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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. v.2 n.1 Rio de Janeiro jun. 2006

 

ARTIGOS

 

Reestruturação de esquemas familiares

 

Restructuring family schemas

 

 

Frank M. Dattilio

PhD, ABPP, Department of Psychiatry, Harvard Medical School

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Os esquemas, que organizam os pensamentos e as percepções, são vistos pelos terapeutas cognitivo-comportamentais como exercendo uma influência integral sobre as emoções e os comportamentos. O papel do esquema no conflito familiar e as intervenções específicas usadas na sua reestruturação durante o curso da terapia familiar são especificamente abordados neste artigo. Discussões adicionais enfatizam os conceitos de atribuições, suposições, padrões familiares e o papel que eles exercem nos esquemas, bem como nas dinâmicas familiares em geral. Uma série de passos também é sugerida para facilitar o processo de análise do esquema e da reestruturação do pensamento durante o processo da terapia com famílias disfuncionais.

Palavras-chave: Esquemas familiares, Terapia cognitiva, Reestruturação cognitiva.


ABSTRACT

Schemas, which organize thought and perception, are viewed by cognitive-behavior therapists as having an integral influence on emotion and behavior. The role of schema in family conflict and the specific interventions used in restructuring them during the course of family therapy are specifically addressed in this article. Additional discussion highlights the concepts of attributions, assumptions, and family standards, and the role they play in schemas, as well as the overall family dynamics. A series of steps are also suggested for facilitating the process of schema analysis and thought restructuring during the process of therapy with dysfunctional families.

Keywords: Family schemas, Cognitive therapy, Cognitive restructuring.


 

 

A habilidade dos familiares para resolver conflitos e tensões em suas vidas depende em parte de mudar as crenças enraizadas dos membros da família sobre o funcionamento individual e familiar ou sobre o que os terapeutas cognitivo-comportamentais se referem como esquemas. Os esquemas, assim como as emoções e os comportamentos, são uma parte significativa daquilo que constitui a fábrica do funcionamento da família (Dattilio, 2001a) e tem sido por muito tempo a marca registrada da terapia cognitivo-comportamental.

O conceito de esquema foi introduzido inicialmente na literatura da terapia cognitivo-comportamental há várias décadas atrás nos primeiros trabalhos de Aaron T. Beck com indivíduos deprimidos (Beck, 1967), como relacionado a crenças negativas básicas que os indivíduos deprimidos mantinham sobre si mesmo, o mundo e o futuro. O trabalho de Beck baseou-se nas primeiras teorias cognitivas em psicologia do desenvolvimento, tais como a discussão de Piaget sobre acomodação e assimilação na formação do esquema (Piaget, 1950). O trabalho de George Kelly sobre construtos cognitivos também serviu para dar forma à teoria de Beck sobre o esquema (Kelly, 1955), bem como a teoria do apego de Bowlby (1969). O conceito de esquema tornou-se desde então a pedra angular da terapia cognitivo-comportamental contemporânea. Assim como o sistema cardiovascular é central no funcionamento do corpo humano, os esquemas são centrais no pensamento e na percepção e exercem uma influência integral sobre as emoções e os comportamentos. Em essência, os esquemas são usados como um molde para as experiências de vida de um indivíduo e para a maneira como ele processa a informação. Além de Beck, muitos outros pesquisadores realizaram uma quantidade significativa de trabalhos experimentais na área dos esquemas e seus efeitos sobre as relações interpessoais (veja Baldwin, 1992 e Epstein & Baucom, 2002, para revisões representativas).

De um modo consistente e compatível com a teoria dos sistemas, a abordagem cognitivo-comportamental das famílias é baseada na premissa de que os membros de uma família são influenciados pelos pensamentos, emoções e comportamentos de cada um de seus componentes (Dattilio, 2001b; Leslie, 1988). Em essência, conhecer o sistema familiar completo é conhecer as partes individuais e os meios pelos quais eles interagem. Na medida em que cada membro familiar observa as suas próprias cognições, comportamentos e emoções relativas à interação familiar, bem como os sinais referentes às respostas dos outros membros familiares, essa percepção leva à formação de suposições sobre as dinâmicas familiares, as quais depois se desenvolvem dentro de esquemas relativamente estáveis ou “estruturas cognitivas”. Essas cognições, emoções e comportamentos podem evocar respostas de alguns membros, que constituem grande parte da interação momento-a-momento com outros membros familiares. Essa interação origina-se dos esquemas mais estáveis que servem como o fundamento para o funcionamento familiar (Dattilio, Epstein & Baucom, 1998). Quando esse ciclo envolve conteúdo negativo e afeta as respostas cognitivas, emocionais e comportamentais, a volatilidade das dinâmicas familiares tende a escalar, tornando os membros familiares vulneráveis a uma espiral negativa de conflito. Com o aumento do número de familiares, aumenta a complexidade das dinâmicas, adicionando mais combustível ao processo de escalação.

Infelizmente, até o momento, existem poucos estudos empíricos realizados especificamente dentro das famílias que possam sustentar essa teoria da escalação envolvendo componentes cognitivos, emocionais e comportamentais. Embora o trabalho de Patterson e colaboradores (Patterson, 1985; Fogath & Patterson, 1998; Patterson & Hops, 1972) seja fundamental na literatura sobre estudos empíricos de interação familiar de padrões negativos, esses estudos focalizam-se apenas nas interações comportamentais, dando pouca ou nenhuma atenção para os processos cognitivos. O principal foco sobre o comportamento se estendeu principalmente para pesquisas sobre terapia familiar comportamental. Por outro lado, pesquisas significativas sobre cognições foram conduzidas apenas com casais (Epstein & Baucom, 2002). Em outra publicação, Dattilio (2004) esboça algumas razões potenciais pelas quais não foram conduzidos mais estudos empíricos com famílias. Uma vez que as dinâmicas de um casal são tão estreitamente alinhadas com as dinâmicas da família, muitos dos componentes teóricos existentes nos modelos de interação conjugal podem também ser aplicados a famílias e foram descritos em detalhes na literatura profissional (Dattilio, 1990; Epstein, Schlesinger & Dryden, 1988; Schwebel & Fine, 1994).

As percepções dos membros nas interações familiares provêem a informação que dá forma ao desenvolvimento de seus esquemas familiares, especialmente quando um membro individual observa tais interações repetidamente. O padrão que o indivíduo deduz de tais observações serve como uma base para formar um esquema ou molde que, subseqüentemente, é usado para entender o mundo da relação familiar e para antecipar eventos futuros dentro da família. Os esquemas familiares são uma subsérie de uma ampla gama de esquemas que o indivíduo desenvolve acerca de muitos aspectos da experiência de vida.

