticos EpiInfo™ 7.2 e o Data Analysis Statistical Software (STATA 12.0). A análise dos dados foi realizada por meio de estatísticas descritivas com frequências absoluta e relativa. Para verificar a diferença entre grupos, utilizou-se o teste t-Student para dados paramétricos e Mann-Whitnney para dados não paramétricos. Para verificar a existência de correlação, foi utilizado o Teste de Correlação de Spearman. Em todos os testes, foi adotado um nível de significância de 5%.

O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais, sob o Parecer nº 37574914.3.0000.5149, e o sigilo dos participantes foi garantido durante todo o processo de pesquisa, bem como sua segurança.

 

Resultados 4

Participaram do estudo 240 adolescentes e houve recusa de 16%. Os resultados revelaram a predominância de adolescentes do sexo masculino (52,9%), na faixa etária de dez a 14 anos (79,6%) e que informaram nunca ter utilizado qualquer tipo de droga (70,8%). A seguir, a tabela 1 com frequências absoluta e relativa.

 

 

No que diz respeito à subescala Informação, os participantes apresentaram conhecimento satisfatório quanto às drogas e seus efeitos. Quanto à subescala Atitudes, o resultado revelou atitudes predominantemente desfavoráveis em relação ao uso de álcool e outras drogas. Já a subescala Crenças, com média de 3,19, revelou que os adolescentes se posicionavam neutros em relação às possíveis causas e efeitos do uso de drogas, ou seja, não manifestaram crenças positivas, nem negativas. Os resultados estão detalhados na tabela 2.

 

 

Percebe-se, pela tabela 3, a existência de associação entre o nível de informação e a faixa etária.

 

 

A seguir, a tabela 4 revela correlação negativa (-,2913) e significativa (p<0,0001) entre as subescalas Informação e Atitudes, apontando que os escores entre as duas escalas são inversamente proporcionais. Sendo assim, traduz-se que, quanto maior o nível de informação, menos favoráveis são as atitudes dos adolescentes em relação ao uso de álcool e outras drogas.

 

 

Foi encontrada, ainda, correlação significativa (p<0,0005) e positiva (+,2102) entre as subescalas Informação e Crenças, evidenciando que, quanto maior o nível de informação, mais positivas são as crenças em relação ao álcool e outras drogas

 

Discussão

Os resultados deste estudo sobre a prevalência do uso de drogas não diferem do que a literatura aponta: a predominância do uso de álcool seguido pelo uso de substâncias ilícitas e o tabaco(2). Por tratar-se de uma substância lícita e amplamente utilizada em momentos de recreação, o álcool apresenta maior prevalência de uso. Tal dado é preocupante quando somado ao fato de as substâncias ilícitas serem utilizadas por escolares, o que requer ações intersetoriais minuciosamente planejadas para a conscientização das repercussões pessoais, familiares e sociais causadas por essas substâncias(3).

O objetivo do estudo foi conhecer o nível de informação, atitudes e crenças a respeito das drogas e, a partir dos resultados, aponta-se que a informação ofertada aos escolares deve ser trabalhada com cautela, para não despertar a curiosidade pelo consumo, pois se deve considerar que a curiosidade é uma característica da adolescência(8).

Estudo aponta que, quando a informação é obtida por meio da escola, essa é considerada menos relevante, sendo caracterizada, ainda, como vaga ou incompleta, o que foi constatado naquele estudo quando nenhum aluno entrevistado conseguiu responder ou lembrar das informações que obteve na escola sobre o tema álcool e outras drogas(8).

O nível de informação sobre a temática demonstrado entre os escolares, neste estudo, foi satisfatório. A informação é algo dinâmico, facilmente difundido e, em sua maioria, de livre acesso. Quando se pensa em saúde e no tema álcool e outras drogas, as questões são a qualidade e a fonte da informação que é difundida e compreendida pelos escolares em um mundo tecnológico, onde a informação é rapidamente absorvida e descartada na mesma velocidade. Trata-se de pensar no poder da informação na mudança de atitudes e na adoção de modos de vida saudáveis no que concerne ao tema(8,11).

A experimentação precedida pela informação obtida na família foi considerada a segunda maior fonte de informação(8). Tal fato merece atenção no planejamento de ações de prevenção destinadas para essa faixa etária, no contexto escolar, que incluam a família, pois, desse modo, os adolescentes escolares podem ser preparados para o manejo das adversidades da vida adulta(11).

Perceberam-se atitudes não permissivas em relação ao uso e uma tendência a crenças positivas. As crenças estão relacionadas com a ideia de valores, com aquilo que o indivíduo define como certo ou errado e são obtidas por meio de experiências prévias com usuários de álcool e outras drogas(12-14).

