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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. vol.12 no.2 Rio de Janeiro dez. 2016

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20160013 

RELATOS DE PESQUISAS

 

Influência da família de origem nos domínios de esquemas

 

The influence of family-of-origin in schemas domains

 

 

Juliana PressiI; Denise FalckeII

IGraduação em Psicologia - (Psicóloga Clínica)
IIDoutorado - (Professora Adjunta) - Porto Alegre - SP - Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Conforme a Teoria de Jeffrey Young, a família de origem exerce um papel fundamental no suprimento das necessidades emocionais no desenvolvimento infantil. Partindo desse pressuposto, o presente estudo objetiva verificar o poder preditivo das experiências na família de origem na ativação dos esquemas de cada um dos domínios. A amostra foi composta por 372 sujeitos, 186 homens e 186 mulheres, com idades entre 19 e 81 anos. Os instrumentos utilizados foram Questionário de Dados Sociodemográficos, Subescalas do Family Background Questionnaire (FBQ) e o Young Schema Questionnaire (YSQ-3). Foi realizada uma pesquisa quantitativa, com delineamento explicativo, com uma amostragem de conveniência, no processo de bola de neve. Os resultados evidenciaram que experiências da família de origem contribuem para a ativação de esquemas de cada domínio. Discute-se a possibilidade de que os resultados auxiliem na compreensão sobre o papel fundamental que os pais exercem no desenvolvimento infantil, para assim pensar em intervenções focadas nos pais e cuidadores com uma psicoeducação detalhada sobre as necessidades emocionais básicas de uma criança, de forma a auxiliar no estabelecimento de esquemas mentais saudáveis.

Palavras-chave: Relações Familiares; Desenvolvimento Humano; Personalidade


ABSTRACT

According to Jeffrey Young's Theory, the family of origin plays a fundamental role in the support of emotional needs during a child's development. Considering this assumption, the present study aims to verify the predictive power the experiences in the family of origin has in the activation of the schemas from each domain. The sample was composed of 372 subjects, 186 men and 186 women, with ages ranging between 19 and 81 years old. The measures used were a Sociodemographic Questionnaire, Sub scales from the Family Background Questionnaire (FBQ) and the Young Schema Questionnaire (YSQ-3). A quantitative investigation was performed assuming an explicative design, with a convenience sampling, using snowball process. The results indicated that experiences in the family of origin contribute to the activation of schemas from each domain. The discussion point that these results can help in understanding the critical role parents play during a child's development, as well as to think of interventions focused on parents and caregivers educating them about a child's basic emotional needs. This way, it can be possible to promote the establishment of healthier mental schemas.

Keywords: Family Relations; Human Development; Personality


 

 

INTRODUÇÃO

Crescer em um ambiente saudável, com afeto e cuidado, é fundamental para que as crianças se desenvolvam com segurança e proteção. Os pais e cuidadores que fornecem doses satisfatórias de apego, carinho, segurança, conforto emocional e capacidade de acalmar as ansiedades e impulsividades da criança representam uma diferença significativa em sua estabilidade emocional (Wainer, 2015). Os modelos primários de interação repercutem nas relações sociais futuras (Caminha, Soares & Kreitchmann, 2011). Quando ocorre ausência dos cuidados essenciais, exposição a experiências de abuso e vivências de relacionamentos instáveis na infância, observa-se a ameaça ao desenvolvimento, que pode resultar em modelos desadaptativos de crenças, gerando vínculos de apego inseguro ao longo da vida (Caballo, 2007; Cecero & Young, 2001).

Jeffrey Young, por meio da teoria dos esquemas, considera que as experiências na infância contribuem para formação de esquemas iniciais desadaptativos (EIDs), que começam no início da infância ou da adolescência (Cecero & Young, 2001; Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008). Os EIDs são crenças e sentimentos incondicionais sobre si mesmo e em relação ao ambiente. Constituem-se em estruturas interpretativas rígidas, abrangentes, duradouras e disfuncionais que trazem prejuízos funcionais para os indivíduos, principalmente nos relacionamentos interpessoais. Sendo assim, as experiências da família de origem são fundamentais na formação dos esquemas iniciais desadaptativos.

Uma pesquisa realizada nas bases de dados (Academic Search Complete, Medline, Lilacs, Scielo), utilizando os descritores família de origem e esquemas iniciais desadaptativos, em português e, em inglês, family-of-origin e early maladaptative schemas, revela a carência de estudos sobre a temática no contexto nacional. A partir disso, percebe-se a relevância em estudar esse fenômeno, levando em consideração os fatores que interferem no desenvolvimento humano.

