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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. vol.17 no.1 Rio de Janeiro jan./jun. 2021

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20210002 

ARTIGOS DE REVISÃO

 

Os efeitos das Intervenções Baseadas em Mindfulness (IBM) na saúde mental de estudantes universitários: um estudo de revisão sistemática

 

The effects of Mindfulness-Based Interventions on the mental health of university students: a systematic review study

 

 

Kênia Izabel David Silva de ResendeI; Maycoln Leôni Martins TeodoroI; Víviam Vargas de BarrosII; Priscilla Moreira OhnoI

IUniversidade Federal de Minas Gerais, Departamento de Psicologia - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil
IIUniversidade Federal de São Paulo, Departamento de Psicobiologia - São Paulo São Paulo - Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

Os dados epidemiológicos apontam que os sintomas psiquiátricos em estudantes universitários apresentam índices mais expressivos em comparação aos pares de fora da universidade. Nos últimos anos, as intervenções baseadas em mindfulness têm se destacado como intervenções eficazes no campo da saúde mental com desfechos satisfatórios e, por isso, têm sido empregadas em áreas como o ensino superior. Foi realizado um estudo de revisão sistemática com buscas sistematizadas nas bases de dados Cochrane Library, PsycINFO, PubMed e Lilacs com descritores controlados e não controlados. Foram identificadas 1.548 publicações, mas somente 18 atenderam aos seguintes critérios de elegibilidade: delineamento ensaio clínico randomizado (ECR), população- alvo de estudantes universitários, intervenção baseada nos programas de mindfulness MBSR e/ou MBCT, ser realizada de forma presencial e com encontros semanais. Os resultados apontaram que as intervenções baseadas em mindfulness mostraram efeitos significativos ou moderadamente significativos em suas variáveis de análise (ansiedade, depressão, estresse e mindfulness ) mostrando-se como intervenções promissoras para intervenção e promoção da saúde no meio acadêmico.

Descritores: atenção plena; estudantes; ensaio clínico


ABSTRACT

Epidemiological data indicate that psychiatric symptoms in university students have more expressive rates compared to peers outside the university. In recent years, mindfulness-based interventions have stood out as effective interventions in the field of mental health with satisfactory outcomes and, therefore, have been used in areas such as higher education. A systematic review study was carried out with systematic searches in the Cochrane Library, PsycINFO, PubMed and Lilacs databases with controlled and uncontrolled descriptors. 1.548 publications were identified, but only 18 met the following eligibility criteria: randomized clinical trial (RCT) design, target population of university students, intervention based on the MBSR and / or MBCT mindfulness programs, to be carried out in person and with meetings weekly. The results showed that mindfulness-based interventions showed significant or moderately significant effects on their analysis variables (anxiety, depression, stress and mindfulness), showing themselves as promising interventions for intervention and health promotion in academia.

Headings: mindfulness; students; clinical trial


 

 

INTRODUÇÃO

Os estudos em epidemiologia psiquiátrica que avaliaram a prevalência dos transtornos mentais na população universitária apontaram que os sintomas de depressão, ansiedade e estresse em estudantes apresentaram índices mais acentuados em comparação com colegas de fora da universidade (Sampl, Maran, & Furtner, 2017; Ansolin, Rocha, Santos, & Dal Pozzo, 2015).

Para a maior parte dos alunos, o início da vida acadêmica apresenta uma série de novos desafios que demandam habilidades cognitivas, emocionais e comportamentais nem sempre amadurecidas para tal (Barraza et al., 2015). A necessidade de obter aprovação, apresentar alto desempenho, lidar com volume de trabalho exponencial, expor-se publicamente em determinadas atividades, a realização dos estágios e a tomada de decisão em contextos que já ensaiam os futuros desafios profissionais, são alguns dos exemplos de situações enfrentadas pelos estudantes. Essas circunstâncias, aliadas a outros fatores como os de ordem pessoal, social e familiar, podem contribuir para o sentimento de sobrecarga e posterior adoecimento (Padovani et al., 2014; Lemos, Baptista, & Carneiro, 2011).

A compreensão e a criação de estratégias para lidar com os transtornos psiquiátricos na população universitária é extremamente importante em função das consequências graves para os estudantes e para o seu processo de formação. Segundo Erogul, Singer, McIntyre, & Stefanov, (2014), os acadêmicos da área de saúde, que experimentaram níveis disfuncionais de estresse, ansiedade e depressão, tiveram maiores dificuldades de estabelecer conexões afetivas com seus pacientes, de sentir empatia e compaixão em relação a eles e de manter uma agenda de trabalho positiva, o que caracteriza uma identidade profissional desadaptativa. Os alunos com sintomatologia grave têm risco aumentado para suicídio, comportamentos autolesivos, doenças físicas, diminuição da atividade física, comportamento sexual de risco, tabagismo e dependência de álcool e drogas (Van Dijk et al., 2017; Gu, Xu, & Zhu, 2018; Anastasiades Kapoor, Wootten, & Lamis, 2017). Além disso, os quadros psicopatológicos podem afetar a capacidade de organização e os processos de atenção, concentração, memória e aprendizagem, levando a um baixo rendimento acadêmico podendo culminar na evasão do curso de graduação (Padovani et al., 2014; Lemos et al., 2011).

