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IGT na Rede

On-line version ISSN 1807-2526

IGT rede vol.14 no.26 Rio de Janeiro Jan./June 2017

 

ARTIGO

Produção Gestáltica nas Bases de dados SCIELO e PEPSIC: Revisão Sistemática1

Gestaltic Production in SCIELO and PEPSIC databases: Systematic review

Paulo Coelho Castelo Branco* ;Cândida de Oliveira Carpes**

Universidade Federal da Bahia, BA - (UFB); - Universidade Federal da Bahia, BA - (UFB)

Endereço para correspondência

 


RESUMO

Este artigo objetiva analisar as produções de artigos sobre a Gestalt-Terapia e a Abordagem Gestáltica, conforme uma revisão sistemática no SciELO e no PePSIC, para refletir algumas características da circulação do conhecimento Gestáltico nessas bases de dados. Foram catalogados 73 artigos, publicados de 1997 até 2014, analisados segundo as seguintes categorias: ano, autoria, filiação institucional, periódico, tipo de trabalho e área do conhecimento. Os resultados sugerem que a circulação das produções investigadas tem as seguintes características: constâncias de publicações nos anos de 2004 até 2014; hegemonia de artigos publicados em um periódico; ênfase em produções teóricas; concentração em discussões voltadas para área Clínica; diversos autores produtivos ligados a Universidade de Brasília; região Centro-Oeste como eixo de produção. Conclui-se com a sugestão de exercícios constantes de revisões e outras pesquisas que mapeiem a circulação da Gestalt-Terapia e a Abordagem Gestáltica em outras fontes de dados.

Palavra-chave: Arquivos Abertos; Base de Dados; Gestalt-Terapia; Revisão de Literatura.


Abstract

This article aims to analyze the productions of articles on Gestalt Therapy and Gestalt Approach, according a systematic review in SciELO and PePSIC, to reflect some characteristics of Gestalt knowledge circulation in these databases. Seventy-three articles were found, published from 1997 to 2014, analyzed by the following categories: year, authorship, institutional affiliation, journal, type of work and field of knowledge. The results suggest that the studied productions' circulation presents the following features: constancy of publications from 2004 to 2014; hegemony of papers published in a single magazine; emphasis on theoretical productions; concentration of discussions on the clinical field; several productive authors affiliated to Brasília University; Brazilian Midwest as the production axis. The conclusion suggests constant review exercises and future researches to map the circulation of Gestalt Therapy and Gestalt Approach in other data sources.

Keywords: Open Archives; Databases; Gestalt Therapy; Literature Review.


 

INTRODUÇÃO

A Gestalt-Terapia é uma abordagem psicológica que foi desenvolvida por Frederick (Fritz) Perls e outros colaboradores (como, Laura Perls, Paul Goodman, Isadore From, Paul Weiz, Sylvester Eastman e Eliot Shapiro) que compartilhavam ideias sobre os potenciais humanos. Em 1951, a Gestalt-Terapia se consolidou, nos EUA, como uma perspectiva clínica dotada de teoria e prática, focada em intervenções psicoterapêuticas em nível de personalidade e crescimento intra e interpessoal (PERLS; HEFFERLINE; GOODMAN, 1997). Como uma visada experiencial composta de pressupostos holísticos, fenomenológicos e existenciais, crítica à corrente psicanalítica freudiana e alternativa as psicologias comportamentais, vigentes nas décadas de 1950-1960, a Gestalt-Terapia somou-se às contendas da Psicologia Humanista, tornando-se reconhecida como uma abordagem humanística (MOSS, 2001; HOLANDA, 2014).

