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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

Print version ISSN 1808-5687

Rev. bras.ter. cogn. vol.5 no.2 Rio de Janeiro Nov. 2009

 

ARTIGOS

 

Habilidades sociais e satisfação conjugal: um estudo correlacional

 

Social skills and marital satisfaction: correlational study

 

 

Juliana Burges Sbicigo1; Carolina Saraiva de Macedo Lisbôa2

1Psicóloga, formada pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS). Mestranda em Psicologia pelo Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
2Doutora e mestre em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Professora do Mestrado em Psicologia Clínica e da graduação em Psicologia da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS)

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Esta pesquisa teve como objetivo investigar relações entre habilidades sociais e satisfação conjugal  em 25 casais (n=50), com idades entre 23 e 69 anos, e tipo de união entre sete e 40 anos. Os participantes responderam à Escala de Satisfação Conjugal e à Escala Multidimensional de Expressão Social - Parte Cognitiva. As análises inferenciais não indicaram correlação entre as variáveis investigadas. Entretanto, os níveis de habilidades sociais dos cônjuges mostram-se correlacionados, sendo que o mesmo ocorreu com o nível de satisfação conjugal. Adicionalmente, os homens mostraram-se mais satisfeitos com a união à medida que possuíam mais filhos. Os dados são relevantes para o entendimento dos relacionamentos afetivos entre casais, variáveis associadas, bi como são fundamentais para o exercício e a reflexão na atividade clínica.

Palavras-chave: Habilidades sociais, Satisfação conjugal, Conjugalidade.


ABSTRACT

The present research aimed to investigate the association between social skills and marital satisfaction. 25 couples (n=50), ages between 23 e 69 years-old were interviewed. The total time of union varied from seven to 40 years. The participants answered Marital Satisfaction Scale and Multidimensional Social Expression Scale – Cognitive part. Inferential analysis do not show correlation between marital satisfaction and social skills, therefore, social skills levels of each partner were correlated as well as their level of marital satisfaction. Also, men seied more satisfied than women with marital relation as long as they have more children.  Data is important and relevant to the comprehension of marital relations as well as to support clinical activity and reflection in cognitive-behavior area.

Keywords: Social skills, Marital satisfaction, Conjugality.


 

 

Habilidades sociais e satisfação conjugal: um estudo correlacional

 

Introdução

A importância das habilidades sociais para os indivíduos tem sido amplamente reconhecida na literatura científica (Caballo, 2003; Del Prette & Del Prette, 1999). Destaca-se a influência destas habilidades na interação familiar, mais especificamente na satisfação conjugal, já que a experiência marital é central para o bem-estar do indivíduo e da família. Deste modo, uma relação considerada estável e desejada tem impactos positivos para a satisfação pessoal. Em contrapartida, uma relação deteriorada influi na dinâmica familiar e nas próprias cognições e comportamentos dos cônjuges (Bonet & Castilla, 1998; Fincham, 2003).

Os problemas no casamento estão entre os principais agentes de estresse e estão associados a transtornos psicológicos como depressão e ansiedade (Epstein & Schlesinger, 2004). A qualidade dessa relação é importante para o desenvolvimento subseqüente, tanto individual, como parental. Desse modo, quando há desarmonia matrimonial, há um aumento no risco dos cônjuges apresentarem psicopatologias, doenças físicas, assim como envolveri-se em acidentes automobilísticos, cometeri suicídio, homicídios e atos de violência, oferecendo risco ao desenvolvimento dos filhos (Benetti, 2006; Braz, 2005). Em função do exposto, estudos envolvendo habilidades sociais e satisfação conjugal tornam-se relevantes à medida que podem subsidiar intervenções preventivas voltadas ao bem-estar conjugal, o que consiste em um fator de proteção ao desenvolvimento familiar.

