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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. vol.15 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2019

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20190004 

10.5935/1808-5687.20190004 ARTIGOS DE REVISÃO

Protocolos psicoterapêuticos para tratamento de ansiedade e depressão na infância

 

Psychotherapeutic protocols for treatment of anxiety and depression in children

 

 

Camila Bosse Paiva AntoniuttiI; Carolina Maiato de LimaII; Marina HeinenII; Margareth da Silva OliveiraIII

IMestre em Psicologia Clínica - (Psicóloga)
IIPsicóloga - (Psicóloga)
IIIDoutor - (Professor) - Canoas - SP - Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Muitos transtornos psiquiátricos têm seu início na infância ou adolescência. Os sintomas depressivos e ansiosos estão entre os mais prevalentes no público infantojuvenil e, quando não tratados, podem se relacionar com maiores taxas de psicopatologias no desenvolvimento posterior. O desenvolvimento de Programas de prevenção e tratamento de situações de sofrimento podem ser considerados importantes, pois visam reduzir sintomatologias e melhorar estratégias emocionais, sociais e cognitivas. O objetivo desta revisão narrativa da literatura é realizar uma discussão crítica acerca de protocolos de intervenção para tratamento dos transtornos de ansiedade e depressão na infância. Discutem-se os principais recursos terapêuticos utilizados nesses protocolos, verificando resultados e possibilidades a partir das intervenções. A revisão desenvolvida neste estudo aponta para a importância da construção de programas orientados para o tratamento e prevenção de situações de sofrimento psicológico. Além disso, protocolos psicoterapêuticos podem servir como diretrizes para profissionais ao auxiliar no manejo de técnicas das estratégias de regulação emocional, resolução de problemas e habilidades sociais. Salienta-se, também, a importância de pesquisas na clínica infantil para a adaptação de protocolos internacionais e a validação dos programas brasileiros existentes.

Palavras-chave: Ansiedade; Psicoterapia; Crianças.


ABSTRACT

Many psychiatric disorders begin in childhood or adolescence. Depressive and anxious symptoms are among the most prevalent in the juvenile public and, when untreated, may be related to higher rates of psychopathology in later development. The development of programs for the prevention and treatment of situations of suffering can be considered important because they aim to reduce symptoms and improve emotional, social and cognitive strategies. The purpose of this narrative review of the literature is to conduct a critical discussion about intervention protocols for the treatment of anxiety disorders and depression in childhood. It discusses the main therapeutic resources used in these protocols, verifying results and possibilities from the interventions. The review built in this study points to the importance of building programs oriented to the treatment and prevention of situations of psychological distress. In addition, psychotherapeutic protocols can serve as guidelines for professionals to assist in the management of strategies for strategies of emotional regulation, problem solving and social skills. It is also worth noting the importance of research in the children's clinic to adapt international protocols and validate existing Brazilian programs.

Keywords: Anxiety; Psychotherapy; Children.


 

 

INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, o crescente número de crianças e adolescentes com transtornos mentais tem sido foco de interesse para estudos (Achenbach, Rescorla & Ivanova, 2012; Polanczyk, Salum, Sugaya, Caye & Rohde, 2015). Uma metanálise evidenciou a prevalência de transtornos psiquiátricos em crianças e adolescentes, abrangendo estudos em países de diferentes regiões do mundo. Os resultados dessa pesquisa apontam a prevalência mundial de transtorno mental de 13,4%. Para os transtornos de ansiedade e de depressão os achados apontam a prevalência de 6,5 e 2,6, respectivamente (Polanczyk, Salum, Sugaya, Caye&Rohde, 2015).

A sintomatologia, quando não tratada, pode acarretar importantes prejuízos no desenvolvimento, como a presença de transtornos mentais na vida adulta (Petersen & Wainer, 2011; Cruvinel & Boruchovitch, 2014; Polanczyk, Salum, Sugaya, Caye & Rohde, 2015). Dentre os possíveis desdobramentos de problemáticas, além de transtornos mentais, estão abuso de substâncias, criminalidade, desemprego e dificuldades de relacionamento interpessoal e escolar (Gale, Batty, Osborn, Tynelius, Whitley & Rasmussen, 2012; Cruvinel & Boruchovitch, 2014).