Diante desse contexto, Pakenham e Stafford-Brown (2012) pontuaram que as instituições de ensino superior precisam empreender uma reflexão crítica acerca do problema. Conhecer o perfil do aluno, repensar os métodos de ensino-aprendizagem, criar estratégias de integração à comunidade acadêmica, auxiliar o estudante a desenvolver as habilidades e competências pessoais e profissionais para enfrentar as dificuldades do cotidiano. Tais ações podem contribuir para a redução do sofrimento psíquico e melhorar a qualidade de vida, elementos essenciais ao processo de formação acadêmico-profissional.

Nos últimos anos, as intervenções baseadas em mindfulness (IBM) têm se destacado como intervenções eficazes no campo da saúde mental com custo-benefício satisfatório, sendo reconhecidas e adotadas por sistemas de saúde internacionais como o National Health Services (NHS) da Inglaterra (Crane & Kuyken, 2013). O interesse pelas IBM teve início a partir dos resultados do programa Mindfulness Based Stress Reduction (MBSR) criado por Jon Kabat-Zinn na Universidade de Massachusetts para pacientes com problemas relacionados ao estresse e à dor crônica (Kabat-Zinn, 2003). Atualmente, estão disponíveis vários protocolos de IBM. Entretanto, o MBSR e o Mindfulness Based Cognitive Therapy (MBCT) criado por Segal, Teasdale e Williams (2004) para pacientes com constantes recaídas de depressão, são os que apresentam maior volume de estudos com evidências científicas robustas.

O componente essencial desses programas são as práticas de mindfulness. A definição do termo mais comumente empregada é a de Kabat-Zinn (2003), que o considera como um estado psicológico no qual se está atento ao presente de forma intencional e com esforço de não julgar a experiência. Segundo o autor, ao adotar tal perspectiva, mesmo em circunstância difíceis, abre-se espaço para que se possa fazer escolhas mais conscientes e funcionais, o que influencia positivamente a maneira de lidar com os desafios cotidianos.

As evidências favoráveis às IBM no campo da saúde contribuíram para levar mindfulness também para outras áreas como as organizações e as instituições de ensino. Nos últimos anos um número considerável de estudos foi desenvolvido com universitários objetivando responder questões relativas a melhoraria da saúde mental dos estudantes e a viabilidade das IBM em ambientes acadêmicos (Assumpção, Pena, Neufeld, & Teodoro, 2019; James & Rimes, 2018; Ying, Liu, He, & Wang, 2018; Van Dijk et al., 2017; Sampl et al., 2017; Danilewitz, Bradwejn, & Koszycki, 2016; Kuhlmann, Huss, Bürger, & Hammerle, 2016).

Apesar da quantidade de estudos sobre o tema, os trabalhos de revisão sistemática que investigaram as evidências de eficácia para esse tipo de população específica ainda deixam questões em aberto (González-Valero, Zurita-Ortega, Ubago-Jiménez, & Puertas-Molero, 2019; Huang, Nigatu, Smail-Crevier, Zhang, & Wang, 2018; Regehr, Glancy, & Pitts, 2013). Considerando a importância da questão da saúde mental no ambiente acadêmico e do volume de publicações envolvendo as IBM e estudantes universitários, o objetivo deste trabalho é realizar uma revisão sistemática, a fim de responder à seguinte questão: as intervenções baseadas em mindfulness produzem impacto na saúde mental e na qualidade de vida de estudantes universitários quando comparadas a outras intervenções? Essa é a questão chave que norteou toda a investigação deste estudo.

 

MÉTODO

Foi realizado um trabalho de revisão sistemática com estudos que investigaram os efeitos das intervenções baseadas em mindfulness na saúde mental de estudantes universitários.O estudo foi organizado a partir das recomendações PRISMA que orienta a elaboração de revisões sistemáticas (Moher, Liberati, Tetzlaff, Altman, & Prisma Group, 2009).A questão de pesquisa foi construída a partir de três componentes: população alvo de estudantes universitários, delineamento de pesquisa do tipo ensaio clínico randomizado (ECR) e intervenções baseadas nos programas de mindfulness MBSR e/ou MBCT.

As buscas eletrônicas de artigos publicados foram realizadas até dezembro de 2020, de forma sistematizada, nas bases de dados Medline (PubMed), PsycINFO, Cochrane e Latin American and Caribbean Health Sciences Literature (LILACS). Para cada uma das bases de dados, foi elaborada uma estratégia específica com descritores MeSH e sinônimos. Os termos foram pesquisados em combinações variadas e estão disponíveis na Tabela 1.

A busca manual foi realizada por meio da avaliação das referências bibliográficas dos estudos incluídos e a busca na literatura cinza foi realizada na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações e no Banco de Teses da CAPES. Não houve restrições quanto à data de publicação dos estudos e de idioma.

As publicações identificadas foram inseridas no aplicativo Rayyan® (Ouzzani Hammady, Fedorowicz, & Elmagarmid, 2016) com o objetivo de promover a exclusão das duplicatas e realizar o processo de seleção dos estudos. Os critérios de seleção adotados foram: população-alvo composta por estudantes universitários, intervenção baseada em programas de mindfulness como o MBSR e/ou MBCT, ser realizada de forma presencial e apresentar o ECR como delineamento de pesquisa. Dois revisores realizaram a seleção dos estudos de forma independente e as discordâncias foram resolvidas por um terceiro revisor. A coleta dos dados foi realizada a partir da elaboração de uma tabela especificamente construída para tal contendo as informações pertinentes para a compreensão dos estudos.