 

Pensamentos automáticos e esquemas

Os pensamentos automáticos constituem uma outra forma padrão de cognição na teoria cognitivo-comportamental, os quais são às vezes confundidos com os esquemas, particularmente pela existência de uma superposição entre ambos. Os pensamentos automáticos foram primeiramente definidos por Beck (1976) como cognições espontâneas que costumam ocorrer de uma maneira passageira e são, na maioria das vezes, conscientes e facilmente acessíveis. Portanto, os pensamentos automáticos conscientes provêem um caminho para a descoberta das crenças ou esquemas subjacentes. Uma mãe, por exemplo, que tem dificuldade para tolerar expressões de emoção negativa por parte dos membros da família, pode experimentar o pensamento automático: “Não há lugar para emoções na vida”, originando uma crença subjacente ou esquema de que emoções são iguais à fraqueza e que a fraqueza pode levar à morte. Às vezes, as cognições podem também ocorrer além da percepção consciente do indivíduo, na qual certas técnicas são usadas para descobri-las (Epstein & Baucom, 2002; Dattilio & Epstein, 2003). Os esquemas subjacentes amplos são comumente revelados através dos pensamentos automáticos do indivíduo, porém nem todos os pensamentos automáticos são expressões de esquemas. Por exemplo, muitos pensamentos automáticos expressam atribuições de um indivíduo sobre as causas dos eventos que ele observou (Ex., “Meu filho não me chamou porque sua esposa e seus filhos são muito mais importantes para ele do que eu”).

A terapia cognitiva, tal como introduzida originalmente por Beck (1976), deposita uma forte ênfase nos esquemas (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979; De Rubeis & Beck, 1988). Vários autores propuseram versões diferentes da teoria do esquema para contribuir para o processamento da informação na vida de alguém. A maioria das perspectivas teóricas sustenta que os indivíduos desenvolvem tais estruturas de conhecimento através das interações com o seu meio ambiente. Epstein, Schlesinger e Dryden (1988) referem-se aos esquemas como “suposições básicas relativamente estáveis e duradouras de um indivíduo, que se mantém acerca de como o mundo funciona e qual o seu papel nele” (p. 13). Essas suposições sobre características e processos que ocorrem comumente servem a uma função adaptativa, ao organizar a experiência do indivíduo dentro de padrões de significados e ao reduzir a complexidade do ambiente. Ao limitar seletivamente, guiar e organizar a informação que um indivíduo avaliou, é que os esquemas pessoais tornam o pensamento eficiente e a ação possível.

Entretanto, a despeito dessas vantagens, observou-se que os esquemas também contribuem para erros, distorções e omissões que as pessoas realizam ao processarem a informação (Baldwin, 1992; Baucom, Epstein, Sayers & Sher, 1989; Epstein, Baucon & Rankin, 1993). Por exemplo, se uma criança recebe amor e atenção de seus pais apenas quando ela exibe certo comportamento desejado, ela estará propensa a desenvolver um esquema tal como: “amor e atenção são condicionais”. Quanto mais essa crença é direta ou indiretamente reforçada no ambiente, mais provavelmente ela se tornará enraizada e mais se poderá esperar que a criança dê e receba amor sob uma base condicional em uma relação íntima. O indivíduo poderá aplicar esse esquema em outras relações mais tarde na vida, tais como a sua relação conjugal e as suas relações com os seus descendentes. Assim, a relação entre criança e os pais é influenciada pelos esquemas relativamente duradouros que os pais trazem para a família e pelos esquemas de cada criança que se desenvolve com base nas interações familiares correntes.

Conseqüentemente, os esquemas são muito importantes na aplicação da terapia cognitivo-comportamental com famílias. Eles constituem as crenças duradouras que as pessoas mantêm sobre os outros e suas relações. Os esquemas são uma estrutura cognitiva estável e não uma inferência ou percepção passageira. Eles se diferenciam das percepções (o que as pessoas notam ou negligenciam em seu ambiente) e das inferências (atribuições e expectativas) que uma pessoa faz a partir dos eventos que ela nota. Lidar com cada pensamento individual de um membro familiar é central para a TFCC (Terapia Familiar Cognitivo-Comportamental). Embora a teoria cognitivo-comportamental não sugira que os processos cognitivos causem todo o comportamento familiar, ela enfatiza a concepção de que a avaliação cognitiva influencia significativamente as interações comportamentais dos membros da família e as respostas emocionais manifestadas entre eles (Epstein et al., 1988; Wright & Beck, 1993). Assim como os indivíduos mantêm seus próprios esquemas básicos sobre si mesmos, seu mundo e seu futuro, eles também desenvolvem esquemas sobre as características de sua família de origem, os quais são comumente generalizados em algum grau para concepções sobre outras relações íntimas. Dattilio (1993) argumenta que deve ser dada maior ênfase no exame, não apenas das cognições dos membros familiares individuais, mas também naquilo que pode ser chamado de esquema familiar. Essas crenças, mantidas em comum entre os membros familiares, se formaram como resultado de anos de interação integrada dentro da unidade familiar.

Enquanto os esquemas familiares constituem tipicamente as crenças compartilhadas sobre a maioria dos fenômenos familiares, tais como os dilemas e as interações do dia-a-dia, eles também podem pertencer a fenômenos não familiares, tais como questões culturais, políticas ou espirituais. A maioria dos esquemas familiares é compartilhada. Às vezes, entretanto, os membros familiares individuais podem desviar-se do esquema compartilhado, como na vinheta do caso esboçado abaixo. Nesse caso, então, o esquema familiar não é compartilhado, mas talvez seja aquele que é mantido pela maioria dos membros familiares. Foi sugerido que os indivíduos mantêm duas séries separadas de esquemas sobre as famílias: (a) um esquema familiar relacionado às experiências dos pais em suas famílias de origem e (b) esquemas relacionados às famílias em geral ou o que Schwebel e Fine (1994) referem como uma teoria pessoal de vida familiar. Como foi visto anteriormente, as experiências e percepções de cada pessoa a partir de sua família de origem contribui para formar parte de seu esquema sobre a família corrente. Esse esquema é também alterado pelos eventos que ocorrem nas relações familiares correntes. Por exemplo, um homem que foi criado com a crença de que os problemas familiares nunca deveriam ser discutidos com alguém que não pertença à família imediata, estará propenso a se sentir desconfortável se sua esposa compartilha assuntos pessoais com alguém da família dela. O problema poderá se tornar particularmente pronunciado se ele se casa com uma mulher que foi criada com o conceito de que é normal compartilhar assuntos pessoais com amigos íntimos. Tais diferenças de perspectivas podem causar conflitos, os quais por sua vez afetam os esquemas de seus filhos e suas crenças sobre compartilhar assuntos familiares com os outros. Por exemplo, se um pai mantém um esquema de que “as mulheres sempre tentam controlar os homens”, então ele estará propenso a fazer atribuições negativas sobre as intenções de sua esposa ao fazer-lhe uma solicitação assertiva, do tipo “ela está tentando me controlar novamente”. Esse esquema pode ter se desenvolvido no curso de sua vida a partir de experiências prévias e agora dá forma aos seus pensamentos momento-a-momento. Conseqüentemente, quando seus filhos são expostos a tais crenças e interações entre ele e sua esposa, eles também desenvolvem as suas próprias crenças sobre homens e mulheres e os relacionamentos, as quais são fortemente influenciadas por aquilo a que eles foram expostos durante sua formação.

