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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. v.61 n.3 Rio de Janeiro dez. 2009

 

ARTIGO

 

Acerca do amor e algumas de suas particularidades na psicose

 

About love and some of the highlights in psychosis

 

 

Ilka Franco Ferrari

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O tema do amor é percorrido e articulado às questões próprias de parcerias na psicose, tendo a Psicanálise lacaniana como principal referência. São abordadas algumas formalizações consideradas essenciais para ponderar a dificuldade de sua existência na psicose: amor como paixão do ser que acalma a falta-a-ser, portanto associado a dar o que não se tem; amor como sublimação do desejo, como afeto que para de escrever-se, contingencial; amor suplência da não relação sexual e diferenciador do parceiro de um puro sintoma. Considera-se a possibilidade de se dizer do amor na psicose, mas como amor morto, em função da própria constituição subjetiva desses sujeitos. Consequentemente se localiza a posição subjetiva do parceiro do psicótico que não é sintoma do inconsciente e a posição do sujeito psicótico na relação sexual que faz existir. Abordam-se, também, o uso do órgão e de certos indicadores que possibilitam parcerias duradouras, atestadas pela clínica e pela vida diária.

Palavras-chave: Amor; Psicose; Psicanálise.


ABSTRACT

The love theme is covered and linked to specific issues of partnership in psychosis having the Lacanian psychoanalysis as the main reference. It covers some formalizations considered essential to ponder difficulty of its existence in psychosis: love as passion of the being that soothes the lack-to-be linked thus to give what it doesn't have; sublimation of desire, affection that stops writing up, contingency; substitution of non-sexual relationship and differentiator of a partner to a pure symptom. It's considered the possibility to tell about love in psychosis as a dead love in order to the subjective constitution of these subjects. Therefore the subjective position of psychotic's partner - which isn't symptom of the unconscious - is located, as well as the psychotic subject's position in the sexual intercourse that makes it exists. It's also addressed the usage of the organ and a role of indicators that make it possible a lasting partnership which are attested by the clinic and daily life.

Keywords: Love; Psychosis; Psychoanalysis.


 

 

Com uma lucidez que agredia sua época, Freud constatou no amor a fonte de valiosos vínculos entre os humanos, mas registrou que, por seus caminhos, a felicidade é experiência difícil. Em uma forma lacaniana de dizer, principal orientação do que se dispõe a escrever, ele se deparou com um circuito inconsciente de desejo e gozo favorecendo a construção de uma fórmula secreta para a condição de amar, ou seja, para a escolha de objeto sexual que cada sujeito se impõe. 

Para Freud a eleição de objeto é repetitiva, o que remete a uma determinação inconsciente, e o leitor pode constatar esta afirmação em distintos pontos de suas formalizações, a exemplo dos textos sobre as contribuições à Psicologia do amor (FREUD, 1910/1970; 1912/1970; 1918/1970). Notou que o desejo desestabilizava o nível mínimo de tensão implicado nas formalizações do princípio do prazer, pois, basta desejar para que tal harmonia se perca. Consequentemente, ao ser reconhecido este excesso que o desejo comporta e desestabilizador do que posteriormente Lacan abordou como harmonia homeostática governadora do prazer, algo mais além do prazer se mostrou. E, se a felicidade é pensada no modo kantiano como "satisfação ininterrupta do sujeito com sua vida", diz Lacan (1962/1998, p. 797), desde Freud ela não é destinada aos desejantes: "É claro que ela se recusa a quem não renuncia à via do desejo".

Lacan, por sua vez, não simplifica a questão. Percorrer o amor em sua obra é dispor-se a certa exaustão enriquecida. Mais ainda quando alguém se dispõe a pensá-lo nos modos de funcionamento psicótico. Desta forma, recorrer-se-á a alguns fragmentos de seu ensino para sustentar certa clareza do que é o amor para essa orientação psicanalítica que não se limitou a uma herança freudiana e, a partir daí, buscar-se-á atingir as dificuldades de abordá-lo na psicose.

Para esse autor, o discurso analítico revelou que todo amor se baseia em certa relação entre dois saberes inconscientes. Mas, se na transferência inerente ao discurso analítico é o sujeito, suposto saber, que motiva essa relação, "Isto não é senão aplicação particular, específica, do que está aí por experiência" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 197). O texto não abordará esse laço amoroso particular que constitui a transferência, o amor de transferência. Opta-se por ficar no que está aí por experiência, conforme afirmou Lacan, ou seja, no que se constata na vida cotidiana e que as formalizações psicanalíticas, subsidiadas pela prática clínica na qual a transferência é fundamental, iluminaram e iluminam.

