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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. v.60 n.2 Rio de Janeiro jun. 2008

 

ARTIGO

 

“Respeitem, ao menos, os meus cabelos brancos”: velhice e envelhecimento na canção brasileira (1927-2006)

 

"Respect, at least, my grey hair": Oldness and aging in the Brazilian music (1927-2006)

 

 

Adriano R. A. do Nascimento; Mariana L. P. Barra; Fernanda S. Januário

Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Belo Horizonte, MG, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Os discursos sobre o processo de envelhecimento humano, em seus aspectos biológicos e psicossociais, veiculados no cotidiano pelos meios de comunicação, têm se mostrado um campo bastante promissor para o entendimento da rede de Representações Sociais que constitui as caracterizações da Velhice e do Envelhecimento no Brasil. Neste sentido, este trabalho procurou investigar quais elementos compõem as Representações Sociais de Velhice e de Envelhecimento em 132 letras de canções populares compostas e/ou gravadas entre 1927 e 2006. Esse conjunto de letras foi submetido à Análise Lexical realizada pelo software ALCESTE e a um procedimento de Análise de Conteúdo. De forma geral, os resultados desses dois procedimentos de análise se conjugam na percepção da velhice e do envelhecimento como um período e um processo definidos pelo que se deixa ou se deixou de ser fisicamente (perda da beleza e da força). Destaca-se nas letras analisadas a estabilidade de diversos temas/categorias, indicando um alto grau de compartilhamento das referências negativas à velhice e ao envelhecimento na canção popular brasileira, independentemente da origem dessas mesmas canções.

Palavras-chave: Envelhecimento; Representações Sociais; Música Popular Brasileira.


ABSTRACT

The speeches on the process of human aging in its biological and psychosocial aspects seen in daily life through the Media have shown a sufficiently promising field for development of the net of Social Representations that constitute the characterizations of oldness and aging in Brazil. In this direction, this work aimed to investigate which elements compose the Social Representations of oldness and aging in 132 lyrics of composed and/or recorded popular songs between 1927 and 2006. This set of lyrics was submitted to a Lexical Analysis carried out by ALCESTE software and to a procedure of Content Analysis. In general, the results of these two procedures of analysis conjugate in the perception of oldness and aging as a defined period and a process in which one has been aging or has already aged (loss of beauty and strength). The stability of various themes/categories is distinguished in the analyzed lyrics, indicating a high degree of sharing of the negative references to oldness and aging in the Brazilian popular music, independent of the origin of the songs.

Keywords: Aging; Social Representations; Brazilian Popular Music.


 

 

INTRODUÇÃO

Os discursos sobre o processo de envelhecimento humano, em seus aspectos biológicos e psicossociais, veiculados no cotidiano, expõem um quadro bastante diversificado de elementos relacionados à imagem e à inserção social dos sujeitos identificados como velhos na sociedade brasileira. Se, por um lado, ainda circulam entre nós conteúdos discursivos historicamente associados à velhice como inatividade, debilidade e declínio, por outro, mais recentemente parecem ganhar força elementos vinculados à concepção de terceira idade como vida ativa e manutenção dos direitos relativos à parcela da população considerada idosa (BARROS, 2004; ELIAS, 2001; PEIXOTO, 2000; FEATHERSTONE, 1998; HAREVEN, 1999).

No contexto dessa circulação de conteúdos, ao mesmo tempo justificadora e guia de ações direcionadas a indivíduos categorizados como velhos, as representações socialmente compartilhadas de velhice mantêm, sob a aparência de naturais, e atualizam, na necessidade de assimilação de novos conteúdos práticos, elementos que vão compondo uma teoria popular sobre o próprio envelhecimento (JODELET, 2001; MOSCOVICI, 2004).

Essa teoria, que identifica causas e conseqüências e propõe, a partir dessas, normas para a convivência social desses (e com esses) sujeitos, precisa ser articulada a partir da inserção social de diferentes grupos a ela vinculados (CABECINHAS, 2004; VALA, 1997). Assim, pela necessária flexibilidade da associação teoria-grupo, é possível se manter o poder explicativo de uma teoria geral sobre o envelhecimento e, ao mesmo tempo, empregá-la segundo a particularidade dos grupos aos quais é dirigida. 

