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Revista Brasileira de Terapias Cognitivas

versão impressa ISSN 1808-5687versão On-line ISSN 1982-3746

Rev. bras.ter. cogn. vol.17 no.2 Rio de Janeiro jul./dez. 2021

http://dx.doi.org/10.5935/1808-5687.20210023 

10.5935/1808-5687.20210023 REVISÃO SISTEMÁTICA

 

Efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental on-line no cenário de pandemia da COVID-19: uma revisão sistemática

 

Effectiveness of online Cognitive-Behavioral Therapy in the COVID-19 pandemic scenario: a systematic review

 

 

Danilo de Freitas Araújo; Elenskadja Lopes Costa

Faculdade Uninassau Natal/RN, Curso de Psicologia - Natal - Rio Grande do Norte - Brasil

Correspondência

 

 


RESUMO

A pandemia da COVID-19 tem desencadeado ou agravado sintomas psiquiátricos. Dessa forma, intervenções on-line cognitivo-comportamentais podem ser alternativas viáveis de tratamento. O objetivo desta revisão sistemática foi descrever evidências sobre a efetividade da Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) on-line para quadros psiquiátricos relacionados à pandemia. Buscaram-se ensaios clínicos randomizados (ECR) nas bases PUBMED, LILACS, Web of Science, SCOPUS, Embase e PsycINFO produzidos entre janeiro de 2020 e junho de 2021, a partir das orientações do Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISMA). Sete ECRs foram selecionados e incluídos. Os resultados apontam que intervenções de TCC on-line foram efetivas para diminuição de depressão, ansiedade, preocupações disfuncionais, trauma, estresse percebido e solidão, e melhora da resiliência. Três ECRs apresentaram alto risco de viés, sugerindo a necessidade de realização de novos estudos, incluindo ECRs e metanálises, para melhorar a força das evidências. Em conclusão, a TCC on-line tem evidências iniciais de efetividade diante do cenário pandêmico.

DESCRITORES: Terapia cognitivo-comportamental. Covid-19. Intervenção baseada em internet.


ABSTRACT

The covid-19 pandemic has triggered or aggravated psychiatric symptoms. Thus, cognitive-behavioral interventions online can be viable treatment alternatives. The aim of this systematic review was to describe evidence on the effectiveness of online Cognitive-Behavioral Therapy (CBT) for pandemic-related psychiatric conditions. Randomized clinical trials (RCTs) produced between January 2020 and June 2021 were searched in the PUBMED, LILACS, Web of Science, SCOPUS, Embase and PsycINFO databases, based on the guidelines of the Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses (PRISM). Seven RCTs were selected and included. The results show that online CBT interventions were effective in decreasing depression, anxiety, dysfunctional concerns, trauma, perceived stress and loneliness, and improving resilience. Three RCTs had a high risk of bias, suggesting the need for further studies, including RCTs and meta-analyses, to improve the strength of the evidence. In conclusion, online CBT has initial evidence of effectiveness in the face of the pandemic scenario.

HEADINGS: Covid-19; Internet-based intervention; Cognitive behavioral therapy.


 

 

INTRODUÇÃO

O surgimento do primeiro caso confirmado do novo coronavírus (SARS-CoV-2) trouxe o alerta para o que viria a ser classificado como uma pandemia. O surto foi notificado, primeiramente, em Wuhan, China, em 31 de dezembro de 2019, segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS (World Health Organization [WHO], 2020), que também nomeou a doença de covid-19 (Ministério da Saúde, 2020).

Além das graves preocupações com o aumento exponencial de casos, o coronavírus vem produzindo repercussões não somente de ordem biológica e epidemiológica, mas também impactos sociais, econômicos e emocionais (Teotônio et al., 2020). Com o propósito de achatar a curva epidêmica, foram necessárias medidas preventivas, como o fechamento de restaurantes, bares, lojas e escolas, bem como a adoção da quarentena e do distanciamento social, causando mudanças drásticas nas atividades diárias (Murphy et al., 2020).

As consequências da pandemia vão além do número de mortos, impactando consideravelmente a saúde mental dos indivíduos (Brooks et al., 2020). A demanda por cuidados à saúde mental tende a aumentar principalmente em pessoas diagnosticadas com covid-19, seus familiares e a população que trabalha nos sistemas de saúde, em decorrência da possibilidade de óbito, da exposição ao vírus e de todas as mudanças sociais ocasionadas pela pandemia (Wind et al., 2020).

