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Estudos e Pesquisas em Psicologia

versão On-line ISSN 1808-4281

Estud. pesqui. psicol. vol.21 no.2 Rio de Janeiro maio/ago. 2021

http://dx.doi.org/10.12957/epp.2021.61053 

Estudos e Pesquisas em Psicologia
2021, Vol. 02. doi:10.12957/epp.2021.61053
ISSN 1808-4281 (online version)

 

PSICOLOGIA SOCIAL

 

Territorialidades e Contexto Urbano nos Estudos sobre a Relação Pessoa-Ambiente: Revisão Integrativa de Literatura

 

Adria de Lima Sousa*; Luis Augusto Zeni**; Daniela Ribeiro Schneider***
Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC, Florianópolis, SC, Brasil
Endereço para correspondência

 

RESUMO

Grande parte da população mundial vive atualmente nas cidades, sendo a territorialidade um modo de compreensão contemporâneo da constituição desses espaços de vida. Esse estudo teve como objetivo compreender de que modo o conceito de territorialidade tem se relacionado com os estudos sobre a relação pessoa-ambiente no contexto urbano. A pesquisa propõe uma revisão integrativa utilizando bases nacionais como Scielo e Pepsic, e internacionais, como Web of Science, Sage Journal e Science Direct. As buscas resultaram em 219 artigos e, após seleção conforme os critérios de elegibilidade, obtiveram-se 21 artigos completos para análise. Os resultados indicaram um aumento da produção nos últimos anos, com temas relacionados a aspectos psicossociais, planejamento urbano, criminalidade e segurança, aspectos culturais e religiosos, saúde, educação. Destacou-se o entendimento da territorialidade atrelado aos contextos urbanos a partir de aspectos físicos e simbólicos do uso, ocupação e transformação dos espaços. A territorialidade, tomada como um conceito interdisciplinar, permite dialogar com a psicologia ambiental e com a psicologia existencialista, sustentando a importância dos territórios na dimensão social da existência.

Palavras-chave: territorialidades, cidades, interdisciplinaridade.


 

Territorialities and Urban Context in Studies on the Person-Environment Relationship: Integrative Literature Review

 

ABSTRACT

Much of the world population currently lives in cities, with territoriality being a contemporary way of understanding the constitution of these living spaces. This study aimed to understand how the concept of territoriality has been related to studies on the person-environment relationship in the urban context. The research proposes an integrative review using national bases such as Scielo and Pepsic, and international ones, such as Web of Science, Sage Journal and Science Direct. The searches resulted in 219 articles and, after selection according to the eligibility criteria, 21 complete articles were obtained for analysis. The results indicated a greater production in recent years, with themes related to psychosocial aspects, urban planning, crime and security, cultural and religious aspects, health, education. The studies pointed to the understanding of the concept of territorialities linked to urban contexts from physical and symbolic aspects of the use, occupation and transformation of spaces. Territoriality, taken in an interdisciplinary concept, allows the dialogue with environmental psychology and existentialist psychology and to understand the importance of territories in the social dimension of existence.

Keywords: territorialities, cities, interdisciplinarity.


 

Territorialidades y Contexto Urbano en Estudios sobre la Relación Persona-Medio Ambiente: Revisión de la Literatura Integrativa

 

RESUMEN

Gran parte de la población mundial vive actualmente en ciudades, así que la territorialidad es una forma contemporánea de entender la constitución de estos espacios de vida. Este estudio tuvo como objetivo comprender cómo el concepto de territorialidad se ha relacionado con estudios sobre la relación persona-entorno en el contexto urbano.La investigación propone una revisión integradora utilizando bases nacionales como Scielo y Pepsic, e internacionales, como Web of Science, Sage Journal y Science Direct. Las búsquedas dieron como resultado 219 artículos y, tras la selección de acuerdo con los criterios de elegibilidad, se obtuvieron 21 artículos completos para su análisis. Los resultados indicaron una mayor producción en los últimos años, con temas relacionados con aspectos psicosociales, planificación urbana, crimen y seguridad, aspectos culturales y religiosos, salud, educación. Los estudios apuntaron a la comprensión del concepto de territorialidades vinculadas a los contextos urbanos desde aspectos físicos y simbólicos del uso, ocupación y transformación de los espacios. La territorialidad, presentada de manera interdisciplinar, permite dialogar con la psicología ambiental y la psicología existencialista y comprender la importancia de los territorios en la dimensión social de la existencia.