Em outras publicações, foi sugerido que a família de origem de cada casal em um relacionamento possui um papel crucial na formação do esquema familiar compartilhado atual (Dattilio, 1993; 1998b; 2001b). As crenças desenvolvidas em cada família de origem da pessoa podem ser tanto conscientes como também podem estar além da consciência e, se expressas explicitamente ou não, elas contribuem para o esquema familiar compartilhado. Um exemplo mais detalhado desse processo de desenvolvimento do esquema familiar é observado na seguinte vinheta.

 

Exemplo de caso

Uma família iniciou tratamento devido a um conflito sobre o qual eles atribuíam como origem as atitudes rígidas da mãe. A mãe dessa família foi criada por pais imigrantes europeus, os quais foram vítimas do holocausto na infância. A mãe dela, que sofria de uma depressão grave, tentou suicídio uma vez e depois culpava a filha por não dar atenção a sua deterioração emocional. Em essência, a mãe atribuía à filha a responsabilidade pela sua saúde mental. A filha, agora mãe, tendia a reagir de forma exagerada sempre que observava em seu marido, seus filhos ou em si mesma, qualquer sinal de fraqueza, tal como depressão média, pelo medo de que pudesse ocorrer deterioração e suicídio. Além disso, ela temia que a responsabilidade por tais conseqüências pudesse cair em seus ombros. Como resultado, ela se tornou intolerante a qualquer sinal de fraqueza em si mesma e na família, tal como chorar ou reclamar. Os outros membros familiares sentiam a necessidade de “pisar em ovos” quando em contato com ela, sujeitando-se relutantemente aos seus desejos, alguns dos quais não razoáveis, de modo a evitar sentimentos desconfortáveis. Não surpreende que esses problemas levassem a conflitos graves entre os membros familiares. Os filhos e o marido se aliavam contra a mãe, considerando-a como um “caso difícil” em situações de expressão emocional. Curiosamente, os filhos e o pai desenvolveram um esquema compartilhado de que a mãe era o membro “doente”, do mesmo modo que ela considerava a própria mãe durante a sua formação. Surpreendentemente esse esquema foi também uma parte do esquema da família-de-origem da sua mãe, uma vez que esta última “era doente e necessitava ser tratada de modo especial”. Os filhos declaravam-se relutantes em serem autênticos quando perto de sua mãe, temendo o modo como ela poderia reagir. Conseqüentemente, a aliança defensiva por parte dos outros membros da família levou a mãe a se sentir alienada e cada vez mais inflexível com relação as suas crenças de que os membros familiares deveriam evitar mostrar quaisquer sinais de fraqueza. Infelizmente, a mãe manifestava insight limitado sobre como ela estava afetando negativamente a sua família.

Por outro lado, o pai veio de uma família de origem na qual sua mãe era controladora e arrogante. Ele costumava declarar nas sessões de terapia familiar que ele “tinha um jeito” para lidar com sua mãe. Por essa razão, algumas de suas reações em relação a sua esposa e a forma de aliança com seus filhos foram vistas como um deslocamento de seus sentimentos em relação a sua própria mãe. Isso contribuiu para que ele evitasse confrontar-se diretamente com sua esposa sobre os problemas citados.

Ao investigar com a paciente como se desenvolveram seus pensamentos acerca do funcionamento familiar, esta afirmou acreditar que sua própria mãe tornou-se mentalmente doente por ser fraca e que sua família-de-origem sempre permitiu a doença de sua mãe ao tolerar suas declarações de ser “subjugada”, “cansada” e assim por diante. Ela desenvolveu um esquema no qual, para manter a sua família saudável e forte, era crucial que ela se mantivesse firme, não dando espaço para “suavidade”. A utilização da técnica de intervenção cognitiva da “seta descendente” - implementada através de uma série de perguntas com o objetivo de se descobrir o esquema básico subjacente, a partir dos pensamentos de nível mais superficial – permitiu identificar a crença central da mãe (Figura 1). Essa técnica é introduzida quando, a partir de um problema apresentado, segue-se perguntando: “Se isso ocorresse, que significado teria para você?”

 

Figura 1: SETA DESCENDENTE

 

O esquema rígido da mãe, por exemplo, levou-a a pensar em termos dicotômicos, não permitindo espaço para qualquer expressão emocional, a não ser a raiva, que ela expressava em reação ao que percebia como sinais de fraqueza dos outros (para ela a raiva era uma reação emocional associada à força e assim era mais aceitável, na medida em que se sentia em controle) (ex., “Não há espaço para a fraqueza na vida”). Isso teve, indubitavelmente, um impacto negativo sobre o resto da família, que formou uma aliança contra ela. O esquema do pai, que era fortemente afetado pela sua relação com sua mãe, contribuiu para os seus comportamentos passivo-resistentes de não confrontar a sua esposa. Esses sentimentos de ser negligenciado pelo “estilo super poderoso” de sua mãe levaram-no a encontrar a força nos números, formando assim uma aliança com seus filhos contra a sua esposa. Curiosamente, essa é a mesma maneira na qual ele, seu pai e seus irmãos lidavam com a arrogância de sua mãe durante sua formação.