 

Habilidades Sociais

Há autores (Alberti & Emmons, 1978; Caballo, 2003) que consideram o construto de habilidades sociais como sendo equivalente ao de assertividade. Alberti e Emmons (1978, p.2) defini assertividade como “a capacidade de agir segundo seus próprios interesses, afirmar-se sem ansiedade indevida, expressar sentimentos honestos, sem constrangimento, ou exercitar seus próprios direitos sem negar os direitos do outro”. Para Caballo (2003, p.6) o comportamento socialmente habilidoso ou assertivo refere-se à “expressão, pelo indivíduo, de atitudes, sentimentos (positivos e negativos), opiniões e desejos, respeitando a si próprio e aos outros, existindo, em geral, resolução dos problias imediatos da situação e diminuição da probabilidade de problemas futuros”. Por outro lado, teóricos definem as habilidades sociais como um repertório mais amplo de respostas (Del Prette & Del Prette, 1999; Falcone, 2000), sustentando que a assertividade não contipla toda a noção de competência social. Segundo estes autores, os comportamentos socialmente hábeis incluem não só a asserção, mas também outras variáveis como comunicação, resolução de problemas, cooperação, desempenhos interpessoais na profissão e direito a cidadania. Falcone (2000) acrescenta, ainda, o conceito de empatia ao construto das habilidades sociais, como uma atitude complientar ao comportamento assertivo. Para a autora, a empatia consiste na “disposição para abrir mão, por alguns instantes, dos próprios interesses, sentimentos e perspectivas e se dedicar a ouvir e compreender, sem julgar, o que a outra pessoa sente, pensa e deseja” (Falcone, 2000, p.4). Nesta perspectiva, considera-se que a empatia seja mais efetiva na manutenção de relacionamentos mais longos e que a assertividade seja mais importante nas fases iniciais de qualquer relação social. 

Ainda quanto à sobreposição de conceitos, Del Prette e Del Prette (1999, 2001) distingui habilidades sociais (HS), desipenho social (DS) e competência social (CS), muitas vezes, usados como sinônimos. Basicamente, o termo HS refere-se ao repertório de comportamentos que o indivíduo dispõe para lidar com situações interpessoais. Já o DS significa simplesmente à emissão de qualquer comportamento em uma situação, seja ele adequado ou não. A CS está relacionada aos resultados obtidos no desipenho do indivíduo, em uma situação específica. O grau de competência social apresentado por uma pessoa dependerá do que ela deseja conseguir, pois o comportamento considerado apropriado em uma situação pode ser impróprio em outra. Portanto, a CS tem caráter avaliativo, visa a qualificar o nível de proficiência com que os comportamentos são ou deveriam ser emitidos, bem como sua congruência e adequação às situações.

A aquisição de habilidades sociais visa a potencializar ao máximo as capacidades dos indivíduos, assim como generalizar os ganhos para todos os contextos de inserção do mesmo. De um modo geral, “uma pessoa que se comporta com habilidade facilita a solução de problias interpessoais, aumenta seu senso de auto-eficácia e auto-estima, melhorando a qualidade dos seus relacionamentos” (Caballo, 1998). Por outro lado, há evidências consistentes de que déficits de comportamentos socialmente hábeis estão correlacionados com desordens iocionais variadas e conflitos conjugais (Del Prette & Del Prette, 2001). Desse modo, a promoção de capacidades interpessoais vem sendo recomendada como parte da terapia de casais (Cordova & Jacobson, 1999).

Nessa perspectiva, as habilidades sociais individuais influenciam no contexto da vida marital, que ti suas diandas próprias de expressão de sentimentos e intimidade (Del Prette & Del Prette, 2001). Nessa direção, autores têm enfatizado a influência das habilidades de comunicação e de resolução de problias nas interações conjugais (Bratfisch, 1997; Gottman & Rushe, 1995; Rangé & Dattilio, 1995; Sanders, Halford & Behrens, 1999), tendo i vista que a principal queixa dos casais i atendimento clínico está relacionada ao estilo destrutivo, pobre ou deficiente da comunicação. Isso vi sendo corroborado por pesquisas que mostram ser esse o problia mais nocivo e recorrente experimentado pelos casais, que oferece prejuízos à satisfação com o relacionamento (Villa, 2002).