Com o desenvolvimento da Gestalt-Terapia, muitas de suas atitudes e premissas foram utilizadas além do âmbito clínico, nos contextos grupais, comunitários, educacionais, organizacionais etc. Desse advento, surgiu o termo Abordagem Gestáltica para referir a um campo maior de implicação das atitudes gestálticas onde existir relações humanas. Fritz Perls, em momento maduro de sua carreira, optou por usar o mencionado termo ao considerar seus trabalhos anteriores (Ego, Fome e Agressão e Gestalt-Terapia) ultrapassados e demasiadamente eruditos, além de estar interessado em apresentar outra proposta vivencialmente mais direta e acessível em seu entendimento e prática (SPITZER, 1988).

Com a expansão da Gestalt-Terapia e da Abordagem Gestáltica, nas diversas localidades do mundo, existiu um movimento de recepção dessa vertente humanista no Brasil, que foi desde os anos de 1960 até uma intensificação nas décadas seguintes. Isso aconteceu devido à criação de grupos de estudos, à vinda de alguns psicólogos humanistas, às defesas das primeiras dissertações e teses sobre a abordagem e as traduções das obras de Perls e outros expoentes gestálticos. Com efeito, atualmente, é possível encontrar algumas produções, notoriamente de cunho histórico, que analisam e refletem o movimento da Gestalt-Terapia no Brasil (GOMES; HOLANDA; GAUER, 2004; HOLANDA; KARWOSKI, 2004; SUASSUNA; HOLANDA, 2009; HOLANDA, 2009; PRESTELO, 2012; FRAZÃO, 2013).

Ao migrar para o Brasil, a Gestalt-Terapia, destarte, colabora com a assunção de uma Psicologia Humanista brasileira com alguns expoentes nacionais. Esta ascensão não seria possível sem algumas operações sociais que visam à propagação de conhecimentos específicos nos diversos meios de produção científica que possibilitam a sua circulação, como encontros, simpósios, congressos, anais, boletins, periódicos acadêmicos, cursos, centros de formação, dissertações e teses (GRYNZSPAN, 2012). Estes meios de produção e circulação de conhecimento psicológico são possíveis de ser estudados como objetos que retratam um momento histórico de desenvolvimento e consolidação de uma abordagem psicológica que migrou de um local para outro e se atualizou conforme as contendas regionais do lugar que a recebeu.

Deste modo, objetivamos analisar as produções de artigos sobre a Gestalt-Terapia e a Abordagem Gestáltica em periódicos nacionais disponíveis em dois bancos de dados virtuais, o Scientific Electronic Library Online (SciELO) e o Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC), durante o período de 1997 a 2014. Argumentamos que essa investigação possibilita fazer algumas inferências sobre o status corrente do desenvolvimento dessa abordagem humanista nos aludidos banco de dados durante o mencionado período. Apontamos que, nesse esteio de pesquisa, serviram-nos de inspiração alguns trabalhos, norteados pelo método de revisão sistemática, que investigaram o status corrente das produções da Gestalt-Terapia brasileira em bancos de dissertações e teses (HOLANDA; KARWOWSKI, 2004; HOLANDA, 2009). Inspiramo-nos, ainda, em pesquisas que investigaram as produções acadêmicas nacionais de outras abordagens e intervenções humanistas (SOUZA; SOUZA, 2011; SCORSOLINI-COMIN; SANTOS, 2013; VÉRAS; ROCHA, 2014; SCORSOLINI-COMIN, 2015).

 

MÉTODO

Elegemos a revisão sistemática de literatura (COSTA; ZOLTOWSKI, 2014) como estratégia de pesquisa para analisarmos as produções nacionais de artigos sobre a Gestalt-Terapia e a Abordagem Gestáltica em duas bases de dados, ou bibliotecas virtuais, o SciELO e o PePSIC. O motivo para delimitarmos o SciELO como o primeiro banco de dados investigado ocorreu em razão do fato desse ser considerado, segundo a United Nations, Educational, Scientific and Cultural Organization (UNESCO) (PACKER; COP; LUCCISANO; RAMALHO; SPINAK, 2014), o maior provedor de periódicos indexados de acesso aberto do mundo. A escolha do PePSIC, por sua vez, aconteceu por este utilizar o mesmo sistema e método de busca do SciELO e ser uma fonte da Biblioteca Virtual em Saúde – Psicologia da União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (BVS- Psi ULAPSI), que divulga somente periódicos e artigos em Psicologia. Ambas as bibliotecas são, portanto, representativas ao estudo da produção de artigos sobre Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica no Brasil.

