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SMAD. Revista eletrônica saúde mental álcool e drogas

On-line version ISSN 1806-6976

SMAD, Rev. Eletrônica Saúde Mental Álcool Drog. (Ed. port.) vol.16 no.4 Ribeirão Preto Oct./Dec. 2020

http://dx.doi.org/10.11606/issn.1806-6976.smad.2020.168145 

ARTIGO ORIGINAL

 

Suicídio e depressão na população LGBT: postagens publicadas em blogs pessoais*

 

Suicidio, depresión en la población LGBT: publicaciones en blogs personales

 

 

Elias Teixeira de Oliveira; Kelly Graziani Giacchero Vedana

Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Centro Colaborador da OPAS/OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Ribeirão Preto, SP, Brasil

Autor correpondente

 

 


RESUMO

OBJETIVO: o objetivo do estudo foi analisar postagens sobre suicídio, depressão e população LGBT em blogs da plataforma Tumblr®.
MÉTODO: estudo com abordagem qualitativa, que submeteu à análise temática postagens identificadas a partir da busca de palavras chave relacionadas ao comportamento suicida e população LGBT na plataforma TUMBLR.
RESULTADOS: foram identificados 14 blogs, com 916 postagens. Os principais temas abordados estiveram relacionados a sofrimento intenso, comportamentos autodestrutivos, vulnerabilidade emocional, rejeição e autodepreciação.
CONCLUSÃO: esses temas relevam importantes necessidades a serem investigadas e abordadas em intervenções para a promoção da saúde mental da comunidade LGBT no âmbito individual e coletivo.

Descritores: Suicídio; Depressão; Minorias Sexuais e de Gênero; Blog; Internet.


RESUMEN

OBJETIVO: el objetivo del estudio fue analizar publicaciones sobre suicidio y depresión en la población LGBT en los blogs de la plataforma Tumblr®.
MÉTODO: estudio con un enfoque cualitativo, que sometió a análisis temático publicaciones identificadas a partir de la búsqueda de palabras clave relacionadas con el comportamiento suicida y la población LGBT en la plataforma TUMBLR.
RESULTADOS: se identificaron 14 blogs, con 916 publicaciones. Los principales temas abordados se relacionaron con el sufrimiento intenso, los comportamientos autodestructivos, la vulnerabilidad emocional, el rechazo y la autoestima.
CONCLUSIÓN: estos temas revelan necesidades importantes que deben investigarse y abordarse en intervenciones para promover la salud mental en la comunidad LGBT a nivel individual y colectivo.

Descriptores: Suicidio; Depresión; Minorias Sexuales y de Género; Blog; Internet


 

 

Introdução

Estima-se que a cada 40 segundos ocorra um suicídio em algum lugar do planeta. Há um contingente de 800 mil pessoas que põem fim à própria vida anualmente. Atualmente, essa cifra supera, ao final de um ano, a soma de todas as mortes causadas por homicídios, guerras e conflitos civis. O suicídio representa 1,4% de todos os óbitos do planeta, e é a segunda causa entre jovens de 15 a 29 anos. Entre 2010 e 2016, a taxa global de suicídio diminuiu 9,8% em algumas regiões do mundo, porém teve aumento na Região das Américas. A redução da mortalidade por suicídio está entre as metas priorizadas pela Organização Mundial da Saúde para 2030(1).

A população LGBT agrupa indivíduos que tem atrações sexuais/românticas pelo mesmo sexo ou por ambos os sexos (Lésbicas, Gays, Bissexuais), bem como indivíduos que não se identificam com o gênero atribuído ao nascimento (Transgêneros, Transexuais, Travestis). Estudos têm demonstrado maior risco de tentativas de suicídio para a população LGBT, em comparação com a população geral(2). Os jovens LGBT também têm taxas significativamente mais elevadas de depressão do que os não-LGBT(3). Estudo realizado nos Estados Unidos identificou que 8% dos homens e 13% das mulheres heterossexuais tinham ideação suicida, enquanto entre homens e mulheres da população LGBT essa taxa foi de 36% e 42% respectivamente(4). Ademais, estima-se que 20% da população LGBT adulta já tentou suicídio ao longo da vida(2). O impacto do status de ser LGBT sobre a saúde mental e comportamento suicida parece variar entre ambientes com diferentes níveis de suporte e aceitação(5), preconceito, discriminação e prejulgamento(3,6-8). A conexão com a comunidade pode exercer importante proteção contra desfechos negativos ligados à saúde mental(3).