Um estudo de corte transversal com 8.079 adolescentes chineses observou que 43% tinham sintomas depressivos, 37% manifestaram sintomas ansiosos e 31% apresentaram a combinação de depressão e ansiedade durante o surto da covid-19 (Zhou et al., 2020). Outras queixas foram identificadas, como sintomas de estresse pós-traumático, confusão e raiva, podendo perdurar no pós-crise (Brooks et al., 2020).

O manejo de pacientes em sofrimento psíquico durante a pandemia levanta consideráveis questões no que diz respeito a intervenções terapêuticas. Diferentes pesquisas indicam a existência de uma parte da população mais vulnerável durante a pandemia do novo coronavírus, sugerindo intervenções emergenciais conforme as demandas apresentadas individualmente (Kang et al., 2020; Lai et al., 2020; Wu & Wei, 2020).

Desse modo, surge a necessidade de intervenções baseadas em evidências. A terapia cognitivo-comportamental (TCC) consiste em um tratamento breve, focado e colaborativo que se dispõe a modificar respostas disfuncionais, alterando pensamentos e comportamentos do indivíduo. Existe uma vasta quantidade de protocolos dessa terapia para o tratamento de inúmeros transtornos psiquiátricos, em geral sendo efetivos para o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), o transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), o transtorno de ansiedade generalizada (TAG) e fobias específicas (Kaczkurkin & Foa, 2015). Nesse contexto, intervenções cognitivo-comportamentais podem ser alternativas viáveis para os agravos à saúde mental trazidos pela pandemia.

À luz do panorama atual e dos desafios crescentes, tornam-se necessárias a adaptação ao cenário atípico e a inserção de soluções digitais associadas a métodos já utilizados na terapia convencional (Di Carlo et al., 2021). A modalidade de intervenção on-line oferece maior flexibilidade de horários, economia dos deslocamentos e menor risco de infecção (Cowan et al., 2019), além de alguns pacientes relatarem que se sentem mais abertos e dispostos em abordar assuntos difíceis (Simpson & Reid, 2014).

Essa nova maneira de intervir sobre doenças também vem alcançando a TCC. Sua modalidade on-line existe há mais de uma década, e inicialmente esse processo de digitalização acontecia apenas na transcrição de manuais de autoajuda para sites. Posteriormente, abriu-se espaço para três apresentações principais (Luik et al., 2017): TCC on-line de suporte, em que o terapeuta disponibiliza elementos para apoiar a terapia convencional; TCC on-line guiada, cujo conteúdo da terapia é explicitado ao paciente com o auxílio de sites e aplicativos móveis com animações, áudios e figuras; e TCC on-line totalmente automatizada, com o paciente recorrendo à ferramenta digital sem nenhum suporte humano (Luik et al., 2019).

A complexidade do atual cenário social revisita a importância de investigar e resumir evidências existentes na literatura. Ademais, ainda existem lacunas científicas quanto ao custo e à eficácia dos meios remotos de atendimento para alguns transtornos, necessitando do avanço permanente de pesquisas relacionadas (Taylor et al., 2020).

Por isso, cabe questionar se as modalidades remotas, síncronas ou assíncronas, baseadas em protocolos de TCC, poderiam ser efetivas na diminuição ou eliminação de sintomas psicológicos em diferentes condições (diagnosticadas ou subsindrômicas) relacionadas aos impactos da covid-19. E mais, se é possível que a TCC on-line tenha efetividade comparável à convencional. Por essas razões, a presente revisão da literatura pretendeu descrever as evidências sobre a efetividade dessa terapia, na modalidade on-line, para quadros psiquiátricos relacionados à pandemia da covid-19.

 

MÉTODO

A revisão da literatura sistemática foi realizada em quatro fases, seguindo as diretrizes do PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Review and Meta-Analyses) (Page et al., 2021): 1) planejamento do protocolo de revisão, partindo da formulação do problema com o modelo PICOT (População, Intervenção, Comparador, Desfechos e Categorias de estudo); 2) busca sistemática dos estudos primários e extração dos dados; 3) avaliação crítica dos estudos selecionados; e 4) síntese das evidências identificadas.

A busca foi realizada no período de 3 de junho de 2021 a 6 de junho de 2021 nas bases de dados PUBMED e LILACS, diretamente, e nas bases Web of Science, SCOPUS, PsycINFO e Embase, via Periódicos CAPES. Ambos os autores seguiram todos os procedimentos elencados de forma independente para reduzir os riscos de viés.

