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Estudos e Pesquisas em Psicologia

On-line version ISSN 1808-4281

Estud. pesqui. psicol. vol.18 no.3 Rio de Janeiro Sept./Dec. 2018

 

PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO

 

Estratégias de Resolução de Conflito Romântico: Desenvolvimento de Medida e Predição

 

Romantic Conflict Resolution Strategies: Measurement Development and Prediction

 

Estrategias de Resolución de Conflicto Romántico: Desarrollo de Medida y Predicción

 

Alexsandro Luiz De Andrade*; Caroline Egert**

Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Vitória, Espírito Santo, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este estudo desenvolve um novo instrumento para avaliação de estratégias de resolução de conflito conjugal em relacionamento amoroso, bem como são avaliados seus aspectos de convergência com dimensões da qualidade sexual e comunicacional no relacionamento amoroso. Os participantes foram 416 pessoas adultas envolvidas em relacionamentos autoavaliados como estáveis. Os resultados apontaram uma medida com estrutura de cinco dimensões e indicadores de confiabilidade do tipo Ômega bons e regulares. Adicionalmente, verificou-se que estratégias de resolução de conflito foram preditoras para qualidade da comunicação e do relacionamento sexual, na amostra investigada.

Palavras-chave: relações conjugais, conflito conjugal, interação interpessoal, psicometria.


ABSTRACT

This study develops a new instrument for the evaluation of strategies for the resolution of marital conflict in a loving relationship, as well as evaluating its aspects of convergence with dimensions of sexual and communicational quality in the love relationship. Participants were 416 adults involved in self-assessed relationships as stable. The results showed a measure with five-dimensional structure and good and regular Omega reliability indicators. Additionally, it was found that conflict resolution strategies were predictive of quality of communication and sexual relationship in the sample investigated.

Keywords: marital relations, marital conflict, interpersonal interaction, psychometrics.


RESUMEN

Este estudio desarrolla un nuevo instrumento para la evaluación de estrategias de resolución de conflicto conyugal en una relación amorosa, así como se evalúan sus aspectos de convergencia con dimensiones de la calidad sexual y comunicacional en la relación amorosa. Los participantes fueron 416 personas adultas involucradas en relaciones autoevaluadas como estables. Los resultados apuntaron una medida con estructura de cinco dimensiones e indicadores de confiabilidad del tipo Omega buenos y regulares. Además, se verificó que las estrategias de resolución de conflicto fueron predictoras para la calidad de la comunicación y de la relación sexual, en la muestra investigada.

Palabras clave: relaciones conyugales, conflicto conyugal, interacción interpersonal, psicometría.


 

 

1 Introdução

Os relacionamentos interpessoais são fenômenos complexos, mas desafiadores e interessantes para a maioria das pessoas. No contexto científico, o interesse pelo tema não é diferente: psicólogos, cientistas sociais, antropólogos, biólogos e outros profissionais, interessados em conhecer a natureza das relações humanas, dedicam esforços para compreender os fenômenos de relacionamentos. Segundo Bedim (2016), faz-se necessário compreender como as mudanças ocorridas nas relações interpessoais são organizadas emocionalmente no âmbito familiar, econômico e social em constante transformação e de grande influência na vida das pessoas na sociedade.

O presente artigo tem um enfoque especial para o contexto de relacionamento romântico, considerado, por alguns pesquisadores, como o mais central dos relacionamentos individuais (Hatfield & Rapson, 2005; Kwong, Bartholomew, & Dutton, 1999). Schlössere e Camargo (2014) afirmam que, dentro da perspectiva psicológica, o conceito relativo ao amor é compreendido como um sentimento multidimensional, estrutural e dinâmico (Cassepp-Borges & Teodoro, 2009; Engel, Olson, & Patrick, 2002). O amor romântico é um sentimento relacionado à criação e manutenção de laços afetivos (França, Natividade & Lopes, 2016). De acordo com Schlösser (2014), o fenômeno amoroso possui uma intrínseca relação com o bem-estar subjetivo, uma vez que os relacionamentos interpessoais compõem o quadro das principais causas de felicidade, junto ao trabalho e ao lazer (Argyle, 2001).

No contexto dos relacionamentos românticos, um dos temas de maior interesse, importância e ocorrência em publicações é a temática da qualidade e/ou satisfação com o relacionamento (Mattson, Rogge, Johnson, & Fincham, 2013). Segundo Scorsolini-Comin (2012), uma relação conjugal, quando satisfatória, possibilita ao casal relações sociais mais significativas, com níveis apropriados de apoio emocional, material, econômico, instrumental e de informação, mediando positivamente sua relação com o meio. Em estudo de De Andrade, Rafalski, Souza e Oliveira (2017), verificou-se que a qualidade do relacionamento romântico, renda e saúde geral contribuem para a predição de dimensões do planejamento da aposentadoria, a saber, relacionamento interpessoal, finanças e saúde. Para Diniz (2018), a manutenção ou o fim da união do casal, dependerá da qualidade da relação entre esses parceiros. A qualidade em relações amorosas, dentro desta pesquisa, é definida como a qualidade percebida a partir de aspectos cognitivos, emocionais e comportamentais sobre as interações diádicas dos envolvidos no relacionamento (De Andrade, 2011). Fletcher, Simpson e Thomas (2000) propõem que aspectos específicos do relacionamento amoroso como intimidade, sexo, comprometimento, comunicação e amor contribuem para a avaliação global sobre a qualidade do relacionamento.