 

Satisfação Conjugal

O conceito de satisfação conjugal tem sido muito discutido na literatura, já que existi diversas definições para o mesmo, o que implicou no surgimento de várias abordagens para mensurar e relacionar este construto (Fletcher, Simpson & Thomas, 2000; Falcke, Diehl & Wagner, 2002). Dela Coleta (1989) apóia a concepção de que a satisfação conjugal é um conceito subjetivo, implicando em uma atitude de respeito para com o casamento, assim como em ter os desejos e necessidades atendidas e, ao mesmo tipo, corresponder ao que o parceiro espera. Nesta perspectiva, a satisfação conjugal é ainda considerada como resultado das expectativas que os cônjuges têm, em comparação com a realidade experienciada no casamento. Falcke et al. (2002) sustentam que a satisfação conjugal é influenciada por variáveis como: sexo, grau de escolaridade, número de filhos, nível socioeconômico e sóciocultural, tipo de casamento, características de personalidade e experiências na família de origem. As habilidades de comunicação, resolução de problemas e empatia também são consideradas preditoras de satisfação conjugal, o que foi evidenciado em pesquisas recentes (Christensen et al., 2008; Christensen, 2004; Gordon & Litzinger, 2005; Troy, 2004; Villa, 2005). Nessa direção, atribui-se um papel central às habilidades de comunicação e de resolução de problias para promover ou reativar a satisfação marital na prática clínica com casais (Arias & House, 1998; Caballo, 2003; Cordova & Jacobson, 1999; Dattilio, 2004; Epstein & Schlesinger, 2004; Rangé & Dattilio, 1995).

Tendo em vista estas considerações,  o presente estudo investiga possíveis relações entre as habilidades sociais e satisfação conjugal. Mais especificamente, são verificadas relações entre os padrões de respostas cognitivas dos cônjuges acerca de suas habilidades sociais e a satisfação marital percebida.

 

Método

Trata-se de um estudo transversal, correlacional e quantitativo.

Participantes

Participaram da pesquisa 25 casais, com idades entre 23 e 69 anos, que residiam na região metropolitana de Porto Alegre/RS. Os casais foram selecionados por conveniência, sendo o único critério de inclusão estar casado ou coabitando por, no mínimo, um ano.

A partir da análise descritiva dos dados sociodiográficos, verificou-se que os homens possuíam idades entre 24 e 69 anos (M=45; DP=11,34) e as mulheres, entre 23 e 64 anos (M=44; DP=12,24). Os cônjuges estavam casados, em média, há 19 anos (DP=10,98). Além disto, a maior concentração de respondentes, de ambos os sexos, possuía ensino médio completo. O número de filhos variou entre 0 e 6, sendo que, em média, os casais possuíam 1 filho (DP=1,4). A renda mensal dos casais esteve entre 3 e 10 salários mínimos, sendo predominantiente entre 6 e 8 salários mínimos.

Instrumentos

Questionário sociodiográfico: instrumento elaborado para essa pesquisa, que investiga os seguintes itens: sexo, idade, escolaridade, tipo de união (casamento ou coabitação), presença ou não de filhos, número de filhos, e renda salarial.

Escala Multidimensional de Expressão Social - Parte Cognitiva (iES-C): foi desenvolvida e validada por Caballo (1987) na população espanhola, com Alfa de Cronbach de 0,92 e confiabilidade teste-reteste de 0,83. A tradução da escala para o português pode ser encontrada em Caballo (2003). Não foram encontrados dados sobre a tradução e validação do instrumento no Brasil, mas existem estudos que utilizaram a iES-C em amostras brasileiras (ver Neto, Santoro, 2006; Landim et al., 2000). A iES-C consta de 44 itens, no formato tipo Likert de 0 à 4 pontos (4 = “Sipre ou muito freqüentiente”; 0 = “Nunca ou muito raramente), que investigam as cognições negativas/pessimistas relativas a diversas dimensões das habilidades sociais como: medo da expressão em público e de enfrentar superiores; medo da desaprovação dos diais ao expressar sentimentos negativos e ao recusar pedidos; medo de fazer e receber pedidos; medo de fazer e receber elogios; preocupação pela expressão de sentimentos positivos e a iniciação de interações com o sexo oposto; medo da avaliação negativa por parte dos demais ao manifestar comportamentos negativos; medo de um comportamento negativo por parte dos diais na expressão de comportamentos positivos; preocupação pela expressão dos demais na expressão de sentimentos; preocupação pela impressão causada nos demais; medo de expressar sentimentos positivos; medo da defesa dos direitos; assumir possíveis carências próprias.