Nesse sentido, realmente tem-se constatado, por exemplo, variações relacionadas aos contextos rural e urbano nas Representações Sociais de Velhice e de Envelhecimento no Brasil. Para o que poderíamos chamar de velhice urbana, têm sido freqüentemente encontrados os sentidos/imagens da solidão, da doença, da perda da beleza, do abandono, da dependência e do não-trabalho (DEBERT, 1988; SANTOS; BELO, 2000; OLIVEIRA; SANTOS, 2002; VELOZ; NASCIMENTO-SCHULZE; CAMARGO, 1999; ARAÚJO; COUTINHO; CARVALHO, 2005). Para a velhice rural têm sido mais recorrentes a impossibilidade de trabalhar, o declínio físico, a dependência física ou mental e a falta de força (SANTOS, 1996; SANTOS; BELO, 2000). Também em relação ao gênero, percebe-se variação nas percepções da velhice e do próprio envelhecimento: se as mulheres, muitas vezes, consideram o envelhecimento como possibilidade de uma maior liberdade, os homens continuam, com certa recorrência, o interpretando a partir da distância dos “bons tempos da mocidade” (DEBERT, 2004; BOSI, 1994; MOTTA, 1997, 1999).

Como uma teoria popular que informa o cotidiano de vários grupos, as representações sociais também circulam em produções culturais eruditas e populares desses mesmos grupos. De forma complementar, o estudo da forma como essas produções veiculam sentidos/imagens de determinados objetos sociais poderia proporcionar informações relevantes sobre o surgimento e a manutenção de determinados conteúdos, ao longo de períodos maiores (décadas), a partir de uma mesma fonte de informações. Tal seria o caso de investigações que utilizassem como fontes o cinema, a literatura, a fotografia ou a música popular, entre outras.
 
No caso da velhice e do envelhecimento, por exemplo, estudos cujas fontes foram letras de canções britânicas e norte-americanas com referência a esses dois objetos sociais, têm indicado a recorrência de elementos predominantemente negativos a eles associados, como a tristeza, a solidão, a debilidade física e as marcas corporais (rugas e cabelos brancos). Também tem sido encontrado com freqüência o contraste entre a velhice e o período da juventude dos compositores (ADAY; AUSTIN, 2000; COHEN; KRUSCHWITZ, 1990; LEITNER, 1983).

Somando-se a esses trabalhos, e reconhecendo a música popular como fonte legítima de explicitação, avaliação e crítica de aspectos sociais relacionados ao cotidiano (MORAES, 2000; NAPOLITANO, 2002), a presente investigação tem como objetivo identificar quais elementos compõem as Representações Sociais de Velhice e de Envelhecimento em letras de canções brasileiras. Entendemos que essa identificação pode oferecer informações relevantes sobre a manutenção e a inovação de conteúdos relacionados a esses temas e veiculados em um meio reconhecidamente popular e de grande alcance no Brasil do século XX.

 

MÉTODO

Foram analisadas 132 letras de músicas, que fazem referência à velhice ou ao envelhecimento de seus compositores ou de terceiros, compostas e/ou gravadas a partir de 1927: a) 1927-1934 (9 letras); b) 1935-1944 (12); c) 1945-1954 (15); d) 1955-1964 (17); e) 1965-1974 (18); f) 1975-1984 (27); g) 1985-1994 (12); h) 1995-2006 (22).

Para o tratamento do banco de dados utilizamos o software Analyse Lexicale par Context d’un Ensemble de Segments de Texte (ALCESTE) (KALAMPALIKIS, 2003; OLIVEIRA; GOMES; MARQUES, 2005; REINERT, 2001; NASCIMENTO; MENANDRO, 2006) e um procedimento clássico de Análise de Conteúdo (VALA, 2003; BAUER, 2002; BARDIN, 1977).

 

RESULTADOS

A análise lexical realizada com o auxílio do software ALCESTE gerou, a partir das 432 Unidades de Contexto Elementar (UCE) analisadas, três classes de formas reduzidas (Figura 1, Classificação Hierárquica Descendente).

A Classe 1 (33% das UCE), denominada “Não-trabalho e Desamparo”, identifica o agrupamento das formas boi+ ( 43,78), 1 carr+ ( 27,46), pod+  ( 23,68), cheg+ ( 20,50), pai ( 15,69), estrad+ ( 15,31) e trabalh+ (  14,27) e aponta como variáveis características os períodos 1975-1984 e 1995-2006.