Por meio do nível de informação, atitudes e crenças, podem-se conhecer a percepção e os sentimentos dos adolescentes acerca do uso de substâncias. O nível de informação aumenta conforme a idade aumenta, resultado exposto na tabela 3, que mostra diferença significativa no nível de informação entre as faixas etárias analisadas. A literatura aponta que grupos e amigos podem influenciar o uso de álcool e outras drogas, o que pode estar relacionado à idade, uma vez que, devido à imaturidade, escolares mais novos podem ser influenciados(12-14).

Por apresentar menores níveis de informação, escolares com idade menor tornam-se vulneráveis à influência dos grupos e podem ter, como consequência, o uso de álcool e outras drogas. O motivo para que isso ocorra se baseia na sensação de pertencimento ao grupo, fator importante na vida escolar(14). Esse dado revela importante foco de intervenção a se trabalhar com fatores protetores, dentre eles, a informação influenciando as atitudes e o apoio da família.

A importância do papel da informação foi percebida por meio da existência de correlação negativa entre informação e atitudes. Quanto maior o nível de informação, menos permissivas são as atitudes dos adolescentes, porém, deve-se levar em conta que as informações advêm, ainda, de experiências negativas, tais como o uso de drogas, a convivência com familiares, amigos ou vizinhos que as utilizam(12-14).

Aponta-se o potencial do acesso à informação de forma positiva, que se reflete nas atitudes não permissivas em relação ao uso, e esse dado sinaliza, para as políticas públicas para a área, que a prevenção, por meio da difusão do conhecimento, ainda é a melhor ação na promoção da saúde do adolescente escolar e a escola, um espaço privilegiado para o desenvolvimento dessas ações no que tange à clínica da dependência química(4-5).

Estudo sobre o papel da informação como fator protetor revelou que, entre um grupo de adolescentes não usuários de drogas, a informação foi o principal motivo de não uso. Em contrapartida, entre um grupo de adolescentes usuários, a falta de informação ou a existência de conhecimentos vagos foram os principais motivos que os levaram ao uso, corroborando a ideia de que a informação é um fator protetor para o uso de drogas e uma ação efetiva para a prevenção da dependência química(8).

Crenças negativas estão frequentemente associadas a estigmas que, por sua vez, quando relacionadas ao desconhecimento, são fatores desencadeantes de preconceito(16). O fato de essa amostra apontar ligeira tendência em relação a crenças positivas e uma discreta correlação positiva entre nível de informação e crenças (Spearman’s rho +,2102/sig. p<0,0005) demonstra, mesmo que de forma incipiente, a influência que o nível de informação possui sobre as crenças acerca do uso de álcool e outras drogas, o que pode atuar na redução de estigmas sobre os usuários(16).

O uso de drogas entre escolares pode causar prejuízos no desenvolvimento da criança e do adolescente, podendo se estender ao longo da vida. Daí advém a necessidade de se conhecer o nível de informação, suas crenças e atitudes sobre o tema entre escolares, independentemente da faixa etária. De posse dessas informações, escolas e gestores da administração pública podem planejar e desenvolver ações assertivas de promoção da saúde e prevenção do uso de drogas nesses locais, potencializando recursos, otimizando investimentos e tornando as ações mais eficientes e eficazes no que tange à prevenção do uso de substâncias psicoativas.

 

Conclusão

O estudo possibilitou o reconhecimento de níveis de informação satisfatórios acerca do tema álcool e outras drogas, atitudes não permissivas e crenças ligeiramente positivas a respeito do uso e abuso dessas substâncias. Percebeu-se, ainda, que o nível de informação influencia atitudes não permissivas e crenças positivas, revelando que a capacitação de escolares sobre a temática é uma importante estratégia para a intervenção em escolas. Contudo, deve-se utilizar de abordagens intersetoriais, envolvendo saúde e educação, pois, desse modo, se pode reduzir o estigma que associa a temática à marginalização.

Este estudo não permite generalizações, mas aponta a necessidade da realização de pesquisas, a serem desenvolvidas em diferentes contextos, a fim de corroborar seus achados. Ele colabora para o estado da arte sobre o uso de substâncias entre adolescentes escolares e possibilita que os cenários da pesquisa e seus gestores possam elaborar e desenvolver ações de prevenção ao uso de substâncias, com base em um diagnóstico situacional, no que concerne à informação, crenças e atitudes dos escolares sobre o tema.

As políticas públicas para a área devem ser elaboradas a partir de evidências científicas que possam potencializar e investir recursos de forma racional. Portanto, sugerem-se novos estudos, especialmente do tipo longitudinais, que avaliem resultados de intervenções realizadas com escolares, pois estratégias inovadoras, com resultados positivos, devem ser difundidas entre os profissionais.

 

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Recebido: 07.08.2017
Aceito: 07.12.2018

Autor correspondente:
Marcus Luciano de Oliveira Tavares
E-mail: tavares_mlo@yahoo.com.br
 https://orcid.org/0000-0002-8598-7603

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