 

REFERENCIAL TEÓRICO

Para a construção da personalidade saudável, algumas necessidades emocionais do desenvolvimento infantil precisam ser satisfeitas (Young, 1999): vínculo seguro, autonomia, competência e sentimento de identidade; liberdade de expressão e validação de necessidades e emoções; espontaneidade e lazer, limites realistas e autocontrole. Essas necessidades são universais e essenciais para o desenvolvimento emocional saudável. Quando, nas relações primárias, elas não são atendidas, combinadas ao temperamento inato da criança e acontecimentos traumáticos, podem explicar a origem dos EIDs (Farrel, Reiss & Shaw, 2014; Young, Klosko & Weishaar, 2008).

Os EIDs, que se desenvolvem de uma maneira mal adaptativa ou disfuncional, irão ocasionar percepção distorcida e tendenciosa, funcionando como mecanismos inconscientes, que afetam o comportamento, a cognição, a fisiologia e as emoções das pessoas. Com o passar do tempo, se tornam a própria definição da pessoa e a maneira que ela irá enxergar as situações de sua vida (Callegaro, 2011).

A teoria do esquema de Jeffrey Young pode ser compreendida e baseada na teoria do apego. Uma pesquisa feita no Canadá teve como objetivo examinar a relação entre apego durante a infância e os esquemas iniciais desadaptativos. Os resultados apontaram que adultos com apego ambivalente e inseguro na infância apresentaram um escore mais elevado na pontuação dos EIDs, do que aqueles com apego seguro (Simard, Moss & Pascuzzo, 2011).

Na mesma direção, um estudo realizado nos Estados Unidos, com 301 estudantes de ambos os sexos, constatou que experiências abusivas e negligentes na infância podem afetar o funcionamento emocional na vida adulta. Além disso, os EIDs foram identificados como variáveis mediadoras entre as experiências infantis e os sintomas emocionais na vida adulta. Assim, o estudo esclarece que a forma como os estudantes compreendem as experiências infantis pode ser ainda mais importante do que os próprios eventos entre si (Wright, Crawford & Del Castillo, 2009).

Segundo a teoria de Jeffrey Young, existem 18 esquemas iniciais desadaptativos, agrupados em cinco domínios de necessidades emocionais não satisfeitas. Os cinco domínios são: 1) Desconexão/Rejeição; 2) Autonomia e Desempenho Prejudicados; 3) Limites Prejudicados; 4) Orientação para o outro e 5) Supervigilância e Inibição (Young, 2003).

O primeiro domínio Desconexão e Rejeição caracteriza-se por incapacidade na formação de vínculos seguros, com vivências primitivas de experiências sociais negativas. Em geral, as pessoas costumam apresentar características de instabilidade, abuso, frieza, rejeição ou isolamento do mundo exterior. Cinco esquemas estão vinculados a este domínio: Abandono, Desconfiança/, Privação Emocional, Defectividade/Vergonha e Isolamento Social (Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008). O segundo domínio Autonomia e Desempenho Prejudicados apresenta expectativas sobre si próprio e sobre o mundo que interferem em sua capacidade de se diferenciar das figuras paterna ou materna e funcionar de forma independente. A família de origem é superprotetora e não consegue estimulá-la para ter um desempenho competente. Os esquemas desse domínio são: Dependência/ Incompetência, Vulnerabilidade ao dano ou à doença, Emaranhamento e Fracasso (Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008). O terceiro domínio Limites Prejudicados sinaliza o não desenvolvimento de limites internos, responsabilidade com os outros. As pessoas podem mostrar-se egoístas e mimadas, sendo que, na maioria das vezes, cresceram em famílias permissivas ou indulgentes. Os esquemas associados a este domínio são: Grandiosidade/Arrogo e Autocontrole/ Autodisciplina Insuficientes (Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008). No quarto domínio Orientação para o Outro, enfatiza-se, em excesso, o atendimento às necessidades dos outros em lugar de suas próprias. As necessidades e os desejos emocionais dos pais são mais valorizados do que as necessidades e os sentimentos da criança, desenvolvendo os EIDs de Subjugação, Autossacrifício, Busca de aprovação/Busca de reconhecimento (Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008). Por fim, o quinto domínio Supervigilância e Inibição dá ênfase excessiva na supressão de sentimentos, impulsos e escolhas pessoais espontâneas, reforçando o cumprimento de rígidas regras internalizadas com relação ao seu próprio desempenho. A família é severa, exigente e, às vezes, punitiva. Os EIDs associados a este domínio são: Negativismo/ Pessimismo, Inibição Emocional, Padrões Inflexíveis e Postura Punitiva (Young, 2003; Young, Klosko & Weishaar, 2008).

