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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. vol.15 no.2 Rio de Janeiro jul./dez. 2019

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20190013 

ARTIGOS DE REVISÃO

 

Suicídio: a importância de novos estudos de posvenção no Brasil

 

Suicide: the importance of new postvention studies in Brazil

 

 

Monique Lauermann Tassinari RuckertI; Rafaela Petrolli FrizzoII; Marcelo Montagner RigoliIII

IEspecialista em Terapia Cognitivocomportamental (INTCC) – (Sócia-diretora do Espaço Inspirar) – Porto Alegre – RS – Brasil
IIMestra em Psicologia Clínica (Unisinos) – (Sócia-diretora da Ethos)
IIIMestre em Cognição Humana – (Pesquisador do Núcleo de Estudos e Pesquisa em Trauma e Estresse)

Correspondência

 

 


RESUMO

O suicídio é um problema de saúde pública que tem resultado em um aumento de mortes no mundo todo. Os familiares enlutados são citados na literatura como sobreviventes, sendo estimado que entre 5 e 10 pessoas são gravemente afetadas por cada morte consequente do ato de suicídio. No entanto, o termo foi ampliado para os contatos que os indivíduos fizeram ao longo de sua vida, incluindo colegas, amigos e profissionais, aumentando, consequentemente, essa estimativa. As pessoas impactadas apresentam diferentes sintomas e formas de manejar o sofrimento. Essas estratégias para auxiliar na resolução do processo de luto, incluindo o desencorajamento de planejamentos ou ideações suicidas, além da orientação a profissionais e familiares sobre questões éticas e burocráticas, são designadas de posvenção. O objetivo deste estudo é avaliar os materiais existentes sobre posvenção do suicídio a fim de oferecer uma visão mais ampla de procedimentos e reflexões sobre o que fazer após a morte de um familiar ou paciente e avaliar quais intervenções são mais eficazes com enlutados pelo suicídio. Temos poucos serviços de apoio aos sobreviventes e pesquisas sobre a temática aqui no Brasil, portanto, faz-se necessário promover um espaço de escuta, de acolhimento e de informação para fortalecimento da saúde mental dos enlutados.

Palavras-chave: Suicídio; Posvenção; Sobreviventes.


ABSTRACT

Suicide is a public health problem that has resulted in an increase in deaths worldwide. The bereaved relatives are cited in the literature as survivors, with an estimated 5 to 10 people being seriously affected by each death resulting from the suicide act. However, the term has been expanded to the contacts individuals have made throughout their lives, including colleagues, friends and professionals, thereby increasing that estimate. These impacted individuals present different symptoms and ways of dealing with suffering, such strategies to assist in the resolution of the grieving process, including the discouragement of suicidal ideation or planning, as well as counseling professionals and family members about ethical and bureaucratic issues are called Postvention. The objective of this study is to evaluate existing Postvention materials and provide a broader view of procedures and reflections on what to do after the death of a family member or patient and which interventions are most effective with suicide mourners. We have few services to support survivors and research on the subject here in Brazil, it is necessary to promote a listening, welcoming and informative space to strengthen the mental health of bereaved.

Keywords: Suicide; Postvention; Survivors.


 

 

INTRODUÇÃO

No Relatório Global sobre Suicídio, lançado em 2014, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que, em 2012, foram estimados mais de 800 mil suicídios, o que indica uma morte a cada 40 segundos, além de muitas tentativas em diferentes lugares do mundo. É compreendido como suicídio o ato executado pelo próprio indivíduo de forma consciente e intencional, por meio de um comportamento que acredita ser letal, cuja intenção seja de morte. Além do ato efetivo, há também o comportamento suicida: os pensamentos, os planos e as tentativas de suicídio (Associação Brasileira de Psiquiatria [ABP], 2014).

O suicídio é um grave problema de saúde pública, e estudos de diferentes áreas o mostram como um fenômeno multifatorial e de difícil abordagem social, em decorrência da estigmatização dos sujeitos e familiares envolvidos. É o resultado de uma complexa interação de fatores psicológicos e biológicos, inclusive genéticos, culturais e socioambientais, não podendo ser atribuído a uma única causa ou campo de estudo (ABP, 2014; Costa, Chavaglia, Amaral, & Silveira, 2015).

