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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

versão On-line ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.15 no.3 Ribeirão Preto jul./set. 2019

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2019.148973 

ARTIGO ORIGINAL

 

Uso de substâncias psicoativas entre estudantes universitários

 

Uso de sustancias psicoactivas entre estudiantes universitários

 

 

Dominick Danielle Mendonça SantosI; Melissa Monteiro GuimarãesII; Emerson Cotta BodevanIII; Ricardo Lopes RochaIV; Marcos Luciano Pimenta PinheiroV

IUniversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Diamantina, MG, Brasil / Superintendência Regional de Saúde de Diamantina, MG, Brasil
IIUniversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Diamantina, MG, Brasil
IIIUniversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Diamantina, MG, Brasi
IVUniversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Exatas, Diamantina, MG, Brasil
VUniversidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, Diamantina, MG, Brasil

Autor Correpondente

 

 


RESUMO

O objetivo do estudo foi identificar o perfil do uso de substâncias psicoativas entre estudantes dos cursos de Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Odontologia e Nutrição. Trata-se de estudo transversal, quantitativo, exploratório e descritivo, com 567 estudantes. Os dados foram coletados por meio de um questionário e analisados através da estatística descritiva. Nos resultados, verificou-se que 11,6% dos estudantes nunca experimentaram substâncias psicoativas na vida. As drogas mais prevalentes entre os universitários foram o álcool (n=501), tabaco (n=161), maconha (n=115) e cocaína (n=26). Conclui-se que o consumo de substâncias psicoativas entre os estudantes é problema que deve ser enfrentado através da implantação de ações preventivas e de redução de danos.

Descritores: Saúde Mental; Atenção Primária a Saúde; Estratégia de Saúde da Família; Saúde da Família.


RESUMEN

El objetivo del estudio fue identificar el perfil del uso de sustancias psicoactivas entre estudiantes de Ciencias Biológicas, Educación Física, Enfermería, Fisioterapia, Farmacia, Odontología y Nutrición. Se trata de un estudio transversal, cuantitativo, exploratorio y descriptivo, con 567 estudiantes. Los datos fueron recolectados por medio de un cuestionario y analizados a través de la estadística descriptiva. En los resultados, se constató que el 11,6% de los estudiantes nunca experimentó el consumo de sustancias psicoactivas. Las drogas prevalentemente consumidas fueron: alcohol (n = 501), tabaco (n = 161), marihuana (n = 115) y cocaína (n = 26). Se concluye que el consumo de sustancias psicoactivas entre los estudiantes es un problema y que debe ser enfrentado a través de acciones preventivas y de reducción de daños.

Descriptores: Salud Mental; Atención Primaria de Salud; Estrategia de Salud Familiar; Salud de la Familia.


 

 

INTRODUÇÃO

O abuso no consumo de substâncias psicoativas tornou-se preocupante para a sociedade e para a comunidade científica nas últimas décadas do século XX. Seu consumo, cada vez mais precoce, tem apresentado altas taxas de incidência e prevalência e tem sido associado a graves riscos à saúde em decorrência de seu uso(1).

Muitos jovens no período da adolescência, com a vontade de tornar-se independente da família, procuram experimentar as drogas. Essa etapa do desenvolvimento humano é marcada por profundas mudanças tanto físicas quanto psíquicas, as quais tornam o adolescente mais vulnerável do ponto de vista psicológico e social, favorecendo uma maior exposição a fatores de risco, os quais podem facilitar, por exemplo, a inserção no uso de substâncias psicoativas(2).

O ingresso na universidade, ainda que traga sentimentos positivos e de alcance de uma meta programada por estudantes do ensino médio, por vezes pode se tornar um período crítico, de maior vulnerabilidade, que pode gerar o início e a manutenção do uso de álcool e/ou outras drogas(3).

Por conseguinte, o consumo de drogas começa a causar impactos já na vida acadêmica, resultando em falta de atenção durante as aulas, ausências, atrasos e maior sonolência(4). Esse problema está correlacionado ao crescimento da criminalidade, a acidentes automotivos, a comportamentos antissociais e à evasão escolar(5).

