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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. v.1 n.1 Rio de Janeiro jun. 2005

 

ARTIGOS

 

Terapia cognitiva narrativa em grupos terapêuticos de mulheres de terceira idade: uma perspectiva sócio-clínica

 

Narrative cognitive therapy in therapeutic groups of elderly womem: a social-clinical perspective

 

 

Eliana da Silva Ramos Arruda

Mestre em Psicologia pela Universidade São Marco e Especialista em Terapias Cognitivas e Construtivismo pela Universidade Paulista

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Este artigo tem sua origem a partir da dissertação de mestrado em que foi estudada a identidade de mulheres de terceira idade pela análise de conteúdo de narrativas de um grupo de apoio, resultado de trabalho de campo com um grupo de mulheres idosas que passam por um processo completo da terapia cognitiva narrativa. Nele, é enfocada a atuação terapêutica proposta como uma estratégia para se pensar na ampliação dos nossos recursos clínicos, interligando-os à prática comunitária e social. O objetivo é refletir sobre a inter-relação da Psicologia Clínica e da Social, apresentando-se um modelo de atuação em que essa interface foi característica. Para tanto, a metodologia que é sugerida condiz com o enfoque narrativo, adaptado a grupos terapêuticos, formados pela problemática comum, o que exige verificar questões identitárias numa visão psicossocial. Foi aplicado o método de Psicoterapia Cognitiva Narrativa, observando-se, no grupo de mulheres de terceira idade, as atitudes: Recordação, Descrição (ou Objetivação), Subjetivação, Metaforização e Projeção. Como resultado, além do prazer experimentado no ato de narrar e reconstruir significados, dimensiona-se o sentido de vida e projetos individuais, que corresponderiam ao resgate de cidadania, saúde mental e qualidade de vida das participantes. Concluindo, a tríade - narrativa, identidade e vida -, foco central do projeto de existência humana, revela o Carpe Diem (agarrar o momento), ou seja, viver narrativamente, formando-se e efetuando trocas com o mundo num perpétuo vir-a-ser.

Palavras-chave: Narrativas, Psicossocial, Grupos de apoio, Terapia narrativa, Processos psicossociais, Terceira idade, Mulheres.


ABSTRACT

This article stems from a master thesis in which the identities of elderly women were studied through the contents of the narratives from a support group, which resulted from fieldwork with a group of elderly women that are going through a complete process of narrative cognitive therapy. This article focuses therapeutic performance as a strategy for the expansion of our clinical resources, linked to the social-communitarian practice. The goal is to reflect on the relation between clinical and social psychology, by presenting an acting pattern characteristic to this interface. In this sense, the suggested methodology suits the narrative focus adapted to therapeutic groups formed according to common problems, which demands checking matters linked to identity in a psychosocial vision. The method applied was that of Narrative Cognitive Psychotherapy, taking into account the following attitudes in the elderly women group: Recollection, Description (or Objectification), Subjectivation, Metaphors and Projection. As a result, besides the pleasure experienced in narrating and rebuilding meanings, the sense of life and individual projects are dimensioned, which means the recovery of citizenship, mental health and quality of life. To sum up, the triad: narrative, identity and life, the main focus in the project of human existence, reveals the Carpe Diem (enjoy the moment), that is, living in a narrative way, adapting oneself and exchanging with the world in a perpetual “going to be”.

Keywords: Narratives, Psychosocial, Support groups, Narrative therapy, Psychosocial processes, Elderly, Women.


 

 

Introdução

Este estudo visa descrever e refletir sobre um modelo terapêutico elaborado e aplicado para um grupo de apoio de mulheres de terceira idade, fonte de pesquisa de dissertação de mestrado, que objetivou conhecer a identidade do idoso a partir dos estudos relatados pelas narrativas de histórias de vida desse grupo. A dissertação aqui mencionada, além da descrição metodológica de uma estratégia terapêutica desenvolvida para um grupo específico, compreende o estudo do perfil do idoso e sua visão acerca da vida, sendo esses aspectos sua maior ênfase. Aproveita-se agora a oportunidade de aprofundar a reflexão que foi uma das conclusões obtidas na dissertação: a atuação terapêutica narrativa como uma proposta de ampliação de nossos recursos clínicos, interligando-se à prática comunitária e social. Portanto, o objetivo do presente estudo é refletir a inter-relação da Psicologia Clínica e Social, propondo-se um modelo de atuação.

 

Algumas considerações epistemológicas e teóricas

Comparando-se metodologia como uma trajetória escolhida pelo pesquisador para compreender um fenômeno (Arruda, 2003), neste estudo, a trajetória escolhida para compreender a identidade de um grupo e atuar terapeuticamente é a Narratividade, condizente com a epistemologia construtivista que concebe a experiência psicológica enquanto experiência narrativa. Para Oscar Gonçalves, “existir é, nesse sentido, atualizar o projeto dialético de constante mudança” (1998b, p.182).