Após uma consulta inicial, utilizamos as seguintes palavras-chave disponíveis no índice de assuntos do SciELO: Gestalt-Terapia, Gestalt Terapia, Abordagem Gestáltica e Gestalt. No PePSIC foram empregados os seguintes termos, também, no índice de assuntos: Gestalt-Terapia, Gestalt Terapia, Gestalt-Terapia de Curta Duração, Abordagem Gestáltica, Grupos Gestálticos, Gestaltpedagogia e Gestalt. Ressaltamos que os descritores em inglês (por exemplo, Gestalt-Therapy) não foram incluídos na busca, pois constatarmos que eles apresentavam os mesmos termos em português, gerando resultados iguais. Salientamos, ainda, que o motivo dos descritores de cada banco de dados não serem idênticos ocorre em razão da variação dos periódicos indexados em cada base. Ou seja, os periódicos e artigos vinculados ao SciELO não são os mesmos do PePSIC, o que afeta o registro dos descritores nos índices de cada banco, a despeito de eles serem idênticos ou não. Analisamos, pois, todos os descritores isoladamente sem combiná-los. A escolha do período compreendido para a pesquisa foi de 1997 até 2014, ou seja, do ano da produção mais antiga minutada até o último ano possível de fazer integralmente a coleta de todos os artigos disponibilizados nas duas bibliotecas virtuais. O levantamento do material bibliográfico ocorreu durante os meses de novembro e dezembro de 2015.

Nos dois bancos de dados, utilizamos como critério de inclusão, artigos publicados em periódicos nacionais e produzidos por autores brasileiros que abordaram qualquer discussão teórica ou prática sobre Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica, independente da área de conhecimento em que ela foi realizada. Incluímos, ainda, as publicações que utilizaram qualquer perspectiva de pesquisa em Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica. Em cada artigo, fizemos uma leitura seletiva nos restringindo aos conteúdos apresentados nos títulos, resumos e palavras-chave. Em caso de dúvidas, procedemos de uma leitura mais geral do texto para captarmos as informações pertinentes à nossa pesquisa. Foram descartados da coleta aqueles artigos que não se aproximavam da Gestalt-Terapia e da Abordagem Gestáltica, sobretudo, os trabalhos sobre Psicologia da Gestalt2 ou reflexões filosóficas que utilizaram algo desse referencial. Esses tipos de opúsculos não contemplaram o recorte de nossa pesquisa. Foram descartados, também, os artigos: repetidos mais de uma vez, havendo somente uma catalogação; publicados em 2015; procedentes de autores, filiações e periódicos estrangeiros.

Demonstramos, a seguir na Figura 1, o esquema gráfico de como foi procedida a nossa estratégia de pesquisa para atingir a amostra bibliográfica final (N = 73).

 

 

Figura 1 – Estratégia de busca.

 

Os trabalhos coletados e reunidos, segundo esses critérios, foram tabulados e categorizados conforme o ano, autoria, filiação institucional, periódico, tipo de trabalho (teórico, empírico ou descrição de experiência) e área do conhecimento. Ressaltamos que esses procedimentos foram realizados por dois juízes independentes. As discordâncias no processo de coleta e categorização foram resolvidas por consenso entre os pesquisadores. Consideramos que a organização desses vários dados bibliográficos dispersos em variados periódicos possibilitou análise e entendimento de algumas características da circulação do conhecimento gestáltico disponível nas bases de dados SciELO e PePSIC.