O fenômeno do suicídio vem sendo discutido tanto em âmbito nacional como internacional. Segundo a OMS, o índice de suicídio mundial é maior do que o número de mortes por guerras e homicídios; o mesmo estudo aponta que 9 em cada 10 casos de suicídio poderiam ser evitados com um trabalho de prevenção (ABP, 2014).

O Brasil é o oitavo país em número absoluto de suicídio, com cerca de 11 mil casos por ano, além do alto índice de ideação suicida durante algum momento da vida presente em 17% da população nacional (ABP, 2014; World Health Organization [WHO], 2017). A estimativa é de 32 mortes por dia, ou seja, a cada 45 minutos uma pessoa tira a própria vida (Fukumitsu & Kovács, 2016).

Em 2014 foi criada a campanha Setembro Amarelo para estimular a divulgação do tema, buscando prevenir novos casos. O movimento foi iniciado no Brasil pelo Centro de Valorização da Vida (CVV), pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP). Desde então, as estratégias nacionais de prevenção têm ganhado força. No Relatório Mundial da Saúde, também no mesmo ano, a OMS refere que essas estratégias contam com planos para a intervenção de crise e posvenção. No entanto, esses itens não são citados na Diretriz Nacional de Prevenção ao Suicídio no Brasil (WHO, 2014).

Os familiares enlutados são citados na literatura como sobreviventes, sendo estimado que entre 5 e 10 pessoas são gravemente afetadas por cada morte consequente do ato de suicídio. No entanto, entende-se que esses números podem ser efetivamente maiores se ampliarmos o termo para os contatos que os indivíduos fizeram ao longo de sua vida, como amigos, companheiros e profissionais que lidaram com a perda do paciente (Andriessen & Krysinska, 2012; WHO, 2014). Os sobreviventes poderão encontrar dificuldades para retomar suas vidas após o ocorrido, isolando-se para evitar possíveis julgamentos sociais, além de apresentar vergonha e sensações ambivalentes que os tornam cerca de duas a três vezes mais suscetíveis ao risco de suicídio (Botega, 2015; Runeson & Asberg, 2003; Silva, 2015; Silva & Marinho, 2017).

Uma vez que relatórios nacionais demonstram altas taxas de suicídio, quando esses dados são associados a estudos de que os sobreviventes se tornam um grupo com aumento de risco, faz-se necessário realizar novas pesquisas para mapear orientações de posvenção. Dessa forma, sugere-se o desenvolvimento de materiais completos com o intuito de auxiliar no enfrentamento das situações e dos impactos decorrentes dessa vivência (Andriessen & Krysinska, 2012). O objetivo desta revisão narrativa é avaliar os materiais existentes sobre posvenção de suicídio a fim de compreender de que forma podemos intervir e utilizar estratégias de posvenção para familiares e profissionais enlutados pelo suicídio, os chamados sobreviventes. Considera-se uma revisão narrativa quando é apresentado um relato da literatura desenvolvida sobre o assunto no sentido de uma visão geral, incluindo tipos de literatura diferentes, como pesquisas e relatórios, entre outros (Flick, 2013). A presente pesquisa foi realizada a partir da análise de diferentes materiais, incluindo livros, documentos eletrônicos e outras mídias, considerando os materiais que abordavam os temas "suicídio", "posvenção" e "sobreviventes".

 

POSVENÇÃO DO SUICÍDIO

No que que se refere ao acompanhamento e à intervenção específica para os familiares e amigos do suicida, designou-se o termo "posvenção", criado por Shneidman (1973). O objetivo principal seria auxiliar na resolução do processo de luto, incluindo o desencorajamento de planejamentos ou ideações suicidas (Saraiva, 2010). Esse termo ainda é pouco explorado na literatura, e pode-se encontrá-lo, também, com a grafia de "pós-intervenção".