Antes de abordar essa questão, lembra-se que um estudo de Psicologia Social exige que se aborde o tema identidade, já que esta é uma das amplitudes ‘mais centrais do psiquismo humano’ (Arruda, 2003). Identidade, para alguns autores da Psicologia Social dialética (Berger & Luckman, 1966/1983; Ciampa, 1984, 1986, 1998; Ferreira, 2000), é compreendida como um processo contínuo, que se desenvolve a partir da relação entre o indivíduo e seu mundo, não combinando assim a concepção de verdades universais, prontas e definidas a priori. Portanto, a significação pessoal, a atribuição do indivíduo acerca de si e do que observa no seu viver e especialmente sua interação social são marcas da diferença desta epistemologia, em que a concepção psicológica compreende homem psicossocial, tal como concebe as abordagens construcionistas, e na esfera terapêutica, construtivista. Nesta epistemologia, os “processos psicológicos são intrinsecamente sociais” (Grandesso, 1999).

A idéia de Ciampa (1986, p.160), que concebe o homem como um “ser de possibilidades” em todas suas dimensões de tempo, revela bem a noção da identidade “como um processo contínuo e em formação, além de refletirmos sobre nosso passado, inferimos e esboçamos nosso vir-a-ser” (Arruda, 2003, p.22). Ainda a afirmação de Ciampa (1986, p.194) de que “precisamos inventar nosso futuro” aponta o quanto a investigação narrativa, por exemplo, de histórias de vida servem como potenciais alternativos altamente transformadores na esfera pessoal e, portanto, terapêuticos.

Este aspecto transformador da identidade “em algum momento remete à reflexão sobre o sentido de vida, já que ambos os temas estão relacionados” (Arruda, 2003, p.22). Ciampa (1998) o considera semelhante a uma ‘metamorfose’, processo contínuo ao longo da vida de ‘superação’ de si mesmo, num movimento constante de ‘emancipação pessoal’, aspecto este considerado pelo autor como inevitável, já que a ‘não-metamorfose’, corresponderia à morte física e/ou mental. Nota-se assim, a comunhão com os pressupostos psicoterapêuticos da Psicologia Clínica, a reflexão capaz de transformar o indivíduo através de posteriores atitudes no viver, numa tentativa de superação e desenvolvimento, em que a estagnação do processo pode ser perfeitamente comparada à morte psíquica, enquanto noção global que compreende a psicopatologia.

Alguns dos autores mais clássicos da Psicopatologia Social tais como Berger e Luckman (1966/1983) já enfatizavam a interação pessoal, ressaltando que somos constituídos pelas nossas interações com os ‘outros significativos’ na ‘socialização primária’ (restrita ao ambiente familiar) e ‘secundária’ (ampliação do convívio social) “nunca é total e nem jamais acabada” (Berger & Luckman, 1998, p. 184). Em estudos recentes, Mahoney (1998, p.316) diz a esse respeito que “o que está acontecendo em qualquer vida individual, é necessariamente inseparável daquilo que acontece nas vidas com as quais aquela vida está intimamente envolvida e vice-versa”. Para Guidano (1994), a construção da identidade forma-se num processo de ‘reordenação’ e construção da autoconsciência (self) como processual e constante. Esse autor propõe um modelo em que a identidade teria uma perspectiva ontológica, que residiria na noção de ‘auto-organização’. Este conceito assemelha-se também às considerações de Maturana e Varella (1987), que, enquanto autores considerados ‘neodarwinistas’, o organismo (self) teria duas dimensões: além de aspectos ‘organizadores’ (estáticos e fixos) haveria os aspectos ‘estruturais’ (plásticos e mutáveis), também fundamentais à vida, sendo eles últimos o campo psicoterápico. Enfim, em todos esses autores, reconhecemos que o psiquismo humano teria aspectos passíveis de transformação por toda a vida, além de outros mais fixos e até limitadores, o que explicaria, por exemplo, na psicoterapia as psicopatologias. Há, porém, para tanto, uma possibilidade de atuação e transformação terapêuticas correspondentes ao que se considera na visão psicossocial uma evolução identitária, já que alteraria o auto-conceito, a definição de si mesmo, e a visão do outro acerca desse indivíduo que passa por esse recurso. Esse é o enfoque central que justifica a interface do que se considera neste estudo a interface da clínica e psicologia sócio-comunitária.