A prevenção do suicídio requer um olhar atento para a identificação precoce de pessoas em risco e a busca e utilização de novas abordagens viáveis e satisfatórias para o enfrentamento. As redes sociais virtuais, aliadas a outras modalidades de tratamento presencial, têm um grande potencial para colaborar com o alcance desses objetivos, pois, são redes altamente difundidas, presentes no cotidiano, de fácil acesso e permitem a avaliação do risco suicida e o estudo dos componentes da vida desses indivíduos(9-12).

A comunidade LGBT é mais propensa a receber tratamento de menor qualidade devido ao estigma, falta de conhecimento dos profissionais de saúde e pouca atenção às necessidades específicas desse grupo(13). A pesquisa em mídias virtuais é promissora para o estudo de minorias ou grupos menos presentes em serviços de saúde tradicionais(14). A expressão de sentimentos em ambiente virtual pode ser mais confortável para pessoas LGBT do que a procura por ajuda entre familiares ou profissionais(11,15). Desse modo, as mídias virtuais se constituem em importantes fontes de coleta de dados para compreensão do comportamento suicida(14). Assim, este estudo teve como objetivo analisar os temas suicídio, depressão e população LGBT em postagens de blogs.

 

Método

Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa. A fonte para a coleta de dados foi a plataforma de blogs Tumblr. O Tumblr é uma plataforma internacional composta por aproximadamente 300 milhões de blogs, com flexibilidade na construção dos blogs e com opção de anonimato na configuração da conta dos usuários. A coleta das postagens dos blogs ocorreu no período de janeiro a julho de 2017. As buscas foram realizadas utilizando palavras relacionadas ao comportamento suicida ("suicídio", "suicida", "depressivo", "depressiva", "depressão") em combinação com palavras ou siglas relacionadas à população LGBT ("gay", "lésbica", "homossexual", "transexual", "travesti", "LGBT", "bissexual" e "transgênero").

Ao final das buscas, os blogs identificados foram sistematicamente organizados. Os conteúdos que atenderam aos critérios de seleção do estudo foram salvos por meio de captura de tela e identificadas por um número correspondente à ordem em que foram encontradas. Cada postagem foi transcrita em documento editável e as transcrições passaram por processo de revisão para a correção de possíveis erros. Foram elegíveis para o estudo todos as postagens na língua portuguesa do tipo "texto" ou "citação" disponíveis nos blogs identificados nas estratégias de busca.

A análise dos blogs e respectivas postagens foi realizada pelo primeiro autor e sistematicamente conferida e supervisionada pela segunda autora. Para análise dos dados, foi utilizada a análise temática seguindo as seis fases propostas: familiarização com os dados (com transcrição e releitura dos dados); geração de códigos iniciais (codificação de características relevantes de todos os dados de forma sistemática); procura por temas (agrupamento de códigos em temas potenciais, reunião de dados relevantes para cada tema potencial); verificação dos temas (em relação aos extratos codificados e ao conjunto de dados com proposição de mapa temático de análise); definição dos temas (para aperfeiçoamento de cada tema); e redação do relatório de investigação científica(16).

O projeto seguiu as recomendações da Resolução nº 510/2016 sobre pesquisa envolvendo seres humanos e utilizou apenas informações de domínio público(17) (ou seja, postagens integralmente disponível na internet sem restrições de acesso, por terem sido postadas por usuários adultos que optaram por manter seu perfil acessível ao público). A fim de garantir a manutenção do sigilo e da privacidade dos usuários da plataforma, as postagens selecionadas para a apresentação nos resultados foram identificadas com numerações arábicas, de acordo com a ordem de identificação do blog e sua respectiva postagem (exemplo: B1P259, onde "B1" refere-se ao blog 1 e "P259" a postagem de número 259 do respectivo blog).