A avaliação da qualidade metodológica de cada um dos estudos foi realizada a partir das orientações contidas no Manual Cochrane para Revisões Sistemáticas de Intervenções (Higgins et al., 2019). Para tal, foi utilizada uma ferramenta de avaliação de risco de viés, que contempla cinco dimensões importantes nos ensaios clínicos randomizados: viés decorrente do processo de randomização, viés devido a desvios das intervenções pretendidas, viés devido à falta de dados de resultados, viés na medição do resultado e viés na seleção do resultado relatado.

A ferramenta possui perguntas de sinalização, que visam a fornecer uma abordagem estruturada, a fim de obter informações relevantes para uma avaliação do risco de viés. As opções de resposta para os julgamentos são: sim, provavelmente sim, provavelmente não, não e nenhuma informação. Depois que as perguntas de sinalização foram respondidas, o próximo passo foi o julgamento de risco de viés e atribuição das seguintes opções a cada domínio: baixo risco de viés, algumas preocupações e alto risco de viés.

Dois autores avaliaram os estudos de forma independente. O procedimento adotado foi compreender as indicações disponíveis na ferramenta de avaliação, localizar os dados pertinentes nas publicações e analisar e atribuir julgamento pautado nas recomendações. Os resultados das avaliações dos autores foram comparados e os desacordos foram discutidos a fim de sanar as diferenças. Em seguida, uma tabela com os resultados dos julgamentos foi produzida e se encontra na seção de resultados deste trabalho.

 

RESULTADOS

As buscas sistematizadas recuperaram um total de 1.548 publicações sobre as intervenções baseadas em mindfulness em estudantes universitários. A maior parte dos trabalhos foi excluída em função do tipo de intervenção aplicada e pelo fato de os estudos não elucidarem o conteúdo e o embasamento dos programas. Restaram 18 publicações para análise comparativa, sumarização e discussão para responder à questão de pesquisa. O Fluxograma 1 apresenta o processo de seleção e de exclusão dos estudos.

A análise das 18 publicações permitiu observar que as intervenções baseadas em mindfulness estão bastante difundidas. A amostra dos estudos foi composta por 1.344 estudantes universitários, sendo que quatro estudos privilegiaram alunos dos cursos de ciências da saúde (Neto, Lucchetti, Silva, Ezequiel, & Lucchetti, 2020; Kuhlmann et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Jain et al., 2007) e os demais foram mais abrangentes e diversificados no que se refere às outras áreas do conhecimento. Em relação à idade dos participantes, a maior parte dos estudos relatou essa variável apontando que a faixa de idade estava entre 17 e 60 anos. Em relação ao gênero, foi observado que não houve restrição quanto a essa variável e que as amostras foram predominantemente femininas, variando de 65 a 100%. Apenas um estudo empregou amostra clínica privilegiando alunos com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (Gu et al., 2018) e um outro focou em estudantes que enfrentavam problemas relativos ao perfeccionismo (James & Rimes, 2018). Dois estudos mencionaram retribuição pela participação dos alunos como créditos acadêmicos e gratificação monetária (Erogul et al., 2014; Oman, Shapiro, Thoresen, Plante, & Flinders, 2008).

As intervenções empregadas foram majoritariamente o protocolo MBSR presente em 13 estudos (Neto et al., 2020; Yin et al., 2018; Sampl et al., 2017; Van Dijk et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Kuhlman et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Erogul et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Berghamns, Tarquinio, & Kretsch, 2010; Oman et al., 2008; Kang, Choi, & Ryu, 2009; Jain et al., 2007) e o protocolo MBCT presente em cinco estudos (Assumpção et al., 2019; James & Rimes, 2018; Gu et al., 2018; Phang, Mukhtar, Ibrahim, Keng, & Sidik, 2015; Gallego, Aguilar-Parra, Cangas, Langer, & Manas, 2014). Uma parte dos estudos operou modificações nos protocolos originais no que se refere ao número de sessões e ao tempo de duração delas (Neto et al., 2020; Danilewitz et al., 2016; Kuhlman et al., 2016; Erogul et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Oman et al., 2008; Kang et al., 2008; Jain et al., 2007; Assumpção et al., 2019; Gu et al., 2017; Phang et al., 2014; Gallego et al., 2014).

Todos os estudos tinham controles, em grande parte, do tipo de lista de espera (Assumpção et al., 2019; Yin et al., 2018; Gu et al., 2018; Sampl et al., 2017; Van Dijk et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Erogul et al., 2014; Phang et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Berghamns et al., 2010; Kang et al., 2008). Uma parte dos estudos ofereceu oportunidade de participação aos controles após o encerramento das intervenções com o grupo experimental (Neto et al., 2020; Assumpção et al., 2019; Sampl et al., 2017; Gu et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Kuhlman et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Phang et al., 2014) e outros estudos não esclareceram essa informação (Yin et al., 2018; Van Dijk et al., 2017; Erogul et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Kang et al., 2008). Em seis estudos, houve grupos controles ativos com intervenções variadas como informações técnicas sobre o curso de graduação, atividades baseadas em Terapia Cognitivo-Comportamental, Relaxamento Autogênico, atividades de Educação Física, Programa de 8 Pontos Eraswan e o Relaxamento Muscular (Neto et al., 2020; James et al., 2018; Kuhlman et al., 2016; Gallego et al., 2014; Oman et al., 2008; Jain et al., 2007).