As terapias de grupo, tradicionalmente, reúnem pessoas de diferentes vivências, e há, conforme a epistemologia e linha teórica adotada, um setting terapêutico pré-definido, que deve, portanto, ser absolutamente cumprido devido às suas exigências teóricas. No mundo contemporâneo, temos problemáticas vivenciadas de forma semelhante por grupos de pessoas considerando-se, entretanto, as particularidades da história individual. Um exemplo que se presencia atualmente na história da ciência seria o uso recente do termo ‘Gerontologia’ ou estudos da faixa etária superior a 60 anos, a chamada terceira idade, estudo bastante explorado por Anita Néri (2000). Esse grupo tornou-se tão expressivo na sociedade pela expressão demográfica, necessidades e demandas e atuação no mundo, que parece ter levado à ciência a necessidade de ‘especializações’ quanto ao estudo e as atividades profissionais para esse público, inclusive na Psicologia. De tal modo, o psicoterapeuta na sua atuação clínica tem o espaço de atuar em grupos com formações identitárias de problemáticas centrais únicas, tais como os grupos de terceira idade. Qualquer demanda de sofrimento humano que busque compreensão, adaptação intrapsíquica, bem como uma expressão significativa na sociedade, poderia servir a princípio para trabalho terapêutico, como o que se denomina hoje de ‘Grupos de Apoio’. Uma derivação desse caso, quando a atividade é dirigida por profissionais da área psíquica seriam os grupos terapêuticos, enfatizando-se a demanda última da terapia.

A diferença metodológica básica deste grupo com as terapias de grupo seria justamente a demanda da temática única (identidade do grupo) experimentada por seus membros, como se houvesse um aspecto da ‘queixa clínica’ compartilhado, de amplitude grupal, além dos aspectos individuais. O que ocorre é que essa dimensão coletiva é, às vezes, sobrepujante quanto à sua significação e complexidade psíquica, por referir-se a uma questão identitária. É esse o recorte e o diferencial propostos nesta atividade que, a partir da necessidade empírica, é chamada de ‘perspectiva sócio-clínica’.

À medida que esse modelo em que o grupo de apoio é ministrado por psicoterapeutas, formado e constituído por integrantes que buscam o trabalho voluntariamente, sugere-se chamar aos integrantes de “participantes, conceito esse mais condizente com a visão ontológica construtivista e construcionista, referindo-se à natureza pró-ativa do homem. Como já foi visto, a finalidade última da atividade do profissional é a terapêutica, ou seja, acompanhar os processos psíquicos e de saúde mental do grupo e de cada participante, buscando ampliar o seu bem-estar, a sua boa adaptação social e contribuindo inclusive com a qualidade de vida desse grupo que geralmente está excluído do bem viver. Essa seria a base da justificativa quanto à relevância do modelo proposto, uma alternativa para que os grupos sejam trabalhados ‘psicoterapeuticamente’ ainda estando ‘fora’ de instituição de ajuda comunitária, momento em que geralmente os problemas e o sofrimento já estariam bastante ampliados e até cristalizados.

Buscando agora descrever o método e as estratégias aqui propostos, inicialmente compartilharia com o leitor o quanto é difícil esse momento científico, pois numa pesquisa qualitativa, a intenção do presente estudo não seria a constatação de ‘uma verdade universal’, a ser generalizada e defendida em detrimento de outros diferentes modelos, o que nem mesmo condiz com os pressupostos epistemológicos que concebem o homem como uma co-construção permanente. Entretanto, cientificamente pode-se trazer a possibilidade de comunicar e descrever uma experiência já aplicada e devidamente estudada empiricamente, da qual se originou a dissertação de mestrado, e convidar a uma reflexão sobre ela. Não se nega a existência de um mundo real; no entanto, considera-se esse mundo incognoscível total e diretamente (Arruda, 2003). E, como é pontuado por Maturana e Varella:

A ciência e a validade das explicações científicas não se constituem nem se fundam na referência a uma realidade independente que se possa controlar, mas na construção de um mundo de ações comensurável com o nosso viver. (Maturana, 1999, p.55).

Esse estudo foi, portanto, fundamentado em métodos já aceitos no mundo científico tais como a Psicoterapia Narrativa e a Análise de Conteúdo como instrumento investigativo, em que se assume a relação dialética de sujeito-participante ou, nas palavras de Maturana e Varella (1987), ‘observador-observado’.