Dada a alta prevalência do uso de drogas entre estudantes universitários e seu impacto na vida das pessoas e no desenvolvimento dos países, esse fenômeno tem despertado o interesse de pesquisadores no que diz respeito à sua identificação, compreensão e busca de soluções que possam intervir diretamente no bem-estar social(1).

Em uma pesquisa de revisão acerca do consumo dessas substâncias entre estudantes universitários, no período de 1997 e 2007(6), encontram-se os estudos de prevalência realizados em diversas universidades brasileiras com universitários de Medicina(7), Enfermagem(8), Farmácia(9). Em todos esses estudos, o álcool foi a substância com maior prevalência de uso seguida pelo tabaco. Da mesma forma, dados do I Levantamento Nacional sobre o drogas de abuso entre universitários das 27 capitais brasileiras(3), mostraram que as drogas utilizadas com maior frequência foram álcool (86,2%) e tabaco (46,7%).

Conhecer o padrão de consumo de substâncias psicoativas de determinada população, além de eliminar mitos existentes sobre o assunto, é essencial à implantação de programas de prevenção ao consumo de drogas e possibilita um direcionamento para o desenvolvimento de políticas públicas e de cuidado à saúde, incluindo sua prevenção e tratamento tanto no contexto geral como no contexto particular da universidade(5). A escassez de dados que contemplem essa questão no Brasil tem sido motivo de novas pesquisas cujo foco é a busca e desenvolvimento de uma sociedade mais consciente e livre do uso abusivo dessas substâncias(5).

O objetivo deste estudo foi traçar o perfil dos usuários de substâncias psicoativas entre os universitários da área da saúde da UFVJM e fornecer subsídios aos futuros programas de prevenção voltados para os mesmos.

 

Método

Trata-se de um estudo de desenho transversal, com abordagem quantitativa, exploratória e caráter descritivo realizado na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), campus de Diamantina, no período de março de 2013 a março 2014, com estudantes matriculados nos cursos de graduação da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde (FCBS), a saber: Ciências Biológicas, Educação Física, Enfermagem, Fisioterapia, Farmácia, Odontologia e Nutrição.

A pesquisa foi previamente aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do CEP-UFVJM por meio do Processo nº 075/2012.

O estudo contou com uma amostragem estratificada proporcional por cursos, considerando-se o grau de confiabilidade de 95%, a precisão de 5% calculada com o auxílio dos dados de prevalência de um estudo prévio(8).

Os que aceitaram participar do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e receberam informações acerca dos objetivos, metodologia, bem como dos riscos e benefícios da pesquisa.

Para a coleta de dados, empregou-se um questionário estruturado e fundamentado em um estudo realizado entre os universitários das 27 capitais brasileiras(10), contendo 24 questões de autopreenchimento referentes a dados sociodemográficos e sobre o uso das seguintes substâncias psicoativas: álcool, tabaco, maconha, cocaína, crack, tranquilizantes, inalantes e ecstasy, e o mesmo foi aplicado em horários de acordo com a disponibilidade relatada pelos respectivos coordenadores dos cursos.

Realizou-se um treinamento da equipe com o objetivo de avaliar o tempo gasto para responder ao questionário, capacitação dos pesquisadores e adequação do instrumento, sendo necessário o ajuste da questão 15 para melhorar sua compreensão. O tempo médio para o preenchimento do instrumento de pesquisa foi de 20 minutos.

Os dados foram tabulados e a análise dos dados foi realizada por meio do programa R v. 2.14.1.

 

Resultados

De acordo com os dados da Tabela 1, participaram do estudo 567 universitários distribuídos nos cursos de Ciências Biológicas (n= 76; 13.4%), Educação Física (n=73; 12.9%), Enfermagem (n= 49; 8.6%), Farmácia (n= 102; 18.0%), Fisioterapia (n=98; 17.3%), Nutrição (n=67; 11.8%) e Odontologia (n=102; 18.0%).