 

2 Estratégias de Resolução de Conflito

Conflito é entendido como uma interação inerente aos diferentes tipos de relacionamentos. É um fenômeno característico da vida e que pode resultar em novas oportunidades e transformações aos envolvidos (Bolze, Schmidt, Crepaldi, & Vieira, 2011). No contexto das relações amorosas, o conflito é considerado um fenômeno complexo, pois pode ser demonstrado de várias maneiras e ter múltiplas causas (Villas Boas, Dessen, & Melchiori, 2010), havendo diferentes níveis de intensidade, frequência, conteúdo, além de ser manifestado de forma aberta ou velada (Benetti, 2006). Os conflitos conjugais ocorrem, naturalmente, como fruto da interação de pessoas que almejam construir um projeto de vida em conjunto e, para tanto, precisarão discutir e negociar sobre pontos de vista divergentes e tentar chegar a um acordo (Costa, Cenci, & Mosmann, 2016). Segundo Schlösser (2014), a identificação das situações de estresse e de modos de enfrentamento de adversidades, em relações amorosas, merece enfoque, visando ampliar os elementos positivos e contribuir na resolução de problemas.

As estratégias de resolução de conflito são elementos naturais das interações românticas (Laurenceau, Troy, & Carver, 2005). As estratégias de resolução dos conflitos conjugais são muito importantes. Possuem um caráter interacional e são definidas na literatura como os comportamentos dirigidos ao cônjuge na tentativa de gerenciar o problema e dar um desfecho para a situação (Costa, Cenci, & Mosmann, 2016). De acordo com Hurley e Reese-Weber (2012), existem dois tipos principais de estratégias utilizadas pelos casais: estratégias positivas, que englobam comportamentos que promovem, fortalecem, estimulam o relacionamento (por exemplo, a realização de uma negociação que atenda aos interesses de ambos, a resolução de problemas e incertezas dentro do relacionamento) e as estratégias negativas, formadas por comportamentos disfuncionais, que desestabilizam a relação (por exemplo, submeter-se a interesses contrários para agradar o(a) parceiro(a);agir de maneira violenta, física ou psicologicamente; comunicação insatisfatória ou a forma adversa como a intimidade é experienciada pela díade ou pelo(a) parceiro(a).

Entre os diferentes modelos teóricos sobre conflito aplicáveis ao entendimento das tensões de interações românticas, dois são de interesse para o presente estudo. O primeiro é modelo de estratégias de resolução de conflito de Peterson (1983), o qual descreve cinco estratégias para resolução de conflito: 1) separação (distanciar-se para retomada posterior do tema de conflito – "refresh"), 2) dominação (tentativa de coagir e persuadir o outro), 3) compromisso (busca de uma solução comum que atenda, pelo menos em parte, aos interesses dos envolvidos), 4) solução integrativa (tentativa de satisfazer às expectativas de ambos) e 5) melhoria estrutural (estratégia de tornar algum tema polêmico menos individual e geral, para que, na sequência, se busque um melhor alinhamento da comunicação sobre o mesmo). A segunda proposta é o modelo de Lulofs e Cahn (2000), composto também por cinco estratégias, integra duas dimensões semelhantes ao modelo anterior (compromisso e colaboração) e sugere três dimensões de estratégia a priori negativas, que são: 1) evitação (evitar ou negar a existência de um conflito); 2) acomodação (ceder aos interesses do (a) parceiro (a) para que o conflito termine); 3) competição (uso de coerção para que o(a) parceiro(a) ceda ao motivo de tensão).

Segundo Zacchilli, Hendrick e Hendrick (2009), alguns aspectos são mais importantes para o entendimento das dimensões do conflito em relacionamentos, podendo-se citar: a comunicação, a sexualidade, o amor, a satisfação com o relacionamento e as diferenças sexuais. Estudos da área também apontam o estreitamento entre estratégias de resolução de conflitos, intimidade e duração do relacionamento (Hurley & Reese-Weber, 2012).