 

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa realizada sobre os dois bancos de dados (SciELO e PePSIC) evidenciou o total de 73 artigos. Consideramos que esses trabalhos aceitos e publicados em diversos periódicos nacionais proporcionaram uma visibilidade sobre a produção de conhecimento sobre a Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica e possibilitaram variadas inferências e reflexões sobre o status corrente dessa abordagem psicológica nesses meios de publicação científica.

No que concerne à distribuição temporal de publicações no período analisado, 1997-2014, na Tabela 1, observamos que de 1997 a 2003 existiram poucas publicações, com alguns intervalos de produção entre um ano e outro. Entretanto, de 2004 a 2014, percebemos uma mudança em relação à constância de produções de mais de um artigo por ano.

 

 

Evidenciou-se que 2009, notoriamente, foi o ano mais produtivo (n = 19; 26,02%). Inferimos que, possivelmente, o advento do I Congresso Sul-Brasileiro de Fenomenologia, posteriormente vinculado ao Congresso Brasileiro de Psicologia e Fenomenologia, tenha contribuído para tal expressão. Esse Congresso, em 2009, consolidou um espaço acadêmico de discussões humanistas, fenomenológicas e existenciais, das quais a Gestalt-Terapia se destaca. Ainda, nesse ano, Holanda (2009) minutou, a partir de uma pesquisa no Banco de Teses da CAPES, um aumento de dissertações e teses e, por conseguinte, um contingente maior de mestres e doutores versados a Gestalt-Terapia, sobretudo, nos anos de 1990 até 2008. Ponderamos que esses fatores colaboram para a estabilidade de produções frequentes, de 2004 a 2014, e com a alta de produção no ano de 2009.

Ainda assim, de um modo geral, os dados obtidos nos permitem constatar que há uma escassez de produções de artigos em Gestalt-Terapia no circuito de periódicos nacionais vinculados ao SciELO e ao PePSIC. O conhecimento gestáltico, segundo o nosso juízo, baseado nos dados levantados dissemina-se mais em um cenário extra universitário de centros de formação, os chamados Institutos de Gestalt-Terapia, que seguem uma tradição iniciada por Fritz Perls. Este, ao contrário de outros expoentes humanistas, como Carl Rogers, Abraham Maslow e Amedeo Giorgi, foi avesso a publicar suas ideias em periódicos acadêmicos e constituiu o seu saber fora do circuito acadêmico, não chegando a se preocupar com a formação de pesquisadores. Observamos, consoante Holanda e Karwowski (2004), que a produção de conhecimento gestáltico no Brasil apresenta maior circulação em livros do que em outras fontes acadêmicas (artigos, dissertações e teses).

Em relação aos periódicos brasileiros que sediaram os artigos publicados nas bases analisadas, segundo a Tabela 2, destacamos a Revista da Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies, que exprimiu o maior número de produções (n = 31; 42,46%). Essa revista tem orientação editorial, foco e escopo voltados para publicar manuscritos fundamentados nas perspectivas humanistas, fenomenológicas e existenciais, e uma linha editorial que privilegia estudos sobre o tema da Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica. Não à toa, a Revista da Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies congrega o maior número de publicações minutadas.

 

 

Atentamos, também, para a Revista Estudos e Pesquisa em Psicologia que apresentou considerável número de produções gestálticas (n = 18; 24,66%). Embora esse periódico não tenha uma linha editorial focada, especificamente, em publicar produções humanistas, fenomenológicas e existenciais, no geral, ele demonstra ser um espaço de divulgação desses saberes por muitos psicólogos brasileiros, principalmente, de orientação gestáltica. Ambos os periódicos analisados, curiosamente, congregam mais da metade das produções gestálticas catalogadas (67,12%), demonstrando serem espaços propícios à divulgação da Gestalt-Terapia no SciELO e no PePSIC. Em relação à possibilidade circulação de artigos, por um lado, os periódicos mencionados oferecem alento aos autores interessados em publicar seus estudos sobre Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica; por outro, tal concentração torna essa circulação restrita, tornando o conhecimento gestáltico pouco divulgado e disseminado em outras revistas vinculadas as bases investigadas.