 

 

Esses estudantes estão concentrados na faixa etária de 20 a 24 anos (n=341; 60,1%), predominantemente solteiros (n=549; 96,8%), sem filhos (n=537; 94,5%), em sua maioria do gênero feminino (n=444; 78.3%). Desses estudantes, 305 (53,7%) moram com colegas/amigos em repúblicas ou pensionatos.

Um somatório de 11,6% (n= 66) dos estudantes declarou nunca ter experimentado substâncias psicoativas na vida. Dos 567 estudantes, 168 (29,62%) experimentaram drogas ilícitas antes de entrar na universidade (Tabela 2).

Comparando o consumo das substâncias por cursos, a maior taxa de universitários que nunca experimentaram as substâncias encontra-se nos cursos de Farmácia (n=13) e Odontologia (n=13) (Tabela 2).

Já como acadêmicos, 501 entrevistados declararam ter usado álcool e 161 usaram tabaco, dentre as drogas lícitas. Em relação às ilícitas, a mais frequente foi a maconha, usada por 115 estudantes (20,3), sendo a maioria do curso de Odontologia (n=30), que também mostrou a maior parte dos usuários de tabaco (40,2%), maconha (29,4%), cocaína (5,9%), crack (1,9%), inalantes (26,5%), alucinógenos (18,6%) e ecstasy (14,7%) (Tabela 3). No curso de Fisioterapia, encontrou-se a maior proporção dos que já experimentaram álcool (92,9%) e tranquilizantes (20,4%) (Tabela 3).

Os percentuais por curso referem-se ao "n" de cada curso em separado.

Quanto à idade de início de uso de substâncias psicoativas, predominou a faixa etária de 15 a 19 anos, exceto a cocaína, que predomina a faixa etária de 20 a 24 anos. Mais detalhes quanto ao uso de substâncias psicoativas lícitas (álcool e tabaco) se encontram na Figura 1 que distingue, por curso, as frequências de uso na vida, nos últimos 12 meses e nos últimos 30 dias da entrevista (Figura 1).

Como pode ser visto na Figura 2, encontrou-se associação de bebidas alcoólicas com outras substâncias, pelo menos uma vez na vida, no último ano e no último mês. As maiores frequências foram para universitários do curso de Odontologia, do gênero feminino (69,6%, 70,2%, 63,2%), com idade entre 20 e 24 anos (65,4%, 68,2%,70,8%).

Com relação aos principais motivos que levaram os entrevistados a experimentar as substâncias pela primeira vez, destaca-se a curiosidade como principal fator, tanto para o sexo masculino (40,4%) quanto para o feminino (46,6%), seguida de diversão e prazer (Homens: 35,1%; mulheres: 25,0%) e alívio da tensão psicológica (Homens: 1,8%; Mulheres: 8,7%).

Referente às principais influências que levaram ao consumo de drogas pela primeira vez, os entrevistados de todos os cursos indicaram os amigos, com as seguintes porcentagens: 90,9% (Nutrição), 83,8 % (Odontologia), 80,0% (Fisioterapia), 75,0% (enfermagem), 67,6% (Farmácia), 61,1% (Ciências Biológicas) e 57,9% (Educação Física).

Quando questionados a respeito dos conhecimentos sobre drogas, a maioria dos estudantes (47,4%; n=269) se considera muito bem informada. Entretanto, 17,1% (n=97) dos estudantes gostariam de obter mais informações sobre as substâncias psicoativas e 25,7% (n=146) apenas gostariam de ajudar pessoas com problemas relacionadas às drogas, já 40,6% (n=230) referiram as duas opções anteriores. Em relação aos meios de se obter informações sobre álcool e outras drogas, a Internet (54,9%; n=311) foi a opção mais escolhida, seguida dos pais (13,8%; n=78) e amigos (13,4%; n=76).