Os EIDs possuem caráter autoperpetuador e uma resistência à mudança. Eles acabam constituindo o núcleo do autoconceito e da concepção de mundo do indivíduo, sendo a mudança, portanto, vista como ameaçadora (Mason, Platts & Tyson, 2005). Desta forma, percebe-se a relevância de estudar as situações traumáticas da família de origem que contribuem na ativação dos esquemas de cada domínio.

A experiência de maus tratos na infância é uma variável que tem sido analisada pela literatura, enfatizando os prejuízos ao desenvolvimento decorrentes dela, bem comoa possível transmissão transgeracional da violência (Colossi, Marasca, & Falcke, 2013; Marasca, Colossi, & Falcke, 2015; Fowler, Cantos, & Miller, 2016). Uma pesquisa de levantamento realizada nos Estados Unidos por McMahon et al. (2015) com 34.653 adultos, visando examinar os efeitos de cinco tipos de maus tratos infantis (abuso sexual, abuso físico, abuso emocional, negligência física e negligência emocional) na perpetração, vitimização e violência recíproca, revelou que a experiência de maus tratos infantis aumentou significativamente o risco.

Ainda que a literatura evidencie repercussões das experiências de abuso na infância nas vivências futuras, não foram localizados estudos sobre sua contribuição para a ativação dos esquemas. Sendo assim, o objetivo principal deste estudo foi verificar o poder preditivo das experiências na família de origem na ativação dos esquemas de cada domínio, visando, futuramente, a partir dos achados, contribuir para o planejamento de intervenções de orientações para pais (Lopes, 2011), que possam ser preventivas dos danos em longo prazo das experiências de violência.

 

MÉTODO

Trata-se de uma pesquisa quantitativa, com delineamento explicativo, que investigou as relações causais entre as variáveis do estudo. (Creswell, 2010).

Participantes

A amostra foi composta por 372 sujeitos, 186 homens e 186 mulheres, selecionados por conveniência, residentes na região metropolitana de Porto Alegre. A idade variou de 19 a 81 anos (m=39,92; dp=12,62). A renda pessoal foi de zero a 45 mil reais mensais (m=3.541,98; dp=4218,23). Do total, 236 (63,4%) possuíam filhos, com idades entre um e cinquenta anos (m= 1,78; dp=0,85). Conforme Tabela 1, a maioria era casada oficialmente em primeira união, com tempo médio de relacionamento de 14,81 anos (dp=11,69). Foram incluídas na amostra pessoas em um relacionamento conjugal estável há mais de seis meses. Foram excluídos participantes em relacionamento conjugal sem coabitação.

Instrumentos

a) Questionário de Dados Sociodemográficos: composto por nove questões de levantamento de informações como idade, escolaridade, renda, atividade profissional, religião, situação conjugal e tempo de relacionamento, número e idade dos filhos;

b) Subescalas do Family Background Questionnaire (FBQ): O FBQ é um questionário autoaplicável com 179 questões a serem respondidas em escala Likert de cinco pontos, objetivando obter um valor global da funcionalidade da família de origem. Também contém questões iniciais que avaliam se o participante conviveu com ambos os pais durante a infância e se os pais permaneceram casados nesse período. O questionário é respondido a partir das recordações dos participantes com base nas suas experiências na infância e adolescência. Para esse estudo, foram utilizadas as subescalas: Negligência Física que avalia a falta de cuidados físicos (alimentação, vestuário e condições de higiene); Abuso Físico refere-se às agressões físicas dos pais contra criança; Abuso Sexual é a percepção de qualquer contato sexual do pai, mãe, irmãos, outros familiares ou outras pessoas; Abuso de Substâncias diz respeito às lembranças quanto ao consumo de álcool e outras drogas pelos pais e as consequentes alterações comportamentais; Ajustamento Psicológico contempla a saúde mental dos pais; Aliança Parental é o grau de acordo entre o pai e a mãe em relação às regras ou instruções aos filhos, além da capacidade de resolução de conflitos do casal, incluindo a presença de violência conjugal, e Estilo de Tomada de Decisão que avalia a coerência de atitudes dos pais com seus filhos a partir da qual se cria um ambiente emocional de segurança, confiança e estabilidade. As subescalas avaliam separadamente as figuras paterna e materna (ou cuidadores que desempenharam esses papéis). O tempo de resposta fica em torno de 20 minutos. Foi traduzido para o português por Falcke (2003) e obteve bons índices de confiabilidade – 0.99 para a escala total e entre 0.40 e 0.95 para as subescalas. Exemplos de questões do FBQ:Quantas vezes seu pai ameaçou bater na sua mãe quando ele estava brabo?; Você acha que o seu pai usava álcool ou outras drogas em excesso?;