No que se refere aos tipos de artigos publicados, apontamos uma predominância de produções teóricas (n = 56) em relação aos artigos empíricos (n = 13) e as descrições de experiências (n = 4). Considerando a maior incidência de trabalhos teóricos (76,71%) sobre os empíricos (17,81%), reconhecemos que existe uma carência de produções empíricas em Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica. Outros estudos atentaram, também, para a hegemonia de trabalhos teóricos na produção de dissertações e teses (HOLANDA; KARWOWSKI, 2004; HOLANDA, 2009). Inferimos que essa característica, possivelmente, aconteça em decorrência de um momento histórico recente. Ao ser recebida no Brasil, nas décadas de 1960-1970, a Gestalt-Terapia foi disseminada como uma abordagem vivencial, a-teórica, considerada simples e direta no manejo de suas técnicas interventivas (PRESTELO, 2012). Certamente, a Gestalt-Terapia vai além dessas características. No entanto, foram elas que chamaram a atenção do público brasileiro e possibilitaram a divulgação e o aprendizado desse saber em diversos centros de formação. Posteriormente, nos anos de 1980-2000, ocorreu maior preocupação em fundamentar o campo da Gestalt-Terapia e refletir teoricamente os seus trabalhos. Indicamos, como obras pioneiras, as de Jorge Ponciano Ribeiro, Gestalt-Terapia: refazendo um caminho (1985), e Thérèse Tellegen, Gestalt e Grupos (1984), pois representam bem esse movimento de retomada teórica.

A Gestalt-Terapia, por vezes, é acusada de ser uma abordagem destituída de erudições teóricas (GOMES; HOLANDA; GAUER, 2004). Conquanto, Perls, conforme explanamos anteriormente, tentasse simplificar o seu saber, incorre equívoco pressupor tal destituição. Sem dúvida, a postura gestáltica critica os tecnicismos e a falta de foco nas relações interpessoais e nas experiências que emergem no presente. Contudo, o que observamos, no Brasil, é um movimento de abertura a teorizações e reflexões sobre os fundamentos teóricos da Gestalt-Terapia. A despeito disso, é característica nessa abordagem a resistência de produzir pesquisas empíricas. Esse problema foi apontado por Taylor e Martin (2001), os quais ponderam que a Psicologia Humanista contém uma proposta de Ciência que reconhece a necessidade de mais pesquisas em Gestalt-Terapia. Esta, a despeito da sua escassez de pesquisas empíricas, possui corpo teórico-interventivo consistente, bases epistêmicas e visão de sujeito e mundo condizentes aos ideais humanistas.

Ainda em relação à análise dos tipos de artigos publicados, ressaltamos que intitulamos como descrição de experiências (5,48%) aqueles artigos que se referem à implementação de serviços de Gestalt-Terapia e oficinas gestálticas em vários campos de atuação profissional. Os artigos relacionados a esse tipo de produção, não são empíricos, pois não demonstraram trabalhos com métodos de pesquisa, nem são, tampouco, relatos de experiência, pois não estão situados nessa categoria de submissão.

Em relação à distribuição da área de conhecimento dos artigos analisados, segundo a Tabela 3, notamos a existência de discussões enveredadas para diversas áreas.