Considerando esse contexto, destaca-se a importância de os profissionais da saúde conhecerem intervenções para melhor auxiliar essapopulação. A Terapia Cognitivocomportamental (TCC) é uma das abordagens disponíveis para o tratamento de diferentes sintomatologias na infância, de modo individual ou em grupo, cujas evidências de efetividade são amplamente conhecidas (Suveg et al., 2008; Kendall et al., 2008; Petersen, 2011). O objetivo deste artigo é apresentar e revisar sete protocolos nacionais e/ou internacionais de intervenção para o tratamento de ansiedade e depressão em crianças, com bases teóricas cognitivo-comportamentais, compreendendo e discutindo seus principais recursos terapêuticos.

Para isso, realizou-se uma revisão narrativa da literatura, a fim de avaliar de maneira crítica e abrangente os materiais já publicados sobre determinado tema. Nesse sentido, estudos com essa metodologia podem ser considerados uma forma de atualização sobre uma temática específica, visto que demonstram inovações e asserções(Vosgerau & Romanowsk, 2014).Foram recuperados artigos indexados nas bases de dados CAPES, SciELO e PubMed, dissertações, teses e documentos oficiais, as buscas foram feitas no ano de 2017. Foram utilizados os descritores em português e inglês: Infância, Protocolos, Intervenção, Ansiedade, Depressão, Psicoterapia, Terapia Cognitivo-comportamental. Selecionaram-se publicações que descrevem e discutem os resultados deprogramas de intervenção no tratamento dos transtornos de ansiedade e depressão em crianças.

A Terapia Cognitivo-comportamental para crianças

A Terapia Cognitivo-comportamental (TCC) pode ser utilizada para tratamento de psicopatologias na infância e adolescência, auxiliando, por exemplo, na abordagem clínica dos transtornos de ansiedade e depressão (Elkins, McHugh, Santucci & Barlow, 2011; Hirshfeld-Becker et al., 2010). O objetivo do tratamento a partir da TCC está em ir em busca de uma modificação da estrutura cognitiva das crianças para que elas consigam se comportar, sentir e pensar de modo diferente e mais adaptativo no futuro (Petersen & Wainer, 2011).

A TCC tem se mostrado eficaz para o tratamento da ansiedade em crianças e adolescentes (Silverman, Pina & Viswesvaran, 2008; Stallard, 2011; Butler, Chapman, Forman & Beck, 2006). Segundo uma metanálise que envolveu 41 estudos e 1806 participantes, a TCC mostrou-se eficaz na redução da sintomatologia ansiosa (James, James, Cowdrey, Soler & Choke, 2015). Outra metanálise foi realizada com 55 estudos sobre a aplicação de diferentes psicoterapias indicou que a TCC auxilia na redução dos sintomas de ansiedade infantil, entretanto, os resultados mais significativos estavam entre crianças mais velhas e adolescentes (Reynolds et al., 2012). A TCC também é indicada peloNational Institute of Clinical Excellence (NICE) para o tratamento de depressão infantil moderada e grave. Uma metanálise indicou que a TCC é um tratamento eficaz em reduzir sintomas depressivos em crianças, visto que a atenuação da sintomatologia se manteve após 6 meses do término dos atendimentos (Hofmann, Asnaani, Vonk, Sawyer & Fang, 2012).

Ao aplicar a TCC com o público infantojuvenil, é fundamental a utilização de mecanismos lúdicos para acessá-lo, com uma linguagem compreensível para sua fase do desenvolvimento e que facilite o trabalho em nível tanto cognitivo quanto comportamental (Serra & Spritzer, 2017; Caminha, Caminha & Finger, 2017). Além disso, torna-se necessário ampliar a visão para outros contextos, como a família, escola e comunidade (Petersen, 2011).