 

Resultados

Foram identificados 14 blogs, com 1293 postagens em formato de texto ou citação. Todavia, foram excluídas 42 postagens duplicatas e 335 com conteúdo obscuro, que impedia a análise. Assim, foram incluídas no estudo 916 publicações. A quantidade de postagens elegíveis em cada blog variou de zero a 448 postagens.

Sofrimento intenso e comportamento autodestrutivo

O sofrimento intenso e insuportável foi o tema de 150 postagens. Foi marcante a presença de um forte sentimento de vazio, desesperança e perda do sentido da vida associados a comportamentos autodestrutivos ou ao entorpecimento com abuso de substâncias. A desesperança esteve ligada a diferentes esferas da vida dos autores das postagens e parecia ser alimentada por experiências de decepção constante, morosidade, tédio e descontentamento com a vida. Toda noite ela chora e morre um pouco (B1P259); Existem coisas dentro de mim que precisam ser assassinadas (B1P267); Tem várias coisas que podem frustrar os seus planos, tipo a vida (B1P197)

O comportamento suicida e a autolesão foram temas recorrentes e transversais, embora nem sempre explícitos nas postagens. A autolesão mostrou-se como um mecanismo para a materialização de um sofrimento intenso, uma maneira de externalizar, dominar e controlar uma angústia, em busca de alívio do sofrimento por meio da dor física, do corte, do sangramento. O comportamento suicida foi apresentado por alguns bloggers como uma alternativa reconfortante e a única forma efetiva para o término do sofrimento. Sempre que fecho os olhos, morrer soa como um pensamento tão feliz na minha cabeça (B10P80); A dor da alma, estampada no pulso (B10P92); Sabe, quando você se sente tão cansado da vida. Então você se tranca no banheiro liga o chuveiro e começa a chorar, Pega qualquer objeto que possa descontar em si mesmo essa raiva pela vida, essa dor, então você sangra (B10P147)

Vulnerabilidade Emocional

A vulnerabilidade emocional foi tema de 200 postagens, que abordavam, principalmente, a dificuldade em externalizar sentimentos, a sensação de exaustão e fragilidade. Os autores das postagens se sentiram angustiados por represar sentimentos, utilizar máscaras sociais, neutralidade e por expressarem de sentimentos não genuínos. De acordo com as postagens, os sentimentos não expressos se tornavam mais vívidos, recorrentes, intensos e, ao mesmo tempo, difíceis de serem nomeados e manejados. Há algumas coisas das quais você não consegue falar, mas a noite você revive todas elas (B1P39); Afogado em palavras não ditas (B1P378)

Foram identificados ainda conteúdos que remetem a esgotamento, exaustão física e mental atribuída, especialmente, a pressões cotidianas e medo dos próprios sentimentos. Destaca-se ainda a sensação de estar em uma situação insuportável ou limítrofe. Como você está aguentando?- Não estou (B3P25); E quer saber? Não vai demorar muito eu estou chegando no meu limite (B10P91)

Rejeição e autodepreciação

A maioria das postagens (566) esteve relacionada a essa categoria, que foi caracterizada essencialmente pela rejeição (experimentada ou temida), bem como pela intolerância e autodepreciação. Eu vi pessoas me deixando quando eu mais precisei (B10P165)

Qual é o motivo das pessoas me abandonarem? (B1P193)

O medo de sofrer rejeição foi mais frequentemente descrito nas situações que envolviam sentimentos de dependência afetiva, vazio e medo da solidão. Além disso, esteve mais ligado a relações amorosas. Fui muito machucado e fui abandonado e esquecido, me diga se há algum motivo para voltar a acreditar nas pessoas? (B11P143)

As experiências de rejeição, por sua vez, foram intensificadas pela intolerância, preconceito e discriminação. Os indivíduos retrataram violências sofridas e também os impactos dessas manifestações em suas vidas. Destaca-se que a intolerância não esteve restrita à LGBTfobia, mas também esteve ligada ao estigma relacionado aos transtornos mentais e sobrepeso. É triste ouvir piadas sobre problemas mentais (B11P353); (...) Não coma sua gorda, beba água e se comer vomite! (B10P40)