Palabras clave: territorialidades, ciudades, interdisciplinariedad.


 

 

A vida acontece na cidade, nos espaços, em lugares e em territórios, por isso é tão importante dimensionar funções gerais que revelam o valor mediador do território nas interações sociais. O conceito de território pode ser entendido a partir da proposta do geógrafo Milton Santos. Para o autor, "o território é o lugar em que desembocam todas as ações, todas as paixões, todos os poderes, todas as forças, todas as fraquezas, isto é, onde a história do homem plenamente se realiza a partir das manifestações da sua existência" (Santos, 2011, p. 13). A concepção sobre território de Milton Santos tem influências do pensamento de Lefebvre (1991) e do existencialismo de Jean Paul Sartre (1979, 1943/2015), que abordam a realidade humana como produto e produtora das dimensões materiais da vida. Dessa forma, Milton Santos contribui significativamente com a Geografia ao embutir no conceito de território a noção de que este só pode ser entendido de acordo com o uso que se faz dele a partir da ação humana, de forma concreta e não abstrata, sendo uma condição da existência (Santos, 2006). A psicologia ambiental, caracterizada por diálogos interdisciplinares, que tem cada vez mais aprofundado os estudos sobre a relação pessoa-ambiente em contextos urbanos, também apresenta elementos teóricos nessa direção (Higuchi, Kuhnen, & Pato, 2019).

Na psicologia ambiental, o estudo da afetividade como aspecto constitutivo da condição humana tem sido bastante útil para avaliar e pensar em transformação de ambientes, visto que o comportamento afetivo tem grandes implicações no bem-estar (Bomfim, Delabrida, & Ferreira, 2018). A partir deste aspecto, é possível falar em apego ao lugar, identidade de lugar, identidade social urbana, apropriação e territorialidades. A afetividade associada às espacialidades é uma das principais categorias de análise para entender a relação pessoa-ambiente (Proshansk, Fabian, & Kaminoff, 1983; Giuliani & Scopelliti, 2009).

O apego ao lugar refere-se ao elo afetivo entre a pessoa e os entornos físicos aos quais se atribui valor a partir de vivências espaciais significativas, que vão além das características físicas (Elali & Medeiros, 2011; Felippe & Kuhnen, 2012). A identidade de lugar reflete a construção de identidade, a partir da interação das pessoas com seu ambiente físico e social e com os sentimentos de pertencimento associados a espaços significativos (Mourão & Cavalcante, 2011). Já a identidade social urbana pode ser compreendida como uma extensão da identidade de lugar, que se relaciona especificamente com o contexto urbano e possibilita que múltiplas áreas de conhecimento visualizem a cidade "não somente como uma construção física, mas também como uma construção simbólica de seus habitantes, que engendra processos de apropriação" (Mourão & Bomfim, 2011, p. 225).