Quando os filhos foram entrevistados, eles concordaram que viam sua mãe como não razoável e desagradável. Suas atribuições sobre a causa da tensão na família envolviam a visão de que o problema estava conectado com o modo como sua mãe foi criada, o que fortaleceu a visão inflexível dela sobre o “ser humano”. Quando dois dos filhos foram questionados sobre seus pensamentos automáticos do dia-a-dia, eles disseram que sua mãe estava sendo “ridícula” e controlava a família com uma espécie de “pensamento maluco” que aprendeu com a mãe dela, quando criança. O pai deles fomentou a percepção da mãe como a “perpetradora” e a dele e dos filhos como vítimas inocentes. Nas tentativas de se descobrir as crenças centrais dos filhos, ou o esquema geral sobre a situação, uma filha declarou: “Eu acho que minha mãe está provavelmente no limite do estresse a que foi submetida por toda a sua vida. No entanto, nós devemos concordar com ela ou algo ruim poderá acontecer e nós não precisamos disso – embora nós estejamos o tempo todo ressentidos em ter que viver desse modo – tudo por causa dos problemas estúpidos de minha avó.”

Os esquemas familiares dos pais costumam ser disseminados e aplicados na educação de seus filhos. Neste caso, a integração com as percepções da prole e as inferências sobre o ambiente familiar e outras experiências de vida contribuem para o posterior desenvolvimento do esquema familiar. O esquema familiar está sujeito à mudança quando os eventos principais ocorrem durante o curso da vida familiar (ex., morte, divórcio, doença) e eles também continuam a evoluir no curso da experiência ordinária do dia-a-dia. Os filhos podem também reprovar as crenças dos pais, tal como o que foi descrito e podem adotar uma posição oposta. Por exemplo: “eu não vou agir como ela acha que eu deveria agir – eu vou fazer o que eu quero”.

Uma meta central da TFCC é a de facilitar o máximo de mudança possível, dada a influência que esses esquemas têm sobre a disfunção familiar. A intervenção consiste de uma série de estratégias cognitivas e comportamentais usadas para reestruturar as crenças centrais básicas da família e alterar ou modificar os padrões comportamentais que estão associados com o esquema. O componente comportamental da TFCC focaliza-se em vários aspectos das ações dos membros da família, incluindo: (1) uma interação negativa excessiva e deficiências de comportamentos agradáveis trocados entre os membros familiares; (2) habilidades de expressão e de escuta usados na comunicação; (3) habilidades de solução de problemas e (4) negociação e habilidades de mudança de comportamento (Epstein et al., 1988; Epstein & Schlesinger, 1996). Os modelos teóricos subjacentes às abordagens comportamentais à terapia de família são da teoria da aprendizagem social (ex., Bandura, 1977) e teoria de troca social (ex., Thibaut & Kelly, 1959).

 

O papel das emoções na terapia familiar cognitivo-comportamental

Ignorar as emoções em qualquer tipo de terapia familiar seria um grave erro. O componente emocional é um dos muitos aspectos da disfunção familiar que leva a família a procurar tratamento. Um dos mitos mais comuns a respeito da TFCC é que esta minimiza, ou até deliberadamente ignora, o componente emocional do tratamento (Dattilio, 2001a). Lazarus (1991) definiu emoções como uma complexa e padronizada reação do organismo a como nós pensamos que estamos nos desempenhando na vida. As emoções expressam a medida pessoal e íntima daquilo que está acontecendo na nossa vida social. Portanto, as emoções são essenciais para os nossos relacionamentos pessoais próximos, como o que ocorre entre os membros da família. Os terapeutas cognitivo-comportamentais tendem a focar principalmente nas emoções que estão associadas com os processos cognitivos.

No âmbito das interações familiares, essa questão concerne a como as emoções, sejam positivas ou negativas, estão conectadas a experiências cognitivas específicas. Desta forma, um membro da família pode parecer estar experimentando raiva, mas o terapeuta explora a cognição associada, a fim de compreender inteiramente a origem das emoções que ocorrem nas interações familiares. Por exemplo, uma adolescente que se torna irada com seus pais porque estes não permitem que ela vá a uma festa em particular, pode revelar, quando questionada pelo terapeuta, que o que está subjacente à raiva é o sentimento de medo e vulnerabilidade à rejeição por seus colegas, caso ela não possa comparecer à festa. Assim, a cognição relacionada a esta emoção seria: “Eu posso me sentir envergonhada por não poder ir e posso estar sujeita à ridicularização e à rejeição.” Uma cognição como esta pode estar associada a uma experiência prévia de ter testemunhado uma situação similar com uma colega em que esta foi rejeitada pelo grupo social, pelo mesmo motivo. Esta avaliação diferencia a emoção especificamente relacionada a uma situação de um estado emocional mais geral que o indivíduo pode experimentar.

Na abordagem cognitivo-comportamental, o terapeuta auxilia os membros da família a identificarem como as emoções estão comumente ligadas a cognições específicas e ajuda os familiares a explorarem a adequação e a validade das cognições que estão associadas às emoções negativas. Neste exemplo, auxiliar a filha a reexaminar o quanto o seu comparecimento à festa seria realmente crucial poderia ser uma maneira de reduzir a intensidade de sua raiva. Ainda, intervenções que ajudam os membros da família que estão perturbados a se confortarem e a reduzirem a intensidade da emoção também podem permitir que estes pensem mais claramente sobre os problemas familiares. Uma discussão mais ampla sobre os procedimentos utilizados para avaliar e intervir em respostas emocionais se encontra em Epstein e Baucom (2002). Para os propósitos da presente discussão, é importante reconhecer como os esquemas familiares podem estar associados às emoções intensas, que podem necessitar ser manejadas, de forma que os familiares possam focar na identificação e na modificação de crenças centrais envolvidas nos esquemas.

 

Desenvolvimento dos Esquemas Familiares

O desenvolvimento e o funcionamento dos esquemas familiares é similar aos dos indivíduos e dos casais, baseados nas experiências de vida pregressas e atuais, da maneira como foram percebidas por cada um dos membros da família. Virgínia Satir, que foi a pioneira em terapia familiar, escreveu, há muito tempo, que “Os pais são os arquitetos da família” (Satir, 1967). A TFCC inclui este conceito e sustenta que os esquemas e experiências de vida que um casal traz para o relacionamento são transmitidos aos seus descendentes e moldam a constelação familiar (Dattilio, 1998a). As crenças parentais certamente influenciam o modo como seus descendentes interpretam os diversos eventos da vida, e contribuem fortemente para os conceitos que uma criança forma sobre o mundo. Isso é claramente visto na vinheta de caso apresentada anteriormente, em que a mãe era preocupada com sinais de fraqueza nos membros de sua família. A noção de esquema aplicada a famílias pode explicar algumas das dinâmicas que constituem as crenças centrais e como estas crenças afetam os padrões emocionais e comportamentais de desta. Ficou implicitamente entendido que o custo de “perturbar” a mãe através da expressão de qualquer tipo de emoção negativa, era muito alto. Conseqüentemente, o esquema evoluiu de forma que os membros da família raramente expressavam emoções negativas, exceto se a mãe estivesse ausente. A família compartilhava o esquema de que doença mental pode causar fraqueza e afetar os outros membros da família.