Foram manifestos ainda sentimentos, atitudes e reações diretamente ligados a autodepreciação. Destacaram-se a baixa autoestima, o fracasso pessoal, insegurança, insignificância, incompetência generalizada, inferiorização das mais diversas maneiras, repulsa e ódio de si mesmo. Tenho uma péssima mania de me minimizar, de me achar insuficiente (B1P79); Eu me odeio muito. Vocês não sabem o quanto. (B10P4)

 

Discussão

Neste estudo, foram analisados 14 blogs, com 916 publicações relacionadas ao suicídio, depressão e população LGBT, três assuntos marcados por tabus, estigma e incompreensão. Os principais temas abordados nos blogs estiveram relacionados a sofrimento intenso, comportamentos autodestrutivos, vulnerabilidade emocional, rejeição e autodepreciação.

Os sentimentos de vazio, desesperança, fragilidade emocional, exaustão e perda do sentido da vida estiveram associados a comportamentos autodestrutivos. As formas de enfrentamento adaptativas são importantes fatores de proteção contra resultados negativos de saúde mental entre populações minoritárias(6). Assim, é importante haver maior investimento em investigações e ações que considerem as características e demandas em saúde mental de minorias sexuais e de gênero.

Os sentimentos não expressos se tornavam mais vívidos, recorrentes, intensos e, ao mesmo tempo, difíceis de serem nomeados e manejados, gerando a sensação de estar em uma situação insuportável ou limítrofe. Apesar de relatarem não expressar os próprios sentimentos, os bloggers o fizeram no meio virtual. A literatura mostra que, para pessoas LGBT, a expressão de sentimentos em ambiente virtual pode ser mais confortável do que de forma presencial(11). Embora existam grupos virtuais de minorias que promovem suporte emocional e pertença(18), a comunicação sobre o comportamento suicida de forma em ambiente online pode ser nociva, tanto para quem se expressa quanto para pessoas vulneráveis expostas ao conteúdo postado(19). Além disso, estudo brasileiro realizado no Twitter identificou que a maioria postagens sobre suicídio e população LGBT não recebia qualquer tipo de feedback de usuários, não caracterizando uma oportunidade de acolhimento ou apoio(19).

O comportamento suicida e a autolesão foram temas recorrentes e transversais nas postagens. A autolesão era mencionada, especialmente, como estratégia para alívio temporário do sofrimento, enquanto o comportamento suicida representava, para alguns bloggers, uma alternativa reconfortante e efetiva para o término do sofrimento. As minorias sexuais e de gênero são consideradas como grupos de risco para uma variedade de condições de saúde negativas, incluindo problemas de saúde mental(6). Estudos têm demonstrado um maior risco de comportamento suicida na população LBGT, em comparação com a população em geral(2). Desse modo, é necessário investir em ações de prevenção que atendam necessidades específicas desse grupo(8,13). Estudos realizados sobre conteúdos ligados ao comportamento suicida em mídias sociais têm revelado que as postagens sobre prevenção ainda são minoritárias e há uma divulgação deficitária de recursos de apoio e orientações confiáveis e acessíveis(11,19). É importante que existam recursos virtuais de prevenção que complementem as abordagens presenciais(20-21). É importante desenvolver e avaliar intervenções seguras, em larga escala, acessíveis, cientificamente embasadas e capazes de catalizar apoio, promover redução de estigma, redução de fatores de risco e promoção de fatores de proteção(22-24).

A maioria das postagens esteve relacionada à rejeição (experimentada ou temida), intolerância e autodepreciação. O temor relacionado à rejeição parecia mais intenso quando associado às relações amorosas. O rompimento amoroso ou relacionamentos de baixa qualidade, conflituosos, violentos podem ser importantes estressores entre indivíduos LGBT(25).

