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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. v.1 n.2 Rio de Janeiro dez. 2005

 

EDITORIAL

 

 

Eliane Falcone; Lucia Novaes Malagris

 

 

A popularidade das abordagens cognitivo-comportamentais tem aumentado verticalmente, fazendo com que estas sejam apontadas em várias publicações, nacionais (por ex., Dobson & Scherrer, 2004; Knapp, 2004) e estrangeiras (por ex., Buela-Casal, Alvarez-Castro & Sierra, 1993; Robins, Gosling & Craik,1999; Salkovskis, 1996), como as mais importantes e melhor validadas em todo o mundo, adquirindo assim a condição de paradigmas dominantes na área da psicologia clínica. Sua integração com as ciências cognitivas e com as neurociências tem contribuído para a construção mais refinada de conhecimentos relativos aos papéis da cognição e da emoção no entendimento de vários transtornos psicológicos, bem como de seus efeitos neurobiológicos.

Ao organizarmos o segundo número da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, verificamos que a produção dos autores brasileiros nas áreas relacionadas às ciências cognitivas, neurociências, epistemologia, intervenção clínica e pesquisa tem aumentado consideravelmente, o que nos enche de orgulho e satisfação.

Giovanni Kuckartz Pergher e Lílian Milnitsky Stein, apresentam uma contribuição da psicologia cognitiva e da psicologia social para a construção da entrevista cognitiva no âmbito forense, ressaltando os cuidados que o entrevistador deve ter para formular perguntas que não induzam falsas memórias no entrevistado. Tais cuidados também devem ser tomados na entrevista psicoterápica.

A partir de uma proposta de integração entre a psicoterapia e a neurociência, Julio Fernando Prietro Peres e Antonia Gladys Nasello demonstram a efetividade da terapia cognitiva através de seu potencial para modificar circuitos neurais disfuncionais associados aos diversos transtornos mentais. Gustavo Arja Castañon compara a terapia cognitiva e o construtivismo do ponto de vista epistemológico, questionando as críticas do construtivismo em relação à terapia cognitiva.

O artigo de Cristiano Nabuco de Abreu trata da teoria da vinculação e de sua aplicação na psicoterapia cognitiva. O autor procura verificar modalidades de relação vincular e sua influência na psicoterapia. Taís Michele Minatogawa e Francisco Lotufo Neto ressaltam os aspectos culturais e seus efeitos na psicoterapia, valorizando as particularidades de uma cliente da cultura oriental inserida em um meio social.

O papel do supervisor de pesquisas na psicoterapia em clínica-escola é discutido por Edwiges Ferreira de Mattos Silvares e Rodrigo Fernando Pereira que ressaltam a importância da participação em projetos de pesquisa na formação dos alunos, buscando aproximar a teoria e a prática clínica.

A integração entre a terapia cognitiva e a saúde é apresentada em três artigos. O de Maria Amélia Penido, Sandra Fortes e Bernard Rangé aborda as deficiências em habilidades assertivas entre os pacientes com fibromialgia, estando essas deficiências associadas à depressão e ansiedade. O trabalho de Carmen Lucia Souza discute a transição da menopausa e a crise da meia-idade feminina frente ao papel do psicólogo cognitivo-comportamental. A autora ressalta a importância de se discutir os aspectos emocionais dessa fase, além de valorizar o papel da informação. O terceiro artigo, apresentado pelos colegas portugueses Margarida Gaspar de Matos, Joana Duarte Branco, Susana Fonseca Carvalhosa, Marlene Nunes Silva e João Carvalhosa, focaliza a importância de competências para a saúde na terceira idade e descreve a implantação e a avaliação de um programa de competências pessoais e sociais na comunidade para o idoso.

O transtorno do déficit de atenção e hiperatividade é abordado por Andressa Henke Bellé e Renato Maiato Caminha, que apresentam os resultados da aplicação de um modelo cognitivo-comportamental em grupo com crianças. Helene Shinohara enfatiza a integração entre a teoria e a prática clínica no tratamento do transtorno do pânico e da agorafobia, buscando uma sistematização didática. Conclui que a compreensão de fatores precipitadores, mantenedores e de desenvolvimento do transtorno é fundamental para uma adequada formulação do caso e para um tratamento efetivo.

A dependência química é tema dos dois últimos artigos. O de Mônica Junqueira Karkow, Renato Miato Caminha e Silvia Pereira da Cruz Benetti aborda um estudo que avalia a eficácia da intervenção cognitivo-comportamental na dependência química. Os autores concluem que a relação terapêutica, em combinação com astécnicas de intervenção influenciam nos resultados do tratamento. O trabalho de Simone Armentano Bittencourt, Margareth da Silva Oliveira e Cristiane Cauduro de Souza trata da relação entre a fobia social e o uso de álcool, enfatizando a forma como essa relação acontece e chamando atenção para a atenuação do transtorno durante a fase de uso do álcool.

Uma resenha sobre um livro na área da psicologia da saúde, que se mostra bastante abrangente e articula diversas áreas de conhecimento, é apresentada por Neide A. Micelli Domingos.

Esperamos que os leitores possam se beneficiar dos trabalhos publicados neste periódico e aproveitamos para convida-los a encaminhar artigos científicos para publicação nos próximos números da Revista Brasileira de Terapias Cognitivas.

 

Referências Bibliográficas

Buela-Casal, G.; Álvares-Castro, S. & Sierra, J.C. (1993). Perfil de los psicólogos de la ultima promocion de las universidades españolas. Psicología Conductual, 1, 181-206.

Dobson, K.S. & Scherrer, M.C. (2004). História e futuro das terapias cognitivo-comportamentais. Em P. Knapp (Org.) Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica (pp. 42-57). Porto Alegre: Artmed.

Knapp, P. (2004). Prefácio. Em P. Knapp (Org.). Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre: Artmed.

Robins, R.W.; Gosling, S.D.; Craik, K.H. (1999). An empirical analysis of trends in psychology. American Psychologist (APA), 54, 117-128.

Salkowskis, P.M. (1996). Preface. Em P.M. Salkovskis (Org.). Frontiers of cognitive therapy. New York: The Guilford Press.

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