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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

versão On-line ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.15 no.3 Ribeirão Preto jul./set. 2019

https://doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.154619 

EDITORIAL

 

Os desafios para a atenção à saúde em doenças crônicas não transmissíveis com enfoque na saúde mental

 

 

Maria Lúcia Zanetti

Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil

Autor Correpondente

 

 

A Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030 (ASSA 2030) é um instrumento estratégico de política que proporcionará direção e visão política para o desenvolvimento da saúde na Região das Américas pelos próximos 13 anos. Nesse documento, referente ao conteúdo sobre Doenças Crônicas, Saúde Mental e Fatores de risco para as doenças crônicas não transmissíveis, destaca-se que os transtornos mentais, neurológicos e de uso de substâncias são os principais fatores que contribuem para morbidade, incapacidade, lesões, mortalidade precoce e aumento do risco de outros problemas de saúde(1).

Ao considerar os transtornos mentais como doença crônica e seus riscos compartilhados, também a Organização Mundial da Saúde elaborou o Plano de Ação Mundial para a prevenção e controle de doenças crônicas não transmissíveis 2013-2020. Esse Plano recomenda intervenções custo efetivas e de alto impacto, que inclui proibição de todas as formas de publicidade do tabaco, a substituição das gorduras trans por gorduras poli-insaturadas, a limitação ou proibição da publicidade do álcool, a prevenção dos ataques cardíacos e os acidentes cerebrovasculares, a promoção do aleitamento materno e a prevenção de câncer do colo do útero. Vários países já estão conseguindo alcançar os objetivos propostos no referido Plano(2-3).

No Brasil, em particular, o modelo de atenção à saúde mostra-se pouco resolutivo para implementar as intervenções propostas devido a rápida mudança no perfil epidemiológico da população e dificuldades de ordem estrutural, tais como recursos materiais e humanos. O Modelo de Atenção à Saúde ainda está em processo de consolidação, o qual pressupõe um trabalho compartilhado entre os profissionais da atenção básica e os especialistas, tais como médicos, enfermeiros e demais profissionais que compõem a equipe de saúde ampliada exigindo modificações do processo de trabalho.

A reorganização do processo de trabalho envolvem estratégias efetivas e inovadoras de atendimento nos serviços de urgência, ambulatorial e hospitalar que abarcam o Acolhimento; Atenção Centrada na Pessoa e na Família; Cuidado Continuado/Atenção Programada; Atenção Multiprofissional; Projeto Terapêutico Singular - PTS; Regulação da Rede de Atenção; Apoio Matricial; Acompanhamento Não Presencial; Atendimento Coletivo; Autocuidado; Linhas de Cuidado e Diretrizes Clínica; Estratificação de Risco e Educação Permanente(3).

Para superar os desafios propostos para implementar as ações torna-se imperativo a qualificação de recursos humanos em saúde e revisão de paradigmas para a formação dos enfermeiros, o que inclui além de competências tecnológicas, as relações interpessoais nas áreas de conteúdo referentes às necessidades de usuários dos serviços de saúde com transtornos mentais. A proposição do pensar e do fazer Enfermagem de forma inovadora poderá contribuir para o avanço do conhecimento e de novas abordagens para a prevenção, tratamento, reabilitação, prevenção dos transtornos mentais comuns e a estruturação de um modelo assistencial integrado aos usuários dos serviços de saúde com doenças crônicas.

Nessa vertente, a formação de recursos humanos altamente qualificados e a construção do conhecimento com base em parcerias e na colaboração interna e externa são requisitos para a implementação de propostas. Também, deve-se ampliar o acesso equitativo a serviços de saúde integral, integrado, de qualidade, centrado na pessoa, na família e na comunidade, com ênfase na promoção da saúde e prevenção de distúrbios mentais. Desse modo, espera-se que as instituições de ensino em Enfermagem fomentem os pesquisadores a desenvolver capacidade de geração, transferência e uso da evidência e do conhecimento em matéria de saúde, promovendo a pesquisa, a inovação e o uso da tecnologia(1).

Recomenda-se aos enfermeiros pesquisadores em saúde mental que divulguem as suas experiências das ações exitosas sobre a interface distúrbios mentais e outras doenças crônicas para a comunidade cientifica e enfermeiros com vistas a contribuir para a implementação da Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030 (ASSA 2030).

 

Referências

1. 29a Conferência Sanitária Pan-Americana 69ª Sessão do Comitê Regional da OMS para As Américas; set 2017 25-29; Washington, D.C. (EUA). Agenda de Saúde Sustentável para as Américas 2018-2030: Um Chamado à Ação para a Saúde e o Bem-Estar na Região 29a.. Disponível em: https://www.paho.org/hq/index.php?option=com_content&view=article&id=13497:29th-pan-american-sanitary-conference&Itemid=2105&lang=en        [ Links ]

2. Schmidt MI, Duncan BB, Silva GA, Menezes AM, Monteiro CA, Barreto SM, et al. Doenças Crônicas não transmissíveis no Brasil: carga e desafios atuais. Lancet. 2011;377(9781):1949-62.         [ Links ]

3. Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília: Ministério da Saúde; 2013. 28 p.         [ Links ]

 

 

Autor Correpondente:
Maria Lúcia Zanetti
E-mail: zanetti@eerp.usp.br

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