 

3 Medidas psicológicas para relações amorosas

Para mensuração científica de diferentes propriedades do relacionamento, os pesquisadores e investigadores da área têm à disposição um conjunto amplo de escalas psicológicas (Hatfield, Luckhurst, & Rapson, 2012; Cassepp-Borges & De Andrade, 2013). Especificamente no Brasil, para medir qualidade em relacionamentos românticos, sob um prisma multidimensional, proposto por Fletcheret al. (2000), pesquisadores têm à disposição o Aquarela-R (De Andrade & Garcia, 2012), uma escala psicométrica de cinco dimensões, que avalia a qualidade dos aspectos do relacionamento em termos de suas propriedades de relacionamento sexual, de intimidade, de compromisso, de comunicação e de amor.

Para avaliação de diferentes táticas de resolução de conflito, em contexto de relações interpessoais, um dos instrumentos mais conhecidos é a Conflict Tactics Scale (CTS), instrumento desenvolvido por Straus, Hamby, Boney-McCoy e Sugarman (1996) que avalia diferentes recursos físicos e psicológicos envolvidos em situações de conflito interpessoal. Tal ferramenta é voltada para avaliação ampla de contextos familiares (casamento e irmãos). Outro instrumento mais recente voltado, especificamente, para o contexto de relações românticas é o Romantic Partner Conflict Scale - RPCS (Zacchilli, Hendrick, & Hendrick, 2009). O RPCS é um instrumento desenvolvido e validado junto à amostra de americanos adultos, com um total de 39 itens dispostos em uma estrutura de seis dimensões: 1) Compromisso (colaboração e negociação); 2) Dominação (necessidade de buscar ter o controle em situação de conflito); 3) Submissão (comportamento de ceder aos desejos e argumentos do (a) parceiro (a)); 4) Separação (avaliação sobre aspectos e dissolução do relacionamento; 5) Evitação (esquiva e evitação de momentos de conflito) e 6) Interação com reatividade (agressão verbal e mobilização emocional).

No Brasil, até o momento da elaboração desta pesquisa, foi encontrado apenas um instrumento com a finalidade de avaliar aspetos de resolução de conflito entre casais, a versão adaptada do Conflict Resolution Styles Inventory (CRSI) (Delatorre, Scheeren, & Wagner, 2017), que no Brasil obteve uma estrutura compatível à versão original americana (Kurdek, 1994), avaliando as dimensões de resolução positiva, afastamento, submissão e envolvimento no conflito, sendo os indicadores de precisão dos instrumentos apontados como regulares e bons (coeficiente de Cronbach de 0,52 a 0,78).

 

4 Objetivos e Organização do Estudo

Diante do contexto apresentado, observou-se a necessidade de adaptação e/ou de desenvolvimento de uma medida voltada para a investigação das estratégias de resolução de conflito romântico no Brasil. Considerando as limitações psicométricas de precisão da CRSI no estudo brasileiro (Delatorre et al., 2017), bem como a concepção de que a adaptação de instrumentos de outras culturas pode não atender plenamente o contexto alvo de adaptação (Borsa, Damásio, & Bandeira, 2012), seja por aspectos psicométricos, seja por aspectos de entendimento dos itens (Alexandre & Coluci, 2011; Pais-Ribeiro, 2013), os proponentes do presente estudo decidiram pelo desenvolvimento de um novo instrumento, a Escala de Estratégias de Resolução de Conflito Romântico (E-RCR), orientados tanto por ferramentas e modelos teóricos já reconhecidos na comunidade acadêmica nacional e internacional (Kurdek, 1994; Laurenceau, Troy, & Carver, 2005; Zacchilli, Hendrick, &Hendrick, 2009; Hatfield, Luckhurst, & Rapson, 2012; Cassepp-Borges & De Andrade, 2013), como também pela criação de novos itens orientados para conteúdos comportamentais relativos à natureza de relações amorosas entre brasileiros (Parte I).

Por sua vez, compreendendo que o desenvolvimento de medidas é parte fundamental da ciência psicológica (Primi, 2010), bem como a criação de escalas psicológicas não deve ser um fim em si mesmo (Pais-Ribeiro, 2013; Tavares, 2003), acrescentando a necessidade de avanço no estudo das relações amorosas por estratégias metodológicas cientificamente reconhecidas (Hatfield, Luckhurst, &Rapson, 2012; Cassepp-Borges & De Andrade, 2013), a segunda parte deste artigo é orientada por um estudo teórico-empírico com base em hipóteses científicas, buscando compreender como aspectos de qualidade no relacionamento são afetados por estratégias de resolução de conflito em relacionamentos românticos (Parte II).

 

5 Método

5.1 Participantes

O presente estudo contou com uma amostra de conveniência de 416 participantes voluntários, dividida igualmente entre homens (N=213) e mulheres (N=213) de diferentes cidades da Região Sudeste. Todos participantes do estudo auto avaliaram-se como envolvidos em relacionamentos românticos, autoavaliados como estáveis e heterossexuais, no momento da pesquisa. A média de idade dos participantes, do estudo, foi de 29,60 anos (desvio padrão = 11,45 anos), com tempo médio de relacionamento de 7,59 anos (desvio padrão = 9,52 anos).