Em 11 estudos, a formação profissional dos instrutores foi explicitada bem como a sua prática pessoal (Assumpção et al., 2019; James et al., 2018; Gu et al., 2017; Sampl et al., 2017; Van Dijk et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Kuhlman et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Erogul et al., 2014; Phang et al., 2014; Gallego et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Kang et al., 2008; Jain et al., 2007). Os estudos de James e Rimes (2018) e de Van Dijk et al. (2017) enfatizaram o seguimento das Diretrizes de Boas Práticas para o Ensino de Mindfulness MBI-TAC (Crane et al., 2013) em seus trabalhos. Todos os estudos, em distintos graus de detalhamento, apresentaram os componentes essenciais dos programas, permitindo conhecer os conteúdos, as práticas e observar o que foi suprimido e/ou adaptado em relação ao protocolo original.

A maior parte dos estudos recomendou a prática em casa com o provimento de áudios de meditação guiada e diários para o monitoramento da atividade. A duração e a frequência das práticas apresentaram variações entre os estudos com práticas guiadas de 10 a 30 minutos de uma a três vezes por dia, mas alguns trabalhos não aclararam esse tipo de informação (Yin et al., 2018; Phang et al., 2014; Kang et al., 2008). Alguns estudos correlacionaram a frequência e a duração das práticas em casa sobre os desfechos em investigação (James & Rimes, 2018; Van Dijk et al., 2017; Erogul et al., 2014; De Vibe et al., 2013).

Os desfechos primários avaliados nos diversos estudos presentes nesta revisão foram, de forma geral, a ansiedade, depressão, estresse e mindfulness. Os instrumentos mais comumente empregados para mensuração foram a Escala de Estresse Percebido/PSS (Dias, Silva, Maroco, & Campos, 2015), a Escala de Depressão, Ansiedade e Estresse/DASS-21 (Vignola & Tucci, 2014), o Questionário das Cinco Facetas de Mindfulness/FFMQ (Barros, Kozasa, Souza, & Ronzani, 2014) e a Escala de Consciência e Atenção Mindfulness/ MAAS (Silveira, Castro, & Gomes, 2012). Outras variáveis relacionadas à saúde mental também foram avaliadas, como saúde geral, ruminação, crenças irracionais, perfeccionismo e burnout. Instrumentos variados como Questionário de Saúde Geral (Sterling, 2011), Questionário de Resposta a Ruminação (Trapnell & Campbell, 1999), Questionário de Perfeccionismo Clínico (Fairburn, Cooper, & Shafran, 2003) e o Inventário Maslach de Burnout (Schaufeli, Bakker, Hoogduin, Schaap, & Kladler, 2001) foram utilizados para medir tais construtos. Os estudos, ainda, avaliaram medidas como autoeficácia, empatia, autocompaixão, altruísmo, resiliência, satisfação com a vida, perdão, esperança e bem-estar. Os instrumentos de medida para tais construtos estão disponíveis na Tabela 2.

A maioria dos estudos analisados encontrou resultados significativos em suas investigações na população de estudantes universitários. Entretanto, alguns trabalhos relataram desfechos moderados e inconclusivos. Três estudos observaram diminuição nos sintomas de depressão, estresse e ansiedade simultaneamente (Song & Lindquist, 2015; Gallego et al., 2014; Berghamns et al., 2010) e um estudo observou melhora significativa apenas nos sintomas depressivos (Assumpção et al., 2019). No que se refere aos sintomas de estresse, 11 estudos observaram redução sintomática significativa ou moderada (Yin et al., 2018; James & Rimes, 2018; Gu et al. 2017; Sampl et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Erogul et al., 2014; Phang et al., 2014; Gallego et al., 2014; Berghamns et al., 2010; Oman et al., 2008; Kang et al., 2008), dois relataram não terem encontrado diferenças (Neto et al., 2020; De Vibe et al., 2013), um apontou a estabilidade dos níveis dessa medida (Sampl et al., 2017) e outro relatou que seus resultados foram inconclusivos (Kuhlman et al., 2016). Quanto à ansiedade, quatro estudos relataram uma diminuição significativa desses sintomas (Gallego et al., 2014; Song & Lindquist, 2015; Kang et al., 2009; Jain et al., 2007).

No que se refere à avaliação de outras medidas, sete estudos observaram aumento dos níveis de atenção plena (Sampl et al., 2017; Van Dijk et al., 2017; Danilewitz et al., 2016; Song & Lindquist, 2015; Phang et al., 2014; De Vibe et al., 2013; Berghamns et al., 2010) e três estudos identificaram alterações nas medidas de autocompaixão (Phang et al., 2014; Erogul et al., 2014; Berghamns et al., 2010). Não foram identificadas alterações em outras variáveis como resiliência (Erogul et al., 2014), esperança (Song & Lindquist, 2014), burnout (De Vibe et al., 2013) e experiência espiritual (Jain et al., 2007).