 

NA VIA DO AMOR, CERTO PERCURSO EM LACAN

Lacan buscou na Filosofia clássica o "antigo termo paixão", lembra Laurent (2002, p. 38), para expressar as paixões do ser e da alma. As paixões do ser, amor, ódio e ignorância, são decorrentes da relação com o Outro e supõem ação: amamos, odiamos, ignoramos e, nas palavras de Lacan (1957-1958/1999, p. 137) "Amor, ódio e ignorância são atos em relação ao ser, são afetos".

O afeto, nesse caso, já não se limita à série prazer-desprazer, marcadamente freudiana. Seu sentido "foi ampliado como o efeito do saber no corpo" (MILLER, 2003a, p. 398, tradução nossa), o que fica bem evidente ao final do ensino de Lacan. Se as paixões do ser supõem ação, ao mesmo tempo há algo que lhes impõe, algo que é, de certo modo, uma escolha forçada. A ideia de uma liberdade de ação não se sustenta a partir da prática psicanalítica, prossegue Laurent (2002, p. 38). A expressão escolha forçada diz exatamente da problemática que comporta a ação humana, que parece ser toda determinada, e a determinação das paixões amorosas, por exemplo, "faz série com o acting-out e a passagem ao ato" (LAURENT, 2002, p. 38).

Não é difícil para o leitor constatar que as paixões do ser surgem no momento em que o inconsciente é trabalhado como falta-a-ser, o Outro e o sujeito barrado são atores principais, e a dialética do desejo é o cenário das ações. Época da ênfase na demanda sempre insatisfeita, portanto, amor, ódio e ignorância constituindo formas de buscar, no Outro, o que acalma ou parece preencher a falta-a-ser. Tempo da palavra plena dizendo "você é minha mulher", com o amor apontando o ser, mas, quando tudo depende do Outro, escreve Lacan (1957-1958/1999, p. 137) em As formações do inconsciente, a solução fundamental, buscada por todos os humanos, do início ao fim da existência, é ter um Outro todo seu. E isso "é o que se chama amor".

Se há nos humanos tal movimento, ele não é sem consequências. Portanto, logo depois, no seminário O desejo e sua interpretação, escrito em 1959, Lacan afirma que a definição de amor é dar o que não se tem. No seminário A relação de objeto (1956-1957/1995, p. 131), Lacan havia trabalhado o que chamou de "eixo do amor", situando-o "não no objeto, mas, naquilo que o objeto não tem". Lá já havia ensinado que "o amado no amor é o que está para além do sujeito, literalmente, o que ele não tem" (LACAN, 1956-1957/1995, p. 130). A novidade apresentada no seminário de 1959 é a elevação destas condições ao estatuto de definição para amor. Em A transferência (LACAN, 1960-1961/1992), essa definição reaparece sendo bem trabalhada, quando o objeto de desejo e a dialética da castração são abordados. Nesse momento, Lacan lembra que, há muito, anunciava a temática do ter, por meio de fórmulas do tipo "O amor é dar o que não se tem" (LACAN, 1960-1961/1992, p. 218). A questão do ato, inerente ao amor, continua e não se perderá em sua obra. Agora é focalizado pela dialética do ser e do ter, girando em torno do drama fálico que o institui no campo do projeto, de uma promissória para o futuro. "A demanda incondicional de amor demanda o desejante no outro, aquilo que é desejado" (LACAN, 1960-1961/1992, p. 345).

Desse modo, se Platão lhe ensinou, conforme assegura Lacan, que somente a miséria, Pênia, pode conceber o amor, Sócrates foi o mestre a dizer-lhe que "O amor não é coisa divina" (LACAN, 1960-1961/1992, p. 36). Por outro lado, Aristóteles, a partir da sabedoria de Empédocles, orientou-lhe que "Deus era o mais ignorante de todos os seres, por não conhecer o ódio" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 120). Isso é saber pouco sobre o amor, é saber menos que os mortais.