A TCC para o tratamento da ansiedade e da depressão na infância envolve uma diversidade de técnicas com comprovada eficácia para remissão dos sintomas. As intervenções envolvem o incremento de atividades prazerosas, reestruturação cognitiva, a resolução de problemas, relaxamentos, treino em habilidades sociais e intervenções psicoeducativas com os pais (Petersen & Wainer, 2011; Gormez & Stallard, 2017; Serra & Spritzer, 2017). Pensando em uma psicologia baseada em evidências e na possibilidade de replicação, características da TCC, protocolos foram desenvolvidos para auxiliar profissionais no manejo clínico de crianças com sintomas ansiosos e depressivos.

Protocolos de TCC na clínica infantil

Diversos protocolos terapêuticos baseados na TCC estão disponíveis hoje para serem utilizados por terapeutas, este estudo engloba referências de instrumentos nacionais e internacionais. Os protocolos discutidos estão descritos na Tabela1.

Para o tratamento da depressão em crianças, o primeiro protocolo desenvolvido foi criado por Kevin Stark e Philip Kendall (1996), denominado Taking Action. Além da utilização no tratamento da depressão unipolar, o Taking Action também pode ser utilizado para humor hipotímico e baixa autoestima, ou seja, sintomas que ainda não configuram um transtorno mental (Stark & Kendall, 1996; Ribeiro, Macuglia, & Dutra, 2013).

Outro programa de tratamento para depressão infantil chama-se Primary and Secondary Control Enhancement(PASCET), desenvolvido por John Weisz, Michael Southam-Gerow, Elana Gordis e Jennifer Connor-Smith (2003). O programa consiste em uma intervenção de oito encontros estruturados para jovens de 8 a 15 anos, com tarefas de casa e práticas incluindo os pais (Ribeiro, Macuglia, & Dutra, 2013). Um estudo avaliou que após oito sessões com o programa, o nível de sintomas depressivos em crianças diminuiu e se manteve assim no seguimento de nove meses (Weisz, Thurber, Sweeney, Proffitt, LeGagnoux, 1997). Uma pesquisa com 41 participantes clínicos avaliou redução da sintomatologia depressiva em crianças submetidas ao PASCET quando comparadas às que receberam o tratamento tradicional da TCC (Thompson et al., 2012).

Para os transtornos de ansiedade na infância, Philip Kendall foi um dos primeiros pesquisadores a organizar um programa estruturado, criando o protocolo Coping Cat (Kendall, 1994). Uma pesquisa com o protocolo apresentou bons resultados quando testada em relação à sua eficácia, tanto no término imediato quanto em medidas de follow-up após um ano da intervenção (Kendall et al., 1997; Kendall et al., 2008). Um estudo envolveu 22 crianças autistas e com sintomas de ansiedade clinicamente significativos que foram aleatoriamente designadas ou para o programa Coping Cat ou para uma lista de espera. Os participantes do programa evidenciaram reduções significativamente maiores nos níveis de ansiedade do que aqueles da lista de espera. Os ganhos foram mantidos no seguimento de dois meses (Keehn, Lincoln, Brown & Chavira, 2013). Esse protocolo foi adaptado para atendimento em grupo (Flannery-Schroeder & Kendall, 1996). Um estudo observou que, após a intervenção em ambas as modalidades, os participantes deixaram de preencher critérios para ansiedade e esse ganho foi mantido no seguimento de três meses (Flannery-Shroeder & Kendall, 2000).

O programa FRIENDS,originado na Austrália por Paula Barrett, atua com foco na prevenção e tratamento de ansiedade e depressão em crianças e adolescentes (Barrett et al., 2000; Justo, Santos, & Andretta, 2017). Além da intervenção focada nas crianças, o FRIENDS abrange outros contextos, como família, escola e comunidade, ensinando habilidades específicas a cada um deles (Petersen & Wainer, 2011). Pode ser aplicado tanto em espaços terapêuticos por profissionais da saúde quanto em escolas por professores capacitados para essa função. Estudos já apontaram para sua validade terapêutica (Barrett, Farrell, Ollendick & Dadds, 2006; Iizuka & Barrett, 2011; Barrett, Fisk & Cooper, 2015).