As avaliações de seguimento dos estudos que empregaram tal recurso mostraram que, em geral, os ganhos foram mantidos. O trabalho de Van Dijk et al. (2017) encontrou redução nos níveis de angústia e das cognições disfuncionais e aumento moderado de saúde mental positiva na satisfação com a vida e habilidades de atenção plena durante o acompanhamento de 20 meses. O estudo de James e Rimes (2018) observou diminuição das crenças inúteis, ruminação, estresse e depressão, e aumento da atenção plena, autocompaixão e descentralização no pós-teste e no seguimento de 10 semanas.

O trabalho de Berghmans, Tarquinino e Kretesch (2010) identificou redução nos sintomas de estresse e manutenção dos ganhos nos dois meses seguintes. Gu et al. (2017) observaram que as mudanças nos sintomas de desatenção e hiperatividade/impulsividade permaneceram estáveis após três meses do encerramento da intervenção. O estudo de Assumpção et al. (2019) encontrou redução significativa nos níveis de depressão e aumento da qualidade de vida no pós-tratamento, que foram mantidos no acompanhamento de três meses. O trabalho de Erogul et al. (2014) identificou redução do estresse na conclusão do estudo, mas não aos seis meses pós-estudo. Todos os dados referentes aos estudos que compõem este trabalho de revisão sistemática estão disponíveis na Tabela 2.

No que se refere aos resultados da avaliação individual da qualidade metodológica dos estudos que compõem esta revisão sistemática, apenas duas publicações foram consideradas como tendo baixo riscos de viés em todos os cinco domínios (Assumpção et al., 2019; James & Rimes, 2018).Todos os outros estudos tiveram a classificação "algumas preocupações" em mais de um domínio e um estudo obteve a classificação "alto risco de viés" em um domínio específico (Erogul et al., 2008). Em relação à classificação geral dos estudos, nenhum dos cinco domínios obteve classificação do tipo "baixo risco de viés", sendo que a maioria dos domínios permaneceu classificada como tendo "algumas preocupações". Os resultados relativos à avaliação do risco de viés estão disponíveis na Tabela 3.

 

DISCUSSÃO

O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão sistemática, a fim de responder à questão acerca das intervenções baseadas em mindfulness e seus impactos na saúde mental e na qualidade de vida de estudantes universitários quando comparadas a outras intervenções. Os resultados apontaram que, em geral, tais intervenções são eficazes e em relação às demais propostas testadas.

Dentre os 18 estudos avaliados, a maior parte identificou mudanças estatisticamente significativas nas variáveis de análise. De forma geral, os trabalhos foram capazes de detectar redução nos sintomas de estresse, ansiedade, depressão, ruminação, desatenção/hiperatividade, perfeccionismo e aumento dos níveis de atenção plena, afetos positivos, altruísmo, autoeficácia e autocompaixão. As publicações variaram no tamanho do efeito dos resultados encontrados. Todavia, considerando as diferenças relativas ao local, instrutor, instrumentos e pequenas mudanças no conteúdo dos programas, tal variação é previsível.

No conjunto dos estudos analisados, seis trabalhos empregaram metodologia com grupos controles ativos que permitiram comparar intervenções, além de serem importantes para ajudar a elucidar os mecanismos mais específicos atuantes na mudança psicológica (Neto et al., 2020; James & Rimes, 2018; Kuhlman et al. 2016; Gallego et al. 2014; Oman et al. 2008; Jain et al. 2007). Os resultados desses estudos apontaram, no nível mais básico, a eficácia das intervenções baseadas em mindfulness em comparação com as outras intervenções testadas. O trabalho de James e Rimes (2018), com estudantes universitários com dificuldades relativas ao perfeccionismo, apontou mudanças significativas nas variáveis de crenças inúteis sobre emoções, ruminação, atenção plena, autocompaixão e descentramento, que contribuíram para modular os prejuízos diários causados pelo perfeccionismo. As mudanças pré/pós nos níveis de autocompaixão mostraram que o desenvolvimento de tal atitude mediou significativamente os impactos da ruminação presentes no perfeccionismo clínico. Os autores relataram que o protocolo MBCT, empregado no estudo, é uma intervenção promissora para alunos perfeccionistas com efeitos mais proeminentes quando comparados à TCC. A intervenção baseada na TCC foi fornecida na forma de um e-book escrito pelos autores, exclusivamente, para utilização no estudo e, especificamente, criada para uso em um formato de autoajuda fundamentado no modelo teórico da TCC e do perfeccionismo (Shafran, Egan, & Wade, 2018). Exercícios foram incluídos ao longo do material, no intuito de encorajar a aplicação de informações e aprendizagem às próprias circunstâncias individuais dos participantes. Nesse sentido, julga-se primordial refletir se a intervenção baseada na TCC tivesse ocorrido na forma de encontros face a face, assim como foi com a intervenção do programa MBCT, se os desfechos teriam sido distintos. Essa indagação reforça a importância de desenvolvimento de estudos futuros com grupos com intervenções equivalentes a fim de sanar esta dúvida.