Para rastrear as publicações com maior grau de sensibilidade, foram utilizadas combinações entre os descritores DeCS/MeSH e "text words", ligados pelos operadores booleanos "AND" e "OR". A literatura cinzenta não foi considerada. As listas de referências dos estudos incluídos também foram revisadas para identificar possíveis citações relevantes.

A seguinte estratégia de busca foi formulada para a pesquisa: ("Cognitive Behavioral Therapy"[MeSH Terms] OR "Cognitive Behavioral Therapy Program"[Text Word]) AND (online[MeSH Terms] OR "Online Psychotherapy Tool"[Text Word] OR telemedicine[MeSH Terms] OR teletherapy[Text Word] OR "Internet-Based Intervention"[MeSH Terms] OR "Digital Cognitive Behavioral Therapy"[Text Word] OR "Internet-based cognitive behavioral therapy"[MeSH Terms]) AND (covid-19[MeSH Terms] OR "Coronavirus Infections"[MeSH Terms] OR SARS-CoV-2[MeSH Terms] OR Coronavirus[Text Word]).

A fim de preservar a atualidade do tema, buscas complementares foram realizadas entre a que foi feita inicialmente e a extração dos dados. Após sua conclusão, os resultados foram organizados com a ajuda do gerenciador de referências Mendeley. Uma triagem inicial por títulos e nome de autores foi feita para identificar e eliminar as duplicidades. Logo após, foram empregados os critérios de inclusão e exclusão.

Os critérios de inclusão foram: 1) ensaios clínicos randomizados (ECRs); 2) estudos que avaliassem a efetividade de protocolos de TCC on-line, síncronos e assíncronos; 3) estudos que tivessem como população profissionais da saúde, indivíduos hospitalizados com covid-19 ou aqueles que estivessem vivenciando sintomas psiquiátricos relacionados à doença, mesmo sem o diagnóstico; 4) estudos que incluíssem os descritores no título, no resumo e nas palavras-chave; 5) pesquisas publicadas em formato de artigo, de janeiro de 2020 a junho de 2021; 6) publicações em inglês e espanhol; e 7) textos acessíveis integralmente. Os seguintes critérios de exclusão foram adotados: 1) artigos teóricos; 2) estudos que não tivessem a TCC como componente principal da intervenção; 3) estudos que não discutissem a efetividade da TCC para sintomatologias relacionadas à pandemia da covid-19; 4) estudos que não abordassem a TCC on-line; e 5) pesquisas com participantes recrutados, selecionados e randomizados em um período anterior a 2020.

Os artigos elegíveis foram lidos detalhadamente para facilitar o processo de extração dos dados e dispostos em uma planilha de Excel após a coleta dos seguintes dados: autores, ano, país, delineamento da pesquisa, população, critérios de inclusão e exclusão, tamanho da amostra, caracterização da intervenção, instrumentos de avaliação dos desfechos, se houve ou não seguimento, média de idade da amostra e distribuição por gênero, índice de abandono ao longo do estudo, desfechos e resultados primários. Nessa etapa, cada autor realizou de forma independente a extração, de modo a atingir 100% de consistência dos itens extraídos, e discrepâncias quanto aos registros foram resolvidas por meio de discussão.

Esta revisão também considerou o risco de viés para os resultados de ECRs, pelo uso da ferramenta da Cochrane - Cochrane Risk of Bias Tool (Sterne et al., 2019). Os domínios considerados no processo foram a seleção dos participantes (tanto a randomização quanto o sigilo da alocação), o mascaramento dos participantes e da equipe de pesquisadores, a presença de dados incompletos dos desfechos e seus relatos seletivos, além de outros vieses potenciais. No caso de não haver consenso entre os autores, a ferramenta era reaplicada até que um acordo fosse atingido.

Considerando a heterogeneidade dos resultados, que dificultaria as análises estatísticas de uma metanálise, esta revisão sistemática optou por apresentar e descrever seus dados em forma de texto (Siddaway et al, 2019).

 

RESULTADOS

Estudos incluídos

A partir das buscas realizadas (Figura 1) foram identificados 983 resultados, encontrados predominantemente na SCOPUS (939). A LILACS não retornou resultados, o que sugere a incipiência de estudos na América Latina sobre a pesquisa proposta. A mesma explicação também se aplica à ausência de pesquisas identificadas em revisões anteriores.

 

 

Após a retirada de oito duplicatas, restaram 975 estudos. Com a leitura dos títulos e resumos, foi possível excluir 536 pesquisas que não atendiam aos propósitos da revisão, restando 439.