A apropriação é um fenômeno que ocorre tanto a partir de processos de identificação real ou simbólica quanto da ocupação e transformação de territórios, envolvendo o exercício de domínio sobre espaços e objetos, mesmo que estes não sejam efetivamente da pessoa (Cavalcante & Elias, 2011). É importante frisar que a apropriação se aproxima do conceito de territorialidade, mas tratam-se de conceitos distintos. De acordo com Pinheiro e Elali (2011), a territorialidade geralmente ocorre de modo mais passivo, evitando-se lugares alheios, mas isto não é uma regra. A territorialidade possibilita compreender o comportamento socioespacial humano e "atua como importante organizador do comportamento e da vida humanos no nível do indivíduo, das relações interpessoais e da comunidade. Suas funções são bem compreendidas se forem considerados parâmetros como tempo de ocupação do local, sentimentos relativos a ele, propriedade e exclusividade do seu uso" (Pinheiro & Elali, p. 155). Esse conceito tem sido mencionado nos estudos de diferentes áreas do conhecimento que objetivam compreender o modo como as pessoas ocupam e se organizam em seus territórios de vida. Embora seja um conceito que tem suas bases na etologia e na sociobiologia para compreender o comportamento territorial em diferentes dimensões, em áreas do conhecimento como a geografia e a psicologia ambiental é possível identificar elaborações teóricas que evidenciam o conceito de territorialidade relacionado à noção de território de modo complexo e associado aos acontecimentos nos espaços que podem ser considerados matrizes da existência humana (Fischer, 1994; Theodorivitz & Higuchi, 2018). No entanto, ainda é necessária a compreensão sobre esse conceito, visto que sua definição, por vezes, fica obscura. É importante entender qual base teórica tem direcionado os principais estudos sobre territorialidade para dar prosseguimento a novas pesquisas que busquem compreender a relação das pessoas com seu espaço circundante, que passa diretamente por esse entendimento. Com o objetivo de melhor compreender o conceito de territorialidade em sua relação com as condições de urbanidade, realizou-se uma revisão integrativa (RI) de literatura partindo da seguinte problemática de pesquisa: de que modo o conceito de territorialidade tem se relacionado com os estudos sobre a relação pessoa-ambiente no contexto das cidades?

 

Método

A revisão integrativa diferencia-se de uma revisão sistemática de literatura por não incluir apenas estudos primários e empíricos. É o tipo de revisão de literatura mais indicado quando o objetivo é uma busca mais exploratória e teórica de uma temática (Doolen, 2017; Torraco, 2005) e, portanto, tornou-se a opção mais adequada para elaboração desse estudo.

Para a realização da revisão integrativa de literatura, foi adotado um protocolo de análise baseado em um modelo apresentado por Alves e Gulwadi (2008), a partir de um roteiro adaptado (Zube, Sell, & Taylor, 1982). Quanto aos critérios de elegibilidade, foram incluídos artigos que abrangem a relação entre territorialidade e cidade, artigos que contemplem a relação pessoa-ambiente nesses contextos; artigos publicados em periódicos científicos revisados por pares, artigos nos idiomas português, espanhol e inglês e com acesso livre. Foram excluídos artigos que apenas mencionaram a palavra, mas não definiram o conceito de territorialidade e que não apresentaram relações entre territorialidade e cidade. Os artigos foram coletados em 5 diferentes bases nacionais e internacionais, a saber: Scielo (Referências na produção Nacional); Pepsic (Referências na produção da Psicologia na América Latina); SageJournal (Referência em Ciências Humanas e Sociais); Science Direct (Referência multidisciplinar) e Web of Science (Referência Nacional e Internacional que contempla diversas áreas do conhecimento). As consultas nessas bases e a análise de dados foram realizadas no primeiro semestre de 2019 e abarcaram todos os artigos publicados no momento da pesquisa, sem delimitações de tempo.

Em conformidade com o objetivo da pesquisa, após buscas prévias e análise de descritores utilizados nas bases, optou-se por utilizar as seguintes chaves de busca em todos os campos do artigo em bases internacionais e nacionais, respectivamente: ["Territoriality" AND "City"] e ["Territorialidade" AND "cidade"]. Não foram previstos termos plurais, mas estes, quando apareceram não foram excluídos da análise. Os artigos selecionados para leitura detalhada foram salvos em pastas separadas e suas informações foram inseridas em uma planilha do Excel para visualização e manejo geral dos dados. Os resultados apontaram para um total de 219 artigos encontrados na primeira busca geral. Em conformidade com os critérios de elegibilidade, foram excluídos 182 artigos e identificaram-se 6 duplicados. Obtiveram-se, assim, 31 artigos para leitura na íntegra, após a qual 10 artigos foram excluídos por apenas mencionar de forma difusa e não definir o conceito de territorialidade ou não apresentar relação entre territorialidade e cidade. O resultado final da busca inclui a análise de 21 artigos científicos. Além de analisar as definições teóricas de territorialidade, mediante análise temática de conteúdo (Bardin, 2010), verificaram-se aspectos quanto à abordagem metodológica, área, origem e ano de publicação.