No que se refere mais especificamente à variável ruminação, esta pode ser entendida como um pensamento repetitivo sobre si mesmo, seus problemas e sentimentos, sendo que estudos mostraram que a ruminação está associada ao aumento do sofrimento subsequente (Lo, Ho, & Hollon, 2010). O estudo de James e Rimes (2018) corrobora os achados sobre ruminação de Jain et al. (2007) e de Oman et al. (2008), apesar de esse último ter observado resultados moderados para essa variável. O estudo de Jain et al. (2007) observou que tanto o grupo experimental (mindfulness) como o grupo controle (relaxamento) apresentaram melhora nas variáveis analisadas. Porém, apenas os participantes do grupo mindfulness tiveram mudanças na redução das cognições distrativas e ruminativas com impactos positivos em bem-estar. O trabalho de Oman et al. (2008) avaliou os efeitos de uma intervenção baseada em mindfulness fundamentada no modelo do MBSR, do Programa de Oito Pontos Easwaran (EPP) e mais um grupo do tipo lista de espera em estudantes universitários nas seguintes variáveis: estresse, ruminação, perdão e esperança. Os autores não observaram diferenças pós-tratamento entre MBSR e EPP e no acompanhamento de oito semanas. No entanto, é preciso considerar que ambas as intervenções testadas empregaram práticas de regulação atencional similares e que são consideradas como dois fortes exemplos de gerenciamento de estresse via meditação. Uma das hipóteses do estudo era de que ambas as intervenções produziriam resultados similares, o que foi verificado. Na comparação com os controles em lista de espera, ambos os programas apontaram benefícios significativos para o estresse e benefícios moderados para ruminação. Para Jain et al. (2007), as reduções nas cognições ruminativas podem ser explicadas pela regulação atencional resultantes das práticas de mindfulness, já que estas cultivam uma percepção momento a momento sem julgamentos tanto dos estímulos internos quanto dos externos. O desenvolvimento dessa habilidade resultaria na capacidade de redirecionar a atenção para o momento presente ao invés de se perder em pensamentos sobre experiências passadas ou futuras com a consequente afetação do humor. Tais conclusões apontam para um potencial mecanismo de ação específico das práticas de mindfulness, visto que esses resultados não foram observados nos grupos controles (James et al., 2018; Oman et al., 2008; Jain et al., 2007).

O trabalho de Gallego et al. (2014), com estudantes sintomáticos para depressão, estresse e ansiedade, apontou que tanto os participantes da intervenção baseada em mindfulness como os do Programa de Educação Física demonstraram mudanças nas variáveis analisadas. Entretanto, o grupo experimental apresentou mudanças estatisticamente significativas com tamanho de efeito maior especialmente para a variável estresse. Esses resultados corroboram os achados de Oman et al. (2008), que encontraram diferenças significativas no que se refere aos níveis de estresse entre os grupos experimentais e o grupo controle. As conclusões do estudo indicaram que as práticas de mindfulness se mostraram eficazes para o gerenciamento desse estado. O estudo de Kuhlmann et al. (2016) empregou uma metodologia de três grupos: MedMind (grupo experimental), Treinamento Autogênico (grupo controle) e mais um grupo de lista de espera para avaliar os efeitos de tais intervenções na saúde mental de estudantes universitários. Os resultados das médias do Índice de Gravidade Global (BSI) indicaram que as intervenções baseadas em mindfulness podem contribuir para uma diminuição na morbidade psicológica. Contudo, esse dado deve ser visto com cautela. Foram identificadas altas e seletivas taxas de abandono, mas também altas taxas de participação dos estudantes que deram continuidade nos programas. Nesse contexto, os autores afirmaram que seus resultados são inconclusivos, mas suficientes para indicar a importância de mais estudos sobre esse tema.

As intervenções baseadas em mindfulness desenvolvidas no contexto do ensino superior como estratégias de prevenção e promoção em saúde mental, apresentaram resultados promissores, mas que devem ser analisados de forma crítica, o que não diminui os seus méritos. O presente estudo identificou, inicialmente, 1.548 publicações sobre intervenções baseadas em mindfulness em estudantes universitários, o que revela um interesse expressivo nessa área. Dentre os trabalhos encontrados, havia estudos com metodologias inadequadas para os seus fins, intervenções que não esclareciam os componentes ativos dos programas e instrutores que não tinham as suas credenciais explicitadas. Quando se deseja verificar se algo funciona, para quem funciona e por quanto tempo os ganhos permanecem, a metodologia dos ensaios clínicos randomizados se mostra como a mais adequada. Os critérios de elegibilidade adotados neste estudo reduziram o número de estudos para análise, porém, permitiram a comparação entre eles e a extração de conclusões importantes.

Além da questão metodológica, que contribuiu para a exclusão de grande parte de estudos deste trabalho de revisão, a natureza das intervenções baseadas em mindfulness foi outro forte critério de exclusão. As práticas de mindfulness são originárias das tradições seculares orientais como o budismo. Elas foram manualizadas e difundidas no ocidente como intervenções em saúde por Kabat-Zinn (2003). Muitos estudos, que almejaram avaliar os efeitos de mindfulness, não apresentam com clareza o que entendem por mindfulness, não explicitam os componentes de seus programas e não mencionam em que referencial as suas intervenções estavam baseadas, isto é, se estavam mais ligadas às tradições ou aos programas de mindfulness em saúde. Essa lacuna de informação prejudica a comparação dos resultados, visto que impede saber se está comparando tratamentos similares. Logo, para este estudo, foram aceitas somente as publicações que esclareceram o conceito de mindfulness adotado, que apresentaram os conteúdos das intervenções e que apontaram o programa adotado ou no qual se basearam.