Escala de Satisfação Conjugal (ESC): instrumento de origem mexicana, validado para a população brasileira por Dela Coleta (1989). O inventário é aplicado individualmente e avalia a satisfação de ambos os parceiros com o relacionamento amoroso. É composto por 24 itens que permite ao sujeito três opções de resposta, sendo elas: “Eu gosto de como tem sido”; “Eu gostaria que fosse um pouco diferente”; “Eu gostaria que fosse muito diferente”. O objetivo do instrumento é medir aspectos conjugais correspondentes as suas três subescalas: aspectos emocionais, interação conjugal e aspectos estruturais. A primeira refere-se à satisfação com aspectos emocionais do cônjuge. A segunda diz respeito à satisfação com a interação conjugal. A terceira e última está relacionada com a satisfação com a forma de organização e de estabelecimento e cumprimento de regras pelo cônjuge (Dela Coleta, 1989). A escala obteve Alfa de Crombach considerado alto para escala total (α=0,91) e para suas subescalas: interação conjugal (α=0,86), aspectos iocionais (α=0,81) e aspectos estruturais (α=0,79). Na avaliação da satisfação dos cônjuges, os escores mais altos indicam um nível mais elevado de insatisfação com a relação.

Procedimentos

Foi feita uma divulgação na rede pessoal das pesquisadoras sobre os objetivos deste estudo e a necessidade de que os participantes preenchessem o critério de inclusão.  A partir disso, alguns casais foram indicados por amigos e colegas.

Os participantes em potencial foram contatados primeiramente por quem os indicara e foi verificada a disponibilidade para receber a visita de uma das pesquisadoras. Aos cônjuges que concordaram participar do estudo, foram explicados os objetivos e os procedimentos da investigação, assim como a contribuição da pesquisa para área de conhecimento da Psicologia Clínica.

Cada membro do casal recebeu um conjunto de questionários idênticos, em um envelope, e instruções acerca do preenchimento dos mesmos, em que foi solicitado que os cônjuges respondessem isoladamente. O telefone da pesquisadora foi fornecido para contato por qualquer motivo necessário e foi também combinado que esta retornaria à residência do casal, em 48 horas, para reaver os envelopes, que seriam lacrados sem identificação.

Enfatizou-se a preservação do anonimato dos participantes e a confidencialidade dos dados obtidos, e foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética da universidade das autoras (Processo 002/2008), seguindo as normas e princípios éticos que constam na Resolução 196/1996- Conselho Nacional de Saúde e Resolução 016/2000 do Conselho Federal de Psicologia.

Análise dos dados

Foi realizada a análise descritiva (médias, desvios-padrão) dos escores de cada participante nos instrumentos,  individualmente e como casal. Como os dados não apresentaram distribuição normal, foram realizados cálculos de correlação de Spearman entre as variáveis do estudo.

Resultados

A partir da análise descritiva, verificou-se que os cônjuges apresentaram pontuação elevada na Escala de Satisfação Conjugal. A pontuação dos homens foi, i média, de 40,40 (DP= 8,13) e das mulheres, de 38,16(DP =11,12). Na iES-C, os escores dos homens foram, i média, de 50,21 (DP=24,55) e das mulheres, de 57,08 (DP=24,79). O Alpha de Crombach do ESC e da iES-C foram, respectivamente, 0.90 e 0,92.