 

Resultados

Os resultados do levantamento apontaram que a frequência da produção internacional (13) é maior quando comparada a estudos nacionais (8), ainda que se possa considerar significativa a presença de oito artigos brasileiros em um universo dos 21 artigos selecionados. Dentre as produções internacionais, os países de publicação dos artigos foram: Congo, Colômbia, Argentina, Estados Unidos, Irã, Tanzânia, Holanda, Inglaterra e Equador. Como não foi feita delimitação temporal na busca, é interessante notar que foram encontrados artigos publicados a partir do ano de 2007, sendo que entre 2017 e 2018 observou-se um aumento significativo das publicações, totalizando nesses dois últimos anos 14 artigos publicados, isto é, mais de 50% das publicações.

As publicações selecionadas aparecem em diversas áreas do conhecimento e a partir de diferentes abordagens metodológicas. Estas foram identificadas como qualitativas, quantitativas ou mistas (quando abarcam aspectos qualitativos e quantitativos em conjunto). Na maioria das publicações, foram utilizadas abordagens qualitativas, caracterizando estudos mais exploratórios (Tabela 1).

 

 

Foi possível observar, dentre as publicações que abordam o conceito de territorialidade, uma maior quantidade de trabalhos de caráter interdisciplinar. Consideraram-se como produções interdisciplinares aquelas que reuniam dois ou mais pesquisadores, como autores, com áreas distintas de formação. Essas áreas incluíam ciências sociais, turismo, direito, geografia, história, psicologia, arquitetura, economia, enfermagem e educação física. Nota-se, dessa forma, que o conceito de territorialidade dialoga com o próprio entendimento acerca da psicologia ambiental por seu caráter interdisciplinar, que busca compreender os fenômenos estudados à luz de múltiplas disciplinas do conhecimento. Em 2018, no Brasil, foi criada a Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente (ABRAPA), revelando no próprio nome da organização seu caráter interdisciplinar, por não se limitar apenas à psicologia, mas englobar todas as disciplinas que se interessam pela relação pessoa-ambiente 1.

Para organizar a apresentação dos resultados conforme as definições de territorialidade encontradas nas publicações, os artigos foram analisados conforme as temáticas apresentadas, como pode ser observado na Tabela 2.

 

 

De modo geral, foi possível observar convergências teóricas na concepção de territorialidade direcionada a diferentes temas de pesquisa. As temáticas de pesquisa que mais se destacaram foram as que envolviam planejamento urbano (6) e aspectos psicossociais (7) relativos à identificação, vinculação, apropriação e relação simbólica com o território. Também merecem destaque estudos que evidenciam aspectos relacionados a criminalidade e segurança nos espaços (3). Foi possível observar que os trabalhos apresentam o entendimento de que a territorialidade envolve a possibilidade de uso, atribuições de significado e controle sobre determinado território, conforme será apresentado a seguir.

Aspectos Psicossociais

No que se refere às sete produções com temáticas associadas aos aspectos psicossociais - como apego ao lugar e questões identitárias, por exemplo -, o conceito de territorialidade emerge diante de reflexões teórico-metodológicas que o apresentam como elemento constituinte do território, mediante aspectos físicos e simbólicos. A territorialidade seria a possibilidade de construir, conservar e proteger o território como dimensão da própria existência. A territorialidade é expressa, ainda, como forma de defender e apropriar-se do espaço, tanto física quanto simbolicamente, ao envolver privacidade e espaço pessoal. Vale ressaltar que tanto o conceito de espaço pessoal como o conceito de privacidade são conceitos da psicologia ambiental que evidenciam a importância da intimidade como mediador das relações e do próprio bem-estar (Pinheiro & Elali, 2011).