Outra questão observada na condução deste estudo de revisão sistemática se refere às credenciais dos instrutores de mindfulness. Em geral, os estudos que não apresentaram com clareza as informações sobre a natureza de suas intervenções, também não apresentaram descrições sobre a formação, a prática, as habilidades e as competências dos instrutores. Se as práticas de mindfulness possuem mecanismos específicos atuantes na mudança psicológica, os instrutores precisam ser conhecedores de tais mecanismos e capazes de conduzi-los (Crane et al. 2013; Huijbers et al. 2017). Além disso, estudos que avaliam os efeitos de suas intervenções precisam se preocupar com esses três componentes: o conteúdo, a forma da intervenção e a competência daquele que a conduz. Das 18 publicações analisadas, apenas três estudos não mencionaram as credenciais do instrutor. Em todos os outros estudos, os instrutores tinham formação específica nos programas MBSR e/ou MBCT, prática pessoal e conhecimento das Diretrizes para o Ensino de Mindfulness da Rede Britânica de Mindfulness (Crane et al., 2013).

Um outro aspecto presente em boa parte dos estudos analisados se refere às particularidades da população estudada, os estudantes universitários, que possuem características facilitadoras e dificultadoras no que se refere às atividades de pesquisa. Berghmans et al. (2010) apresentaram duas considerações interessantes: adesão à abordagem terapêutica e o compromisso com ela. Para os autores, em geral, os estudantes universitários são interessados em atividades terapêuticas que ajudem a lidar com as suas dificuldades. No entanto, como não constituem uma população clínica, os níveis de compromisso, engajamento e adesão são diferentes de uma população que está em uma situação de doença. No estudo de Berghmans et al. (2010), a adesão com a intervenção (não perder sessões) e o compromisso com ela (fazer as práticas em casa) foram classificadas como regulares. Os trabalhos de Neto et al. (2020) e de Erogul et al. 2014) encontraram resultados similares e o estudo de Kuhlmann et al. (2016) relata que seus resultados devem ser analisados com cautela devido ao alto número de drop-outs. Esses achados realçam a importância de mensurar a adesão e o compromisso dos participantes em relação à intervenção. Os resultados apontaram que, em geral, estudantes são mais entusiasmados do que compromissados (Berghmans et al., 2010). Porém, aqueles que se dedicam aos programas e destinam mais tempo às práticas obtêm melhores resultados (Jain et al., 2007; Berghmans et al., 2010; Erogul et al., 2014; Sampl et al., 2017; James & Rimes, 2018). Além disso, é preciso ter clareza de que os programas de mindfulness não são atividades passivas, uma vez que exigem a incorporação de novos hábitos de vida do indivíduo (Neto et al., 2020; Erogul et al., 2014). Participar de um programa bem planejado e com instrutores preparados é o passo inicial. Todavia, participar das sessões sem praticar em casa compromete a aquisição das habilidades de regulação atencional e emocional bem como os desfechos advindos dessas atividades. Apesar dos estudantes participarem dos grupos, de aprenderem conteúdos e de dividirem experiências, o que é muito importante, a maior parte da sua jornada ocorrerá de forma individual. A responsabilização do aluno é crucial nesse processo. Os estudos de James e Rimes (2018), Van Dijk et al. (2017) e De Vibe et al. (2013) avaliaram a relação entre as práticas em casa e a redução sintomática dos participantes ao final da intervenção. Nesses trabalhos, os autores mediram o número de práticas realizadas e o número de minutos diários dedicados a elas. Os resultados apontaram que quanto maior o tempo e a frequência dedicada às práticas meditativas, maiores os efeitos positivos sobre as variáveis de análise. A frequência, a duração e a qualidade das práticas de mindfulness durante o período de intervenção precisam ser mensuradas e analisadas, a fim de serem observados os seus efeitos enquanto um possível mecanismo de mudança. Logo, a metodologia de pesquisa deve ser capaz de medir a prática da atenção plena entre as sessões de tratamento de forma válida (Parsons, Crane, Parsons, Fjorback, & Kuyken, 2017).

Apesar da responsabilização do estudante ser fundamental para que os benefícios das práticas sejam experimentados, como ter clareza da razão de se envolver com as práticas, destinar tempo a elas com a utilização dos áudios e envolvimento com as práticas informais no seu dia a dia, as ações das instituições de ensino também podem contribuir para facilitar o engajamento. Os estudos cujas intervenções foram oferecidas como atividades da grade curricular tiveram melhores resultados na adesão, pois os estudantes tinham um horário específico para participar dos grupos (Danilewitz et al., 2016; James & Rimes, 2018). Entretanto, a participação nesse tipo de atividade não deve ser obrigatória, mas optativa. O trabalho de Neto et al. (2020), com estudantes do primeiro ano de um curso de medicina não encontrou mudanças significativas nas medidas pré/pós de todas as variáveis analisadas. Os autores ressaltaram que colocar uma intervenção dessa natureza de forma impositiva não é indicado.