O suicídio provoca sofrimento nos sobreviventes, que precisam vivenciar o processo do luto e encontrar significados para a perda, além de aprender a lidar com a ausência e as repercussões da morte. Torna-se necessário desenvolver habilidades para lidar com a nova realidade (Fukumitsu & Kovács, 2016).

Em estudo realizado com sobreviventes de suicídio, foi observada a necessidade de manejos para lidar com o luto, visto que se entende que eles têm o direito de viver o processo de luto no seu tempo e do seu modo. Os entrevistados relataram algumas estratégias utilizadas para o acolhimento do sofrimento, como ajudar os outros, isolar-se quando se sentiam ameaçados pelos julgamentos alheios, fazer psicoterapia e escolher determinada profissão ou religião (Fukumitsu & Kovács, 2016).

As estratégias de posvenção podem ser operacionalizadas a partir da perspectiva clínica, ou seja, a perspectiva dos profissionais e serviços de saúde mental, e também da perspectiva da saúde pública, com o desenvolvimento de políticas e estratégias gerais para a população (Andriessen & Krysinska, 2012).

Entre as estratégias internacionais que apresentam melhor eficácia, temos como exemplo o Plano de Ação de Prevenção ao Suicídio da Nova Zelândia, que inclui manejos de posvenção para os sobreviventes, oferecendo os seguintes serviços (Ministry of Health, 2011):

• assistência prática imediata;

• conselhos de autocuidado;

• informações sobre perda e tristeza;

• informações sobre requisitos policiais e legais;

• encaminhamento e ligação com outros serviços de aconselhamento, prestadores de cuidados de saúde primários e outros serviços apropriados.

Outro apoio especializado se dá por meio de uma equipe da área da saúde composta por psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e assessores culturais experientes na prevenção e posvenção do suicídio. Esses profissionais atuam nas comunidades durante um ano após o suicídio, de forma a prevenir e assessorar os sobreviventes, além de trabalhar junto às escolas que vivenciaram suicídios de alunos e funcionários (Ministry of Health, 2011).

Na Austrália, o StandBy Response Service é um programa de prevenção ativa que oferece assistência para quatro grupos principais, entre eles as pessoas enlutadas pelo suicídio (os sobreviventes). O programa busca melhorar a produtividade, a saúde mental e as habilidades sociais dos sobreviventes, por meio da conscientização sobre questões relevantes relacionadas ao luto, à perda, à gestão de crise, ao controle de trauma, etc. Além de melhorar a capacidade da comunidade para gerir e responder de forma adequada e eficaz ao suicídio, com melhor qualidade na infraestrutura, redes de parcerias e mais estudos relacionados à posvenção.

Uma pesquisa avaliando a eficácia do fornecimento de suporte de posvenção mostrou uma melhora mensurável na saúde e no bem-estar dos participantes, comparados com outros sobreviventes não submetidos ao programa além de ter um impacto econômico de redução de custos para a sociedade de aproximadamente US$ 800 por sobrevivente/ano visto que há uma diminuição no uso de serviços de saúde, aumento de produtividade, diminuição das taxas de absenteísmo, entre outros fatores (United Synergies, 2011).

Segundo Botega (2015), dentre os 52 países que fazem parte da International Association for Suicide Prevention, apenas 14 têm programas e serviços destinados a pessoas enlutadas pelo suicídio. No Brasil, algumas das ações de posvenção são coordenadas pelo CVV: por meio do CVV Comunidade, são disponibilizados diversos serviços para a sociedade, entre eles os Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio (GASS), já presentes em diferentes cidades e destinados a pessoas que perderam alguém próximo por suicídio ou a pessoas que fizeram tentativas (CVV, 2017a).

 

SERVIÇOS DE APOIO PARA SOBREVIVENTES

Grupos de autoajuda formados por sobreviventes enlutados após a morte de um familiar ou amigo por suicídio têm sido reconhecidos como uma estratégia de posvenção que pode contribuir positivamente no auxílio emocional. Podem ser mantidos por financiamento de governos e de instituições não governamentais, por doações e pelos próprios participantes (WHO, 2000).