Prado Junior, Amaral e Barbosa (2018) resgatam a origem etológica do conceito, relativa ao comportamento territorial de demarcação de espaços considerados pertencentes, mas destacam que a territorialidade em humanos só pode ser compreendida em termos de cultura, que é mediada pela linguagem, pela religião, pelas atitudes e pela tecnologia. Assim, compreende-se que o território humano é mais do que a dimensão física e que a produção de territorialidades é uma ação constante (Prado Júnior et al., 2018). Um estudo realizado sobre estratégias espaciais propõe algumas reflexões teóricas sobre territorialidades humanas e apresenta uma acepção da territorialidade atrelada ao fortalecimento de sentimentos de coesão social e de relações que envolvem sociabilidades (Moreira & Santos Maia, 2017). A identificação das pessoas com o lugar é um fator que vai além das características geográficas e inclui relações de poder, sociais e cotidianas (Borrell, 2016).

No estudo de Rodríguez-Mancilla e Grondona-Opazo (2018), a territorialidade é entendida como elemento constituinte do território, ao abarcar a realização de ações que conservam, constroem, consolidam e defendem o próprio estilo de vida das pessoas. Na pesquisa de Preciado-Trujillo (2017), que utilizou a cartografia como método para compreensão das territorialidades no processo de migração, é possível entender o conceito de territorialidade mediante a forma como uma comunidade desenvolve suas atividades diárias e ocupa o território atual com perspectivas de futuro, de acordo com as atividades econômicas do território. Assim, a expressão da territorialidade ocorre com base no que as pessoas são e no que desejam ser. As territorialidades consistem em ações que buscam exercer um domínio territorial, podendo ser exercidas por indivíduos e grupos - incluindo instituições. Podem também ser compreendidas como uma construção social de pertencimento e de identificação com o território (Guarino, 2015).

Planejamento Urbano

Nos seis estudos que utilizam a territorialidade como conceito importante no entendimento do planejamento urbano, destaca-se a definição conceitual de territorialidade como "processo no qual os setores populares, através da ação coletiva, exercem um poder sobre o território, produzindo e transformando o dito território em seu lugar. Ao mesmo tempo, eles se apropriam simbolicamente daquele lugar" (Carvajal-Capacho, 2018, p. 123, tradução livre). Nesses estudos, de modo geral, o conceito de territorialidade perpassa uma maior ênfase em aspectos físicos do território, mas sempre remete à possibilidade de ocupação, uso, controle geográfico e identificação mediante ação de um grupo social. O controle exercido pode se dar de modo formal, legitimado por instituições sobre o uso dos espaços, ou de modo informal, mas envolve sempre posse sobre algum espaço e a necessidade de ações coletivas para organização do acesso, defesa e proteção deste. Estes fatores devem ser considerados no planejamento urbano das cidades.

A territorialidade é tratada de forma complexa nos estudos dessa categoria, em que o conceito aparece de modo transversal, enfatizando as relações que são estabelecidas no contexto urbano a partir do território. Assim, a territorialidade é compreendida como as relações e formas de uso que as pessoas impõem à cidade, de acordo com suas características históricas e geográficas, abrangendo os meios pelos quais as entidades coletivas buscam seus objetivos e caracterizando-se como territorialidades positivas quando encorajam práticas em um território ou negativas quando servem para repressão (D'Ascenzo, 2013). Para Hönke e Cuesta-Fernandez (2017), a territorialidade pode ser considerada uma tecnologia política quando as estratégias de forças e controle sobre um espaço são amparadas em dispositivos legais. De acordo com os estudos de Martins Medeiros, Correa Neto e Medeiros (2017), a territorialidade também pode ser compreendida como característica da territorialização, na qual uma pessoa ou um grupo tenta influenciar ou controlar pessoas ou recursos conforme controle de uma área geográfica. Assim, a territorialidade geralmente é produto de representações do território, que são possíveis a partir das apropriações do espaço (Martins Medeiros et al., 2017).

Definições de teóricos da Geografia são apresentadas para conceituar a territorialidade como sendo a tentativa de um grupo de influenciar ou afetar pessoas, fenômenos e relações para delimitar e impor controle sobre uma área geográfica, o que reflete a multidimensionalidade do vivido territorial pelos membros de uma coletividade e se efetiva em distintas escalas espaciais, variando no tempo através das relações de poder, das redes de circulação e comunicação, da dominação e de identidades (Lima da Silva & Tourinho, 2017). A territorialidade passa a ser compreendida também como uma dimensão social da cidade capaz de prover espaço pessoal, privacidade e repertórios de comportamento territorial, por meio da demarcação de barreiras físicas e simbólicas, realizada por pessoas em suas atividades cotidianas (Yeganeh & Kamalizadeh, 2018).