5.2 Procedimentos de Construção e Levantamento de Evidências Psicométricas

O processo de adaptação do instrumento Romantic Partner Conflict Scale (RPCS) (Zacchilli, Hendrick, &Hendrick, 2009) foi orientado por diferentes trabalhos relacionados à área de construção, adaptação e desenvolvimento de instrumento (Borsa et al., 2012; International Test Commission, 2017; Pasquali, 2010; Reppold, Gurgel, & Hutz, 2014). Dimensões do RPCS: 1) Compromisso (colaboração e negociação); 2) Dominação (necessidade de buscar ter o controle em situação de conflito); 3) Submissão (comportamento de ceder aos desejos e argumentos do (a) parceiro (a); 4) Separação (avaliação sobre aspectos e dissolução do relacionamento); 5) Evitação (esquiva e evitação de momentos de conflito) e 6) Interação com reatividade (agressão verbal e mobilização emocional). Sequencialmente, os itens da versão americana da RPCS foram traduzidos por dois doutores em Psicologia, especialistas em pesquisa no campo dos relacionamentos românticos.

Após a tradução dos itens e a observação de que muitos desses possuíam estrutura de avaliar dois comportamentos numa única proposição (ex.Whenwehaveconflict, weseparatebutexpecttodealwith it later), os pesquisadores decidiram pela criação de itens, com procedimentos de grupo focal, com pessoas envolvidas em relações românticas, objetivando o levantamento de expressões frasais mais apropriadas, no português brasileiro. Finalizando a etapa preliminar de elaboração de itens, três casais com características comuns à amostra do estudo (relacionamento autoavaliado como estável) avaliaram a pertinência entre o conteúdo dos itens e a dimensão planejadas na sua construção, bem como avaliaram aspectos de sua intepretação (evidências de conteúdo e face dos itens). Não havendo considerações negativas, chegou-se a um instrumento parcial com 55 itens, denominado na versão piloto de Escala de Estratégias de Resolução de Conflito Romântico (Escala E-RCR), sendo o mesmo avaliado por uma escala intervalar de cinco pontos (1 - nunca a 5 - sempre).

5.3 Instrumentos

O instrumento utilizado neste estudo foi um formulário autoaplicável, contendo: a) Questionário sociodemográfico contendo as informações prévias dos participantes (sexo, idade, tempo de relacionamento, crença religiosa, etc); b) Escala de Avaliação da Qualidade dos Relacionamentos Amorosos (Aquarela-R) (De Andrade & Garcia, 2012),a partir do instrumento original de 46 itens, decidiu-se pelo uso das subdimensões de Comunicação (10 itens) e Relacionamento sexual (cinco itens), ambas subescalas com indicadores de precisão alfa de Cronbach superiores a 0,90, respondidas a partir de escalas do tipo diferencial semântico de sete intervalos (ex. Intenso/Não intenso); e c) Escala de Estratégias de Resolução de Conflito Romântico (Escala E-RCR), instrumento desenvolvido no presente estudo.

5.4 Procedimento de coleta e análise dos dados

A presente pesquisa, anteriormente ao seu processo de coleta de dados, foi avaliada e obteve parecer favorável do comitê de ética em pesquisa da Universidade vínculo dos pesquisadores (protocolo número: 38697914.8.0000.5542). O processo de coleta de dados foi conduzido por dois assistentes de pesquisa, sendo os participantes recrutados a partir da rede de contato dos pesquisadores e por indicação de respondentes da própria pesquisa. A aplicação dos questionários ocorreu de maneira individual, no formato lápis e papel e foi supervisionada pelos assistentes de pesquisa. Inicialmente, potenciais participantes foram identificados a partir da rede de contato dos pesquisadores, bem como foram divulgados anúncios em locais públicos da Universidade vínculo dos autores deste artigo, recrutando casais para participação do estudo. Ao responder presencialmente ou por contato telefônico sobre a disponibilidade em participar do estudo, os pesquisadores se dirigiam com formulário de pesquisa até o local desejado pelos respondentes. Todos os respondentes do estudo receberam um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido com informações sobre a pesquisa, que foi entregue e lido pelos participantes, e após sua concordância deu-se a entrega do formulário com as subescalas do estudo. O tempo de aplicação dos questionários foi, em média, de 30 minutos por participante.

5.5 Análise de dados

Os dados deste estudo foram analisados com o auxílio do software estatístico R (R Development Core Team, 2010) e Factor versão 0.8 (Lloret, Ferreres, Hernández, & Tomás, 2017). Primeiramente, foi realizada uma inspeção dos dados, a partir de procedimentos de estatísticas de frequências e descrição, com todos os itens e variáveis. Na sequência, foram utilizados procedimentos analíticos multivariados, para levantamento das evidências de validade de construto da medida psicológica adaptada no estudo (análise fatorial com métodos dos mínimos quadrados não ponderados) e precisão, a partir do cálculo do coeficiente Ômega de McDonald (Trizano-Hermosilla & Alvarado, 2016). Procedimentos de regressão hierárquica foram realizados com o método Enter para verificar predições de qualidade em relacionamento, dentro das subescalas de Comunicação e Relacionamento Sexual do Aquarela-R, a partir das estratégias de resolução de conflito em relacionamento romântico, tempo de relacionamento e idade dos participantes.