Este exemplo de proposta contribui para novos estudos e novas aplicações em outros (e particulares, únicos!) contextos, como uma espécie de guia. Quando temos nas mãos vários mapas, decidimos o caminho a escolher com uma segurança e direcionalidade maiores, sem, entretanto, seguir-se um roteiro estritamente fixo e previamente calculado... Apresenta-se assim a bússola que norteou essa experiência, para que seja aberta a possibilidade de aplicá-la de acordo com as idiossincrasias de cada psicoterapeuta em seus grupos terapêuticos, a partir do estudo, da seriedade e do comprometimento epistemológico e teórico que sempre deve acompanhar a atuação profissional. Quanto à responsabilidade do manejo técnico, Mahoney (1998) revela sua preocupação em não nos transformarmos em ‘tecnocratas’ psíquicos, planejados e cumpridores de ‘nossas’ tarefas, correndo o risco de nem mesmo considerarmos o momento, a viabilidade e as necessidades dos pacientes. Assim, o autor nos lembra que pode considerar-se ‘um ecletismo técnico’, mas jamais um teórico, visto que este último alcança diferentes epistemologias e ontologias nem sempre harmônicas e compatíveis. Creio que essa afirmação se torna fundamental ao se refletir quanto aos modelos de aplicação terapêuticos. Corresponde a dizer que há que se ter coerência com os pressupostos teóricos da epistemologia do profissional, que neste estudo é a Psicoterapia Narrativa, de enfoque construtivista, razão pela qual o presente artigo deu até agora especial atenção às contribuições epistemológicas e ontológicas, referentes à visão de homem e de mundo e aos conhecimentos que estão sendo abordados. Sem assumir-se esse responsável posicionamento diante do saber científico, pode-se correr o risco de tornar-se ingênuo na sugestão de trabalhos, que poderiam até ter enorme utilidade empírica, mas deixariam a desejar quanto às discussões teóricas.

 

Metodologia

 

Descrição do procedimento no grupo terapêutico

O grupo terapêutico constituído que foi fonte para a realização deste trabalho foi formado por mulheres entre 65 e 86 anos, oriundas de classe média alta (moradoras de bairros nobres de S. Paulo), heterogêneas quanto ao estado civil (casadas, solteiras, viúvas) e religiosidade (espiritualistas, católicas, judias), de formação de ensino fundamental completo e/ou universitário, duas aposentadas e as demais nunca tendo trabalhado formalmente.

O grupo de terceira idade aqui referido nasceu a partir de uma Associação de Terceira Idade sem fins lucrativos e de caráter assistencial, portanto de trabalhos voluntários. Essa instituição, constituída por mulheres, com mais de 60 anos, de classe média alta, moradoras de bairros nobres de S. Paulo, tinha como objetivo ‘ajudar assistencialmente idosos de classes inferiores’, chegando-se a sugerir esse objetivo de ajuda ‘mútua’ no nome da Associação. Havia na sede um espaço para eventos culturais e, a partir de um convite para ministrar palestra, houve o primeiro contato com o grupo. Posteriormente ao interesse desta primeira experiência, oportunidade em que a palestra foi seguida de debate, foi levantada a idéia de formar-se um ciclo de palestras para trabalhar melhor os aspectos levantados. O objetivo desse ciclo era refletir sobre o homem pós-moderno e as implicações psicológicas do viver contemporâneo.

No decorrer do ciclo, numa das discussões, emergiu a necessidade de formação de um grupo terapêutico. Esta necessidade foi empiricamente ‘sentida’ e inferida, a partir da dificuldade de se responder a algumas perguntas e comentários de cunho absolutamente pessoal e íntimo de algumas associadas, sem correr o risco de expor suas particularidades num ambiente não sigiloso e ‘protegido’. Incomodada com a idéia de deixar em aberto essas questões desde essa primeira palestra do ciclo e buscando uma resolução para a questão ética, foi oferecido à associação a criação de um outro momento e espaço em que aberta e francamente seriam discutidas essas questões individuais com a direção da função da psicoterapia, o que envolve, além do contrato de sigilo profissional, compromisso de encaminhamento e maior atenção às queixas de saúde mental. Possibilitaria, também, o manejo e uso de técnicas, de recursos psicológicos tais como: dinâmicas de grupo, vivências, relaxamento, entre outras possibilidades. Observa-se que, desde o primeiro contato, foi experimentado um vínculo terapêutico altamente empático, em que a ‘aceitação incondicional’, à qual se refere Maturana e Varella (1987), tornou-se condição essencial, abrindo-se o espaço de sentir-se à vontade para compartilhar segredos e necessitando a abertura de novo e adequado espaço e horário. A atividade, iniciada em 1994, desenvolve-se até hoje.