Criminalidade e Segurança

A discussão sobre criminalidade e segurança esteve presente em três artigos que abordaram fenômenos relativos ao comportamento de gangues e grupos marginalizados envolvidos com comportamentos ilícitos, bem como comportamentos de vizinhanças em busca de segurança em seus bairros. Em um dos artigos, discutiu-se como a interferência das territorialidades nos bairros, nas relações de vizinhança e na cidade podem reduzir a "desordem" e evitar o crime. O conceito de territorialidade discutido nesse estudo foi usado para se referenciar ao conjunto de atitudes, pensamentos e comportamentos que indicam um senso de posse e de algum modo associam-se a problemáticas relativas à criminalidade e à segurança (O'Brien, 2016). Para outros autores, a territorialidade consiste no controle de determinadas áreas geográficas e esse controle relaciona-se com o apego ao lugar e à própria construção de identidade de gangues ou grupos marginalizados (Roks, 2019).

Para mostrar em que medida a modificação ambiental reduz a realização de determinados crimes, o conceito de territorialidade é definido como ações realizadas por grupo ou por uma pessoa para defesa de um determinado espaço a partir da demarcação de fronteiras físicas ou simbólicas (Céspedes, Vargas Espinosa, Avendaño Prieto, Rincón, & Ospino, 2018). Em um estudo sobre a relação das territorialidades com o tráfico de drogas, o conceito foi apresentado como expressão espacial de poder, a partir da relação do uso e domínio do território, com a apropriação de espaços físicos e simbólicos úteis para reforçar identidades, delimitar fronteiras e legitimar o uso da força para a coação (Rodriguez, Ferreira, & Arruda, 2011).

Aspectos Culturais e Religiosos

Considerou-se como temáticas culturais e religiosas os dois estudos que abordaram o conceito de territorialidade diante de fenômenos associados a religiões e ao comportamento de diferentes etnias em determinados espaços. A territorialidade humana como estratégia geográfica para controle é considerada mais eficiente quando é capaz de comunicar regras, definir o que deve ser controlado e estabelecer formas de acesso aos lugares (Bechhofer, 2017). Para Serra (2017), há diversas formas de se conceber as territorialidades, visto que são muitas e diversas as relações que as pessoas ou os grupos têm com o espaço. De acordo com esta autora, essas relações caracterizam-se tanto a partir da apropriação integral de uma determinada porção do espaço físico como de uma identificação apenas no nível simbólico com um lugar. Nesse estudo, a autora também menciona o conceito de territorialidade religiosa, que pode ser "fortalecida pelas experiências religiosas coletivas ou individuais que o grupo mantém no lugar sagrado e nos itinerários que constituem seu território" (Rosenahl, 2005, p. 12934). Essa abordagem se aproxima da perspectiva dos aspectos psicossociais.

Saúde

Nos dois estudos cuja temática abarcou a relação entre territorialidade e saúde, o conceito foi apresentado como sendo um marcador de investimento social e organização do espaço defensável (Johnson-Lawrence, Schulz, Zenk, Israel, & Rowe, 2015). Este primeiro estudo demonstrou como os moradores com mais indicadores de territorialidade em seus bairros eram mais propícios a desempenhar atividades físicas nesse entorno e como isto gerava impactos positivos para saúde e bem-estar. Para Cutchin (2007), a territorialidade pode ser compreendida como uma expressão geográfica de poder social, que inclui estratégias para estabelecer diferentes graus de acesso a pessoas, coisas e relações. O trabalho chama a atenção para aprofundar estudos pautados em uma ótica da geografia da saúde alinhados à epidemiologia social, que considerem a influência da territorialidade nas paisagens e nas cidades e, por sua vez, na saúde das pessoas.