 

6 Resultados

6.1 Desenvolvimento e Evidências Iniciais de Validade e Precisão - Escala de Estratégias de Resolução de Conflito Romântico (Escala E-RCR)

Prioritariamente aos procedimentos fatoriais de análise, realizou-se uma inspeção a partir dos gráficos de frequência de distribuição dos escores dos itens. Nessa etapa, adotou-se o critério de exclusão de itens que não discriminassem, em pelo menos 50 participantes, pontuações negativas e/ou positivas nas escalas Likert de cinco pontos. Nesta etapa, excluíram-se 11 itens considerados de alta desejabilidade/tendenciosidade, dentro dos 55 itens inicialmente propostos, restando 44 itens para procedimento de análise.

Posteriormente à primeira limpeza, com a exclusão de itens, executou-se uma análise fatorial com métodos dos mínimos quadrados não ponderados (ULS) como propósito de avaliar a fatorabilidade da matriz de dados. Esta se mostrou adequada aos dados, sendo os valores de referência do KMO igual a 0,88 e o teste de Bartlett significativo para p< 0,01. Para decisão sobre o número de fatores a serem extraídos, recorreu-se ao script executado no software R, que apresenta como produto a figura 1. Enfocando o critério da análise paralela de Horn, constatou-se a indicação de extração de cinco fatores e não seis, como foi previsto no modelo de desenvolvimento do instrumento.

 

 

Figura 1: Gráfico do Teste para decisão dos fatores.

 

Com a extração inicial de seis fatores, conforme o método anterior, observou-se que a matriz de itens resultantes ficou composta por apenas dois itens no sexto fator (item 12 "Quando discuto no meu relacionamento, procuro pensar no que vou falar para não me arrepender depois" e; item 18 "Quando discuto no meu relacionamento, procuro manter a calma para não dizer coisas que o (a) ofendam"). Considerando a inviabilidade de uma subdimensão da medida, com apenas dois itens, decidiu-se por uma solução alternativa ao modelo teórico original, adotando a sugestão de cinco fatores da análise paralela de Horn.

Os cinco fatores foram extraídos também com métodos de extração dos mínimos quadrados não ponderados, com rotação Promax. Para composição da versão final do instrumento decidiu-se pelo critério de manutenção dos fatores com número equivalente de itens, sendo estes compostos pelos representantes de maiores cargas fatoriais. Os dados da tabela 1 apresentam informações da estrutura da medida, com as cargas fatoriais dos itens e indicadores de precisão do tipo Ômega.

 

 

O conjunto final, de 20 itens, explicou 41% da variância dos dados, em cinco fatores. O primeiro fator, nomeado de "Resolução por Negociação", reuniu comportamentos de negociação, colaboração, compreensão e tomada de decisões. Engloba comportamentos positivos para o casal encontrar soluções para cessar o conflito, que atendam a ambos, ou um meio-termo, para que nenhum deles fique insatisfeito. Pontuações elevadas nessa dimensão associam-se com características favoráveis de negociação. Na estrutura final, o fator obteve um indicador de precisão de 0.81.

O segundo fator, "Resolução por Dominação", foi representado por comportamentos de coerção e persuasão do indivíduo em relação ao(a) seu(sua) parceiro(a). Os itens correspondentes a este fator e, respectivamente, os indivíduos com altos escores no mesmo, se caracterizam pela busca de controle da situação e expectativa que seus interesses sejam levados em consideração no conflito, não havendo sensibilidade aos sentimentos do(a) parceiro(a). O fator obteve precisão coeficiente Ômega de 0.83.

O fator três, "Resolução por Expressividade", traz comportamentos relacionados à expressividade e ao autocontrole da expressão de emoções negativas. Possui itens que avaliam comportamentos e recursos individuais de conseguir expressar seus sentimentos, opiniões e ideias, reunindo, também, comportamentos de autocontrole da expressão das emoções negativas, durante o conflito. Seu indicador de precisão final foi 0.73.

"Resolução por Submissão" foi o quarto fator, sendo caracterizado por comportamentos de submissão, de aceitação dos desejos, das necessidades e das opiniões do(a) parceiro(a), visando agradá-lo(a) ou apenas cessar o motivador de conflito. Pessoas com maiores escores nesse fator, comumente, são consideradas submissas em situações de tensão. O fator obteve coeficiente de precisão 0.70.