As análises inferenciais indicaram uma correlação alta e significativa entre a pontuação dos membros da díade em cada instrumento: ESC (r= .70; p ≤ 0,01) e iES-C (r=.57; p ≤ 0,01). Além disto, verificou-se que os homens mostraram-se mais satisfeitos à medida que possuíam mais filhos (r=.54; p ≤ 0,01). Já os dados sociodiográficos como renda salarial e tipo de união não se correlacionaram com as habilidades sociais ou com a satisfação marital dos participantes.

Discussão

Procuramos verificar, nesta pesquisa, se as habilidades sociais dos mibros do casal mostram-se relacionadas com a percepção de satisfação com a união, conforme tem sido apontado na literatura. Mais especificamente, buscou-se verificar se o padrão de respostas cognitivas dos membros do casal, referentes às suas habilidades socais, relacionavam-se com o grau de satisfação marital percebido.

Não foram observadas relações entre as variáveis, contudo identificou-se uma relação inesperada entre os escores de habilidades sociais dos membros do casal, sendo que o mesmo aconteceu com os escores de satisfação conjugal. Isto sugere que quanto mais um parceiro(a) apresenta habilidades sociais e satisfação com o casamento, maior é a possibilidade de que o outro cônjuge também o seja.

Este resultado, embora contrariando as expectativas iniciais deste estudo, corrobora evidências de pesquisas recentes, nas quais te sido verificado que marido e mulher tendem a perceber o relacionamento de forma semelhante, assim como tendi a compartilhar características psicológicas. Tais pesquisas tem sido realizadas sob a perspectiva das chamadas Teorias da Concordância, que tentam explicar a razão desta possível sielhança entre os cônjuges. Uma hipótese é  que, no momento da escolha conjugal, o indivíduo busca um(a) parceiro(a) que possua um nível sócio-econômico e cultural similar ao seu, assim como hábitos, idéias e atitudes, de modo que a semelhança entre o casal precede o casamento (Meyler, Stimpson, & Peek, 2007). Outra hipótese é de que o casal vive uma relação de interdependência e que suas emoções permaneci ligadas as do parceiro (Meyler, Stimpson & Peek, 2007). Tendo em vista estas considerações, é possível que os cônjuges que participaram desta pesquisa tenham sido influenciados pelas características um do outro, ou que suas semelhanças com relação às habilidades sociais e expectativas sobre a satisfação conjugal sejam prévias ao casamento.

O achado de que os homens apresentam-se mais satisfeitos com o relacionamento à medida que possui maior número de filhos diverge de outros estudos como o de Sardinha et al. (2009), em que houve correlação inversa entre a satisfação conjugal e a quantidade de filhos. Além disto, os dados de  Ellison e Hall (2003) apontaram que múltiplos filhos têm impacto negativo sobre a interação conjugal e o estresse emocional dos pais. Também foi encontrado que para cada filho adicional a partir do primeiro, as chances de piora na qualidade de vida dos pais e de toda a família mais do que dobram (Ellison et al., 2005). Nesse sentido, são necessárias investigações que focalizi na variável número de filhos como um possível preditor de satisfação conjugal.

Finalmente, cabe-nos destacar algumas limitações deste estudo. Em primeiro lugar, trata-se de uma amostra de conveniência composta por casais com longo tipo de união, não sendo, portanto, uma amostra representativa da população de casados ou coabitantes. Em segundo lugar, utilizou-se uma escala de habilidades sociais gerais, ou seja, que não avalia respostas hábeis específicas da relação conjugal. Isto é importante porque, de acordo com a literatura (Del Prette & Del Prette, 1999, 2001), a competência social do indivíduo varia de acordo com a situação. Ou seja, a mesma pessoa pode apresentar graus de habilidades sociais diferenciadas nos contextos em que se insere como trabalho, família, conjugalidade, etc. Assim, sugere-se que sejam realizados outros estudos, utilizando amostras aleatórias, e instrumentos de habilidades sociais específicos para o contexto da maritalidade.

 

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Endereço para correspondência
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, Centro de Ciências da Saúde, Pós Graduação em Psicologia-Mestrado.
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