 

 

As discussões clínicas, portanto, são preponderantes em mais da metade das produções gestálticas investigadas (n = 39; 53,42%). Esse dado coaduna com o perfil geral da Gestalt-Terapia que, em sua origem, é uma proposta psicoterapêutica. As áreas da Educação (n = 7; 9,59) e da Saúde (n = 5; 6,85), também, figuraram como as mais versadas, ainda que com uma discrepância significativa em relação à área Clínica – podemos afirmar o mesmo em relação às outras áreas tabuladas. Ressaltamos que entendemos a área de Produção Acadêmica como aquela que engloba revisões sistemáticas sobre a Gestalt-Terapia. Comparamos, ainda, nossos dados tabulados aos resultados obtidos pela pesquisa de Holanda (2009), sobre as dissertações e as teses gestálticas produzidas de 1982 a 2008, que evidenciou uma significativa direção para o debate epistemológico. No que concerne à produção de artigos no período compreendido por nós, em contraste ao estudo do autor citado, os Fundamentos Epistemológicos não figuraram como a área de direcionamento maior, ao contrário da Clínica. Esta área, segundo entendemos, é um importante referencial que subsidia estudos e intervenções no campo da Gestalt-Terapia brasileira.

Na análise dos autores nacionais que mais produziram artigos sobre Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica no SciELO e no PePSIC, catalogamos o total de 120 autores e co-autores nos 73 artigos tabulados. Estabelecemos um ranque dos cinco que foram mais produtivos de 1997 a 2014, a saber: Mônica Botelho Alvim (n = 8); Jorge Ponciano Ribeiro (n = 5); Adriano Furtado Holanda (n = 5); Sheila Maria Antony (n = 5); e Celana Cardoso Andrade (n = 4). Estes autores ranqueados, juntos, congregam 22,5% da produção nas bases analisadas, e os demais autores (n = 93), que publicaram menos de quatro artigos, reúnem 77,5% da produção catalogada.

Nessa análise de autoria, expressamos algumas curiosidades em relação aos cinco autores ranqueados. Todos eles têm vínculos com a Universidade de Brasília (UnB) e especialização em Gestalt-Terapia (Jorge Ponciano Ribeiro nos EUA e os demais no Instituto de Gestalt-Terapia de Brasília – IGTB). Existe certa ligação entre esses autores: Sheila Antony tem Graduação e Mestrado na UnB (sob a orientação de Jorge Ponciano Ribeiro), Especialização no IGTB; Adriano Holanda tem Graduação em Brasília, Especialização no IGTB, Mestrado na UnB (sob a orientação de Jorge Ponciano Ribeiro); Monica Alvim tem Graduação, Mestrado e Doutorado na UnB (sob a orientação de Jorge Ponciano Ribeiro) e Especialização no IGTB; Celana Andrade é Especialista pelo IGT de Goiás, tem Mestrado na Pontifícia Universidade Católica de Goiás (sob a orientação de Adriano Holanda) e é doutoranda pela UnB (sob a orientação de Jorge Ponciano Ribeiro). Nessa rede de orientações, Jorge Ponciano Ribeiro, professor titular da UnB, é a figura central que congrega a formação dos demais autores ranqueados. Observamos que o alinhamento de uma formação especializada em Gestalt-Terapia com uma qualificação acadêmica, em nível de mestrado e doutorado, aponta para uma conciliação entre os circuitos extra e intra universitários, pouco articulados por Perls.

Em função da filiação institucional dos autores registrados, estabelecemos o ranque das Instituições de Ensino Superior, as quais os autores tabulados expressaram suas filiações, segundo observamos a seguir na Tabela 4.

 

 

Ressaltamos que o total de instituições tabuladas não se refere ao total de autores mencionados na Tabela 3, pois, para esta categoria, foram excluídos dois autores que não declararam suas filiações institucionais – ambos se filiaram apenas como psicoterapeutas. Consideramos como demais instituições aquelas que filiaram autores que publicaram menos de quatro artigos. Entendemos que a UnB (n = 17) e a Universidade Federal de Goiás (UFG) (n = 10) foram as instituições que mais filiaram os autores que publicaram no período analisado. Destacamos que, nesse ranque, duas instituições são brasilienses e três são goianas. Merecem realce, ainda, a PUC-Campinas e a Universidade de Fortaleza (UNIFOR), duas instituições de ensino superior com tradições de pesquisas humanistas e fenomenológicas.