Outros trabalhos foram excluídos por diversos motivos, como serem protocolos de pesquisa que ainda serão operacionalizados (14), não permitirem acesso integral ao conteúdo (4), não terem delineamento de ECRs (213) e não tratarem da efetividade da TCC para quadros psiquiátricos relacionados à pandemia da covid-19 (201). Portanto, a amostra final de pesquisas rastreadas e incluídas na revisão foi de 7 ECRs sobre a efetividade da TCC on-line para sintomatologias psiquiátricas relacionadas à pandemia.

Características dos estudos

A totalidade dos trabalhos recuperados foi publicada entre novembro de 2020 e maio de 2021. Seguindo os critérios de inclusão definidos, todos os estudos elegíveis foram ECRs. No entanto, algumas peculiaridades se destacam (Tabela 1). Apenas uma das pesquisas foi realizada em 2020 (Wahlund et al., 2020), as demais sendo de 2021. Três delas foram executadas em países do Oriente Médio (Al-Alawi et al., 2021; Shapira et al., 2021; Shaygan et al., 2021), três no continente europeu (Perri et al., 2021; Preuss et al., 2021; Wahlund et al., 2020) e uma na Ásia (Liu et al., 2021).

As amostras elegíveis tiveram uma ampla margem de variação, com uma pesquisa composta por 38 sujeitos (Perri et al., 2021) e outra por 670 (Wahlund et al., 2020). As taxas de abandono de participantes variaram de 10 a 38%, entre os momentos pré e pós-intervenção.

Os desfechos dos estudos foram bastante heterogêneos. Nas pesquisas de Al-Alawi et al. (2021) e Liu et al. (2021), ansiedade e depressão foram os desfechos primários analisados; depressão, em conjunto com solidão, foi avaliada no estudo de Shapira et al. (2021); e preocupações disfuncionais (um componente importante para o entendimento de quadros ansiogênicos) foram analisadas no protocolo de Wahlund et al. (2020). Os instrumentos utilizados, em sua maioria, foram escalas e questionários, sendo que o GAD-7 (Al-Alawi et al., 2021; Wahlund et al., 2020) e o PHQ-9 (Al-Alawi et al., 2021; Shapira et al., 2021) mensuraram, cada um deles, os desfechos em dois protocolos.

Todas as intervenções avaliadas foram baseadas majoritariamente em TCC, contudo, apenas Perri et al. (2021) e Wahlund et al. (2020) mantiveram o foco nas reestruturações cognitivas e na resolução de problemas. Outros três ensaios clínicos incorporaram elementos de mindfulness e meditação às estratégias cognitivo-comportamentais (Liu et al., 2021; Shapira et al., 2021; Shaygan et al., 2021).

Além disso, apenas duas intervenções foram guiadas, de forma síncrona, por profissionais de saúde treinados; uma delas similar a um processo terapêutico individual breve (Al-Alawi et al., 2021), e a outra como terapia de grupo (Shapira et al., 2021). As demais se estruturaram como programas de intervenção on-line assíncrona e autoguiada.

Efetividade das intervenções estudadas nos ensaios clínicos randomizados

Todos os sete ECRs apontaram redução estatisticamente significativa de todos os desfechos nos grupos que receberam a intervenção, à exceção de Shaygan et al. (2021), cujos resultados revelaram melhora significativa do desfecho resiliência. Liu et al. (2021), Perri et al. (2021) e Wahlund et al. (2020) avaliaram o seguimento após um mês do término das intervenções, e todos sugerem manutenção dos efeitos.

Também foi possível verificar resultados significativos nas mensurações dos desfechos secundários, comparando-se o grupo de intervenção e o grupo-controle em relação à pré e à pós-intervenção. Melhoras foram observadas em insônia, humor, funcionamento diário e intolerância à incerteza (Wahlund et al., 2020; Liu et al., 2021); estresse percebido (Shaygan et al., 2021); e sintomas afetivos negativos (Preuss et al., 2021).

Risco de viés

Conforme recomendação da Cochrane Collaboration, utilizou-se a ferramenta Cochrane Risk of Bias Tool, que classifica o risco de viés em alto, baixo ou com algumas preocupações. De sete estudos incluídos (Tabela 2), quatro apresentam baixo risco de viés (Wahlund et al., 2020; Preuss et al., 2021; Shaygan et al., 2021; Al-Alawi et al., 2021), e os outros três, alto risco (Perri et al., 2021; Liu et al., 2021; Shapira et al., 2021).