Para amar é preciso colocar-se na posição do que não tem, ainda que se tenha, e no amor damos o que não temos. A função do desejo no amor merece então ser pensada, e o seminário A angústia (LACAN, 1962-1963/2005) é útil nesse sentido. Em determinado momento, ao fazer a revisão do status do objeto, abordando "pontuações sobre o desejo", Lacan diz que seu público já está maduro para compreender o que dirá, pois se trata de uma verdade conhecida há muito e que não teve a atenção devida. Referia-se ao fato de que o desejo intervém no amor, é seu pivô essencial e, portanto, o desejo não diz respeito ao objeto amado. Afirmação forte, explicada no sentido de que o "amor é a sublimação do desejo" (LACAN, 1962-1963/2005, p. 198). Dessa forma, por mais que o amor seja útil, fundamental à teorização psicanalítica, não pode servir como primeiro nem último termo para ela. Amor é um fato cultural, não seriam feitas cogitações sobre ele se não houvesse cultura, e, assim, para se pensar na conjunção do homem e da mulher, é preciso supor algo mais nesse enlace, como o próprio Freud já havia notado.

Segundo Lacan (1964/1988), tudo o que Freud disse sobre o amor coloca em evidência, de um lado, "as pulsões parciais exigindo a ordem sexual" e, do outro, o amor. Malgrado a ambivalência amor e ódio, estabelecida pelo criador da Psicanálise, segue Lacan, "se a pulsão genital existe", ela não se articula do mesmo modo que as outras. Ela está "submetida à circulação do complexo de Édipo, às estruturas elementares e outras de parentesco. É o que se designa como campo da cultura" (LACAN, 1964/1988, p. 179). Colocar-se na posição de desejante, conforme escreve em época de formalização do objeto a, é pôr-se na posição de falta do objeto a,o que abre a porta para o gozo do ser e da possibilidade de ser apreciado como "amável". Por esse motivo é que o "amor-sublimação permite ao gozo condescender ao desejo" (LACAN, 1962-1963/2005, p. 199). Aí está claramente esse algo a mais no cenário, o gozo, e no caminho de condescender ao desejo, a angústia.

Mais, mais ainda, ainda mais

Miller (2008) recorda que o seminário A ética da Psicanálise serviu para que se formasse o conceito lacaniano de gozo, mas, nele, o gozo pode ser desenvolvido sem referência à relação sexual. É no seminário Mais, ainda, prossegue, em que muitas vezes se tem a ideia de entrar em terreno novo, o lugar onde a tese de que o gozo não convém à relação sexual se apresenta. Nele aparece o gozo sem oposição, "gozo que está por todas as partes" (MILLER, 2008, p. 396, tradução nossa), pois ligado ao significante e ao corpo.

Se antes, principalmente no seminário As formações do inconsciente (LACAN, 1957-1958/1999), a conexão entre significante e gozo era devida ao falo, em Mais, ainda, Lacan estende a todos os significantes a propriedade do significante fálico, ou seja, generaliza significância e gozo. São formalizações decorrentes das elaborações de que não há puro prazer em nível algum humano. Até no princípio do prazer freudiano, em que Lacan reconhecia funcionamento na busca da homeostase, há regime de gozo, pois ali o desejo introduz um excesso, nele há intervenção da inscrição simbólica. Nesse sentido, pode-se dizer que há gozo do corpo e que este fica unido e até se confunde com o gozo do significante. Gozo do corpo e do significante são duas faces da mesma moeda, afirma Miller (2008), porque só há gozo do corpo pelo significante e há gozo do significante porque o ser da significação está enraizado no gozo do corpo.

É nesse momento que Lacan (1972-1973/1982, p. 12) escreve que o gozo do Outro, do "corpo do Outro que o simboliza", não é signo de amor, pois o gozo não é signo de amor. O amor, sim, faz signo, signo do sujeito, pois é recíproco. A invenção do inconsciente é o modo de perceber que o desejo do homem é o desejo do Outro e que o amor, se comporta uma paixão, esta é a ignorância do desejo. A devastação que pode propiciar o demonstra. É que amor demanda amor, mais, mais ainda, em sua essência narcísica, afirma Lacan. Assim, "embora recíproco, ele é impotente" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 14), já que ignora que é apenas desejo de ser Um, o que leva à impossibilidade de estabelecer a relação dos dois sexos. O princípio de que "nós dois somos um só" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 64) é forma de dar significado à relação sexual, ignorando que, nas parcerias, há dois, cada qual um. A não relação sexual é fato decorrente da existência do inconsciente e, daí, o gozo do Outro, tomado como corpo, é sempre inadequado. Ele é perverso pelo ângulo em que o Outro se reduz ao objeto a; ele é louco porque nele se crê como os psicóticos creem em suas alucinações; e enigmático, pois "sempre há signos pontuados enigmaticamente da maneira pela qual o ser é afetado enquanto sujeito do saber inconsciente" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 197). Por sinal, a psicose mostra, em toda sua radicalidade, a loucura do amor, em sua articulação com o gozo, ponto no qual falo e castração não conseguem dar razão ao que está em jogo.