Os grupos de apoio a pessoas enlutadas pelo suicídio surgiram na década de 1970 na América do Norte e, desde então, têm se estabelecido em diferentes lugares do mundo. A maioria está em países de língua inglesa, onde, embora escassos, foram elaborados materiais sobre o tema em conjunto com a American Association of Suicidology, a Organização Mundial da Saúde e a International Association for Suicide Prevention (WHO, 2000).

Em São Paulo foi fundado o CVV, uma associação que presta serviço voluntário e gratuito de apoio emocional e prevenção do suicídio. São realizados mais de um milhão de atendimentos anuais por aproximadamente dois mil voluntários em 18 estados mais o Distrito Federal, contando com atendimentos por diferentes meios – como telefone, chat, e-mail –, bem como em 80 postos de atendimento (CVV, 2017b).

No CVV existem Grupos de Apoio aos Sobreviventes de Suicídio (CVV GASS) que funcionam em São Paulo (SP), Porto Alegre (RS), Novo Hamburgo (RS), Curitiba (PR) e Cuiabá (MT). São realizadas reuniões mensais em que são debatidos questionamentos que acompanham sobreviventes enlutados com o objetivo de auxiliar na troca de experiências e oferecer apoio emocional (CVV, 2017c).

Outro grupo com foco específico na temática do suicídio é o realizado pelo Instituto Vita Alere de Prevenção e Posvenção do Suicídio, inaugurado em agosto de 2013 e inspirado pela temática da posvenção (Vita Alere, 2016b). Tem por objetivo a diminuição do número de suicídios, o acolhimento dos sobreviventes e a habilitação dos profissionais para o manejo nessa área (Vita Alere, 2016a). Os grupos do instituto ocorrem mensalmente em diferentes cidades dos estados de São Paulo e Rio de Janeiro, de forma gratuita e sem necessidade de inscrição prévia. Têm por objetivo ajudar, trocar experiências, oferecer um local de escuta e acolhimento e construir uma rede de conectividade entre pessoas impactadas de alguma forma pelo suicídio (Vita Alere, 2017).

Como visto no detalhamento dos projetos, essas iniciativas podem contribuir no auxílio de sobreviventes, visto que o convívio social em um espaço de escuta, acolhimento e compartilhamento de informações resulta em um processo de luto mais eficaz, além de desencorajar o planejamento de suicídio.

 

FAMILIARES E AMIGOS COMO SOBREVIVENTES

O processo do luto é uma resposta natural à morte de alguém próximo e algo que todos os indivíduos estão sujeitos a passar ao longo da vida. No entanto, o luto decorrente da morte por suicídio é caracterizado como luto complicado, uma vez que, além de serem mortes repentinas, também são violentas, podendo criar distintos problemas de saúde física e mental para os sobreviventes (Nunes, Pinto, Lopes, Enes, & Botti, 2016; Worden, 1932).

A vivência da perda e do luto por suicídio é mobilizadora de intensos sentimentos. A maneira como cada sobrevivente reage pode estar relacionada com o vínculo estabelecido com quem se matou, sendo que talvez haja uma dificuldade em aceitar a perda, causando, por consequência, um impacto significativo na vida do indivíduo (Silva & Marinho, 2017).

Existem diversos fatores que podem influenciar a forma como os sobreviventes reagem ao luto (Fukumitsu & Kovács, 2016). Amigos e familiares da pessoa que cometeu suicídio podem transitar entre sentimentos e reações ambivalentes, como preocupação, desconforto, medo, raiva, acusação, frustração, banalização, esperança, culpa, disponibilidade, superproteção, cansaço, irritação e hostilidade (Botega, 2015).