O quinto fator, "Resolução por Evitação", englobou comportamentos em que a pessoa, nas situações de conflito, escolhe abster-se, procurando evitar comunicação de assuntos polêmicos antes e durante a situação de conflito. Os indivíduos com alta pontuação, nessa dimensão, evitam conversar sobre assuntos controversos que possam desencadear mal-estar na relação, procuram negar a existência de situações de conflito e/ou realizam esquiva proposital do tema de divergência ou do(a) parceiro(a). O fator teve uma confiabilidade coeficiente Ômega de 0.63.

6.2 Estratégias de Resolução de Conflito: Relações e Predições

6.2.1 Hipóteses

Procurando compreender a relação teórica de aspectos de resolução de conflito, bem como fortalecer indicadores de validade preditiva do instrumento, estabelece-se quatro hipóteses norteadoras para Parte 2 da pesquisa: Hipótese 1 (H1) -espera-se que quanto maior a idade dos participantes, mais adaptativas serão as estratégias de resolução de conflito (Resolução por Negociação e Resolução por Expressividade) e menos as não adaptativas (Resolução por Dominação, Resolução por Evitação e Resolução por Submissão); Hipótese 2 (H2) -espera-se a mesma relação para duração do relacionamento, ou seja, estudos indicam que as estratégias de colaboração e regulação emocional são mais frequentes com o avançar da idade (Staudinger & Baltes, 1996);da mesma forma, casais mais velhos têm um valor superior de intimidade comum (Seider, Hirschberger, Nelson, & Levenson, 2009) e são mais propensos a expressarem emoções positivas e afeto, em comparação com os casais mais novos (Carstensen, Gottman, & Levenson, 1995).

Duas outras hipóteses são estabelecidas em relação à preditividade das dimensões de qualidade no relacionamento: Hipótese 3 (H3) - quais estratégias adaptativas (Resolução por Negociação e/ou Resolução por Expressividade) irão predizer positivamente tanto qualidade de Comunicação; bem como qualidade do Relacionamento Sexual; e quais estratégias não adaptativas (Resolução por Dominação, Resolução por Evitação e/ou Resolução por Submissão) negativamente, tanto qualidade de Comunicação, como qualidade do Relacionamento Sexual - Hipótese 4 (H4). Pesquisas da área de relacionamento apontam que comunicação e sexo/intimidade são os principais motivos de conflitos entre os casais (Dennison, Koerner, & Segrin, 2014). Bolze (2011) e Boas, Dessen e Melchiori (2010) apontam que a qualidade da comunicação do casal, desacordos e conflitos que precisam ser resolvidos aumentam os fatores de conflito conjugal. O relacionamento sexual também é um dos motivos de maior conflito entre os casais (Amidu, Owiredu, Gyasi-Sarpong, Woode, & Quaye, 2011). Casais que tiveram seus relacionamentos classificados como saudáveis, apresentaram padrões de comunicação eficazes e preocupação com a manutenção da relação (Wright, Simmons, & Campbell, 2007).

Para responder (H1) e (H2) e compreender como idade e tempo de relacionamento se relacionavam com aspectos de resolução de conflito, executou-se uma análise de correlação de Pearson. O índice de correlação indicou que a idade dos participantes se relacionou significativamente com regulação por evitação (0.17), ou seja, casais de maior idade usam mais estratégia de evitação para enfrentamento de situações de desgaste. Tempo de relacionamento, correlacionou-se com regulação por evitação (0.10) e regulação por expressividade (0.12), ou seja, os envolvidos em relacionamentos de maior duração procuram utilizar estratégias de esquiva de conflito, além de utilizarem recursos de maior expressividade em situações de tensão. Dados que corroboram com as hipóteses formuladas, ou seja, idade e tempo de relacionamento relacionam-se com estratégias de resolução de conflito romântico.

Para entendimento da relação das variáveis de resolução de conflito com qualidade (H3 e H4), realizaram-se dois procedimentos de regressão múltipla hierárquica (método Enter). Nos procedimentos de análise, foram tomadas as variáveis de qualidade do relacionamento como variáveis dependentes (relacionamento sexual e comunicação) e, como variáveis independentes, os cinco fatores da escala de resolução de conflito (primeiro bloco), agregados às variáveis tempo de relacionamentos e idade dos participantes, em um segundo bloco. Ambos modelos se mostraram significativos, e a tabela 2 apresenta os valores β e R².

 

 

Na predição qualidade da comunicação dentro do relacionamento, constata-se, no conjunto de variáveis do bloco 1, a positiva e significativa preditividade de estratégias de Negociação e negativa para Dominação e Evitação. Quando o modelo é acrescido das variáveis idade e tempo de relacionamento, percebe-se um aumento na capacidade significativa do mesmo, sendo preditores negativos significativos: Dominação, Evitação e idade e o preditor positivo: Negociação. As estratégias de Expressividade e Submissão não foram preditoras significativas de Qualidade da Comunicação.