As experiências de rejeição, por sua vez, foram marcadas pela intolerância, preconceito e discriminação. No modelo heterossexual hegemônico, indivíduos LGBT estão expostos a estressores específicos que conferem risco adicional para a saúde mental, como experiência de preconceito, discriminação, vitimização, rejeição(6), marginalização social(7), maior experiência de bullying, menor apoio da comunidade e menor suporte social(8). Além dessas diferenças entre jovens heteronormativos e LGBTs, o tratamento em saúde recebido pela comunidade LGBT tende a ser de menor qualidade devido ao estigma, falta de conhecimento dos profissionais de saúde e pouca atenção às necessidades específicas(8,13). Os profissionais da saúde precisam ser preparados e amparados para melhor atender às demandas da população LGBT, pois ainda há importantes fragilidades a serem superadas(26).

A intolerância não esteve restrita à LGBTfobia, mas também ligada ao estigma relacionado aos transtornos mentais e à aparência (sobrepeso). Essa desqualificação do indivíduo parece estar ligada ao fenômeno da interseccionalidade, que pressupõe a interdependência entre relações de poder, valor e características do indivíduo. É necessário questionar as desigualdades sociais e "opressões múltiplas e imbricadas" e investir em iniciativas que promovam a saúde mental e a justiça social(27).

Indivíduos LGBT estão expostos a estressores específicos que conferem risco adicional para a saúde mental, como LGBTfobia(6). A LGBTfobia caracteriza-se como experiência de rejeição, desqualificação moral e violências contra gêneros e sexualidades diversas que podem favorecer a introjeção de preconceitos e estigmas. Nesse estudo, essa autodepreciação foi manifesta por sentimentos, atitudes e reações ligadas à baixa autoestima, o fracasso pessoal, insegurança, insignificância, incompetência generalizada, inferiorização das mais diversas maneiras, repulsa e ódio de si mesmo. A redução da LGBTfobia precisa ser considerada como um dos componentes da prevenção do suicídio na população LGBT e requer o envolvimento de ações inovadoras intersetoriais e construção de políticas públicas e investigações com impacto social.

O estudo possui limitações relacionadas à fonte de coleta de dados (restrita a uma única rede social); estratégia de coleta dos dados (com delimitação de termos-chave e busca das postagens com texto); falta de triangulação na análise dos dados; bem como especificidades da coleta de dados secundários em ambiente virtual que não representa integralmente a perspectiva sobre a temática. Destaca-se que análise não considerou os perfis de usuários de forma individualizada e longitudinal. Assim, as considerações estão fundamentadas nas postagens, não priorizaram a análise dos usuários ou dos blogs.

 

Conclusão

Os principais temas abordados nos blogs estiveram relacionados a sofrimento intenso e insuportável, comportamentos autodestrutivos, vulnerabilidade emocional (dificuldade em externalizar sentimentos, a sensação de exaustão e fragilidade), rejeição (experimentada ou temida) e autodepreciação. Esses temas relevam importantes necessidades a serem investigadas e abordadas em intervenções para a promoção da saúde mental da comunidade LGBT no âmbito individual e coletivo.

 

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Autor correpondente:
Kelly Graziani Giacchero Vedana
E-mail: kellygiacchero@eerp.usp.br

Recebido: 28.03.2020
Aceito: 31.08.2020
Apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo, Brasil, processo número 2017/24024-7.

 

 

Contribuição dos autores
Concepção e planejamento do estudo: Kelly Graziani Giacchero Vedana. Obtenção dos dados: Elias Teixeira de Oliveira e Kelly Graziani Giacchero Vedana. Análise e interpretação dos dados: Elias Teixeira de Oliveira e Kelly Graziani Giacchero Vedana. Obtenção de finciamento: Kelly Graziani Giacchero Vedana. Redação do manuscrito: Elias Teixeira de Oliveira e Kelly Graziani Giacchero Vedana. Revisão crítica do manuscrito: Elias Teixeira de Oliveira e Kelly Graziani Giacchero Vedana.
Todos os autores aprovaram a versão final do texto.
Conflito de interesse: os autores declararam que não há conflito de interesse.
* Este artigo refere-se à chamada temática "Violência autoprovocada: autolesão não suicida e comportamento suicida".

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