Contudo, havia outros esquemas familiares que envolviam todos, à exceção da mãe, incluindo alguns como “Nós devemos pisar em ovos com a mamãe ou então ela vai brigar conosco”. Isso é similar aos “mitos familiares”, que os teóricos sistêmicos discutem em terapia familiar (Nichols & Schwartz, 1998). O esquema relativo à necessidade de não desagradar à mãe, através da violação de sua crença sobre fraqueza associada à expressão de sentimento, fez com que o restante da família ficasse alinhado contra ela, o que, por sua vez, aumentava sua desconfiança em relação aos comportamentos dos outros membros da família; tudo isto contribuindo para a formação de um processo circular negativo e de uma atmosfera bastante tensa.

Um segundo aspecto dos esquemas é mais velado do que o que foi descrito até agora. Os membros da família também sustentavam uma crença implícita de que a mãe tinha uma doença mental e que eles precisavam apaziguá-la, de forma a impedir que ela entrasse em colapso emocional ou perdesse o controle. Este esquema era transmitido não-verbalmente pelo pai, na medida em que ele não permitia que os filhos expressassem seu aborrecimento para a mãe. Este sentia a necessidade de proteger sua esposa, que ele acreditava ser muito frágil e sujeita a um colapso caso a família a confrontasse e reclamasse do seu comportamento. O pai estava também se rebelando contra sua própria mãe, ao formar uma coalizão com seus filhos contra sua esposa, assim como seu pai fazia com ele e seus familiares durante sua juventude. Este era um esquema familiar velado compartilhado por todos na família, inclusive pela mãe, que foi criada para acreditar que era muito frágil.

Infelizmente, a regra nesta família, “Não balance o barco e faça o que a mamãe disser”, se estendia a outras áreas da vida familiar, o que criou uma grande quantidade de ressentimento velado por parte dos filhos. Por exemplo, se uma das adolescentes estivesse chateada depois de uma briga com seu namorado, ela choraria trancada em seu closet, numa tentativa de evitar que sua mãe a visse ou ouvisse. Depois, ela tomaria um banho e se maquiaria para disfarçar a vermelhidão dos olhos, de forma que sua mãe não pudesse perceber que ela estava perturbada. Por conseqüência, a crença compartilhada de que era mais fácil simplesmente esconder os sentimentos, ou continuar a satisfazer a mãe em função de sua fragilidade, contribuiu para a evitação e a confrontação conjuntas entre os membros da família.

Foi notado, também, que os membros da família começaram a generalizar o esquema familiar de evitação da auto-expressão para seus outros relacionamentos fora de casa. Isso era particularmente real para algumas das crianças, que temiam represálias por parte de seus colegas ao expressarem seus sentimentos negativos. Isto gerava dificuldades em seus relacionamentos interpessoais. Isto também causava um viés em suas crenças sobre como uma pessoa deveria lidar com os outros quando estes enfrentam emoções negativas.

Neste caso, o esquema individual da mãe era o de que ela deveria proteger sua família de entrar em colapso e tornar-se indefesa diante da vida. A mãe via seu papel na família como sendo aquela que precisava manter os outros fortes a todo custo. Em contraste, o esquema individual do pai envolvia a crença de “Eu preciso proteger minha esposa, depois de tudo que ela passou em sua infância e é importante que eu e as crianças sejamos sensíveis e respeitosos com ela. Ao mesmo tempo, eu preciso estar entre a minha esposa e meus filhos, uma vez que, algumas vezes, as crianças estarão com raiva ou ressentidas, e eles precisam entender como a mãe deles funciona”. As crianças compartilhavam o esquema individual: “Eu não posso ser eu mesma na frente da minha mãe porque isso causa uma reação em cadeia negativa. Meu pai sempre a apóia e não vai confrontá-la, mesmo que isto resulte em sofrimento para mim. É muito desconfortável viver desta forma. Eu odeio morar nesta casa!”. O esquema individual de cada membro da família mantém o esquema familiar compartilhado de que “não balançar o barco” é a melhor opção. Os esquemas individuais de cada familiar são normalmente similares ou complementares, o que permite que estes sejam todos consistentes com o esquema compartilhado. No caso de os esquemas individuais não se articularem bem, há conflito ou um ou mais esquemas dos membros da família precisam ser ajustados de forma a se encaixar com o esquema familiar geral. Um exemplo em família envolve uma adolescente que se recusa a aceitar os pedidos de sua mãe e dramatiza exageradamente suas emoções, com o objetivo de provocar sua mãe e obter elogios de seu pai, em uma tentativa de manter a homeostase familiar. A pressão contínua dos outros membros da família e a ameaça de que eles iriam isolá-la, caso ela não obedeça, podem finalmente fazê-la abandonar seu comportamento provocativo. Ao longo do tempo, ela poderia concluir que “Se eu não cooperar vou perder minha família. Logo, vou ceder para fazer todo mundo feliz”, mesmo que ela possa, ainda assim, se ressentir do que ela percebe como o comportamento controlador de sua mãe.

 

Atribuições

Os esquemas modelam ainda outros tipos de cognição que comumente ocorrem nas interações familiares, incluindo atribuições, que são inferências sobre as causas dos acontecimentos da relação. O esquema envolve idéias sobre ligações causais. Assim, quando alguém observa um acontecimento, este tem idéias preexistentes sobre que fatores provavelmente o causaram.

Atribuições são essencialmente explicações para acontecimentos da relação ou para comportamentos que já ocorreram. Estas são consideradas importantes aspectos da experiência subjetiva de um indivíduo a respeito do seu relacionamento com os outros (Epstein & Baucom, 2002). Quando aplicadas às famílias, os membros fazem atribuições sobre características tanto positivas quanto negativas uns dos outros. Por exemplo, a tendência dos familiares de culpar uns aos outros por certos problemas e de atribuir as ações negativas uns dos outros a amplas e imutáveis características de personalidade é uma das formas mais comuns de atribuição negativa (ex. meu pai não escuta o que eu tenho para dizer porque ele é egoísta e não se importa comigo. Por outro lado, atribuições positivas também ocorrem (ex. meus pais normalmente pedem a minha opinião porque eles valorizam o que eu tenho para dizer). Atribuições negativas, especialmente aquelas envolvendo traços de personalidade, podem facilmente promover um senso de desesperança nos familiares, assim como se pode encontrar em indivíduos diagnosticados com depressão e em membros de casais em crise (Beck, Rush, Shaw & Emery, 1979; Dortherty, 1981; Epstein, 1985). Tais atribuições podem também dificultar o uso de habilidades de comunicação construtiva e de solução de problemas. As atribuições afetam a maneira como os membros da família se sentem em relação uns aos outros, como se sentem sobre o relacionamento de sua família e sobre suas interações em geral. Estas derivam das crenças subjacentes ou dos esquemas dos familiares sobre eles mesmos e sobre os outros.