Um estudo evidenciou que as crianças que foram submetidas ao programa FRIENDS reportaram níveis significativamente mais baixos de ansiedade e depressão. Esses resultados também foram encontrados no seguimento de 12 meses após a intervenção (Lowry-Webster, Barrett & Dadds, 2001). Outra pesquisa apontou redução da sintomatologia ansiosa e depressiva, além da diminuição dos níveis de perfeccionismo dos participantes submetidos ao FRIENDS (Essau, Conradt, Sasagawa & Ollendick, 2012).

Em contexto nacional, a Terapia de Regulação Infantil (TRI) é um protocolo desenvolvido no Brasil com o objetivo de inovar, a partir do uso de metáforas e adaptação de técnicas, o modelo cognitivo da ansiedade e dos sintomas de humor da TCC na infância e adolescência. A sigla TRI, além de representar o título do programa, também forma um acrônimo que integra os principais componentes da terapia, ou seja, trabalhe suas emoções, recicle seus pensamentos e inove seus comportamentos (Caminha, Caminha & Finger, 2017).

A primeira pesquisa realizada em partes com esse protocolo apontou redução na sintomatologia dos participantes ao término da intervenção, sugerindo que o instrumento pode ser um bom recurso no tratamento infantil (Medeiros, 2015). Outras pesquisas estão em andamento buscando a validade e eficácia do protocolo TRI na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Universidade de São Paulo (USP), Universidade do Algarve e na Universitat Autònoma de Barcelona.

O protocolo mais recente lançado para tratamento de ansiedade e depressão, que objetiva a construção de habilidades para enfrentar esses transtornos chama-se Emotion. Trata-se de um programa intensivo, com encontros em grupo, em que as crianças participam de duas sessões individuais com os coordenadores (Kendall, Stark, Martinsen, O’Neil & Arora, 2013). Testou-se o programa na Noruega, com crianças de 9 a 10 anos de idade e os resultados mostram-se satisfatórios. Além disso, o programa mostrou-se viável tendo em vista a elevada facilidade de utilização descrita pelos profissionais (Martinsen, Kendall, Stark & Neumer, 2016).

Principais recursos terapêuticos utilizados nos protocolos

Os programas e protocolos apresentados destinam-se ao tratamento e à prevenção de doenças mentais, podendo ser considerados potentes recursos terapêuticos para os profissionais da saúde, haja vista os resultados empíricos. A Tabela 2 apresenta as principais técnicas utilizadas por cada protocolo.

O desenvolvimento desses programas torna-se relevante e objetivam não apenas a redução da sintomatologia, mas também a regulação das emoções (Cruvinel & Boruchovitch, 2014). Observa-se que os resultados encontrados em pesquisas realizadas com os protocolos apresentados vão ao encontro do descrito anteriormente pela literatura, ou seja, intervenções clínicas contribuem para a redução sintomatológica e futuros agravos (Maughan, Collishaw & Stringaris, 2013). Uma importante estratégia para tais resultados pode estar no trabalho com a regulação emocional.

Observando estudos recentes, parece crescente a tendência dos modelos cognitivos-comportamentais de diversas psicopatologias incluírem princípios da regulação emocional no tratamento (Leahy, Tirch, & Napolitano, 2013). Sugere-se que o trabalho com as emoções pode ser considerado uma intervenção transdiagnóstica e não apenas para a sintomatologia depressiva e ansiosa, pois tratando-se de psicopatologias, algum nível de alteração no funcionamento emocional está presente nos mais variados transtornos. Esse processo de regulação emocional está diretamente relacionado com a promoção do bem-estar e, consequentemente, da saúde mental, visto que o indivíduo pode desenvolver a capacidade de experienciar e manejar emoções de maneira assertiva, melhorando seu funcionamento emocional e interpessoal (Freire & Tavares, 2011; Vasco, 2013).

Ao trabalhar com crianças, sabe-se que a inclusão dos familiares, responsáveis e/ou do âmbito escolar é muito relevante (Fava, 2016), sendo este outro recurso utilizado nos protocolos discutidos neste estudo. O Coping Catpossui pesquisas com e sem a participação dos responsáveis e quando avaliada a efetividade dos tratamentos ambos foram efetivos comparados à lista de espera. Contudo, o grupo de crianças cujos pais também receberam a intervenção foi significativamente melhor do que aquele em que os pais não receberam a intervenção (Barrett, Dadds & Rapee, 1996). O programa EMOTION também apresenta avaliações positivas por parte dos cuidadores acerca do protocolo e sua participação (Martinsen, Kendall, Stark & Neumer, 2016).