Assim, foram abertas reuniões em outro dia e espaço, mantendo-se o caráter ‘voluntário’, e não remunerado, na atuação psico-comunitária, na área da psicologia social aplicada, diferentemente do trabalho clínico particular tradicional. Foi sugerido que, nos primeiros três meses, haveria um encontro semanal, em que todo e qualquer integrante da Associação poderia participar para ‘experimentar vivencialmente’ a proposta e o estilo da atividade, já que na Associação havia mais de 100 membros. Era também uma possibilidade de triagem de subgrupos conforme a demanda. Nesses encontros, que tinham em média 20, 30 integrantes e a duração de duas horas, eram administradas vivências de grupo que não necessitassem de feedbacks particulares e profundos, somente vivências tangentes ao que foi experimentado; não eram também conduzidos exercícios que facilitassem uma exposição excessiva de particularidades da vida íntima, pois já era previsto que, caso ocorressem, várias pessoas não dariam adesão, não continuariam a freqüentar o grupo, embora já tivesse sido estabelecido o ‘contrato’ terapêutico do grupo. Foi formulada uma ‘regra’ que todos, ao ingressar, conheciam: após os três meses, não haveria mais possibilidade de ingresso de novas participantes no grupo, a não ser que convidadas por alguma delas e somente com a unanimidade na concordância de todas as integrantes, abrindo-se, se necessário fosse, listas de espera para grupos novos. Isso foi feito para buscar-se não ameaçar o vínculo terapêutico de todo o grupo ‘final’, impedindo-se assim o fluxo constante de novas integrantes. Prioriza-se no modelo epistemológico aqui proposto, a aliança terapêutica na tríade estabelecida entre paciente, terapeuta e a relação estabelecida entre os membros, como se esta representasse um terceiro foco, podendo tratar-se de um grupo familiar, casal, ou grupo de apoio como é o caso. Seja qual for o grupo com o qual se atua, a narrativa é co-construída entre o terapeuta e a parceria de pacientes (Arruda & Schabbel, 2003; Maturana & Varella, 1987).

Observa-se neste momento uma curiosidade: somente então é que o grupo ‘final’ se caracterizou como feminino, já que, no início, eventualmente alguns senhores convidados por membros da instituição iam a reuniões isoladas. Talvez por serem significativamente em menor número a cada reunião, eles não continuaram a freqüentá-las. Esse fenômeno é bastante comum em atividades de terceira idade (Berquó, 1999; Arruda, 2003).

Após a constituição desse grupo terapêutico, foi feito novo ‘contrato’ terapêutico, em que a garantia de sigilo ético foi novamente assegurada, já que neste momento terapêutico, havia dez participantes, número que facilitava maior exposição íntima, além do vínculo terapêutico muito mais fortificado, pois oito das integrantes tinham aderido ao grupo desde o início, já tendo se conhecido bem. As outras duas chegaram a convite e concordância unânime das oito originais. Lamentavelmente, apenas um mês e meio após a formação deste novo grupo, uma participante veio a falecer subitamente. Considera-se esse fato extremamente importante na identidade e vinculação afetiva da aliança terapêutica do grupo, pois desde o início apresentou-se a emergência de trabalhar o tema ‘morte’ tão sensível especialmente à população de terceira idade.

Após esse fato, foi aplicada a técnica de “Revisão de Projeto de Vida” de Oscar Gonçalves (1997, 1998a, 1998b, 2000), técnica esta que objetiva revisitar cada ano de idade de nossa história de vida na elaboração de um instrumento semelhante a um ‘jogo de baralho’, em que cada carta construída corresponde a um intervalo de um ano, a contar de zero até a idade atual. Ao lançar-se a memória semântica, preserva-se por outro lado a vontade do indivíduo de contar o que quiser, na ordem em que preferir, além de considerarem-se observações de outras pessoas ‘testemunhas’ de sua vida. Pode-se, por exemplo, ‘escrever’ sobre a mãe que conta que a pessoa se assustava com um determinado animal, lembranças que a pessoa pode não ter, mas que são histórias que remetem à sua vida pessoal. Abre-se também espaço para fantasias e projetos, especialmente no intervalo da idade atual. Esta técnica foi trabalhada cerca de um semestre pelo grupo, o que foi fundamental, por ser uma técnica que, por ter um caráter ‘regressivo’, costuma mobilizar bastante. Assim foi tratada a primeira fase de terapia proposta por Oscar Gonçalves: “Atitude de Recordação” (1997, 1998a, 1998b, 2000). Além de estreitar vínculos terapêuticos, confiança e relações de respeito e empatia entre o grupo, facilita um ‘pensar’ psicológico em pessoas, que, com exceção de uma, nunca haviam passado por um processo psicoterapêutico.

A segunda atitude narrativa terapêutica desenvolvida no grupo foi o momento que Gonçalves (1997, 1998a, 1998b) denominava Objetivação, sendo mais recentemente re-nomeado para ‘Adjetivação’ (Gonçalves, 2000), compreendendo-se as fases de Objetivação e Subjetivação.

Foram aplicadas diversas dinâmicas e vivências com o intuito de ampliar as sensações, focalizando-se a conscientização e capacidade de explorar toda a gama sensorial. Foram utilizados vários exercícios de gestalt-terapia, dramatizações espontâneas e dirigidas, relaxamentos, exercícios de visualização criativa.