A essa primeira classe se associa a Classe 3 (“Recordando a alegria”; 10% das UCE), composta pelas formas reduzidas alegr+ ( 52,83), gost+ ( 44,43), gaucho ( 43,18), cant+ ( 34,19), fest+ ( 28,18), serest+ ( 25,76), mont+ ( 17,89), viol+ ( 14,74). Variável característica: 1927-1934.

A Classe 2 (“Ontem a felicidade, hoje o espelho”; 57% das UCE), por sua vez, é composta por amor+ ( 28,91), cabelo+ ( 20,70), mocidade ( 17,94), vida+ (x² 14,52), ruga+ (12,89), flor (12,89) e esp+ ( 10,27) e possui os períodos 1927-1934, 1935-1944 e 1945-1954 como variáveis características.

Figura 1: Classificação Hierárquica Descendente

 

 

Transcrevemos abaixo algumas das Unidades de Contexto Elementar (UCE) características das três classes.2

Nos fragmentos apresentados para a Classe 1 (Não-trabalho e Desamparo) destacam-se as referências ao contraste entre um passado ativo e um presente marcado pelo não-trabalho. Estão presentes também as comparações entre o envelhecer dos sujeitos e o de outros elementos de contexto explicitamente rural, como o boi e o carro de boi. Um dos fragmentos descreve a alteração nas relações familiares do idoso decorrente da sua impossibilidade de continuar trabalhando: ter que morar com os filhos (depender dos filhos), entrar em conflito com a nora.     

[...] meus bois de carro, onde estão todos agora? Este pobre velho chora, já sem poder trabalhar. Minha boiada, pra puxar carro pesado, eram todos combinados, pois só faltavam falar [...] ( 26). (LOPES, Nelson; JULIÃO, 1981, Lamento de carreiro).

[...] sentindo o peso dos anos sem poder mais trabalhar, o velho, peão estradeiro, com seu filho foi morar. O rapaz era casado e a mulher deu de implicar [...] ( 19). (PALMEIRA; VIEIRA, Teddy, 1954, Couro de boi).

[...] na mangueira da fazenda do lajado conheci um boi malhado, descaído como o quê. Tempo de moço, quando eu era candiero, boi malhado era ligeiro, trabalhava com você. Boi de carro, hoje velho, rejeitado, seu cangote calejado da canga que te prendeu [...] ( 14). (TONICO; TINOCO; ROSAS Jr., ANACLETO, 1951, Boi de carro).

As UCE características da Classe 3 (Recordando a alegria) apresentam elementos da sociabilidade recordada pelos compositores. Encontram-se nos fragmentos as festas, a dança, a música, os amigos e os amores, todos relacionados a um contexto predominantemente rural.

[...] nas festas onde eu chegava, essa dona, eu fazia grande alvoroço. É verdade, gaúcho velho, quando tu entravas no salão de dança, toda moçada parava pra te ver bailar? Pra dançar valsa rodada, eu sempre fui o primeiro, dançava com elegância deixando o povo banzeiro, as mocinhas suspirava, ficavam num desespero [...] ( 45). (TORRES, Raul, 1930, Gaúcho velho).

[...] E foi assim que aprendi a gostar do que é bom, a tocar minha acordeona, cantar sem sair do tom, ser amigo dos amigos, nunca fugir do perigo [...] ( 36). (CAMPOS, Gildo; AZAMBUJA, Berenice, 1980, É disso que o velho gosta).

[...] veio a minha mocidade, com prazer e desengano, judiado de muita moça, e muitas também judiando: o melhor tempo da vida a gente passa namorando. Um dia entramos na igreja, muita gente acompanhando. Minha noiva ia de par, de alegria ia até chorando, duas vidas diferentes numa vida só juntamos [...] ( 34).  (MANDY, 1959, Moda da vida).

O discurso urbano, que agrega referências à oposição mocidade/primavera e velhice/inverno, freqüentemente a partir das mudanças corporais, pode ser observado nas UCE características da Classe 2 (Ontem a felicidade, hoje o espelho). Destacam-se também nesses fragmentos a solidão, a tristeza e a saudade como fortemente associadas ao próprio recordar. 