Os programas FRIENDS e TRI possuem adaptações para abordagem na escola, assim como o EMOTION e o Taking Action, o que pode ser um diferencial em relação aos demais. Considerando que a escola é um importante setor na vida e desenvolvimento das crianças (Papalia, Olds, & Feldman, 2001; Caminha, Caminha, Benedetti; 2017), poder capacitar e orientar professores no manejo das possíveis adversidades dessa etapa do desenvolvimento pode ser um potencializador dessa abordagem com a criança de modo global. Os protocolos citados podem ser administrados por pessoas capacitadas por meio de treinamento e possuem manuais para guiar as atividades, por isso, os professores podem ser treinados para a aplicação do programa no ambiente escolar. Apesar desses instrumentos serem comercializados, o que pode dificultar o acesso a eles, Iizuka e Barret (2011) afirmam que, no caso do programa FRIENDS, há uma boa relação custo-benefício, que envolve o treinamento, o manual e a possibilidade de intervenção preventiva na sala de aula.

Assim, percebe-se que o trabalho com crianças apresenta melhores resultados quando se realiza uma abordagem terapêutica ampliada, vinculando importantes figuras de diferentes âmbitos no tratamento. Considera-se importante intervir no ambiente familiar, ele terá forte influência para reforçar, extinguir ou generalizar habilidades a serem desenvolvidas na terapia (Petersen & Wainer, 2011; Manassis et al., 2014). Essas figuras serão importantes parceiras durante o tratamento e após ele, auxiliando os pacientes nos recursos aprendidos durante a intervenção.

Outro recurso terapêutico observado nos protocolos são as técnicas de relaxamento, cujo impacto está principalmente em aliviar sintomas físicos desagradáveis desencadeados pela ansiedade, como taquicardia, sensação de desmaio, dores de cabeça e náusea (Gormez & Stallard, 2017). O treino em relaxar seu corpo auxilia a criança na compreensão de que possui controle sobre ele, sendo possível diminuir os sintomas físicos que podem ser vistos, como assustadores. Ademais, ao acalmar seu corpo, a criança pode começar a compreender que também consegue acalmar sua mente, o que torna essa estratégia essencial no trabalho de modo global.

A utilização de técnicas de relaxamento ou mindfulness em populações adultas vem mostrando sua eficácia. Recentemente programas com intervenções baseadas em mindfulnessvêm sendo criados ou adaptados para crianças e adolescentes (White, 2012; Caminha & Caminha, 2013). Embora iniciais, alguns resultados estão apontando benefícios da utilização de dessas técnicas também para a população infantojuvenil, tanto para amostras consideradas clínicas como não clínicas (Zenner, Herrnleben-Kurz & Walach, 2014).

Quando se descreve a possibilidade de acessar os pensamentos das crianças com o treino de relaxamento, ou seja, acalmar corpo e mente, refere-se ao início de uma etapa central nas terapias cognitivo-comportamentais, que está na reestruturação cognitiva. Essa intervenção pode ser observada como importante técnica nos protocolos discutidos neste estudo. Estudos realizados com a terapia cognitiva sugerem que o trabalho de reestruturação cognitiva, associado a demais técnicas, contribui substancialmente para melhorar a ansiedade juvenil (Peris et al., 2015).

A reestruturação cognitiva se faz necessária tanto para a sintomatologia ansiosa quanto depressiva, pois em ambas existem distorções cognitivas que podem atrapalhar e comprometer a rotina e autonomia dos sujeitos, podendo se agravar em crianças, visto que estão em uma etapa de desenvolvimento doself. Esse desenvolvimento está muito relacionado com a tríade cognitiva e se refere a um conjunto de padrões cognitivos básicos que levam cada pessoa a considerar a si, seu futuro e suas experiências de modo singular (Beck et al., 1997). Estudos revelam a correlação entre erros cognitivos e sintomas na infância, o que reforça a importância do acesso e modificação dos pensamentos em processo psicoterapêutico (Pereira, Barros & Mendonça, 2012).