Educação

No único estudo sobre a educação, tomado em uma perspectiva de sua história, foi possível verificar a relação entre a escolarização e territorialidade na cidade de Belo Horizonte, sendo que o conceito foi apresentado como a ação de um grupo para ocupação, uso, controle e identificação de um ambiente físico, a fim de convertê-lo em território (Gouvea & Nicácio, 2017). Nesse estudo, a influência do Estado e de classes sociais na configuração do cenário urbano e nas relações de escolarização é revelada a partir das territorialidades que consistem no uso, ocupação e controle de determinados espaços, que repercutem nos serviços de educação.

 

Discussão

Ao refletir, de modo geral, sobre o conceito de territorialidade que tem sido utilizado nas pesquisas, observa-se que os autores partilham, em maior ou menor proporção, da concepção de territorialidade como ação coletiva ou individual que possibilita os diferentes sentidos do uso de determinado espaço, seja como um caráter de posse, controle, demarcação territorial, ou como expressão da dimensão existencial, simbólica e cultural das pessoas e seus coletivos. Nessa direção, a territorialidade envolve a própria produção da identidade de indivíduos e grupos e das várias dimensões da vida que são transpassadas, necessariamente, pela condição da espacialidade, tomada em uma perspectiva complexa, sem se reduzir apenas aos aspectos geográficos.

De modo geral, é possível constatar, nos estudos analisados, que a territorialidade se relaciona com a noção de grupo e de coletivo, uma vez que a territorialidade, embora possa ser considerada um comportamento de motivação individual (O'Brien, 2016), é mais evidente quando realizada pela ação coletiva de grupos, especificamente no contexto urbano (Carvajal-Capacho, 2018). A territorialidade também está associada com a identidade de lugar, a identidade social urbana, a construção de identidade e o apego ao lugar (Rodriguez et al., 2011; Roks, 2019). Além disso, relaciona-se ainda com a possibilidade de saúde e bem-estar (Cuchtin, 2007), inclusive se considerarmos a dimensão dos estilos de vida arraigados em territórios existenciais e seus impactos nas condições de saúde (Rodríguez-Mancilla & Grondona-Opazo, 2018).

Ao realizar uma análise das referências dos artigos verificou-se que o geógrafo Sack aparece de modo expressivo no referencial teórico adotado por um número significativo dos artigos encontrados (10). Para Sack (1986), a territorialidade humana é uma estratégia espacial para afetar, influenciar ou controlar recursos e pessoas, controlando a área geográfica. Soares Junior e Santos (2018) também constatam o predomínio do pensamento de Sack entre pesquisas que buscam discutir o conceito de territorialidade. É importante notar que a concepção de territorialidade adotada por Sack é de "uma territorialidade humana que se manifesta como estratégia espacial de influência e controle" (Soares Junior & Santos, 2018, p. 25) e diferencia-se de uma territorialidade associada a aspectos puramente etológicos de comportamentos biofísicos.

Observa-se que a concepção de território adotada por Sack encontra semelhanças com a concepção de território adotada pelo geógrafo Milton Santos, que, por sua vez, tem raízes no existencialismo de Jean Paul Sartre (Sack, 1986; Santos, 2006). O existencialismo pode ser concebido como a filosofia da ação transformadora das pessoas sob sua própria história e seu mundo concreto (Sartre, 1943/2015). A territorialidade reflete, portanto, as possibilidades da relação com um território, inclusive da própria criação de novos territórios de existência. Esses territórios precisam ser considerados diante dos processos históricos, econômicos, culturais, subjetivos e objetivos que lhes são inerentes.

Nos estudos que dão ênfase a uma perspectiva oriunda da psicologia ambiental, verifica-se que a territorialidade pode ser concebida como uma das dimensões sociais do espaço urbano, como viabilizadora do espaço pessoal e da privacidade, que possibilita comportamentos (Yeganeh & Kamalizadeh, 2018). De acordo com Brown, Lawrence e Robinson (2005), os comportamentos de territorialidade podem ser divididos em três componentes: marcação, controle e defesa. Outros autores, com enfoque nos estudos da relação pessoa-ambiente, costumam definir a territorialidade como componente do espaço defensável que se caracteriza pela existência de barreiras físicas e simbólicas (Brown & Altman, 1983).