[...] na estação da mocidade tudo é sonho, vida e amor. A esperança nos embala com seu canto enganador. O inverno da velhice só nos lembra a eternidade [...] ( 17). (CASTRO, V. de; KERNER, Ari, 1930, Canção da primavera).

[...] Oh, mocidade, mocidade, ouve de longe os meus tristes ais. Eu vivo a recordar amor e primavera de cores, sonhos ideais. Deixei de esperar por ti porque me convenci de que não voltas mais. E da primavera que fundou existe uma só flor cujo perfume invade, meu coração, jardim fechado e triste, essa florzinha chama-se saudade [...] ( 16). (AMARAL, Milton, 1934, Mocidade).

[...] outono clareou os meus cabelos, o inverno escureceu meu coração, nas mãos tenho tremor de pesadelos, nos olhos trago chuvas de verão. Navega em verso e mágoa meu apelo no lago manso e azul da solidão, e um vento de saudade em atropelo arrasta folhas secas pelo chão [...] ( 14). (ARAGÃO, Jorge; FONSECA, Sérgio, 1986, Vento de saudade).

Considerando as relações de oposição e/ou complementaridade das formas reduzidas (CHD) no plano cartesiano (Figura 2) e o conjunto de UCE características, consideramos possíveis as seguintes leituras complementares para os resultados do ALCESTE:

1- A diferenciação entre o vocabulário do agrupamento das Classes 1 e 3 e o da Classe 2 permite a caracterização de discursos não equivalentes relacionados às categorias “rural” e “urbano”. Assim, compondo uma representação de velhice no contexto rural, teríamos como elementos mais significativos aqueles relacionados ao não-trabalho, às situações de desamparo e à recordação de situações de sociabilidade em momentos considerados como mais felizes pelos compositores. Por outro lado, no contexto urbano, destacam-se elementos que caracterizam fisicamente o velho, explicitando a comparação entre a velhice e o período da mocidade.

2- Outra leitura possível seria aquela que identifica uma oposição entre discursos “a partir do passado” (velhice urbana - a articulação das letras considera primeiro o que se era para, depois, descrever o presente) e “a partir do presente” (velhice rural – uma descrição/avaliação do presente remete à rememoração do passado). Percebe-se que as duas possibilidades são explicitamente comparativas. Entretanto, a ordem dos termos ajuda a explicar a diferenciação apresentada no próximo tópico.

3- Compõem a Classe 2 elementos que permitem a associação entre o envelhecer humano e o do restante da natureza (flor+, folh+, jardim, primavera+). Esta associação, possibilitando a manutenção da percepção do envelhecimento como mais um processo inevitável da natureza, remete o compositor a um estado de conformismo com a sua situação atual. Por outro lado, temos a percepção de que o tratamento dado ao velho é injusto. Esta percepção baseia-se na constatação de que, apesar de ter trabalhado toda uma vida para a manutenção de sua família, hoje, por não poder mais trabalhar, recebe em troca o abandono.

4- A última possível leitura que propomos refere-se à oposição entre um discurso mais sentimental, no qual os compositores dizem como se sentem na velhice (“o velho consigo”) e um segundo discurso mais relacionado à descrição das redes sociais e dos contextos nos quais se inserem e se inseriram os velhos representados nas letras das canções analisadas (“o velho e o mundo”).

Figura 2: Análise Fatorial de Correspondência (classes, formas reduzidas e eixos)

 

Análise de Conteúdo

No procedimento de Análise de Conteúdo3 das letras, obtivemos como categorias (Tabela 1): a) Passado (60,61% das letras analisadas), formada pelas subcategorias “elementos amorosos”, “contexto”, “sentimentos”, “atividade profissional”, “condição física”, “sociabilidade”, “características pessoais não físicas” e “aparência”; b) O corpo (56,82%), formada pelas subcategorias “aparência”, “condição física”, “atividade sexual” e “condição mental”; c) Avaliação geral (52,27%), formada pelas subcategorias “saudade”, “ganhos”, “perda e declínio” e “continuar jovem”; d) Sentimentos (40,15%), formada, entre outras, pelas subcategorias “chorar”, “triste” e “sofrimento”; e) Atividades (34,09%), formada pelas subcategorias “recordar”, “inatividade” e “outras respostas”; f) Sociabilidade (24,24%), composta, entre outras, pelas subcategorias “solidão”, “família”, “abandono” e “asilo”; g) Morte (21,97%), formada pelas subcategorias “metáforas para o fim da vida” e “referências diretas à morte”; h) Homem natureza (21,21%), formada pelas subcategorias “murcho, inverno, noite” e “juventude em flor”; i) A vida e o passar do tempo (16,67%), formada, entre outras, pelas subcategorias “a vida deixa cicatrizes”, “a vida foi ilusão” e “o tempo passa depressa” e; j) Reações à velhice (13,64%), formada pelas subcategorias “reações negativas” e “reações positivas”.