Portanto, com essa técnica pretende-se justamente acessar pensamentos disfuncionais e flexibilizá-los, ensinando o participante a responder de modo mais adaptativo a seus pensamentos. A criança é incentivada a testar a validade e utilidade de seus pensamentos com o trabalho metacognitivo, organizando-os para que não prejudiquem sua rotina e autonomia (Caminha & Caminha, 2012; Gormez & Stallard, 2017).

A partir do relaxamento, de crenças flexibilizadas e de menor rigidez cognitiva, muitas crianças precisarão ser reinseridas em seus ambientes sociais antes prejudicados. O treino de habilidades sociais é uma proposta que envolve as relações interpessoais em diferentes contextos e é amplamente utilizada em diversos protocolos de TCC para ansiedade e depressão (Del Prette & Del Prette, 2009, 2010). Na abordagem com crianças, essa proposta tem especial importância, pois nessa fase se inicia a exposição a diversos contextos, como o escolar, que possibilitarão aprendizagens de maneira direta ou indireta e o desenvolvimento de habilidades sociais (Del Prette & Del Prette, 2012; Barbosa, Del Prette, Koller & Del Prette, 2016).

Pesquisas científicas têm sugerido que as habilidades sociais podem ser reconhecidas como um importante fator não só para o desenvolvimento social das crianças, mas também para o desenvolvimento acadêmico (Gresham & Elliott, 2008; Del Prette, Del Prette, Oliveira, Gresham, & Vance, 2012). Essas habilidades dependem de um conjunto de outras, cognitivas, interpessoais e socioemocionais, necessárias para se adquirir um comportamento social adequado e positivo (Beauchamp & Anderson, 2010). Haja vista a necessidade de aquisições prévias para o bom desempenho de habilidades sociais, percebe-se que os protocolos apresentam essa técnica em uma fase intermediária ou avançada de tratamento, em que questões emocionais e cognitivas são trabalhadas.

Assim como o treino de habilidades sociais, a técnica de resolução de problemas também surge em fase intermediária dos programas, com ou sem a participação dos responsáveis. Esse recurso auxilia as crianças a lidar com a presença de indecisões e dificuldades em organizar o raciocínio, ensinando mecanismos e mostrando possibilidades para a tomada de decisão (Curatolo & Brasil, 2005; APA, 2014).

Sugere-se que essa técnica, tratando-se de crianças, pode ter um melhor desempenho quando compartilhada com os responsáveis, incluindo-os e comprometendo-os nas soluções encontradas com as crianças. Essa inclusão pode ser observada no FRIENDS e TRI, pois contam com a participação dos responsáveis ou de pessoas que possam contribuir com o paciente. Uma proposta diferente é encontrada no programa EMOTION, em que o grupo de crianças é convidado a gerar múltiplas ideias para lidar com situações problemáticaspor meio de atividades experienciais (Martinsen, Kendall, Stark & Neumer, 2016).

Limitações dos protocolos

Todos os protocolos terapêuticos discutidos apresentam estudos sugerindo sua eficácia em tratar os sintomas propostos de ansiedade e/ou depressão. Entretanto, como sua maioria foi desenvolvida em países que não o Brasil, cabe destacar a carência de pesquisas quando da aplicação em populações brasileiras. Com exceção da TRI, apenas o programa FRIENDS apresenta adaptação e tradução para o português brasileiro.

A adaptação cultural de um protocolo é de suma importância e vai além da simples tradução literal, aproxima as intervenções do contexto de vida e das características particulares de cada país e facilita o processo de organização e aplicação das intervenções (Guillermin, Bombardier, Beaton, 1993; Nora, Zoboli & Vieira, 2017). Quando não se adapta culturalmente um protocolo psicoterapêutico pode-se encontrar a problemática de não acessar corretamente os sujeitos e não atingir o mesmo efeito encontrado em seu país de origem (de Souza et al., 2013). Assim, considera-se a ausência de transposição cultural e de tradução uma limitação dos protocolos citados no que tange ao uso por e para brasileiros.