De modo geral, o suicídio surpreende os sobreviventes. Se os familiares já identificavam o risco, após a perda é comum apresentarem sentimentos de impotência e fracasso. No entanto, embora em alguns casos esse risco tenha sido reconhecido, em muitos outros nem sequer foi avaliado, visto que é comum, ao pensar em suicídio, o indivíduo se afastar do convívio com amigos e familiares por vergonha ou pelo tema ainda ser considerado um tabu em nossa sociedade. Nesse contexto, além da busca pelo sentido desse ato e de justificar o valor da própria vida, o sobrevivente passa pelo processo doloroso de tentar compreender como não percebeu ou valorizou o risco em tempo de alguma intervenção (Botega, 2015; Conselho Federal de Psicologia [CFP], 2013; Duarte & Tassinari, 2019; Silva, 2015).

Devido ao estigma que envolve a morte por suicídio, alguns enlutados poderão encontrar dificuldade em lidar com sua perda e com os possíveis julgamentos sociais, por se tratar de forma pouco aceitável de morrer/morte (Botega, 2015; Silva, 2015). Há uma dificuldade de os sobreviventes terem acesso a serviços que auxiliam no processo do luto complicado, seja devido ao fato de não conhecerem lugares que oferecem essas atividades, seja por não quererem buscar auxílio ou, ainda, por não saberem o significado da palavra "posvenção" (Scavacini, 2017). Além disso, outra dificuldade encontrada pelos sobreviventes é poder retomar suas vidas normalmente apesar do ocorrido (Silva & Marinho, 2017).

Os sobreviventes muitas vezes se isolam, sentem vergonha e evitam falar sobre suas emoções e seus pensamentos em relação à morte. Questões de gênero também vão perpassar não somente a temática do suicídio, mas também do luto. Os sobreviventes, em especial as mulheres, poderão sentir vergonha por não terem sido suficientemente cuidadores, ou, ainda, por terem sido negligentes, além da preocupação sobre o que as pessoas podem estar pensando a seu respeito. Como resultado, o luto por suicídio pode ser uma experiência dolorosa, causando intenso sofrimento psíquico, além de adoecimentos físicos (CFP, 2013).

Na maioria das vezes, o suicídio acaba ocorrendo em casa, facilitando que o corpo seja encontrado por familiares. A violência desse evento faz com que o familiar tenha uma sobrecarga maior, ficando em estado de choque e sentindose anestesiado. É necessário ficar atento aos efeitos dessa situação: por mais que o enlutado busque afastar as imagens mentais do momento em que encontrou o corpo, possíveis flashbacks, bem como pesadelos e comportamentos de evitação, poderão durar por um longo período (Botega, 2015; Fukumitsu & Kovács, 2016).

O suicídio é considerado uma tragédia silenciosa, visto que muitas famílias não se sentem capazes de expor a real forma da morte para parentes considerados mais frágeis, geralmente crianças ou adolescentes, e também para a sociedade, que poderá julgá-los. Assim, ante o constrangimento e o desconforto em conversar sobre o ocorrido, o suicídio se torna um segredo, uma dor que não pode ser compartilhada (Botega, 2015; Fukumitsu & Kovács, 2016; Silva, 2015).

A posvenção do suicídio para amigos e familiares ocorre por cuidados de diferentes áreas, embora existam poucos estudos a respeito. Profissionais da área da saúde, em geral, podem orientar quanto ao processo de luto, sugerindo cuidados de saúde e normalizando alguns sintomas que possam estar preocupando os sobreviventes. Explicar que a sensação ambivalente faz parte desse processo pode reduzir o isolamento social e facilitar o processo de vivência do luto. Participar de grupos de sobreviventes ou assistir a documentários e relatos sobre a perda do outro também auxiliam no desenvolvimento de novas estratégias para lidar com o luto e o sofrimento (Fukumitsu & Kovács, 2016; WHO, 2000).

São inúmeros os afetados por um suicídio: familiares, amigos, colegas de trabalho ou de escola, pacientes internados em uma enfermaria de psiquiatria. Nesse momento, ampliamos nosso olhar aos profissionais da área da saúde, que também passam a ser considerados sobreviventes (Botega, 2015).