 

Expectativas

As atribuições são importantes, mas as predições que os membros da família fazem sobre o comportamento futuro uns dos outros são igualmente importantes. Estas predições são conhecidas como expectativas, e são comumente baseadas nos esquemas individuais dos membros da família sobre as relações desta. Expectativas podem ter um efeito profundo na disposição emocional e comportamental de um indivíduo e de seus familiares. Um exemplo clássico é um adolescente que possui um esquema de que seus pais não compreendem nem respeitam seus filhos. O adolescente, então, prevê que seus pais não conseguirão se manter abertos para ouvir seus pedidos. “Eles simplesmente desrespeitam qualquer pedido que eu faça. É inútil pedir qualquer coisa”. Por sua vez, a motivação do adolescente em comunicar-se com seus pais é pequena e, quando ele toma decisões sem consultar os pais, estes respondem com punição, o que é consistente com o esquema negativo que o adolescente possui sobre eles. O esquema negativo básico do adolescente sobre a relação entre pais e filhos se fortalece e se desenvolve em um esquema compartilhado de que “os pais e os filhos não conseguem se comunicar nem se olhar nos olhos”, na medida em que os pais também percebem que seus esforços em influenciar o filho são infrutíferos. Assim, expectativas moldadas pelos esquemas levam os familiares a se comportarem de maneira a criar profecias auto-realizadoras que reforçam os esquemas familiares.

Expectativas negativas podem, sem dúvida, influenciar a direção do conflito na dinâmica familiar. Embora o maior volume de pesquisas em expectativas tenha sido dedicado a casais em crise (Fincham, Bradbury, & Beach, 1990; Vanzetti, Notarius & NeeSmith, 1992), os resultados provavelmente podem ser aplicados às dinâmicas familiares. Um dos principais focos do tratamento é reduzir o senso de desesperança dos membros da família sobre a possibilidade de melhorar os aspectos negativos da relação.

Não é surpreendente que expectativas e atribuições estejam relacionadas entre si. Epstein e Baucom (2002) discutem como os casais fazem atribuições estáveis quando eles percebem o comportamento de seu parceiro como sendo improvável de se modificar. Quando isto ocorre, normalmente gera expectativas negativas a respeito do futuro do relacionamento. Na maioria dos casos, essas cognições negativas estão associadas com emoções negativas tais como raiva, depressão etc. O mesmo processo se mostra verdadeiro para as famílias. Por exemplo, o adolescente que sente que seus pais o desrespeitam pode desenvolver sentimentos depressivos.

 

Suposições

Suposições são uma forma de esquema que cada familiar possui sobre as características dos outros membros da família e sobre o relacionamento. Suas suposições subjacentes sobre as características uns dos outros servem de base para realizar atribuições sobre as causas dos comportamentos específicos dos outros. Como resultado, a suposição subjacente que cada membro desenvolve sobre os outros e sobre o relacionamento podem influenciar seus comportamentos e os acontecimentos (Baucom & Epstein, 1990; Baucom et al., 1989).

É normalmente quando as suposições de um dos membros da família são violadas ou quebradas que os conflitos ou tensões emergem. Considere, por exemplo, pais que, tendo ensinado seus filhos a importância da honestidade, supõem que os filhos serão sempre confiáveis. Imagine, então, a primeira vez que o filho sucumbe à influência dos colegas e engana seus pais. A suposição central dos pais sobre confiança é violada pela criança. Se os pais também mantêm um padrão que as crianças devem se comportar de maneira confiável, a violação deste padrão provavelmente vai aborrecê-los gravemente, e estes podem responder impondo um controle estrito sobre a vida social da criança. Esta resposta rompe a suposição da criança de que seus pais são flexíveis e compreensivos. Quanto mais rígidos os pais forem, um fator largamente dependente de suas características pessoais, mais tensão, provavelmente, será produzida no relacionamento. Conseqüentemente, o filho pode desenvolver a suposição “Eu não sou digno de ser amado a não ser que eu satisfaça todas as expectativas de meus pais”. Os pais podem reagir à decepção do filho revendo sua suposição sobre a influência parental: “Nós precisamos nos manter firmes nas nossas regras, não permitindo exceções, de forma a criar nossos filhos da maneira correta”.

 

Padrões

Padrões são uma forma de esquema envolvendo as crenças individuais sobre que características os indivíduos e seus relacionamentos “deveriam” apresentar. Os membros de um relacionamento usam os padrões como moldes para avaliar se o comportamento e o desempenho de papéis uns dos outros é apropriado e aceitável. Certos padrões podem ter sido transmitidos pelas famílias de origem dos pais; por exemplo: o que constitui um comportamento respeitoso em relação aos pais, a maneira como o perdão é concedido, ou o quão próximos os pais devem ser dos filhos.

Schwebel e Fine (1992) descreveram padrões no seu trabalho sobre “a constituição da família”, um envolvente jogo de regras e padrões que governam a vida familiar. A maioria destas regras são baseadas nos esquemas individuais ou compartilhados do que constitui uma “vida familiar saudável”. Estas são usualmente vertidas na prole de um casal ainda na infância, embora isso possa variar, dependendo da maneira como os membros da família respondem a estas, na medida em que algumas crianças e adolescentes desafiam ou até mesmo rejeitam os padrões de seus pais. Os padrões envolvidos na constituição de uma família incluem:1

1) Padrões para inter-relacionamento entre os membros da família.

2) Padrões para a divisão das tarefas.

3) Padrões para lidar com os conflitos.

4) Padrões para limites e privacidade.

5) Padrões para os indivíduos exteriores à unidade familiar (ver Schwebel & Fine, 1992).

 

Intervindo em Esquemas Familiares

Ao abordar os esquemas familiares desde uma perspectiva cognitivo-comportamental faz-se importante seguir uma série de passos que podem facilitar o processo de análise do esquema e oferecer os fundamentos necessários à reestruturação. O caso da mãe que temia a fraqueza pode continuar a nos servir de exemplo:

Passo 1: Descobrir e identificar esquemas familiares compartilhados e apontar áreas de conflito e disfunção que são potencializadas pelos esquemas (ex., “Temos que pisar em ovos com mamãe. Se mostramos qualquer sinal de fraqueza ela enlouquece”). Esquemas podem ser descobertos questionando pensamentos automáticos e utilizando técnicas, como a da Seta Descendente, tal como foi realizado com a mãe neste caso (Dattilio, 1998b; Dattilio & Padesky, 1995). Uma vez que os esquemas são identificados, a verificação deve ser feita obtendo, por parte da família, alguma medida de acordo.