O real em jogo no amor sinaliza algo de impossibilidade e, como disse Lacan, "poeticamente" chamava de coragem o que o parceiro precisa, no enfrentamento do destino fatal que lhe aguarda. Destino do reconhecimento de que a relação de sujeito a sujeito, sujeito como apenas efeito do saber inconsciente, é contingencial, ela para de não se escrever. A relação sexual, por sua vez, é da ordem da impossibilidade, ou seja, não para de não se escrever. Na ordem da contingência, "Não há outra coisa senão encontro, o encontro, no parceiro, dos sintomas, dos afetos de tudo que, em cada um, marca o traço de seu exílio, como falante, da relação sexual" (1972-1973/1982, p. 198).

Todo amor tende a passar da contingência à necessidade, ao não para de escrever-se, constituindo seu drama.

Não é sem sentido, então, que a Psicanálise tenha se dedicado tanto ao trabalho de como se pode amar outro, para além de si mesmo. O amor é forma de deixar de lado o corpo e aferrar-se à palavra, o que as mulheres sabem bem fazer, conforme ensinou a Psicanálise lacaniana. Mas, ela também ensinou que, pelo gozo, chega-se ao objeto e ao gozo do próprio corpo.

O Peixe que se Tenta Afogar

As novas formalizações sobre o gozo, apresentadas no seminário Mais, ainda, circunscreveram que a simbolização não anula o gozo e sim o mantém e até o produz, pois se goza do significante pela palavra e pela escrita.

As categorias sujeito barrado e Outro, nessas formalizações, sofreram mudanças. O termo sujeito, marcado pela falta-a-ser, mortificado pelo significante, ainda é usado, mas Miller (2008) alerta que já não se pode desconsiderar sua parcialidade. Ao final de seu ensino, Lacan prefere usar as expressões "falasser", ser falante, porque elas expressam o sujeito completo pelo corpo de gozo, corpo sexuado. O mesmo sucedeu com o Outro, pensado, inicialmente, em sua dimensão de carne, de ser vivo e, depois, enfatizado em seu caráter simbólico, significante. Nesse lugar significante, trata-se de um Outro mortificado, um lugar abstrato, formal. Ao final, nele há corpo de gozo.

Nesse contexto, entre o homem e a mulher, está o sintoma, meio de gozo e, "Se estou ligado ao Outro, é porque o Outro, para mim, é sintoma, ou seja, modo de gozo de meu corpo" (MILLER, 2008, p. 408, tradução nossa). Na quarta aula do seminário Os não tolos erram, Lacan (1973), por exemplo, diz que se o amor é metáfora de algo, ela o é do peixe que alguém tenta afogar, no encontro de um homem com uma mulher. Aliás, na primeira aula havia dito que o casamento é um engano recíproco e, por isso, pensava que ele é amor, pois, completará na aula nove, o amor é aquilo a que os corpos tendem, ou seja, enlaçarem-se. Mas não conseguem. A um corpo não lhe ocorre, nunca, enlaçar-se.

Nesse mesmo seminário Lacan escreve que a sabedoria não serve para nada no amor, ele não é nada mais que um dizer que se dirige ao saber do inconsciente e não tem nada a ver com a verdade. Ele é o laço essencial entre real e simbólico e, portanto, sua finalidade é o puro fracasso, ou seja, deixa de se escrever, precisa de constante verificação. É a falta de conhecimento sobre as regras do jogo amoroso o que articula os nós do amor, mas a clínica ensinou que o amor obstina em tudo que é contrário ao bem-estar do outro e, por isso, um dia o chamou "odioenamoramento" (LACAN, 1975a). Por sinal, em Os quatro conceitos fundamentais (LACAN, 1964/1988, p. 249), Lacan escreve: eu te amo, mas porque inexplicavelmente amo em ti algo mais que tu, o objeto a minúsculo, eu te mutilo.

Esta trajetória escolhida para abordar o amor mostra a importância da determinação inconsciente na eleição dos parceiros. As formas fantasísticas e sintomáticas, condições fundamentais para investimento do desejo em um parceiro sexuado, já presentes em Freud e nunca abandonadas por Lacan, são encontradas no que se escreveu. Nenhum psicanalista ignora que, para Freud, a eleição é sempre determinada pelo inconsciente, ou seja, pela castração, e que o inconsciente incide na eleição de objeto da fantasia. Mais ao final do ensino lacaniano, com sua ênfase no gozo e não tanto no desejo, a diferença entre sintoma e fantasia se esvaece a ponto de Lacan usar uma grafia antiga, sinthoma, para nela incluir sintoma e fantasia (MILLER, 2001). Ao parceiro fantasístico, parceiro do desejo, agrega-se o gozo, pois, nas últimas definições de sintoma, este sempre foi mencionado como forma de gozar.