c) Young Schema Questionnaire(YSQ-S3): criado por Jeffrey Young é composto por 90 itens, traduzido e validado para o português por Rijo e Pinto-Gouveia (1999). O inventário autoaplicável avalia 18 esquemas iniciais desadaptativos, que podem ser agrupados conforme os cinco domínios esquemáticos, a partir do somatório das questões referentes a cada um dos esquemas que compõem o domínio. O YSQ-S3 é respondido em uma escala likert de seis pontos, que vai de "Totalmente falso" a "Descreve-me totalmente". O alfa de Cronbach obtido em um estudo brasileiro foi de 0,96, indicando excelente confiabilidade (Paim, Madalena & Falcke, 2012). Exemplos de questões do YSQ-S3: Considero constrangedor expressar meus sentimentos aos outros; Sinto que não sou uma pessoa especial para ninguém.

Procedimentos Éticos e de Coleta de Dados

O presente estudo faz parte de um projeto maior intitulado "Variáveis da Violência Conjugal: Experiências na família de origem, características pessoais e correlacionais", o qual foi aprovado pelo Comitê de Ética da Unisinos (protocolo nº 11/129), e segue as normas da Resolução nº466/2012 sobre Pesquisas Envolvendo Seres Humanos, do Conselho Nacional de Saúde (2012). Os participantes foram contatados por conveniência, a partir da rede de contatos dos participantes do grupo de pesquisa e os que aceitaram, inicialmente, foram informados dos dados do estudo e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Em seguida, responderam aos instrumentos, individualmente, na presença do pesquisador, na residência dos participantes ou no local sugerido por eles. Foi sugerido que indicassem novos participantes, seguindo um processo de amostragem por bola de neve.

Procedimentos de Análise de Dados

O programa Statistical Package for Social Science (SPSS), versão 22.0, foi utilizado para tratar os dados. Foram realizadas análises descritivas do comportamento das variáveis, análise de correlação de Pearson, para verificar associações entre as experiências na família de origem e os domínios de esquemas, e, por fim, análise de regressão para identificar quais experiências da família de origem (FBQ) poderiam ser consideradas preditoras na ativação dos esquemas de cada domínio (YSQ-S3).

 

RESULTADOS

Para examinar as experiências na família de origem, inicialmente, foi questionado se os sujeitos conviveram com ambos os pais biológicos durante toda a infância. Constatou-se que 92% dos participantes disseram ter convivido com ambos os genitores, enquanto que 8% não conviveram. Observou-se diferença estatística significativa entre o grupo que conviveu e o que não conviveu, na pontuação dos esquemas dos domínios Desconexão e Rejeição (t=-3,329; p=0,001), Limites Prejudicados (t=-2,544; p=0,01), Orientação para o outro (t=-2,722; p=0,007) e Supervigilância e Inibição (t=-3,794; p<0,001), sendo que, em todos os casos, as médias mais altas foram obtidas pelos participantes que não conviveram com os pais na infância, indicando maior ativação esquemática.

Além disso, foi questionado se, dentre os que conviveram, os pais eram casados durante sua infância. Destes, 79,6% conviveram com os pais casados e 20,4% tinham pais separados/divorciados. Foram observadas diferenças significativas na pontuação dos esquemas do domínio Desconexão e Rejeição (t=-2,777; p=0,006), Limites Prejudicados (t=-2,409; p=0,02) e Supervigilância e Inibição (t=-2,400; p=0,02) entre esses dois grupos, com pontuação maior para os participantes cujos pais eram separados/divorciados.