 

O PSICOTERAPEUTA APÓS A MORTE DO PACIENTE

Vivenciar a morte é algo compartilhado na área da saúde em geral, visto que enfermeiros, médicos, oncologistas, cardiologistas e demais profissionais da saúde perdem seus pacientes. No entanto, o impacto da morte de um paciente sobre um profissional da área da saúde mental é consideravelmente maior do que o impacto da morte de pacientes tratados por outras especialidades. Entre os motivos está o vínculo do paciente com o terapeuta, visto que o paciente não compartilha somente seus sintomas, mas também narrativas de sua vida, suas dúvidas, suas questões emocionais (Plakun & Tillman, 2005).

Aceitar trabalhar com pacientes de risco pode significar ter que se colocar diante de outros colegas como um profissional que veio a perder um paciente. Atuar no contexto do suicídio significa aceitar essa possibilidade (CFP, 2013). O luto por suicídio apresenta características peculiares principalmente de intensidade, estigma, duração e aumento de sintomas depressivos nos profissionais que atendem os pacientes (Scavacini, 2018).

A literatura aponta o suicídio como um evento devastador para os profissionais da área da saúde, alguns considerando esse episódio como o mais perturbador de sua carreira. São diversas as sensações descritas por esses profissionais, entre elas: reação de choque, fracasso, impotência, descrença, profunda tristeza, culpa e raiva. É ainda mais doloroso quando o profissional é responsabilizado e processado pelos familiares do paciente (Botega, 2015; Fukumitsu, 2014; Hendin, Lipschitz, Maltsberger, Haas, & Wynecoop, 2000; Wenzel, Brown, & Beck, 2010).

Apesar de todos os programas de prevenção e estudos sobre como avaliar riscos em pacientes com ideação suicida, muitos acabam tirando a própria vida, por mais que sejam seguidos todos os protocolos de manejo. Segundo Fukumitsu (2014), não é papel do terapeuta salvar vidas, mas, sim, ampliar as estratégias de enfrentamento ao sofrimento do paciente. Além disso, o tratamento para o manejo da ideação suicida precisa ser multidisciplinar, tanto para a troca de saberes em termo de questões técnicas e condução das intervenções como para apoio caso o paciente de fato se suicide (Botega, 2015; Grad, 2014).

É importante que a equipe tenha a opção de rever o caso com algum consultor, interno ou externo, para que possa reavaliar as estratégias utilizadas no processo terapêutico, compreendendo possíveis fatores de risco e motivações do paciente. Essa análise poderá auxiliar na compreensão e na aceitação das emoções sentidas, como tristeza, raiva, culpa, decepção, dúvida, vergonha e medo (Grad, 2014).

Em um estudo realizado com residentes que perderam pacientes por suicídio, apenas um participante não pontuou como extremamente útil o contato com o supervisor para processar a resposta inicial ao suicídio do paciente. Nesse momento, uma das atividades apontadas como úteis foi a discussão do caso, avaliando a relação com o paciente, incluindo uma revisão cuidadosa das sessões finais e, particularmente, dos momentos de mudança durante o tratamento. Apesar do contato com os supervisores ter sido bem avaliado, os clínicos apresentavam receio de comunicar-se com os colegas, por medo de serem julgados como responsáveis (Plakun & Tillman, 2005).

A posvenção trata de racionalizar o ato suicida como a consequência do processo vivido pelo paciente. Nesse momento é importante neutralizar o sentimento de culpa nos terapeutas e evitar alegações de outros sobre o que causou o suicídio, distinguindo essa sensação das reais responsabilidades do paciente. Isso não significa transferir a culpa ao suicida, mas fazer uma análise das limitações de resolução de problemas, levando em consideração os inúmeros fatores que influenciaram essa tomada de decisão (CFP, 2013).

Permitir várias explicações e interpretações sobre os fatores de risco que levaram o paciente ao ato suicida e compreender essa retrospectiva não significa que o suicídio pudesse ter sido impedido; é uma análise que permite auxiliar no reconhecimento das limitações do paciente ante esse sofrimento (Grad, 2014). Sendo, então, o suicídio uma questão multifatorial, o terapeuta amplia a percepção de que não tem culpa real sobre o que aconteceu, embora tenha responsabilidade no cuidado com o paciente.