Ao realizar o cruzamento dos dados, verificou-se que houve uma associação significativa entre o uso de substâncias psicoativas em relação ao gênero após o ingresso na universidade (p=0,014, Teste qui-quadrado de Pearson), sendo mais prevalente no gênero feminino, que de um total de 425, 80,7% fizeram uso de SPA (n=344), ao passo que dentre os homens (n=116), apenas 69,8% deles usaram SPA (n=81).

 

Discussão

Ao realizar a comparação entre os gêneros, encontrou-se prevalência significativamente maior no uso de substâncias psicoativas entre as mulheres após a entrada na universidade (p=0,014, Teste Qui-quadrado de Pearson), o que corrobora os achados de outros pesquisadores(1,8). No levantamento realizado entre os universitários das 27 capitais brasileiras, o uso múltiplo e simultâneo de álcool a outras substâncias foi relatado, com maior prevalência, entre os homens e entre os jovens de 25 a 34 anos de idade, resultados contrários foram observados no nosso trabalho, no qual prevaleceu o sexo feminino com idade ente 20 e 24 anos(8).

A associação significativa do consumo de SPA no gênero feminino (p=0,014) difere dos resultados relatados por autores que evidenciaram consumo maior no gênero masculino em estudo realizado com estudantes da Universidade de Guayaquil(11); também em uma revisão de literatura sobre o abuso de álcool e drogas como indicadores de comportamentos violentos, que além de encontrar maior prevalência entre os homens, encontrou uma associação entre o uso abusivo e a violência(12). Além disso, as justificativas para uso de SPA também diferem, sendo que as mulheres as usam como forma de ajudar a enfrentar problemas(13), enquanto que os homens as utilizam para ficar "altos" e mudar seu comportamento, ficando levemente embriagados(11,14). Em relação à idade na qual se iniciou o uso de SPA, houve o predomínio da faixa etária de 20 a 24 anos; em outras pesquisas, predomina a faixa etária de 18 a 24 anos(8).

Observou-se neste estudo que o consumo de drogas lícitas foi o mais prevalente, como o álcool (88,4%), o que foi semelhante ao encontrado no I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e outras drogas entre universitários das 27 capitais brasileiras (86,7%)(9), bem como os índices relatados em trabalhos semelhantes(5,9).

Esse manuscrito aponta o consumo da maconha antes do ingresso na universidade, como observado por outros pesquisadores(8), que também verificaram o mesmo padrão de uso. Em contrapartida, um trabalho realizado em Feira de Santana com indivíduos de 12 a 24 anos evidencia o início do consumo de substâncias psicoativas até 14 anos de idade, predominando o consumo de tabaco, maconha, cocaína e crack. Naqueles que iniciaram o consumo após os 14 anos, constatou-se o uso precoce de crack entre adolescentes na faixa dos 15 a 19 anos(15).

Dentre os motivos para a experimentação de drogas pela primeira vez, a curiosidade foi o mais prevalente, seguido pela diversão e prazer, concordando em parte com o estudo realizado em uma universidade particular de Curitiba, na qual o principal motivo foi a busca de diversão ou prazer(3), e também com outro realizado na Pontifícia Universidade de São Paulo, em que encontraram o uso recreacional como o principal motivo para o consumo de drogas nos cursos(16). Os amigos ou conhecidos são apontados como os maiores incentivadores para introdução ao uso e como companhia frequente para o consumo de substâncias psicoativas(1,17), resultados que corroboram os nossos achados.