Considerando as experiências vivenciadas na família de origem e a pontuação nos esquemas dos cinco domínios, observa-se um grande número de correlações, conforme Tabela 2:

A partir da Tabela 2, pode-se observar que a variável Abuso de Substâncias Paterno foi a única que não se correlacionou com a pontuação nos domínios esquemáticos. Todas as demais experiências mostraram-se correlacionadas com pelo menos um dos domínios esquemáticos, evidenciando ampla associação entre as variáveis pesquisadas.

Buscando verificar o poder preditivo das experiências na família de origem para a ativação dos esquemas de cada domínio, foram realizadas análises de regressão, método stepwise, considerando as experiências na família de origem como variáveis independentes e o somatório da pontuação dos itens dos esquemas de cada domínio como dependentes. Os resultados podem ser observados na Tabela 3:

As análises de regressão evidenciaram a existência de experiências da família de origem que são significativas para a ativação dos esquemas de cada domínio ainda que o modelo explicativo do domínio 1 (Desconexão e Rejeição) seja o único com razoável poder preditivo (26,1%). Nesse sentido, compreende-se que as experiências na família de origem compõem uma parcela dentre as que levam à formação dos esquemas, que se originam também a partir de muitas outras variáveis, como vivências escolares, relacionamentos íntimos e vínculos com outros cuidadores (avós, babás, etc.).

 

DISCUSSÃO

Os resultados evidenciaram que os participantes que não conviveram com os pais durante toda a infância apresentaram maior ativação nos esquemas dos domínios 1, 3, 4 e 5. Pode-se inferir que a perda de pelo menos um dos genitores possa ter sido experienciada como uma vivência de abandono/rejeição, promovendo a sensação de vínculos inseguros e, com isso, contribuindo para a formação de esquemas do domínio Desconexão e Rejeição. Essa perda pode causar efeitos intensos e perturbadores como o medo de não ser amado, de ser abandonado, a saudade da figura perdida e a raiva por não poder reencontrá-la (Anton & Favero, 2011). Com relação ao Domínio 3 (Limites Prejudicados), pode-se pensar que a perda de um genitor dificulte a imposição de limites à criança, considerando que ela já tenha passado por essa experiência difícil. Nesse sentido, a família e outros ambientes nos quais a criança convive (como a escola, por exemplo) podem ter tentado compensar a perda com a superproteção, levando ao desenvolvimento de esquemas do terceiro domínio (Kappel & Dias, 2014). Os esquemas do domínio Orientação para o outro, apresentando-se como os mais ativados nos participantes que não conviveram com ambos os pais na infância, pode indicar que as crianças que se depararam com a perda de um dos progenitores sintam-se, de alguma maneira, culpadas pelo que ocorreu, evitando priorizar suas necessidades, por medo de uma nova perda. Assim, se mostrariam mais submissas às necessidades do genitor sobrevivente, em detrimento das suas. Pode-se pensar que o genitor sobrevivente e os demais membros da família fiquem muito fragilizados e sobrecarregados, não conseguindo oferecer o suporte que a criança necessita (Franco & Mazorra, 2007). Dessa forma, possivelmente a criança enfatiza o atendimento das necessidades dos outros, no lugar de suas próprias, com medo de uma nova situação difícil. Do mesmo modo, a perda de um dos genitores, se sentida como punição por algo que a criança tenha feito de errado, pode gerar a formação de esquemas do domínio Supervigilância e Inibição, considerando que, possivelmente, foram crianças que desenvolveriam um pessimismo em relação à vida e percepção de que as coisas poderiam dar errado, se não houvesse vigilância e cuidado o tempo todo. Diante dessa situação, é sempre importante que alguém possa acolher os sentimentos de raiva da criança, ajudando-a a lidar com a ambivalência emocional e seu sentimento de culpa. A morte de um, ou ambos os pais, pode gerar na criança um sentimento de profunda ameaça em sua sobrevivência física e emocional, sendo uma experiência impactante para quem passa por isso (Franco & Mazorra, 2007). Não conviver com ambos os pais somente não contribuiu para a formação do domínio Autonomia e Desempenho Prejudicados, o que pode indicar que, com apenas um genitor, é possível que a criança tenha tido necessidade de se tornar mais autônoma e assumir papéis, inclusive não necessariamente atribuídos a elas próprias.