Quanto ao modelo de qualidade dentro do relacionamento sexual, o procedimento analítico indicou que estratégia de negociação (de forma positiva) e evitação (de forma negativa) foram preditoras da qualidade do envolvimento em interações sexuais no relacionamento. Com o acréscimo das variáveis demográficas, no bloco 2, o modelo obteve uma melhora de 2 pontos percentuais na sua explicação, a estratégia de negociação permaneceu como positiva, a de evitação permaneceu como negativa, como preditoras significativas de qualidade nos relacionamentos sexuais. O acréscimo que ocorreu foi que a estratégia de expressividade (de forma positiva) e a variável tempo de relacionamento (de forma negativa) apareceram como/ foram preditoras, com a adição das variáveis demográficas.

A hipótese H3 é corroborada com base nos resultados das análises, pois a estratégia adaptativa Negociação apareceu como positivamente preditiva para qualidade da comunicação e do relacionamento sexual em relacionamento romântico e H4 também, pois a estratégia não adaptativa Resolução por Evitação foi, de forma negativa, preditora tanto na qualidade da comunicação, como na do relacionamento sexual. Adicionalmente, percebe-se o efeito de idade na comunicação e do tempo de relacionamento nas interações sexuais.

 

7 Discussão

A medida psicológica do presente estudo apresentou propriedades positivas quanto aos aspectos de evidências de conteúdo e construto, além de indicadores de precisão pelo coeficiente do tipo Ômega adequados. A versão final da Escala E-RCR apresentou estrutura dimensional com cinco fatores: Resolução por Dominação, Resolução por Negociação, Resolução por Evitação, Resolução por Submissão e Resolução por Expressividade. A decisão final de escolha por cinco fatores baseou-se na incompatibilidade de ajuste dos dados da matriz fatorial planejada à estrutura de seis dimensões, aspecto reforçado pelos dados empíricos da matriz paralela de autovalores, a qual apontou extração de cinco fatores. A matriz resultante, apresentada na tabela 1, teve uma distribuição adequada, em termos do número de itens por fator, além do agrupamento de itens com mesmo significado semântico (indicador do conteúdo item-fator). Quanto à precisão da medida, os resultados dos coeficientes de Ômega variaram de 0,63 a 0,81,sendo considerados aceitáveis e bons em todas as dimensões (Trizano-Hermosilla & Alvarado, 2016). No que concerne aos aspectos de preditividade, o instrumento apresentou dimensões preditivas relacionadas à qualidade de aspectos de comunicação e relacionamento sexual entre participantes envolvidos em relacionamento romântico.

Ao compara-se qualitativamente o instrumento desenvolvido no presente estudo com a medida americana Romantic Partner Conflict Scale, obtém-se um instrumento com características teóricas respaldas na literatura científica (Gillen, Collisson, Murtagh, Browne, & McCutcheon, 2016; Tibbetts & Scharfe, 2015; Zacchilli, Hendrick, & Hendrick, 2009), com alterações estruturais ocasionadas tanto pelos novos itens desenvolvidos no contexto português-brasileiro, como por aspectos culturais de interação diádica da amostra (De Andrade, Oliveira, & Hatfield, 2017) e com propriedades psicométricas iniciais que permitem sustentar parte do modelo teórico e viabilizar o uso de um instrumento com evidências científicas. No que concerne ao conjunto de ferramentas disponíveis no Brasil, a Escala de Estratégias de Resolução de Conflito Romântico (E-RCR) é uma alternativa à versão adaptada da CRSI, possuindo indicadores de precisão mais adequados e aceitáveis às expectativas de confiabilidade de ferramentas de medida psicológica (Peters, 2014).

Com respeito à aplicabilidade da medida, o presente instrumento agrega valor ao campo científico de estudo dos relacionamentos românticos no Brasil, que poderá ser usado em diferentes estudos ligados a construtos psicológicos, sejam eles no campo da Psicologia Social (ex. atração interpessoal), família (ex. violência conjugal), Psicologia Positiva (bem-estar, felicidade) ou Psicologia Clínica com base em evidências empíricas (ex. psicoterapia com casais). Do ponto de vista nomológico do construto estratégia de resolução de conflito, observa-se que as cinco estratégias possuem preditividade para dimensões de qualidade do relacionamento. Sobre a influência das diferentes táticas de resolução de conflito sobre dimensões de qualidade do relacionamento, Cramer (2002) sinaliza que estratégias de resolução de conflito estão entre os preditores mais importantes para a satisfação do relacionamento. Em estudo de De Andrade, Oliveira & Hatfield (2017), foi encontrada relação negativa entre conflito trabalho-família e compromisso com o cônjuge, ou seja, quanto maiores os níveis de conflito, menores os indicadores de compromisso entre os parceiros.