Passo 2: Traçar a origem dos esquemas familiares e como eles evoluíram até se tornarem um mecanismo entranhado no processo familiar. Isto é feito investigando o passado dos pais e os estilos parentais que seus próprios pais usaram durante a sua criação. Similaridades e diferenças devem ser delineadas entre o passado dos pais e seus esquemas individuais com o intuito de esclarecer o modo em que eles contribuíram para os esquemas familiares imediatos (Figura 2).

 

Figura 2: ESQUEMA FAMILIAR

 

Passo 3: Ressaltar a necessidade de mudança, indicando de que modo a reestruturação de um esquema pode facilitar uma interação familiar mais adaptada e harmoniosa. Neste estágio, é essencial apontar para a família que a modificação dos esquemas pode diminuir a tensão e os níveis de conflitos na família. Por exemplo, uma das áreas a ser abordada com a mãe que temia a fraqueza era o peso envolvido na sua crença de que ela tinha que ser emocionalmente responsável pelas habilidades dos outros de suportarem estresse. Foi importante ressaltar o quanto suas percepções foram distorcidas e afetadas negativamente pela situação com a sua própria mãe, e como ela, sem intenção, colocou um peso similar na sua família atual. Em alguns casos, encontros com a família de origem podem ser usados para ajudar um indivíduo a processar crenças distorcidas. Por exemplo, visto que a mãe da paciente ainda era viva, convidei-a a ter uma sessão individual comigo e com a paciente com o objetivo de explorar as crenças arraigadas da paciente, em uma tentativa de reestruturar o pensamento desta. Algumas vezes, isto pode ser extremamente útil na reestruturação de esquemas arraigados.

Passo 4: Obtenha reconhecimento e encoraje a cooperação da família como um todo no sentido da necessidade de modificar os esquemas disfuncionais atuais. Isto é imperativo para que a mudança possa ocorrer, ao mesmo tempo em que constrói um caminho para um esforço colaborativo entre o terapeuta e os membros da família. Para os membros da família que possuem objetivos diferentes ou incompatíveis no que se refere ao resultado do tratamento, encontrar um ponto comum entre todos torna-se um objetivo importante para o terapeuta. Usar informação recentemente colhida pode ajudar na modificação de objetivos.

Passo 5: Avalie a habilidade da família em fazer mudanças e planejar estratégias para facilitá-las. Torna-se importante determinar quão capaz é a família de realizar mudanças significativas nas suas crenças básicas. Fatores potencialmente limitantes incluem níveis de habilidades restritos e resistência em adquirir habilidades de enfrentamento efetivas. Por exemplo, se uma família está funcionando em um nível intelectualmente mais baixo, seus mecanismos de enfrentamento podem ser menos sofisticados e a intervenção talvez precise ser mais concreta e o processo mais lento. Também é essencial averiguar o grau de resistência que existe dentro da família que possa manter um nível de homeostase. Por exemplo, uma vez que várias sessões de família de origem ocorreram entre a paciente e sua mãe, os outros membros da família puderem testemunhar como a paciente (mãe das crianças) começou a reestruturar suas próprias crenças e a ver como seu comportamento afetava negativamente sua família imediata. A partir deste momento, o processo colaborativo de aceitar possibilidades alternativas pode começar com cada membro da família. Um exemplo semelhante poderia ser abordado com o pai ao confrontar seus próprios pais a respeito de suas dinâmicas, permitindo que este redirecionasse parte de seu ressentimento para longe de sua esposa e, mais apropriadamente, em direção à sua própria família de origem.

Passo 6: Implemente a mudança. O terapeuta de família funciona como um instrumento para facilitar a mudança, encorajando os membros da família a considerar versões modificadas de suas crenças básicas. Isto é feito através do uso de experiências colaborativas (tal como é mencionado no Passo 5), fazer um brainstorming de idéias com o intuito de modificar crenças, e pesar os efeitos que as modificações das crenças existentes possam ter nas interações familiares. A chave no processo de mudança é identificar como os membros da família irão comportar-se diferentemente uns em relação aos outros se eles passarem a viver de acordo com o esquema modificado. Por exemplo, se a família descrita no exemplo de caso está tentando adotar uma nova crença – “É importante ter tato ao expressar sentimentos negativos a outros membros da família, mas familiares devem ter liberdade para compartilhar tais sentimentos uns com os outros” – o terapeuta os ajuda a identificar como eles irão levar a cabo esta crença no nível comportamental.

Passo 7: Experimentando novos comportamentos. Isto envolve experimentar as mudanças e ver se elas fazem sentido. O uso de exercícios familiares e deveres de casa é imperativo para que a mudança seja permanente (Dattilio, 2002). Por exemplo, pode-se sugerir que cada membro da família escolha um comportamento alternativo consistente com o esquema modificado, experimente-o, e depois anote o impacto que eles perceberam que este teve na família. Este processo é chave na tentativa de solidificar novas formas de pensamento.

Passo 8: Solidificando as mudanças. Este estágio envolve o estabelecimento do esquema modificado e de comportamentos familiares associados a ele como um padrão permanente na família através de práticas repetidas, ao mesmo tempo em que os membros da família também se mantêm flexíveis com relação a modificações futuras.

Voltando ao nosso caso ilustrativo, a Figura 3 mostra como o esquema familiar é reestruturado através do questionamento dos pensamentos distorcidos.

Faz-se importante trabalhar com a toda a família junta, mas em alguns momentos é necessário focar inicialmente nos esquemas de membros individuais que pareçam estar causando o maior grau de conflito. Nesta situação específica, a mãe é vista como um paciente identificado no sentido de que a família atribui à sua forte crença a causa da disfunção no relacionamento. Apesar disto poder ser verdade até certo ponto, uma variedade de outras questões contribuíram para o padrão familiar disfuncional. Não obstante, visto que é provável que esta família continue a criar conflito com relação ao comportamento da mãe, este se tornaria, inicialmente, uma área de foco no tratamento, e, depois, espera-se, seremos capazes de trabalhar em direção a outras áreas, afastando-nos da queixa principal a respeito das crenças rígidas da mãe.