Na mesma direção, participantes que tinham pais separados ou divorciados tiveram maior ativação nos esquemas dos domínios 1, 3 e 5. Com relação ao domínio Desconexão e Rejeição, pode-se pensar que os participantes que presenciaram a separação dos pais ou divórcio, dependendo da maneira como foi compreendida, podem ter acreditado que suas necessidades de estabilidade, proteção, cuidado e pertencimento não seriam mais atendidas, revelando um apego inseguro e contribuindo para formação dos esquemas do primeiro domínio. Um estudo examinou a relação entre os tipos de apego e os EIDs, em que os resultados apontaram que pessoas com apego inseguro têm maiores chances de desenvolverem EIDs do domínio desconexão e rejeição, do que indivíduos com apego seguro (Fitzgerald, 2014). No domínio limites Prejudicados, pode-se pensar que foram crianças poupadas das regras aplicadas a todas as outras pessoas por terem vivido uma experiência difícil. Assim supõem-se que foram crianças que cresceram em ambientes em que a família de origem foi exageradamente indulgente e permissiva, tornando-se, muitas vezes, crianças egoístas, mimadas, irresponsáveis ou narcisistas. Pensando no contexto analisado, presume-se que pais separados podem ter receio de colocar limites, pois precisam exercer essa prática sozinhos, cada um em sua casa, passando pelo genitor malvado. Um estudo com 234 sujeitos analisou as práticas parentais de pais e mães separados/divorciados, em que os resultados evidenciaram, em relação a variável envolvimento dos pais com disciplina, que tanto os pais como as mães confirmam que essa tarefa é árdua e com dificuldades inerentes, embora os pais/homens tenham mostrado menos dificuldade nela; já as mães/mulheres evidenciam que elas se envolvem mais com as disciplinas de seus filhos, porém demonstrou ser uma tarefa desgastante para a mulher devido a intensidade da demanda cotidiana imposta pela coabitação com os filhos (Grzybowski & Wagner, 2010). Participantes que tiveram pais separados ou divorciados também apresentaram maior ativação dos esquemas do domínio Supervigilância e Inibição, possivelmente foram participantes que passaram parte da infância atentos em relação a eventos negativos na vida e a consideravam triste, possivelmente com medo de alguma nova ruptura ou com medo de perder o contato com uma das figuras parentais e de serem de fato abandonados. (Almeida et al., 2000).

Essas duas variáveis, não conviver com os pais durante toda a infância e vivenciar a separação e/ou divórcio dos mesmos, teve uma ampla correlação com a pontuação em diversos domínios, podendo-se pensar o quanto impactante essas situações foram para os indivíduos que as vivenciaram. Bandelow et al. (2005), além de outros fatores, também caracterizam, como estresse precoce, a morte dos pais ou substitutos, as privações materna ou paterna por abandono, separações ou divórcios, transtornos psiquiátricos dos pais.

Os resultados evidenciaram, ainda, ampla correlação entre outras experiências na família de origem e a ativação dos esquemas de cada domínio. Experiências de abuso físico, abuso sexual e desajustamento psicológico paterno e materno associaram-se com praticamente a totalidade da pontuação dos domínios, evidenciando o quanto a disfuncionalidade da família como um todo impacta na formação de esquemas iniciais desadaptativos, corroborando resultados de estudos prévios que revelam o quanto percepções de negligência e abuso emocional na infância exercem influência sobre os sintomas de ansiedade, depressão e dissociação posteriores, sendo que os EIDs foram identificados como variáveis mediadoras entre as experiências infantis e os sintomas emocionais na vida adulta (Wright, Crawford & Del Castillo, 2009). A negligência foi uma experiência que se correlacionou somente com o primeiro domínio, indicando a inexistência de vínculos seguros. Chama atenção ela não ter se associado ao quarto domínio, no qual as necessidades e os desejos emocionais dos pais são mais valorizados do que as necessidades e sentimentos da criança. Mesmo assim, ativando esquemas do primeiro domínio, a negligência mostra-se como um aspecto que está associado a diversas consequências negativas no desenvolvimento infantil, quando sofrida (Corso & Fertig, 2010; Mathews & Bross, 2008; O'Donnell, Scott & Stanley, 2008; Pasian, 2012; Pires & Miyazaki, 2005). Um estudo com o objetivo de identificar casos de crianças negligenciadas por seus pais/cuidadores no contexto brasileiro, embora os resultados sejam preliminares em termos de adaptação do Child Neglect Index, apontou altos escores de negligência, sugerindo indicadores de falta de cuidados parentais referentes à alimentação, vestimenta, higiene, saúde física, saúde mental e educação (Pasian et al., 2015), evidenciando necessidade de atenção ao fenômeno.