Nessas situações, o profissional da saúde deve se preparar para oferecer apoio a familiares e amigos. Muitas vezes, a notícia é informada por um familiar; nesse momento, é aconselhável manter contanto com os enlutados e, se possível, comparecer ao funeral (Botega, 2015). Caso o suicídio ocorra em um ambiente hospitalar, é importante que os profissionais forneçam informações aos familiares enlutados, sugerindo grupos de autocuidado, atendimento psicológico, entre outras orientações de estratégias para lidar com o luto (Grad, 2014). Os psicólogos são os profissionais indicados para auxiliar na compreensão da situação dos enlutados e ajudá-los a desenvolver novas perspectivas sobre os fatos e eventos, permitindo que se sintam capazes de enfrentar o mundo, que se tornou assustador e sem sentido (Cândido, 2011).

A presença do profissional que acompanhou o paciente é muito valorizada e ajuda a consolar os enlutados. Caso o profissional não queira ou não possa ir ao funeral, é importante que, no mínimo, envie suas condolências. Orienta-se que o terapeuta demonstre de alguma forma que se solidariza com o sofrimento de familiares e amigos do paciente (Botega, 2015).

Após a morte por suicídio, é importante que seja realizada uma revisão das questões legais e éticas, principalmente sobre a confidencialidade e o compartilhamento de informações (Grad, 2014). É aconselhável que o profissional convide os familiares para uma reunião e converse sobre o ocorrido, de forma que possa falar, em termos gerais para manter a confidencialidade, sobre os aspectos positivos do tratamento, principalmente sobre a preocupação do paciente em relação à família e suas tentativas de superar os problemas (Botega, 2015).

O atendimento aos familiares fortalece a aliança terapêutica entre o profissional e os enlutados, além de minimizar o risco de intimações judiciais, visto que será explicado todo o trabalho realizado durante o tratamento, evidenciando, por meio da documentação de prontuários, o manejo para salvar a vida do paciente (Botega, 2015; Grad, 2014).

"O temor de ser acusado ou hostilizado nasce de conflitos infundados em relação à culpa e à responsabilidade pela morte do paciente" (Botega, 2015, p. 232). A sensação de culpa poderá surgir a partir de reflexões como o que poderia ter sido feito diferente, onde houve falhas, entre outras (CFP, 2013). Os conflitos do profissional a respeito do suicídio de um paciente devem ser discutidos com colegas ou com um supervisor (Botega, 2015).

Os profissionais precisam perceber que há um controle limitado sobre o comportamento e a vida do paciente (Grad, 2014). Não é uma questão de falta de habilidade clínica ou dedicação; o profissional da saúde mental perderá alguns pacientes por suicídio. Em um estudo realizado na Suíça, foi aplicado um questionário a 1.211 profissionais da área da saúde (psiquiatras, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos, técnicos de enfermagem, etc.), dos quais 704 (58,1%) tiveram um paciente que cometeu suicídio. Em uma segunda amostra, 415 psicólogos e psiquiatras responderam a um questionário autoaplicável anônimo; desses, 118 psiquiatras e 40 psicólogos haviam tido contato com o suicídio de um paciente (Gulfi, Dransart, Heeb, & Gutjahr, 2016).

Profissionais com altos níveis de exigência poderão encontrar dificuldades em manter a tranquilidade ao tratar pacientes suicidas (Botega, 2015). Nesse momento é importante monitorar a probabilidade de que, pelo menos em curto prazo, a perda afetará seu trabalho com pacientes com risco e também sua identidade profissional (Grad, 2014).

Sendo o suicídio de um paciente um dos eventos mais angustiantes na trajetória ocupacional dos profissionais da saúde, precisamos estar atentos a fatores que poderão influenciar a visão de suas competências no tratamento de pacientes com risco de suicídio, bem como a dúvidas que possam surgir quanto aos seus conhecimentos e habilidades. Essas consequências podem trazer prejuízos também aos futuros pacientes, segundo Grad (2014), como:

• hospitalização urgente ou prolongada de pacientes suicidas;

• uso excessivo de medicação;

• recusa em trabalhar com pacientes suicidas;

• desconfiança das alegações do paciente de que ele(a) não está pensando em suicídio;

• sintomas de burnout com perda de motivação para o trabalho ou mesmo uma mudança ocupacional.