Observa-se que, a cada encontro, era levada uma proposta terapêutica tecnológica como possibilidade de trabalho, sendo a proposta somente aplicada se, após o início da “sessão”, ao ouvir todos as participantes, fosse garantido que nenhuma delas teria nada ‘especial’ que quisesse trazer ao grupo. Caso contrário, todo o grupo ouvia e abordava a problemática atual e emergente da participante e/ou do grupo. Este procedimento acompanha todos os encontros, desde o início do grupo. Também no início de cada reunião havia um momento em que qualquer elemento que trouxesse um relato escrito poderia compartilhá-lo com o grupo, pois desde o início do trabalho foi encorajado que elas fizessem um diário de forma livre e não dirigida, sendo ele, na Objetivação, estimulado de maneira enfática para facilitar a ampliação e a consciência das sensações. É bastante comum a proposta de ‘escrita livre’ (Mahoney, 1998) no construtivismo, já que a experiência, além de rico instrumento, é tida como prazerosa. (Neimeyer, 1997; Goolishian, 1994).

Ainda na Adjetivação (Gonçalves, 2000), foi abordada com maior ênfase a atitude de Subjetivação. Neste momento a focalização volta-se para a consciência das emoções, dos sentimentos e da cognição. Há, como é característico nas Terapias Cognitivas, o momento didático de explicar e diferenciar cognição e emoção. Neste momento, além de continuar o uso de dinâmicas, relaxamento, dramatização e vivências, foram explorados nas sessões, exercícios de auto-exploração cognitiva e emocional, especialmente de forma escrita e vivencial. Foi proposto um treinamento de auto-afirmação e assertividade atuando no manejo da habilidade social. Um dos exercícios bastante enfatizado foi a dinâmica do “tempo no espelho” proposta por Mahoney (1998, p.277), o que possibilitou continuar-se ainda nesta fase a trabalhar com bastante ênfase a melhora de auto-estima. Observou-se neste momento um estreitamento bastante forte da vinculação terapêutica. Era comum, no início das reuniões, a leitura de textos ou relatos orais em que espontaneamente alguma participante homenageasse o grupo numa atitude de gratidão e /ou por empatia conforme a problemática individual que alguma delas apresentasse, alinhavando-se à sessão anterior.

Conforme a própria terapia narrativa pressupõe, quando o vínculo terapêutico já está fundamentalmente garantido e, por sua vez, a expressão, de sensação, sentimentos e pensamento, já é mais desenvolvida, abre-se um caminho maior para que se lance mão do uso das metáforas. Assim, na fase de Metaforização (Gonçalves, 1997, 1998a, 1998b, 2000) foram enfocados trabalhos de ‘escrita livre’, exercícios auto-exploratórios e de investigação de auto-estima, auto-definição e auto-imagem, relaxamentos e vivências, agora, de forma mais simbólica e criativa. Aproveitou-se o uso de filmes, produções literárias, enfim, expressões artística de várias formas para se construir e criar possibilidades metafóricas de reflexão. Houve, neste momento, uma ênfase maior nas técnicas de escrita livre, de temáticas dirigidas e espontâneas em diários, ocasião em que surgem as metáforas e símbolos pessoalmente construídos. Além de serem utilizadas produções artísticas coletivas e publicamente divulgadas, foram aproveitadas as produções criativas do próprio grupo. Esse aspecto é encorajado também por Mahoney (1998), que considera o trabalho artístico um importante exercício de autodesenvolvimento.

Há um detalhe que o grupo vivenciou neste momento: a doença que afastou uma participante por todo um semestre seguida de seu falecimento. Observa-se que espontaneamente, ao trabalhar essa perda, as participantes que tinham atividade religiosa e credos diferentes utilizaram metáforas religiosas umas das outras, com o intuito de compartilhar sua dor e aliviá-la empaticamente. Houve uma empatia tal, que permitiu que a Metaforização buscasse atingir a parceira de acordo com a narrativa e o universo simbólico dela, e não o de sua fé religiosa, chegando-se a abrir mão do seu universo pessoal, talvez no intuito de unir o grupo na dor e manter a sua identidade. Este aspecto faz reportar a visão Maturana e Varella (1987) sobre a ‘psicologia biológica do amor’, sendo este concebido enquanto ‘aceitação incondicional’ e legitimação total do outro sem fazer ‘esforço’. Para o autor essa seria a maior possibilidade de legitimação pessoal e empatia, além de uma importante condição terapêutica.