Destacam-se nos resultados apresentados na Tabela 1:

1- A manutenção dos temas/categorias ao longo de todo o período analisado (exceção para Sociabilidade, a partir de 1935-1944);
2- A força das referências ao Passado (60,61% das letras) na descrição pelos compositores da velhice e do envelhecimento próprios e/ou de terceiros;
3- Em uma contraposição a esse Passado, com aumento significativo de freqüência a partir de 1945-1954, a categoria “O corpo” aparece como significativa (56,82%), compondo, a partir da aparência (rugas, cabelos brancos) e das condições física (perda de mobilidade, cansaço, fraqueza) e mental (caducar, ficar gagá), o quadro descritivo geral de velho e de velhice nas letras analisadas; e
4- Mais do que uma descrição dos velhos e da velhice, encontramos, em 52,27% das letras que formam o corpus, avaliações explícitas sobre a condição dos velhos. Deve-se observar que, de forma geral, estas avaliações são negativas (perdas e declínio, saudade, continuar jovem), pois as referências a possíveis ganhos trazidos pelo envelhecimento só aparecem em 14 das 69 músicas que possuem elementos avaliativos.

Tabela 1: Categorias Resultantes da Análise de Conteúdo por Períodos

 

Com o objetivo de verificar a coocorrência de temas nas letras analisadas, apresentamos a Árvore Máxima formada com as categorias da Análise de Conteúdo. Para possibilitar uma melhor visualização das relações entre esses temas, considerando-se a possível variação nas avaliações dos mesmos, optamos pelo desdobramento de algumas dessas categorias em subcategorias: Atividades (atividades-inatividade, atividades-recordar); Avaliação-geral (avaliação geral/ ganhos, avaliação geral/ perdas-e-declínio, avaliação geral/ saudade); O corpo (corpo/aparência-negativa, corpo/atividade-sexual, corpo/condição-física, corpo/condição-mental); Passado (passado/aparência, passado/atividade-profissional, passado/características-pessoais-não-físicas, passado/condição-física, passado/contexto, passado elementos-amorosos, passado/sentimentos, passado/sociabilidade) e Reações à velhice (reações à velhice/negativas e reações à velhice/ positivas) (Figura 3).

A análise dessa coocorrência de temas/categorias apontou “Sentimentos” e “Corpo/aparência negativa” como os principais articuladores do discurso sobre a velhice e o envelhecimento nas letras analisadas (coocorrência em 25 letras). Os agrupamentos mais significativos de coocorrência de categorias foram: Agrupamento 1: Corpo/aparência negativa, Passado/elementos amorosos, Avaliação Geral/saudade, Passado/ sociabilidade e Sentimentos; Agrupamento 2: Sentimentos, A vida e o passar do tempo e Atividades/recordar; Agrupamento 3: Corpo/ aparência negativa, Morte e Sentimentos; Agrupamento 4: Homem natureza, Avaliação Geral/ganhos, Corpo/aparência negativa. A seguir, apresentaremos separadamente cada um desses quatro agrupamentos.

Figura 3: Árvore Máxima – Análise de Conteúdo

 

Em virtude do número de elementos que compõem o Agrupamento 1, optamos por realizar sua leitura a partir de dois subagrupamentos:
a) O primeiro desses subagrupamentos, formado pelas categorias/subcategorias Corpo/ aparência-negativa, Passado/elementos-amorosos, Avaliação geral/saudade e Passado/ sociabilidade, apresenta as marcas corporais como aquilo que remete à lembrança de um passado no qual estavam presentes elementos de mais viva sociabilidade, inclusive amorosa. A saudade desse passado pode ser aqui considerada como a avaliação explícita do presente como negativo. Exemplo:

[...] Cada ruga do meu rosto lembra um dia de agonia e o cansaço dos meus olhos são restos de boemia. Cada ruga no meu rosto lembra bem os nossos laços e as noites mal dormidas que eu dormia em teus braços. O que eu sinto e me revolta não são, da vida, os senões, pois parecem covardias essas minhas confissões, mas eu sinto até saudade das cruéis desilusões. (NÁSSER, David; TEIXEIRA, Newton, 1953, Rugas).

b) Para o segundo subagrupamento, formado por Corpo/aparência-negativa, Passado/elementos-amorosos, Avaliação geral/saudade e Sentimentos, a leitura do primeiro subagrupamento é complementada pelas referências que fazem os compositores ao sofrimento como produto e produtor de suas saudades. Exemplo:
[...] Nos olhos das mulheres, no espelho do meu quarto é que eu vejo a minha idade. Um retrato na sala faz lembrar com saudade a minha mocidade. A vida para mim tem sido tão ruim, só desenganos. Ai, eu daria tudo pra voltar aos meus vinte anos. Deixaste em minha vida a sombra colorida de uma saudade imensa. Deixando-me, ficaste mostrando-me o contraste, matando a minha crença. E hoje desiludido muito tenho sofrido, cheio de desenganos. Ai, eu daria tudo para poder voltar aos meus vinte anos. (BATISTA, Wilson; CALDAS, Silvio, 1942, Meus vinte anos).

Destaca-se no Agrupamento 2 a identificação do Recordar como uma atividade característica da velhice. A recordação, entretanto, é vinculada ao sofrimento em uma possível via de mão dupla: a lembrança de um ontem melhor traz sofrimento ao presente e/ou um presente sofrido remete a um ontem melhor. A articulação entre passado e presente, por sua vez, pode remeter à percepção da própria vida como uma estrada na qual, à medida que se caminha, vão se juntando sofrimentos. Exemplo:
É um bom tempo, meu velho, que anda só e carregando sua tristeza infinita de tanto seguir andando. Eu estudo desde longe, porque somos diferentes: ele cresceu com o tempo do respeito e dos mais crentes. Velho, meu querido velho, agora já caminha lento, como perdoando o vento. Eu sou teu sangue, meu velho, teu silêncio e teu tempo. Seus olhos são tão serenos, sua figura é cansada. Pela idade foi vencido, mas caminha sua estrada. Eu vivo os dias de hoje. Em ti o passado lembra, só a dor e o sofrimento têm sua história sem tempo [...]. (PIERO, José E., 1970, Meu velho,versão de Nazareno de Brito).

O Agrupamento 3 apresenta a associação direta entre as marcas corporais do envelhecimento avaliadas socialmente como negativas e o sofrimento. Essa associação produz, seja pela percepção da relação velhice-proximidade do fim a vida, seja pela intensidade do sofrer, referências à morte (física ou sentimental). Exemplo:

[...] Tenho o coração feito em pedaços, trago esfarrapada a alma inteira. Noites e mais noites de cansaço, minha vida em sombras prisioneira. Quantos, quantos anos são passados! Meus cabelos brancos, fim da vida. Louco, quase morto, derrotado num crepúsculo apagado lembrando a juventude [...]. (MORAES, Marianito; CONTURSI, José Marias; BARBOSA, Haroldo, 1945, Cristal).

No último agrupamento apresentado (Agrupamento 4) temos o envelhecimento do corpo entendido como seguindo o envelhecimento da própria natureza. Embora essa associação nas letras seja predominantemente negativa, ela pode eventualmente permitir a identificação de ganhos (não relacionados à aparência) decorrentes do envelhecer. Exemplo:
[...] Rugas no rosto moreno, ondas no lago sereno. Vento repentino, ares de menino. Fugas de brigas de rua, luas e luas e luas. Repentina paz, meu velho rapaz. O velho Mário Lago: o velho, o mar e o lago. O mar e o lago. A alma bem resolvida, a embarcação ancorada. Mar incorporado, mares do passado. Aqui agora o presente, lago tranqüilo da mente, paz no coração, meu amado irmão [...]. (GIL, Gilberto, 1997, O mar e o lago).

 

DISCUSSÃO

Na mesma direção apontada por resultados de investigações com outras fontes, pode-se, de maneira geral, perceber que as Representações Sociais de Velhice e de Envelhecimento nas letras analisadas conjugam diferentes elementos a partir das também diferentes referências aos contextos rurais e urbanos.