O ingresso na universidade traz uma série de mudanças de caráter pessoal aos estudantes, em especial para os que não residem na mesma cidade em que a universidade se localiza. A saída da casa dos pais traz novas responsabilidades ligadas a tarefas cotidianas, impulsionando o desenvolvimento da autonomia, exigindo o desenvolvimento de respostas adaptativas perante um conjunto de situações desafiadoras relacionadas ao gerenciamento da própria vida(18), o que incontestavelmente gera estresse e ansiedade, e esse fato encontra suporte em nosso estudo, no qual os entrevistados admitiram que o alívio da tensão psicológica foi um dos motivos para terem experimentado SPA. Uma pesquisa realizada com acadêmicos de uma universidade da região norte do Rio Grande do Sul também destaca que o maior desafio dos estudantes é absorver novas responsabilidades(19). Em meio a tantas mudanças e situações estressantes, é importante destacar o papel da família na prevenção ao uso de drogas por jovens, por meio da adequada transmissão de valores, monitoramento e imposição de limites. Nesse ponto, a universidade teria uma responsabilidade a cumprir, visto que para frequentá-la muitos jovens saem do seio de suas famílias(20), dado corroborado em nosso estudo, em que a maioria dos entrevistados (53,7%) mora em repúblicas, em pensões ou com amigos; e a influência dos mesmos é perceptível, como descrita em investigações recentes, fundamentada na premissa de que jovens procuram seguir o comportamento do grupo no qual estão inseridos, buscando, dessa forma, status e a sensação de pertencimento, motivados pela busca da diversão, prazer, quebra de rotina e redução da ansiedade e estresse(21).

Os universitários pesquisados indicaram, em sua maioria, estarem bem (47,4%) ou muito bem informados (46,6%) a respeito das substâncias psicoativas, o que talvez pudesse ter contribuído para uma prevalência menor no uso das SPA, visto que a informação é tida como um dos principais fatores protetores ao uso de drogas(22) e também é importante elemento na elaboração de programas de prevenção(23); em contrapartida, contrariando esses conceitos, em uma pesquisa realizada com estudantes do ensino médio no México, encontrou-se que a probabilidade de usar drogas é até três vezes maior com o aumento da escolaridade, pois, se por um lado há a formação educativa, por outro podem estar se desvinculando dos familiares, associando-se a grupos de amigos, condições favoráveis para o envolvimento com fatores de risco como experimentar drogas(24), fatores que talvez possam explicar o alto índice encontrado em nesta pesquisa, visto que a maioria dos entrevistados (53,7%) mora fora de casa, com amigos, em repúblicas ou pensionatos.

Os participantes do estudo, quando questionados sobre o primeiro recurso que procurariam em caso de dúvidas sobre drogas, em sua maioria, citaram a internet (54,9%) como o meio de obter informações acerca do assunto e isso pode ter contribuído para a alta prevalência no uso de SPA, já que um trabalho realizado com estudantes do curso de Educação Física em uma universidade pública do Maranhão afirma que o consumo de substâncias psicoativas é frequentemente estimulado pela mídia, como em anúncios comerciais, filmes, letras de músicas e outros meios de comunicação de massa. A exposição contínua a essas substâncias associadas a fatores desejáveis, como prazer, beleza, sucesso financeiro, sexual e outros, de forma explícita ou implícita, configura-se em um importante fator de risco para o consumo vicioso(25).

As limitações desta pesquisa estão relacionadas com a amostra que não foi representativa, por se tratar de uma amostra de conveniência e não haver pareamento entre os gêneros, nem proporcionalidade entre os cursos de acordo com o número de estudantes.

Este estudo pretende contribuir no sentido de alertar a população universitária com relação aos prejuízos inerentes ao consumo alcoólico exacerbado e destacar a necessidade de se trabalhar o tema com vistas a prevenir os problemas ora mencionados.

 

Conclusão

Os resultados do presente estudo revelam que o uso de substâncias psicoativas entre os estudantes dos cursos de Ciências Biológicas e da saúde na Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri é expressivo, tornando-se fator preocupante no que diz respeito à saúde dessa população.

Esses resultados apontam a necessidade de intervenção, principalmente entre os estudantes do curso de Odontologia, servindo como ponto de partida para desenvolver projetos na área da prevenção ao uso abusivo de substâncias psicoativas pela abordagem dessa temática no currículo acadêmico dos estudantes da UFVJM e a criação de futuros programas específicos de prevenção para os universitários.

 

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Autor Correpondente:
Marcos Luciano Pimenta Pinheiro
E-mail: marcospimenta2@gmail.com

Recebido: 05.10.2017
Aceito: 07.12.2018

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