Apesar dos diferentes impactos em sua rotina e sua identidade profissional, os clínicos avaliam que, após a experiência, passaram a valorizar mais as próprias limitações como terapeutas, além de desenvolverem maior sensibilidade e sintonia com os pacientes (Plakun & Tillman, 2005).

Não é possível estimar o tempo para a recuperação psicológica do profissional que perdeu um paciente por suicídio – isso depende da elaboração de sentimentos ambivalentes, das lembranças de diálogos e do processo terapêutico. O processo de luto requer tempo, mas pode ser incrementado com psicoterapia, discussões clínicas, conversas com colegas e supervisão (Botega, 2015).

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O suicídio é uma importante questão de saúde pública, no entanto, ao pesquisarmos sobre a história, a prevalência e o significado do suicídio na sociedade, percebemos o quanto o tema ainda é pouco abordado no Brasil. A maior parte dos materiais existentes é voltada para a prevenção: avaliação de risco, relação com transtornos mentais, protocolos voltados para profissionais de diferentes áreas da educação e da saúde, manejos de intervenção para pessoas com ideação suicida. No entanto, há escassez de literatura que descreva o impacto do suicídio e protocolos com estratégias de posvenção.

O próprio termo "posvenção" é pouco conhecido no Brasil. Novos estudos podem contribuir para a criação de serviços de cuidados aos sobreviventes, bem como apoio aos profissionais que vivenciam a perda de um paciente. Ainda que a maior parte dos artigos encontrados seja em inglês e que alguns países já tenham incluído estratégias de posvenção em seus planos nacionais de prevenção de suicídio, ainda é necessário criar um consenso quanto às nomenclaturas. Muitos autores utilizam o termo "posvenção", enquanto outros preferem "pós-intervenção". Outra dúvida diz respeito ao uso da nomenclatura "sobreviventes"; embora seja o termo mais empregado, ainda há críticas quanto à confusão de sua aplicação aos enlutados por suicídio ou àqueles que realizaram uma tentativa de suicídio que não resultou em morte.

A posvenção tem o objetivo de auxiliar no processo de luto, sendo também uma estratégia de prevenção, visto que visa a desencorajar o planejamento de suicídio dos sobreviventes. É necessário promover um espaço de escuta, de acolhimento e informação para que os sobreviventes realizem uma melhor aceitação do ocorrido, fortalecendo sua saúde mental.

Os principais materiais encontrados utilizando os termos "protocolo de posvenção", "luto por suicídio" e "sobreviventes de suicídio" são voltados para orientações e informações referentes ao luto e focados em familiares, não em profissionais. Poucos são os materiais voltados para as questões éticas, burocráticas e até mesmo emocionais dos profissionais que perdem um paciente. Temos um plano nacional de prevenção de novos casos, no entanto, não falamos sobre o que fazer após a morte do paciente. Sendo assim, são necessários maiores estudos para orientar profissionais da área tanto no trabalho com os sobreviventes quanto nos encaminhamentos burocráticos após o suicídio de um paciente.

As diretrizes existentes estão incompletas, visto que não contemplam estratégias de posvenção. Há poucas pesquisas sobre o tema, mas os índices de suicídio têm aumentado de forma significativa, consequentemente aumentando o número de sobreviventes e profissionais que necessitam de orientações, o que demonstra a necessidade de novos estudos sobre a temática da posvenção.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência:
Monique Lauermann Tassinari Ruckert
Instituição: Espaço Inspirar Rua Comendador Caminha, 312, sala 201 Moinhos de Vento
Porto Alegre/RS CEP: 90430-030
E-mail: monique.tassinari1@gmail.com

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 25 de Setembro de 2018. cod. 687
Artigo aceito em 29 de Julho de 2019

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