Ao redistribuir essas filiações e suas produções em termos de regiões geográficas do Brasil, obtivemos a Tabela 5, exposta em seguida:

 

 

Foi excluída, na Tabela 5, uma autora brasileira de filiação estrangeira que publicou em um periódico nacional. O artigo atendeu os critérios de inclusão apontados no método e entrou nas análises anteriores. No entanto, ele precisou ser excluído, na confecção dessa Tabela, restrita somente às regiões brasileiras levantadas pelas instituições tabuladas. Eis o motivo para o total da Tabela 5 ser de 117 filiações. Percebemos que a região Centro-Oeste expressou a maior circulação de artigos sobre Gestalt-Terapia nas bases de dados analisadas, em razão das produções de Brasília e Goiânia e do que pudemos atentar na Tabela 4.

Brasília, historicamente, é uma cidade importante no desenvolvimento da Gestalt-Terapia nacional (SUASSUNA, 2008). A cidade, em 1977, incorporou o primeiro programa brasileiro de formação em Gestalt-Terapia, regido por Walter Ribeiro, além de contar com as vindas de alguns expoentes da Gestalt-Terapia, como Maureen Müller-O’Hara (GOMES; HOLANDA; GAUER, 2004). Esse contexto foi fértil à formação de estudiosos da Gestalt-Terapia no Brasil, possibilitando um solo histórico que explica a concentração das mencionadas produções nas bases analisadas.

Na UnB, as pesquisas e as orientações de Jorge Ponciano Ribeiro colaboram, igualmente, com esse desenvolvimento. O destaque de Brasília e Goiás na Gestalt-Terapia brasileira foi apontado, também, pela pesquisa de Holanda (2009). Este, por um lado, evidencia uma soberania da região Sudeste, pelos Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, nas produções de dissertações e teses sobre Gestalt-Terapia; nosso estudo, por outro viés, assinala para uma hegemonia da região Centro-Oeste, que concentra 42,74% da produção de artigos sobre Gestalt-Terapia em periódicos nacionais, sobretudo pelos Estados do Distrito Federal e Goiás. Conquanto, tenhamos tabulados diversas filiações institucionais distribuídas nas regiões brasileiras, frisamos que encontramos certa dificuldade no levantamento dessas instituições, em razão de vários autores apontarem mais de uma filiação além da universitária – geralmente um Instituto de Gestalt-Terapia. Nesse caso, por consenso, priorizamos somente o registro da filiação universitária de cada autor. Esse foi um limite do estudo.

Com base nos dados coletados e analisados, percebemos, finalmente, que existe uma circulação de artigos sobre Gestalt-Terapia que representam um status corrente com as seguintes características: constância de publicações nos últimos dez anos; predominância de artigos publicados na Revista da Abordagem Gestáltica – Phenomenological Studies; ênfase em produções teóricas; concentração em discussões voltadas para a área Clínica; autores produtivos ligados à UnB e a especializações em Institutos de Gestalt-Terapia; UnB como filiação institucional mais representativa nos dados catalogados; região Centro-Oeste como eixo de produção nas bases analisadas.

O levantamento de artigos sobre Gestalt-Terapia e Abordagem Gestáltica no Brasil, segundo as nossas análises, expressa a circulação de um conhecimento psicológico que, ainda, luta por se estabelecer no cenário acadêmico de propagação de Ciência. Para tal intento acontecer, recomendamos mais: publicações em outras revistas de orientação editorial ampla e não restrita ao humanismo; variedade de produções direcionadas para outras áreas além da clínica; publicação de estudos empíricos.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os dados evidenciados nos artigos recuperados pelo método de revisão sistemática, de 1997 até 2014, nas bases do SciELO e do PePSIC, demostram que a Gestalt-Terapia tem buscado se firmar no cenário brasileiro de circulação de artigos acadêmicos. Ainda que exista um circuito proficiente de conhecimentos e práticas nos vários centros e núcleos de formação em Gestalt-Terapia, nos restringimos somente à produção científica encontrada em periódicos indexados no SciELO e no PePSIC. Salientamos que as produções disponibilizadas nesses bancos de dados são de acesso aberto pela internet, o que colabora para promover o conhecimento humanista desenvolvido sob a orientação da Gestalt-Terapia e da Abordagem Gestáltica.