Quanto aos domínios específicos, o estudo de Liu et al. (2021) apresentou alto risco de viés devido à ausência de cegamento de participantes e profissionais (os participantes, todos com diagnóstico de covid-19 do tipo leve, foram recrutados em cinco hospitais, o que inviabilizou a aproximação da equipe de pesquisadores para a implementação de medidas de cegamento). O artigo de Shapira et al. (2021) não apresentou todos os dados dos desfechos (não menciona critérios de exclusão para a seleção da amostra, e as frequências distribuídas por gênero não são especificadas).

Algumas preocupações metodológicas surgem diante da análise de vieses de alguns dos estudos, principalmente quando não há detalhamento satisfatório para que um julgamento crítico seja realizado. Em um deles, isso ocorre em pelo menos quatro domínios (Shapira et al., 2021), dentre os quais cegamento dos participantes e pesquisadores, cegamento da avaliação dos desfechos e relato de desfecho seletivo. Em outro, ocorre em todos os domínios (Perri et al., 2021), sugerindo ausência de dados suficientes para avaliar a presença de um importante risco de viés. A presença de algumas preocupações em vários, ou em todos os domínios, é forte indicativo para concluir que há viés capaz de influenciar os resultados de pesquisa.

Um estudo suscetível de ser enviesado pode apresentar diversas categorias de falhas ou omissões metodológicas. Por exemplo, Perri et al. (2021) avaliam comparativamente duas intervenções, e, para isso, um grupo é submetido à intervenção em TCC on-line e o outro, à terapia EMDR (Eye Movement Dessensitization and Reprocessing). A ausência de uma condição de controle que submeta uma parte dos participantes à lista de espera ou a uma intervenção usual também indica alto risco de viés para o estudo. Além disso, os autores não especificam critérios de exclusão e não informam o índice de abandono dos participantes.

 

DISCUSSÃO

O mundo vive, desde o início de 2020, um dos momentos mais críticos das últimas décadas. Em meio a um contexto em que os órgãos mundiais de saúde repensam modelos interventivos, esta revisão sistemática da literatura se propôs a fazer um levantamento do estado da arte sobre a TCC on-line para quadros psíquicos relacionados às repercussões políticas, econômicas, sociais e psicológicas da pandemia da covid-19.

É preciso lembrar que, para os próximos anos, se prevê um aumento progressivo dos problemas emocionais resultantes desse evento. Evidências preliminares, inclusive, já sugerem que os sintomas de ansiedade e depressão (prevalência de 16 a 28%) e estresse percebido (8%) são reações psicológicas comuns, além de estarem associadas a distúrbios do sono (Rajkumar, 2020). Vários dados da literatura recente também confirmaram efeitos negativos imediatos e potencialmente de longo prazo na saúde mental de enfermeiros (Chew et al., 2020), médicos e equipe médica em geral (Lu et al., 2020).

Foram encontradas evidências significativas nesta revisão sobre a efetividade das intervenções da TCC on-line no tratamento de distúrbios emocionais decorrentes da pandemia. Essa pode ser considerada uma nova descoberta importante, ainda mais que a TCC (on-line e mediada por um profissional treinado da área da saúde, ou por meio de aplicativos e programas digitais) tem aceitação positiva entre os pacientes e produz resultados semelhantes aos da terapia face a face (Stubbings et al., 2013).

Todos os sete ECRs recuperados trazem resultados de efetividade comparáveis aos da TCC convencional para indivíduos que passaram por sofrimento psíquico durante a pandemia. De forma semelhante, Pandey et al. (2020) verificaram redução significativa dos níveis de ansiedade, depressão e estresse em um grupo de pacientes chineses que testaram positivo para covid-19 e que passaram por um protocolo de TCC, em comparação ao grupo de pacientes que foram submetidos apenas ao tratamento de rotina, seguindo as diretrizes para o manejo da mesma doença.

Na presente revisão da literatura, as evidências suportadas por um maior número de estudos são de que estresse, ansiedade, depressão e preocupações disfuncionais - alguns dos quadros psiquiátricos mais recorrentes no período pandêmico - são reduzidos significativamente com a TCC on-line. Esses achados são similares aos identificados nos estudos de Ebert et al. (2015) e Rose et al. (2013) sobre a efetividade de protocolos da TCC convencional para quadros depressivos, ansiogênicos e de estresse.