A finalização da elaboração da morte dessa participante foi um exercício em que todas escreveram um texto definindo em metáforas seus sentimentos e os significados sobre a companheira que se foi. Para Gonçalves (1997, 1998a, 1998b, 2000), as metáforas ‘condensam’ os significados múltiplos que uma experiência possa vir a ter. Muitas vezes em que a complexidade emocional vivenciada é muito forte e sentimentos, idéias e sensações são difíceis de serem exprimidos devido à sua intensidade e pluraridade, a melhor forma de expressá-los é a metafórica.Também num outro momento foram trabalhadas as ‘Metáforas de Raiz’ (Gonçalves, 1997, 1998a, 1998b, 2000) do grupo e das participantes.

Atualmente o grupo está desenvolvendo a atitude de Projeção, conforme sugere o modelo de Gonçalves (1995). Verifica-se que, além de continuar-se com as estratégias tecnológicas anteriores, amplia-se o trabalho com outras técnicas tais como: revisão constante de projetos de vida e de ‘self’, revisões de transformações, marcos pessoais e investigação de perspectivas e atitudes existenciais transformativas. Além de remeter à ‘metáfora raiz’, que define a identidade e autodefinição individual, constroem-se ensaios de ‘Metáforas Alternativas’ (Gonçalves, 1997; 1998a; 1998b, 2000) revelando-se as mudanças almejadas e desejadas. Esses exercícios são dramatizações, imaginação criativa, relaxamento, produções artísticas e de escrita, que exploram e de certa forma ‘testam’ essas atitudes e posturas a serem desenvolvidas.

Um dos objetivos que as participantes visam é trabalhar a qualidade de suas relações pessoais e a busca cultural. São realizadas saídas a eventos culturais, leitura conjunta de textos e livros, aproveitando-se essas ocasiões para debater questões psicológicas relacionadas às atividades.

É importante descrever o fato de que, neste momento terapêutico, as participantes revelaram o desejo de assistir à Defesa de Dissertação em que foram ‘sujeito’ de pesquisa. Embora fosse pública e houvesse a minha concordância imediata, por se tratar de idéia original, a questão foi levada ao conhecimento do orientador que prontamente permitiu e encorajou o ato, já que a identidade delas estaria protegida pelo uso de pseudônimos e na sessão solene haveria a mistura natural com o restante do público. Ao seguir-se esse fato, em que a presença delas foi maciça e tocante e os depoimentos que se seguiram, também tocantes, revelam o sentimento de ‘orgulho’ e ‘utilidade’ social que experimentavam por estarem presentes a um estudo que tratava delas, de suas vidas e de possíveis exemplos para a ciência. Elas pareciam sentir-se colaboradoras do saber científico e, de fato, o são. Além de expressarem a qualidade do vínculo afetivo e gratidão terapêutica, foram todas juntas organizando espontaneamente uma forma de condução de transporte que as levasse, pois faziam questão de permanecer juntas. Nestes momentos de ‘comoção’ e ‘emoção’ científicas, observam-se as noções de Maturana e Varella (1987) em que o observado e observador estabelecem um vínculo de qualidade única, ‘indestrutível’, particular, e ainda recíproco, pois, ao emocionar-se, o ‘observado’ também atingiria o ‘observador’, ainda que este deixe esse sentimento ‘entre aspas’. Ao ensinar, aprende-se e ao observar-se um fenômeno, somos foco de observação. Assim, o lado ‘neutro’ da ciência fica em suspense, ‘entre aspas’, como afirmam os autores, já que o ‘emocionar-se’ do pesquisador é de certa forma desvelado e compartilhado, pelo simples fato de se tratar de uma relação humana, num exercício terapêutico especialmente gratificante e único para o pesquisador. (Arruda & Schabbel, 2003).

Observa-se, finalmente, que é este vínculo terapêutico que garante provavelmente a facilidade comunicacional do grupo, que chega a utilizar este recorte (a relação interpessoal entre seus membros) como meta a atingir nas demais relações: a clareza, espontaneidade e qualidade de expressão e comunicação, enfoque central das metas do trabalho narrativo.

 

Resultados

Observa-se inicialmente a questão da vinculação afetiva e terapêutica do grupo como conseqüência deste trabalho. Os sentimentos tanto positivos quanto negativos são compartilhados. A experimentação desse sentimento de aceitação e pertença se reflete no microcosmo das participantes, na busca da aceitação e do respeito em que a auto-afirmação foi desenvolvida e aperfeiçoada.