Como elemento compartilhado pelos discursos rural e urbano, temos o corpo. Se para o discurso urbano ele torna visível, por meio das rugas e dos cabelos brancos, o declínio dos atributos físicos relativos à aparência, o discurso rural atribui a ele a impossibilidade da manutenção das atividades produtivas. São esses dois significados que se articulam na manutenção de duas imagens recorrentemente associadas às velhices rural e urbana: o velho carro de boi e a folha seca, respectivamente. No amálgama sentido/imagem, o velho carro de boi é o corpo que se desgasta pelo trabalho e, também em decorrência da modernização dos meios de transporte no contexto rural, é abandonado como aquilo que não serve mais. Por outro lado, a folha seca é a reafirmação do homem-natureza e do passar do tempo que leva à perda do viço.

Tal diferenciação ratifica a percepção do envelhecimento como fenômeno natural da mesma ordem daquele relacionado a objetos e a outros animais e vegetais como, por exemplo, os bois e as árvores. Essa associação, por sua vez, pode conduzir à idéia de que, se as causas do envelhecimento são naturais, também podem o ser suas conseqüências. Nesse sentido, no caso da velhice urbana, percebe-se a não desprezível associação entre a aparência negativa do corpo (folha seca) e a solidão (sociabilidade). Segundo Elias (2001, p. 75),

[...] o conceito de solidão refere-se a uma pessoa que por essa ou aquela razão é deixada só. Tais pessoas podem viver entre as outras, mas não têm significado afetivo para elas. Isso, porém, não é tudo. O conceito de solidão inclui também uma pessoa em meio a muitas outras para as quais não tem significado, para as quais não faz diferença sua existência, e que romperam qualquer laço de sentimentos com ela.

Assim, a solidão associada ao envelhecimento nas letras analisadas refere-se tanto ao rompimento desses laços de sentimentos quanto à não mais existência dos atributos capazes de recompô-lo. À medida que se percebe a sociabilidade, principalmente relacionada às relações amorosas do passado, como dependente da beleza, a natural perda desse atributo conduz, também naturalmente, à solidão.

Para o contexto rural, entretanto, a solidão é recorrentemente produzida pelo abandono. Nesse sentido, como dissemos acima, ela não é natural. A percepção de injustiça associada a tais situações condiz com a manutenção de uma idéia de família na qual as relações entre os seus membros também são, ou deveriam ser, mantidas por laços de obrigação, e não somente sentimentais.

Analisando especificamente a sociedade norte-americana, Hareven (1999, p. 31-32) argumenta:
As principais mudanças que levaram ao isolamento das pessoas mais velhas na sociedade de hoje se enraízam não tanto em mudanças na estrutura familiar ou nos arranjos residenciais, como em geral se tem afirmado, quanto na transformação e redefinição das funções e valores da família. Entre essas mudanças, a erosão de uma visão instrumental das relações familiares – e o resultante recurso à sentimentalidade e à intimidade como as principais forças de coesão na família – levou a um enfraquecimento da interdependência entre membros da família nuclear e seus demais parentes. As relações afetivas substituíram gradualmente as instrumentais.   

Essa diferenciação entre as expectativas relacionadas à velhice, em termos de sociabilidade, nos contextos urbano e rural, também informa as lembranças dos compositores. Nesse sentido, o contraste entre aquilo que se era (belo e/ou produtivo) e aquilo que se esperava ser resulta recorrentemente na avaliação negativa da condição atual dos próprios compositores ou dos terceiros por eles descritos nas letras. Essa avaliação, que em um sentido mais direto não indica um viver do/no passado (idéia comumente associada à velhice), mas uma reafirmação do caráter insatisfatório do presente, anda de mãos dadas com a saudade da mocidade/juventude.

Aqui é importante observar que, quanto ao gênero, considerado também como possível diferenciador dos discursos sociais sobre a velhice e o envelhecimento, o número de compositoras de canções populares, em comparação com o número de compositores, é pouco expressivo. Portanto, uma das características mais significativas do tipo de fonte com o qual trabalhamos é veicular um discurso quase que exclusivamente masculino.  Como vimos na introdução, há uma recorrência no lembrar os “bons tempos da mocidade” para os homens, recorrência que certamente se baseia no caráter relacional das categorias velhice e mocidade/juventude.