A TCC on-line, considerando as evidências geradas, auxilia os indivíduos a avaliarem de maneira mais lógica e racional as preocupações antecipatórias e catastróficas vivenciadas, a lidarem com estressores que exacerbam os sintomas (p. ex., notícias sobre o aumento do número de casos confirmados da doença e óbitos), bem como contribui para a melhora da atenção plena sobre o corpo, a mente e os estímulos do ambiente. O conjunto de tais intervenções costuma compor a maior parte dos protocolos baseados em evidências da TCC (Hofmann et al., 2012).

O TEPT também é um quadro que pode ser consequência do contexto pandêmico, afetando profissionais da linha de frente, que lidam diariamente com questões de vida e morte, sobreviventes que contraíram formas mais graves do SARS-CoV-2, além de pessoas enlutadas pela perda de familiares, amigos e conhecidos. Esta revisão também identificou benefícios da TCC on-line para traumas resultantes da pandemia, em concordância com o ECR de Kredlow et al. (2017) sobre a eficácia do uso da TCC para TEPT.

Intervenções realizadas remotamente podem ser importantes para aqueles pacientes que têm dificuldade de se expor a situações aversivas, algo muito comum no TEPT. A reestruturação cognitiva da TCC aplicada ao trauma disfuncional auxilia no rastreio e alteração das cognições mal-adaptativas generalizadas que dificultam o confronto com a realidade traumática e que mantêm emoções negativas (notadamente a culpa) e comportamentos de enfrentamento inúteis (Klein et al., 2010).

Visto que a presente revisão sugere a efetividade da TCC on-line para uma ampla variedade de desfechos, é possível traçar suposições sobre possíveis aplicações para outros quadros clínicos. Intervenções on-line já são discutidas, ou apoiadas por evidências, em estudos recentes sobre luto (Boelen et al., 2021), TOC (Seol et al., 2016) e ansiedade social (Nordgreen et al., 2018). Há precedentes para que esses transtornos sejam estudados considerando os estressores provenientes da pandemia.

Apesar dos resultados promissores, três dos estudos recuperados apresentaram qualidade metodológica baixa. São pesquisas com ausência do cegamento duplo na randomização da amostra, inexistência de um grupo-controle, além de não incluírem uma discussão satisfatória dos dados no relato dos desfechos. Tais indicadores, quando não atendidos, são capazes de enviesar os resultados de uma pesquisa, o que enfraquece a força da evidência, além de serem tendenciosos a favor das ferramentas digitais. Por isso, devem ser avaliados com cautela.

No entanto, a maioria dos estudos incluídos era de boa qualidade, e os resultados são encorajadores em termos da efetividade da TCC on-line para usuários de serviços de saúde mental com diversos diagnósticos. Podem, assim, se constituir em fonte robusta e consistente de informações para gestores, formuladores de políticas públicas em saúde mental e demais tomadores de decisão.

Quanto às limitações, há que se mencionar, especificamente, a quantidade ainda pequena de estudos aplicados sobre TCC on-line e os efeitos psicológicos da pandemia. Muitos protocolos para novos ECRs estão em fases iniciais de execução, o que demanda a realização de revisões sistemáticas periódicas, fornecendo evidências sustentáveis em longo prazo. Outra limitação se refere à ausência de medidas quantificáveis de sumarização dos resultados. Argumenta-se, no entanto, que a opção pela síntese textual se deu pela heterogeneidade metodológica e pelos achados dos estudos, o que também pode ser contornado em revisões futuras que recuperem um número maior de ECRs.

 

CONCLUSÃO

A partir dos dados levantados, analisados e sumarizados sobre a TCC on-line durante a pandemia da covid-19, foi possível verificar sua efetividade para sintomas psiquiátricos. São evidências importantes para o planejamento de ações interventivas de promoção à saúde mental.

Cabe ressaltar que, embora o presente estudo tenha alcançado seu objetivo, não se teve a ambição de esgotar o tema nem de responder em definitivo a algum questionamento sobre a TCC on-line e sua eficácia.

Novos direcionamentos de pesquisas podem se concentrar em: 1) realizar metanálises que introduzam medidas estatísticas e melhorem a robustez das evidências; 2) propor ECRs que realizem comparações diretas entre intervenções convencionais e on-line de TCC durante a pandemia e seus desdobramentos; e 3) considerar outros quadros psiquiátricos, cuja incidência tenha aumentado devido à covid-19.

 

REFERÊNCIAS

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Correspondência:
Danilo de Freitas Araújo
E-mail: danilodefreitas_1@hotmail.com

Este artigo foi submetido no SGP (Sistema de Gestão de Publicações) da RBTC em 27 de Julho de 2021. cod. 230
Artigo aceito em 15 de Outubro de 2021

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