Em estudos conceituais recentes no campo da psicologia ambiental, a territorialidade tem sido apresentada de forma complexa como um conceito que permite compreender as interações sociais e a apropriação do entorno físico e relaciona-se com fatores pessoais, socioculturais e contextuais (Theodorivitz & Higuchi, 2018). Estudar as territorialidades possibilita acessar "o conjunto de subjetividades e padrões materiais que são manifestados por um indivíduo ou grupo, os quais devem contextualizar não apenas aspectos psicossociais e culturais como também o momento histórico dessa manifestação e o ambiente físico em que acontecem" (Theodorivitz & Higuchi, p. 234).

Por tais razões, considera-se que o estudo da territorialidade encontra respaldo no existencialismo na busca de um entendimento complexo para a compreensão de dimensões da existência humana. A definição de territorialidade utilizada no presente estudo reconhece essa multiplicidade de olhares sobre o conceito a partir de diferentes perspectivas teóricas e parte de uma acepção em consonância com aportes teóricos da psicologia ambiental e do existencialismo, dando ênfase à afetividade como elemento constituinte desta. Portanto, territorialidade passa a ser concebida como um modo de vivenciar e se relacionar com os territórios mediante aspectos subjetivos e objetivos que englobam afetos e transformam pessoas e espaços reciprocamente.

 

Considerações Finais

O presente estudo almejou trazer um panorama geral sobre territorialidade e identificar as contribuições de diferentes áreas do conhecimento para entender esse conceito interdisciplinar tão importante para os estudos sobre a relação pessoa-ambiente em contextos urbanos. É importante ressaltar a usabilidade deste conceito, que ajuda a sustentar reflexões e práticas em muitas áreas e campos de atuação e a compreender de forma mais complexa a relação das pessoas e seus coletivos com a espacialidade que os cerca, em relação a qual são produtos e produtores. Sendo assim, verifica-se sua aplicabilidade na atenção psicossocial e saúde coletiva, na epidemiologia crítica, na criminologia, em estudos sobre religiosidade e educação, na discussão da dimensão cultural, suas manifestações e impactos sobre os processos de identidade psicossocial.

As limitações do estudo revelam-se na dificuldade de definição do conceito de modo único, visto que a territorialidade só pode ser entendida a partir de múltiplos fatores. Todavia, no exercício de definir tal conceito, é possível afirmar que a territorialidade é a forma como as pessoas agem e como permitem que outras pessoas ajam em seus territórios ou espaços de vida. Acredita-se que essa ação só pode ser compreendida mediante os aspectos afetivos que a mobilizam e estes, por sua vez, não estão dissociados de acontecimentos externos, quer sejam políticos, econômicos, físicos, culturais ou sociais.

Destarte, é necessário ampliar investigações para além do referencial teórico sobre a temática, a partir de estudos de campo onde a vida acontece, isto é, nos territórios da ação. Torna-se necessário, ainda, investigar mais a fundo as relações de poder que atravessam a constituição das territorialidades e as próprias representações desse conceito.

De todo modo, a territorialidade como ação criativa – do individual ao coletivo, do singular ao universal – de modos de operar (acessar e controlar o acesso, usar, ocupar e permitir o uso e a ocupação, transformar e permitir transformações) em determinados ambientes transforma o ambiente e também transforma pessoas, em uma relação recíproca que consiste em (im)possibilidades diversas.

 

Referências

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Recebido em: 27/09/2019
Reformulado em: 04/11/2020
Aceito em: 30/11/2020

 

 

Notas

* Psicóloga, Mestra em Psicologia pela Universidade Federal do Amazonas, Doutoranda em Psicologia na UNIV.
** Graduando em Psicologia na Universidade Federal de Santa Catarina.
*** Professora Doutora do Departamento de Psicologia da UFSC.
1 https://abrapa-rpa.org/sobre, recuperado em junho de 2019.

 

Financiamento: O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

 

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