Os programas MBSR e MBCT, em seus formatos padrão, têm oito sessões com duas horas de duração. Dentre os estudos analisados, alguns diminuíram para cinco ou seis sessões, e o tempo de duração foi reduzido para, em geral, 90 minutos. O trabalho de Jain et al. (2007), com quatro sessões de 90 minutos, alcançou resultados significativos assim como os trabalhos de Sampl et al. (2017) e de James et al. (2018), que, em função de adaptações, elevaram o número de sessões para dez com duas horas de duração. Alguns estudos, por outro lado, reduziram o número de encontros e sessões e encontraram resultados moderados. A literatura aponta que programas com duração de oito semanas são empiricamente validados com evidências robustas, como o MBSR e o MBCT. Além disso, oito semanas é um tempo razoável para aprender uma nova habilidade e inseri-la na vida cotidiana e para que alterações neurais se estabeleçam (Holzel, Lazar, Gard, Schuman-Olivier, Vago, & Ott, 2011). Nesse sentido, o ideal é que as intervenções se esforcem para seguir o previsto nos protocolos originais (Dobkin, Hickman, & Monshat, 2014).

Porém, a dinâmica da vida universitária pode se converter em um fator dificultador para essa empreitada. Então, a exemplo dos estudos de James e Rimes (2018) e Danilewitz et al. (2016), a inserção dos programas nas grades curriculares é uma estratégia que pode beneficiar os estudantes. Essa ação, no entanto, requer o envolvimento e a criação de condições para esses fins por parte das instituições de ensino superior. Segundo Neto et al. (2020), falta espaço no currículo, o que dificulta essas iniciativas na maioria das instituições. Uma boa estratégia seria cultivar uma "cultura de consciência plena" nas instituições com formação adequada para alunos e professores com a promoção de iniciativas diferenciadas. Considerando os desafios inerentes à dinâmica da vida universitária, Danilewitz et al. (2016) sugerem que, para além da grade curricular, as intervenções pudessem ser ofertadas em formato online, o que poderia facilitar a adesão dos estudantes que são indivíduos digitalmente mais acessíveis.

 

CONCLUSÃO

As intervenções baseadas em mindfulness, que neste estudo se referem aos programas MBSR e/ou MBCT em seus modelos padrão ou com adaptações, mostraram que, na maior parte das publicações, os resultados encontrados foram significativos ou moderadamente significativos em suas variáveis de análise. Logo, a questão de pesquisa que norteou este trabalho, isto é, se as intervenções baseadas em mindfulness produzem impacto na saúde mental e na qualidade de vida de estudantes universitários quando comparadas a outras intervenções, pode ser respondida, de maneira geral, afirmativa. Contudo, algumas questões metodológicas merecem ser cuidadosamente analisadas. A maior parte dos estudos, por exemplo, não empregou comparadores. Sabe-se das dificuldades existentes na condução de ensaios clínicos randomizados, mas comparar uma intervenção com outra é fundamental para avaliar a eficácia delas. Apenas seis dentre as 18 publicações analisadas tiveram um grupo controle ativo. Ainda, poucos estudos citam as avaliações de follow-up, sendo que avaliar os efeitos de uma intervenção no tempo é importante quando se fala de processos de mudança psicológica, que é um dos objetivos das intervenções baseadas em mindfulness. Além disso, apesar de os ensaios clínicos randomizados se constituírem em uma metodologia adequada para a avaliação de intervenções e de existirem diretrizes que norteiam os relatos deste tipo de estudo, as publicações ainda trazem lacunas em seus relatos. Esses hiatos impactam negativamente a confiabilidade nos resultados e a tomada de decisão a partir destes. A recomendação é que os estudos com este tipo de método de investigação sejam bastante claros e completos em suas narrativas, a fim de contribuir satisfatoriamente com o avanço científico no campo das intervenções baseadas em mindfulness.

Este estudo apresenta uma limitação. Para responder à questão que norteou este trabalho foi necessário delimitar com imaleabilidade os estudos incluídos. Investigações com metodologias diferentes do ECR não puderam ser incorporados, apesar de serem fontes de dados importantes também. Pesquisas futuras podem direcionar os seus esforços para estudos que empregaram métodos distintos a fim de contribuir para o desenvolvimento científico do campo. Apesar do seu limite, este trabalho apresenta benefícios como o realce de aspectos significativos das intervenções baseadas em mindfulness em ambientes acadêmicos. Os dados apontaram que tais programas podem se tornar recursos importantes para a redução dos sintomas psicopatológicos e para a promoção da qualidade de vida dos estudantes. Isto poderia contribuir para uma formação profissional de maior excelência por contemplar também as necessidades emocionais dos indivíduos e aperfeiçoar as suas soft skills, habilidades essenciais ao mundo contemporâneo.

 

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Correspondência:
Kênia Izabel David Silva de Resende
E-mail: keniaizabel@gmail.com

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 06 de Janeiro de 2021. cod. 170
Artigo aceito em 01 de Setembro de 2021

 

 

CONTRIBUIÇÃO DO AUTOR
Kênia Izabel David Silva de Resende: Coleta de Dados, Gerenciamento de Recursos, Gerenciamento do Projeto, Investigação, Metodologia, Redação - Revisão e Edição, Visualizaçã
Maycoln Leôni Martins Teodoro: Metodologia, Revisão e Supervisã
Víviam Vargas de Barros: Metodologia, Redação - Revisão e Supervisão
Priscilla Moreira Ohno: Coleta de Dados

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