Em termos gerais, percebeu-se que estratégias de negociação comumente se associam com aspectos positivos, nos diferentes tipos de qualidade. Com relação à estratégia que afeta negativamente os múltiplos aspectos do relacionamento, a de Evitação mostrou-se como um comportamento sabotativo do relacionamento, em termos da sua qualidade, de processo de comunicação e interação sexual. Relacionamentos que geram contextos de esquiva e de controle tornam-se interações pouco positivas para percepções de experiências de intimidade. Observa-se, também, que estratégias positivas de resolução de conflito não variam com o tempo. São comportamentos considerados atrativos no início da relação que se mantém estáveis conforme o relacionamento se desenvolve. Desde o estudo clássico de Hill, Rubin e Peplau (1976), entende-se que variáveis como pouca intimidade e investimento desigual de um dos parceiros no relacionamento potencializam níveis de insatisfação e as dissoluções.

Dentro do presente estudo, as variáveis que predisseram negativamente um dos aspectos de qualidade (ex. autocontrole da expressividade, evitação) podem ser apontadas como indicadores destes níveis não equitativos de investimento, que quando alinhadas com idade (mais jovens) e relacionamentos mais curtos formulam contexto para menor qualidade. No entanto, estratégias negativas variam de acordo com o tempo, sendo manifestadas, comumente, em contexto de turbulência, podendo ser mais ou menos frequentes, de acordo com o contexto (Hurley & Reese-Weber, 2012). Especificamente, sobre a relação do prejuízo da qualidade da comunicação, recursos de negociação são estratégias positivas para o enfrentamento de desentendimentos. Braithwaite, Selby e Fincham (2011) sinalizam que padrões negativos de comunicação, no relacionamento, dificultam o perdão e os esforços individuais para aprimorar o relacionamento.

No que diz respeito às limitações do estudo, um dos problemas inerentes às predições de qualidade em relacionamento é gerado pelo uso das escalas psicológicas desenvolvidas, quase todas possuidoras de grande viés de desejabilidade, mesmo diante do uso de escalas precisas e com parâmetros adequados de validade (De Andrade, 2011). Nessa direção, torna-se interessante um contorno dessas tendências de erro de apreciação do fenômeno com outros recursos de medida ou construtos de sondagem, como no caso das estratégias de conflito. Nos quatro modelos testados, estratégia de negociação e evitação foram as preditivas das dimensões de qualidade, estas, por sua vez, demonstram-se preditivas por diferentes combinações de estratégia de conflito e variáveis demográficas. Avaliações com uso de medidas de satisfação ou qualidade específicas, se fossem empregadas de forma isolada, tenderiam a dar uma dimensão apenas de valia positiva e raramente negativa. Nesses casos, são metodologias, de certa forma, limitadas para um entendimento mais abrangente da qualidade e do conflito em um relacionamento.

 

8 Considerações finais

O conjunto dos resultados apresentados sinaliza a adaptação de um instrumento com boas evidências de validade e precisão. Todavia, reforçamos futuros pesquisadores ao teste da estrutura dimensional a partir de procedimentos fatoriais confirmatórios. Na mesma direção de estudos anteriores, observa-se uma expansão significativa de medidas psicológicas e pesquisas com o enfoque psicométrico e estatístico para investigação do amor, no Brasil. Ainda se destaca a necessidade de investigações futuras com um viés mais preditivo e explicativo, por exemplo, estudos com características experimentais, análises de dados a partir de fontes de díade conjugal (ambos os envolvidos respondendo a pesquisa) e investigações em contextos aplicados (ex. qualidade de relacionamentos na terceira idade) e violência conjugal e/ou familiar. Ainda sobre as particularidades da medida adaptada, destaca-se a gratuidade do instrumento enquanto ferramenta de avaliação para interessados no fenômeno, aspecto importante para os autores, para continuidade do crescimento do campo de estudo em questão, no Brasil.

 

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Endereço para correspondência
Alexsandro Luiz De Andrade
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, CEP 29075-910, Vitória – ES, Brasil
Endereço eletrônico: alexsandro.deandrade@yahoo.com
Caroline Egert
Universidade Federal do Espírito Santo – UFES
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, CEP 29075-910, Vitória – ES, Brasil
Endereço eletrônico: carol.egert@yahoo.com.br

Recebido em: 17/07/2016
Reformulado em: 12/11/2018
Aceito em: 12/11/2018

 

 

Notas

* Pós-doutor em Psicologia pela Hawaii University, atualmente professor do Programa de Pós-graduação em Psicologia e do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo - Bolsista de Produtividade Cnpq.
** Psicóloga pela Universidade Federal do Espírito Santo, Pós-graduanda em Gestão Empresarial pela Faculdade Multivix, Professora-orientadora e Desenvolvedora de Projetos em Makers House - Aprender Fazendo.

Apoio financeiro CNPq (bolsas de pós doutoramento e produtividade para o primeiro autor e bolsa de iniciação científica para o segundo autor).

 

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