Considerando a análise do poder preditivo das experiências da família de origem para a ativação dos esquemas de cada domínio, foi possível identificar quais delas contribuem, de forma mais significativa, para cada um deles. Em relação ao primeiro domínio, as experiências com maior poder preditivo foram: não conviver com os pais, ter sofrido abuso sexual, violência no relacionamento conjugal dos pais e desajustamento psicológico do pai. Pode-se pensar que, provavelmente, foram crianças que se desenvolveram em ambientes instáveis, abusivos e frios, corroborando com pesquisas que demonstram que cuidadores instáveis e um ambiente familiar de abusos, privações e rejeições, levam ao desenvolvimento de EIDs do domínio desconexão e rejeição. A variável abuso sexual apresentou-se de forma significativa para ativação dos esquemas do domínio Desconexão e Rejeição. Nesse sentido, um estudo realizou uma análise de documentos a partir de todos os processos de casos denunciados de violência sexual no período entre 1992 e 1998, no Ministério Público Estadual de Porto Alegre, e apontou que o ambiente familiar foi o principal contexto no qual as crianças e adolescentes foram vitimizados sexualmente. O levantamento também demonstrou que entre os principais fatores de risco destaca-se presença de padrasto na família, abuso de álcool ou drogas, desemprego, mãe passiva ou ausente, pais desocupados e cuidando dos filhos por longos períodos de tempo e dificuldades econômicas, assim como a presença de outras formas de violência no contexto familiar, tais como, negligência e abusos psicológicos e físicos contra as crianças, bem como violência física conjugal (Habigzang et al., 2005). Observa-se que a violência, dificilmente, ocorre de forma isolada e o quanto a ocorrência de abuso sexual pode estar associada a um ambiente familiar disfuncional de forma ampla. A partir desse levantamento, pode-se pensar que a violência conjugal também é um fator de risco associado, corroborando o dado sobre ter presenciado violência no relacionamento dos pais como preditor do domínio Desconexão e Rejeição. Diversas pesquisas já apontam que crianças que são testemunhas de violência podem ter prejuízos na sua saúde e bem-estar, podendo ser afetadas, em curto e longo prazo, negativamente, com problemas emocionais, comportamentais e psicológicos (Caprichoso, 2010; Sani, 2002). A outra variável que teve poder preditivo foi o desajustamento psicológico do pai. Um estudo realizado por Dubowitz et al. (2001) teve como objetivo verificar se a presença do pai estava associada com problemas de comportamento e depressão nas crianças e se a percepção da criança quanto ao suporte que o pai lhe oferecia estava associada ao seu melhor funcionamento cognitivo. O principal resultado apontou que, quanto maior o suporte que o pai oferecia para o filho, melhor o desenvolvimento cognitivo, menor a probabilidade de problemas de comportamento e menor o número de sintomas depressivos dos filhos. Dessa forma, presume-se que a saúde mental do pai e o desempenho adequado do papel da figura paterna também são importantes no suprimento das necessidades emocionais de seus filhos.

As experiências que explicaram a maior ativação dos esquemas do segundo domínio dizem respeito à presença de violência no relacionamento conjugal dos pais e a vivência de abuso sexual. Considerando as características do domínio, pode-se pensar que, quando crianças, a família de origem satisfez todas as suas vontades e os superprotegiam ou, em alguns casos, quase nunca os cuidou nem se responsabilizou por eles. Nesse sentido, entende-se o quanto a situação de testemunhar violência entre os pais pode causar consequências posteriores. Uma revisão sistemática sobre as experiências de família de origem de casais que cometem violência aponta que, muitos dos agressores, durante a infância e adolescência, foram vítimas ou testemunhas de violência (Marasca, Colossi & Falcke, 2013). Da mesma maneira, a variável ter sofrido abuso sexual correlacionou-se novamente com o domínio 2, indicando, dessa forma, que ter sofrido abuso sexual na infância demanda uma atenção especial, pois é um fator que pode gerar grande impacto na vida do indivíduo.

A ativação dos esquemas do domínio Limites prejudicados foi explicada somente pela ocorrência de abuso sexual. Nesse sentindo, pode-se pensar que foram crianças que conviveram com famílias permissivas e indulgentes. Como mencionado acima, essa experiência contribuiu, de forma significativa, nos domínios 1, 2, 3, sendo compreendida como um forte impacto no desenvolvimento infantil. Diversos autores estão estudando o abuso sexual na infância, sendo considerado um problema de saúde pública em vários países, inclusive no Brasil, em consequência da alta prevalência na população e dos prejuízos para o desenvolvimento psicológico e social da vítima e de seus familiares (Gonçalves & Ferreira, 2002; Habizang & Caminha, 2004).