O programa Coping Cat possui adaptação para países como Austrália e Canadá, bem como tradução para o espanhol e português de Portugal. Quanto a estudos sobre aplicação no Brasil, foram encontrados poucos. Destaca-se uma pesquisa na qual se utilizou o programa como modelo para intervenção com pré-adolescentes ansiosos em formato grupal. Ao final do tratamento, verificou-se redução significativa da ansiedade e tamanho de efeito moderado a grande, entretanto não resultou em melhora na qualidade de vida dos sujeitos. Os autores relataram a importante complexidade da implementação do protocolo no Brasil, bem como a necessidade de ajustes em diferentes intervenções, salientando a necessidade de adaptação cultural para seu melhor aproveitamento (de Souza et al., 2013).

Quanto ao programa FRIENDS, também foram encontrados poucos estudos desua aplicação para a população brasileira. Destaca-se atual pesquisa na qual se aplicou o programa em crianças de 6 e 7 anos de idade. Foram verificadas mudanças significativas nos âmbitos referentes a ansiedade, depressão e comportamento agressivo no término da intervenção. Em medidas de seguimento os resultados se mantiveram (Pavoski et al., 2018).

O FRIENDS esteve presente em uma das discussões atuais acerca de novas políticas públicas que incluam programas preventivos socioemocionais em escolas brasileiras, discussões estas que salientam os benefícios que programas como esse podem influenciar o desempenho acadêmico e a construção da cidadania (Durlak et al., 2011). Em 2011 foi publicado pelo Senado Federal Brasileiro um livro que discute diferentes facetas da neurociência relacionada a educação na primeira infância. Dentre possibilidades de intervenção, o programa FRIENDS foi citado como um potencial recurso a ser inserido na política pública do contexto escolar brasileiro (Figueredo & Torres, 2016).

Buscou-se por estudos com a população brasileira quanto aos demais protocolos discutidos neste estudo, entretanto, não foram encontrados. Tal carência de pesquisas evidencia a necessidade de futuros estudos que os contemplem.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Compreende-se que pesquisas que se propõem a avaliar protocolos de psicoterapia são necessárias, visto que, ao obterem resultados significativos, podem contribuir para um trabalho psicoterapêutico baseado em evidências. Isso propiciará uma prática clínica alicerçada teoricamente, mais assertiva e consequentemente, com maior benefício para o público em atendimento (Justo, Santos, & Andretta, 2017).

O uso de uma psicologia baseada em evidências também pode contribuir para melhor administração da demanda em serviços públicos de saúde devido a sua extensão, considerando o atendimento a partir de programas de comprovada qualidade, resolutividade e envolvimento de políticas públicas que lhe disponibilizem. Além disso, protocolos terapêuticos de TCC possuem o benefício de serem estruturados com técnicas de comprovada potência, tempo limitado e com começo, meio e fim.

Este estudo possui algumas limitações. Embora tenham sido utilizadas referências nacionais e internacionais, não foram discutidos todos os protocolos disponíveis para o tratamento de ansiedade e depressão na infância, o que pode ser considerado um viés. Ademais, esta revisão pode apresentar uma tendência em sua bibliografia, uma vez que está fundamentada nos principais estudos publicados sobre a temática.

Entretanto, o objetivo maior deste estudo está em ampliar e disseminar o conhecimento sobre essa temática aos terapeutas, visando qualificar a abordagem com crianças que sofrem por esses sintomas. Este estudo também busca contribuir para potencializar discussões sobre o tema, levando a reflexões e impulsionando pesquisas que possibilitem criar ou aprimorar os modelos existentes.

 

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Correspondência:
Margareth da Silva Oliveira
Instituição: Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Avenida Ipiranga 6681, Prédio 11 - 9º andar sala 941 Partenon
Porto Alegre - RS CEP: 92020-310
E-mail: marga@pucrs.br

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 12 de Novembro de 2018. cod. 695
Artigo aceito em 25 de Março de 2019

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