Sobre os limites dessa pesquisa, destacamos a investigação de somente duas bases de dados, o que incute a premissa, própria do método de revisão sistemática (COSTA; ZOLTOWSKI, 2014), de que os dados aqui tabulados e as inferências ora tecidas devem ser vistos como parciais e comparados com outras pesquisas já realizadas (HOLANDA; KARWOWSKI, 2004; HOLANDA, 2009) e em devir. Mesmo assim, avaliamos ter obtido material suficiente e representativo para tecer um quadro geral da produção de Gestalt-Terapia no SciELO e no PePSIC. Outras bases de dados, como o Lilacs-BIREME, por exemplo, podem ser miradas de futuras pesquisas que ampliem o conhecimento sobre a circulação da Gestalt-Terapia e da Abordagem Gestáltica no Brasil. Seguindo a inspiração de outras pesquisas sobre as produções de conhecimento humanista e fenomenológico que circulam em um único periódico (CASTELO-BRANCO; ANDRADE, 2011; SACOMANO; FARIA, 2014), como um estudo de caso à parte e alvo de uma futura pesquisa, indicamos a análise da Revista IGT na Rede, periódico acadêmico que, embora não vinculado às bases então analisadas, caracteriza-se como um importante meio de divulgação de artigos, especificamente, relacionados ao referencial Gestáltico no Brasil. Com a articulação dessas partes haveria, pois, dados suficientes para fazer uma metanálise, que possibilitaria outras inferências sobre a produção de conhecimento Gestáltico nacional.

Consideramos, por fim, que o exercício constante e acumulativo de revisões sobre as produções gestálticas configura tarefa incessante para conhecermos mais sobre o desenvolvimento e a circulação dessa abordagem em mecanismos de publicação científica. Esperamos que a nossa pesquisa contribua com informações para os profissionais que atuam em Gestalt-Terapia e pesquisadores interessados em elaborar outros estudos sobre ela.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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NOTAS

* Paulo Coelho Castelo Branco: Professor Adjunto I do Instituto Multidisciplinar em Saúde da Universidade Federal da Bahia - IMSUFB. Doutor em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG. Coordenador do Núcleo de Estudos em Psicologia Humanista.
** Cândida de Oliveira Carpes: Psicóloga Graduada pela Universidade Federal da Bahia – UFB. Especializanda em Experiência Somática pela Associação Brasileira do Trauma.
1 Os autores agradecem o apoio financeiro do CNPq.
2 Entendemos a Psicologia da Gestalt como um sistema de pesquisas experimentais sobre os processos básicos de percepção e aprendizagem, composto, inicialmente, pelos estudos de Max Wertheimer, Wolfang Köhler e Kurt Kofka, e, posteriormente, pelas pesquisas de Kurt Lewin, Kurt Goldstein e outros. A Gestalt-Terapia, por sua vez, não elabora estudos experimentais e avaliativos sobre os mencionados processos básicos, em razão de ela ser uma vertente psicoterapêutica que utiliza alguns aportes teóricos e conceituais oriundos da Psicologia da Gestalt, para fundamentar sua prática e possibilitar a crítica de Perls à Psicanálise freudiana (MÜLLER-GRANZOTTO; MÜLLER-GRANZOTTO, 2007).

Endereço para correspondência
Paulo Coelho Castelo Branco.
Endereço eletrônico: pauloccbranco@gmail.com
Cândida de Oliveira Carpes
Endereço eletrônico: candida.carpes@hotmail.com

Recebido em 08/08/2016
Aprovado em 16/11/2016

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