Deve-se considerar, entretanto, que tal relação não é uma via de mão dupla, pelo menos não com a mesma força para os fatores de referência. Em sociedades como a nossa, onde a juventude se consolida como um valor, mais do que somente como uma fase da vida, é “com os olhos da juventude que se percebe a velhice” (BARROS, 2004, p. 17). Esta característica da relação velhice x mocidade/juventude define a primeira como um negativo da(s) segunda(s): velho é o não jovem. Nesse sentido, ainda que a busca por se “continuar jovem”, aliada a uma responsabilização individual por tal condição, possa ser admitida como elemento central da idéia de envelhecimento nas sociedades ocidentais contemporâneas (DEBERT, 2004), as letras das canções analisadas tendem a considerar a mocidade/juventude dos compositores ou dos terceiros aos quais eles fazem referência como definitivamente perdida. Observe-se que essa condição ajuda a articular o discurso sentimental representado no corpus analisado.

Em uma associação bastante recorrente entre sentimento/sofrimento e velhice, o sofrer pode surgir tanto como produto quanto como produtor do envelhecimento. No primeiro caso, trata-se da perda definitiva da mocidade/juventude (e de seus atributos) e da solidão e/ou do abandono típicos da condição do velho, segundo os compositores. No segundo caso, o envelhecimento pode aparecer como castigo por uma vida desregrada, o que condiz com a responsabilização individual pela condição de velho, ou como resultado de um sofrimento que acelerou esse envelhecimento. Ambos os casos, entretanto, concordam com a concepção da própria vida como uma estrada de sofrimentos em direção ao fim (morte).

Este último elemento, que aparece na forma de “metáforas para o fim da vida” e/ou como “referências diretas à morte”, ajuda a definir de maneira mais precisa as fronteiras da velhice no discurso dos compositores: ela se encontra entre uma mocidade/juventude definitivamente perdida e um fim cada vez mais próximo.

Admitindo que esses sentidos/imagens são encontrados com pequenas variações em todo o período analisado, talvez seja possível afirmar a existência de uma teoria geral sobre o envelhecimento que se mantém estável nas letras das canções analisadas. Esta teoria, como vimos, articula elementos comuns para vários grupos, possibilitando também um ajustamento mais fino para cada um desses grupos. De forma mais geral talvez pudéssemos dizer que, nessa perspectiva, e considerando todo o conjunto de elementos encontrados, haveria uma Representação Social bastante homogênea da Velhice e do Envelhecimento no corpus analisado, com variações relacionadas a grupos específicos, variações que não comprometeriam, entretanto, essa homogeneidade.

Outra possibilidade de leitura seria aquela que identificaria a existência de representações emancipadas sobre um mesmo objeto social, aqui a velhice (ou o próprio envelhecimento). Nesse caso, poderíamos admitir a coexistência de representações específicas e não conflitantes de diferentes grupos sobre a velhice e/ou o envelhecimento.

Infelizmente, seja qual for a leitura realizada, é inegável a tônica negativa predominante nas letras do corpus. Mesmo nas canções mais recentes essa tônica se mantém.

Procurando vincular a análise dos dados apresentados ao nosso contexto socioeconômico mais geral, pode-se argumentar que os investimentos realizados nas últimas décadas por alguns setores da sociedade brasileira com o intuito de abrandar a imagem negativa associada à velhice/terceira idade não têm ainda se traduzido em modificações concretas nas representações do tema, pelo menos em um veículo de difusão de informações de grande alcance no cotidiano dos brasileiros. Nesse sentido, a estabilidade dessas referências nas últimas décadas pode estar associada à melhora ainda pouco significativa das condições objetivas de vida da maior parte da população idosa no Brasil.

 

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Endereço para correspondência

Adriano R. A. Nascimento
E-mail:nascimento@fafich.ufmg.br

Mariana L. P. Barra
E-mail:mariana.barra@gmail.com

Fernanda S. Januário
E-mail:fernandasjanuario@yahoo.com.br

 

 

Recebido em: 31/08/2007
Aprovado em: 13/03/2008
Revisado em: 22/09/2008

 

1O indica a força de ligação das formas reduzidas às classes.
2Em negrito estão as palavras incluídas em cada uma das classes.
3Unidade de registro: tema.

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