O desajustamento psicológico paterno teve poder preditivo para a ativação dos esquemas do quarto domínio de esquema Orientação para o outro. Dessa forma, pode-se pensar que, provavelmente, foram crianças que conviveram com genitores que valorizavam suas próprias necessidades ou "status" mais do que as necessidades dos seus filhos. Verifica-se novamente o quanto importante é a saúde mental paterna no desenvolvimento infantil. Autores apontam que os pais são capazes, assim como as mães, de serem sensíveis e responsáveis nos cuidados e na interação com os filhos (Dubowitz et al., 2001; Tudge et al., 2000).

As experiências de não ter convivido com ambos os genitores e de sofrer abuso físico paterno explicaram maior ativação dos esquemas do domínio Supervigilância e Inibição. Pode-se pensar que, possivelmente, foram crianças que conviveram em um ambiente em que a família de origem era severa, exigente e punitiva. Dessa forma, levando em consideração a experiência de ter sofrido abuso físico paterno como poder preditivo na ativação dos esquemas do domínio 5, entende-se que, possivelmente, a criança teve lembranças de que seu pai cometia agressões físicas com ela, como forma de puni-la por atitudes indesejadas. Um estudo realizado com 55 famílias, em Rio Preto/SP constatou que a forma de violência mais prevalente foi a física, presente em 58% dos casos. O uso da punição física ainda é um instrumento bastante frequente na educação dos filhos, reafirmando o poder dos pais sobre os mesmos, favorecendo o seu desequilíbrio e prejudicando a relação de reciprocidade e de afeto entre pais e filhos (Cecconello, De Antoni & Koller, 2003).

Os resultados deste estudo reforçam achados de algumas pesquisas que bem demostram o impacto que ambientes instáveis ocasionam no desenvolvimento infantil, em especial, abusos físicos, sexuais e emocionais que se mostram associados ao desenvolvimentode uma extensa quantidade de transtornos psicológicos na vida adulta, como transtornos alimentares e transtornos de personalidade (Calvete, 2014; Hinrichsen, Sheffield & Waller, 2007; Sheffield et al.; 2006).

 

CONCLUSÃO

A partir dessa pesquisa, os resultados corroboram com a ideia de que a família de origem exerce um papel fundamental na ativação de esquemas, devido ao não suprimento das necessidades emocionais básicas propostas por Jeffrey Young (1999). Experiências de abuso sexual, abuso físico, desajustamento das figuras parentais, especialmente a paterna, separação dos pais e o testemunho de violência interparental mostraram-se como preditoras da ativação de esquemas na vida adulta.

A partir da temática apontada neste artigo, é perceptível que os estudos ainda são escassos sobre a temática e que se necessita de mais pesquisas empíricas a fim de explorar o modo como as experiências primárias podem influenciar o desenvolvimento dos EIDs, bem como que intervenções estratégias preventivas podem ser desenvolvidas com crianças em famílias disfuncionais, buscando minimizar a possibilidade de uma futura ativação dos esquemas. Sugere-se estudos que utilizem instrumentos complementares aos utilizados nesta pesquisa, como entrevistas, por exemplo, que possibilitariam aprofundar a compreensão sobre o fenômeno.

O estudo possui limitações no sentido de uma amostra por conveniência e que se caracterizou, preponderantemente, por um nível socioeconômico médio e escolaridade superior, além da limitação do instrumento em recorrer a memória das experiências vivenciadas na família de origem, porém os achados são importantes para uma melhor compreensão de variáveis que explicam a ativação dos esquemas de cada domínio e para elaboração de medidas preventivas com o objetivo de psicoeducar sobre a importância deles no desenvolvimento infantil, utilizando como fundamentação a teoria do Jeffrey Young. Para futuras investigações, sugere-se o desenvolvimento de estudos de casos, buscando uma compreensão em profundidade sobre o modo como as experiências da família de origem impactaram a trajetória de vida desses indivíduos.

 

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Correspondência:
Denise Falcke
Av. Maranhão, s/nº, Bloco 2C48. Campus Umuarama da UFU
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E-mail: dfalcke@unisinos.br

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 22 de julho de 2016. cod. 439.
Artigo aceito em 02 de março de 2018.
Suporte Financeiro: Apoio Financeiro CNPq

 

 

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