Observa-se também uma maior liberdade e autopermissão de se explorar uma gama maior de atividades sociais, culturais, o que pôde ser exemplificado no desejo unânime de ir à defesa de dissertação. Além da melhora na expressão comunicativa, assertividade e espontaneidade de relacionar-se, observa-se que a auto-estima e o autocuidado tornam-se metas diárias a serem cumpridas. Nos depoimentos freqüentes do grupo, as participantes relatam a importância do vínculo, da relação de confiança e, acima de tudo, o sentimento de utilidade experimentado, oriundo do sentimento de pertença e recursividade do grupo, em que cada elemento é essencial em sua particularidade, como pressupõe as teorias sistêmicas. A maior fonte de preocupação e desprazer da fase de vida atual geralmente refere-se às relações e aos problemas com os filhos e familiares, sendo os amigos, por sua vez, fonte de alegria, prazer e descontração (Arruda, 2003).

Finalmente, nota-se que as narrativas, especialmente as que expressam opiniões, valores e história de vida, são exercícios experimentados na maioria das vezes com grande prazer e sentimento de orgulho. Parece ser fundamental à terceira idade ‘ser ouvida’, fato este que derivou o nome da dissertação: Vozes da terceira-idade, no intuito de dar a elas o direito de falarem sobre si, dar voz a este grupo, intuito inspirado numa citação de Ecléia Bosi (1999, p.81) em que ao revelar a dificuldade de grupos minoritários, ressaltava a posição dos idosos, dizendo: “... mas o velho não tem armas, nós é que temos de lutar por eles”. Ao serem encorajadas a escrever, relatar, opinar, contribuir com colocações colaborativas, elas apresentam sempre que podem feedback positivo do quanto se sentiram bem ao desempenhar tal tarefa. Este aspecto foi observado especialmente no final de cada entrevista de história de vida colhida para a análise de conteúdo. Ao perguntar-se sobre: ‘Como foi falar sobre sua história?’, todas elas, sem exceção, revelaram o prazer do ato de narrar e poder refletir sobre sua vida, além de salientarem a importância do grupo de apoio.

 

Discussão e Considerações Finais

No processo hermenêutico intrínseco humano, o homem atribui significados e interpreta seu mundo para conhecê-lo (Gonçalves, 1997, 1998a, 1998b, 2000). Assim, compreender-se através de narrativas, na sua história pessoal, favorece transformações de significação passada (através da ressignificação) e amplia-se a possibilidade de projetos. Para o autor acima mencionado, a atitude narrativa é o sinônimo da saúde mental, em que a patologia seria a atitude não-narrativa, o que pode ser considerado como um viver automático, psicopatológico, sem apropriar-se da autoria. As experiências vividas no microcosmo do grupo de apoio refletem-se no espaço social, nos ‘multiversos’, ampliando-se narrativamente a sensação de autoria, ou o que chamaria de ‘sentido existencial de vida’(Arruda, 2003).

O encontro do existir de cada membro, alinhavado pela temática comum do grupo, pode ser comparado a um trabalho artesanal de patchwork, em que cada parte é plena de sentido e, ao mesmo tempo, participa do conjunto maior completando o significado coletivo. Com essa metáfora do grupo, (um exercício de meta-narrativa: a narrativa das narrativas), visa-se ilustrar a importância do sentido de vida, individualidade e identidade, condensando a noção da importância deste recurso, criativo, expresso e possibilitado pela narratividade.

Concluindo, observa-se que, ao lançar-se mão de recursos clínicos na dimensão comunitária, pode-se contribuir com o resgate da cidadania através da expressão no mundo, expandindo-se assim a função social do profissional de saúde mental e do saber psicológico. Finalmente vale a pena ressaltar que a tríade narrativa, identidade e vida, torna-se foco central do projeto existencial humano (coletivo e individual), uma vez que viver narrativamente, numa troca dialética e infinita com o mundo amplia o sentido de vida e da existência humana, com maior riqueza de significações (Arruda, 2003). Esse fenômeno corresponderia a viver o ‘Carpe Diem’ que, segundo pesquisa informal de uma participante que consultou um professor italiano de latim, seria uma expressão melhor traduzida como “agarrar o momento”, ou seja, apropriar-se de cada ato vivido, em todas as suas dimensões sensoriais, emotivas, cognitivas, simbólicas. Possibilidade esta que, na terceira idade especialmente, seria ‘viver-se mais vida na vida que ainda se tem’, ideal defendido mundialmente por uma campanha da Organização Mundial de Saúde (Néri, 2000). Creio que, em vários tipos de constituição de grupo de apoio, esses ideais aqui experimentados e descritos favorecem a saúde mental e função social de nosso saber científico, contribuindo para uma sociedade mais humana, digna e melhor preparada para a inclusão e legitimação de desiguais formas existenciais.

 

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Endereço para correspondência
Av. São Gabriel, 149, cj. 109 Jd. Paulista CEP. 01435-001, São Paulo – SP. E-mail: liarruda@ajato.com.br

Recebido em: 08/04/2005
Aceito em: 10/06/2005

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