No entanto, determinar a forma como estas questões serão abordadas envolverá indagar abertamente as crenças e percepções de cada indivíduo a respeito do conflito familiar e suas causas. Por exemplo, ao lidar com as crianças, as mais prováveis de verbalizarem ressentimento com relação aocomportamento rígido da mãe, pode-se tentar focalizar nas intenções e emoções por trás do comportamento dela. Esta exploração não se limitaria ao medo traumático ao qual ela foi exposta na infância; também incluiria uma consideração de seu comportamento como uma forma dela expressar amor por sua família, isto é, uma tentativa de evitar que eles tenham as mesmas experiências que ela teve quando era criança. O processo de fazer com que o restante da família aprecie esta questão ajuda a reestruturar o esquema de uma forma que demonstra que esta não é apenas uma forma da mãe fazer com que todos sofram, mas seu modo de amar e proteger sua família. Isto é muito semelhante ao processo de mudança de perspectiva, comum em outras abordagens de terapia de família. A diferença reside no fato de que é dada uma ênfase maior a um esforço deliberado de colher dados adicionais e pesar a evidência no sentido da mudança de pensamento. Terapeutas cognitivo-comportamentais utilizam uma variedade de técnicas de questionamento socrático e de descobertas guiadas para introduzir informação nova, com o intuito de que os membros da família possam tirar novas conclusões. Deve ser apontado, no entanto, que estas técnicas nunca são forçadas sobre os clientes, mas sugeridas de modo colaborativo.

Com o caso anteriormente mencionado, também seria importante permitir que os membros da família partilhassem alguns de seus sentimentos e percepções a respeito da situação com a mãe, em uma tentativa de começar a mudar seu pensamento com relação ao assunto. Despolarizar as posições da mãe e do pai, ajudando este a apoiar sua mulher reconhecendo o comportamento desta como uma expressão de amor, ao contrário de uma tentativa de controlar a família, também auxiliará no processo de reestruturação de pensamento. Poderíamos abordar, igualmente, a questão do comportamento do pai minando o poder e o controle da mãe no ambiente familiar. Reestruturando seu conceito e sua percepção da circunstância será o meio mais eficaz de facilitar a mudança. O mesmo pode ser dito das crenças da mãe a respeito do pai e do resto da família. De fato, para poder efetuar mudanças em esquemas familiares é importante modificar as crenças individuais de cada membro da família a respeito dos outros membros.

A este respeito, podemos dizer que o tratamento pode envolver fazer com que cada membro da família questione seus pensamentos automáticos a respeito do conflito familiar, e reconheça e trabalhe em cima de crenças centrais que possam estar na raiz do conflito, ao invés de focalizar apenas no paciente identificado, tal como a mãe, como causa dos problemas familiares. Questionar pensamentos automáticos e pesar explicações alternativas pode reforçar a mudança (ver Figura 3). Da sua parte, a mãe pode considerar mudar ou substituir algumas de suas crenças e aprender a se auto-assegurar de que ela não perderá o controle ou colocará sua família em risco caso ela não se apegue à sua rígida definição de fraqueza. Ser capaz de aceitar a vulnerabilidade como uma característica inerente à condição humana é um conceito importante a ser ressaltado no tratamento.

 

FIGURA 3: QUESTIONANDO E REESTRUTURANDO ESQUEMAS MAL-ADAPTADOS

 

Conclusão

O processo de reestruturar esquemas familiares requer uma grande dose de esforço, particularmente porque o terapeuta está lidando com mais de um grupo de crenças individuais e pode deparar-se com esquemas muito entranhados e rígidos. Famílias são particularmente relutantes a fazer mudanças, especialmente quando estas ameaçam romper com a homeostase geral. Sugerimos que os terapeutas tenham paciência ao reestruturar os esquemas familiares e que permaneçam cientes dos pontos acima, já que é muito mais fácil modificar percepções, atribuições e expectativas específicas do que mudar esquemas tais como suposições. Focalizar, inicialmente, nestes componentes específicos pode ser uma forma de facilitar a entrada da família no processo de reestruturação cognitiva, período após o qual esquemas mais rígidos poderão ser abordados.

Complementando, podemos dizer que a intervenção de reestruturar esquemas familiares provavelmente terá um impacto importante no bem-estar da família, podendo ser integrada em outros modelos teóricos de tratamento. No passado, a flexibilidade e o potencial integrador da Terapia Cognitivo-Comportamental com famílias não foi consistentemente reconhecido no campo devido a uma série de estereótipos incorretos que descreviam o modelo como focando sobretudo na cognição e em processos causais lineares. Um retrato mais realista seria o de que “a Terapia Cognitivo-Comportamental com famílias abarca processos circulares que envolvem fatores cognitivos, afetivos e comportamentais, assim como influências de teorias contextuais mais amplas”, tal como é o caso do ambiente interpessoal e físico da família (Dattilio & Epstein, 2003, p. 169). Por exemplo, muitas das técnicas de reestruturação cognitiva podem ser usadas juntamente com o modelo de Bowen (1978) de terapia familiar, especialmente o aspecto da diferenciação do self. Visto que o objetivo da auto-diferenciação é um equilíbrio entre pensamentos e cognições, pode-se ajudar membros da família que estão tendo dificuldades com determinadas distorções cognitivas através de técnicas tais como a da “Seta Descendente” ou Reenquadramento. Por exemplo, no caso anteriormente relatado da mãe que entendia a expressão de emoções como um sinal de fraqueza, estas técnicas cognitivas serviriam para otimizar uma abordagem boweniana com a família, especialmente no caso das crianças, que se sentiam compelidas a sustentar as crenças da mãe com relação ao perigo das emoções, permanecendo em coalizão com o pai com o intuito de outorgar-lhe poder. As técnicas descritas acima também podem ser úteis para outras abordagens que trabalham com crenças centrais ou com atividades terapêuticas que fazem com que os membros da família considerem alternativas mais adaptadas, tal como acontece com as abordagens contextuais.

Conseqüentemente, o campo para a fertilização mútua é rico, sobretudo porque a terapia cognitivo-comportamental tem integrado conceitos e métodos de várias outras abordagens (Dattilio, 1998b). Cada abordagem terapêutica possui distintas características próprias, no entanto, estratégias cognitivo-comportamentais podem e devem ser consideradas como auxiliares efetivas ao tratamento.

 

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Endereço para correspondência
E-mail: datt02cip@cs.com

Recebido em: 10/05/2006
Aceito em: 10/06/2006

 

Notas

1 Nota do autor: Eu incluiria uma lista das áreas a serem consideradas e, mais uma vez, referiria a Schwebel e Fine (1992). Eu não considero necessárias maiores explicações.

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