O principal parceiro de alguém é, assim, o inconsciente. Ele se interpõe entre as parcerias humanas, e o sintoma é uma maneira de gozar não do parceiro ao lado, mas do próprio inconsciente. E é nesse sentido que Miller (2003b, p. 20, tradução nossa) afirma ser o amor o que diferencia o parceiro de um puro sintoma, ou seja, "ele é a função que projeta o sintoma no exterior". E isso fortalece a afirmação que não há relação sexual.

 

OS PSICÓTICOS E O AMOR DE PARCERIA: AMARRAÇÕES

Esse percurso feito mostra claramente que há dificuldades para se dizer do amor na psicose, embora se saiba que os psicóticos podem constituir parcerias até duradouras. Retomar-se-ão algumas partes do já escrito, como modo de sustentar essa afirmação, até mesmo porque, em Freud e Lacan, amor e psicose são tratados por meio de indicações breves que sempre exigem esforço de elucidação, sem cair nas referências clínicas da neurose. Há esforços atuais de formalização, exemplificados por publicações de livros com vários autores, como o que resultou de uma conversação clínica, em Barcelona, intitulado La pareja y el amor (2003b), e outro com o nome El amor en las psicosis (2006), ambos sob coordenadas de Jacques-Alain Miller.

Ao propor o amor como uma das paixões do ser, conforme se escreveu ao início do texto, estas se relacionavam ao Outro barrado e, logicamente, à falta-a-ser. Há, no entanto, o Outro não barrado, imperativo, legislador, poderoso, com o qual todo ser falante se depara na vida. Lacan também o chamava de Outro primordial a quem nada falta, cheio de significações apresentadas mais sob a forma de uma "vontade de" que sob a forma de desejo. Ele é condição de alienação do sujeito, e é com esse Outro que o psicótico é confrontado.

Essa posição psicótica pode ser observada no gráfico do desejo, apresentado em As formações do inconsciente e em outros textos lacanianos. Nele Lacan (1957-1958/ 1999, p. 490, tradução nossa) escreve: "Ali onde o Nome do Pai falta [...] o desejo do Outro, especialmente da mãe, não está simbolizado". Não simbolizado, ressalta Soler (2004), não quer dizer que ele não exista. Mas, nessa condição de falta da determinação fálica, ele é puro enigma. Aqui não há como vivenciar o amor, como dar o que não se tem, forma de pensar que até ganhou estatuto de definição para o amor, no seminário O desejo e sua interpretação (LACAN, 1959), e nem de dizer que o amor é sublimação do desejo, tal como se apresentou em A angústia (LACAN, 1962-1963/2005).

Há essência narcísica no amor, diz Lacan em Mais, ainda (1972-1973/1982), que leva à demanda de mais e mais, fato já constatado por Freud. Conforme lembra Miller (2006, p. 10, tradução nossa), na versão narcísica do amor, na psicose, ele "está inseparavelmente ligado à figura do ideal do eu do sujeito". A consequência é que o psicótico acaba por substituir o outro real, reduzindo-o a uma figura ideal. Pode-se observar e confirmar, por meio do gráfico do desejo e do esquema I, apresentado em De uma questão preliminar a todo possível da psicose (LACAN, 1958/1998, p. 578), que o ideal do eu na psicose não passa pelo inconsciente nem pelo Outro barrado. Falta-lhes a lei do inconsciente, o que ilumina o fato de os psicóticos serem tão apegados à legalidade dos fatos, na lei da cidade, do Estado, ou à legalidade que envolve execução de serviços, compras realizadas, no dia a dia... Falta-lhes o Outro barrado, que passa por uma alteridade subjetiva, pelo significante da falta no Outro S(A/), pelo Outro inconsciente, desconhecido, condição de separação do sujeito. Vivem uma heterogeneidade radical do Outro.

Se as parcerias, dizendo no modo usual do ensino de Freud e Lacan, constituem-se de forma fantasística e sintomática, no que dizem respeito à psicose, estas formas precisam ser ponderadas. Fala-se de fantasia na psicose, mas, como ressalta Soler (2004), não é a mesma coisa dizer de fantasia quando existe a determinação do inconsciente ou não, caso em que a fantasia responde a um desejo não simbolizado. A partir daí, essa autora faz perguntas extremamente pertinentes, respondendo-as à luz do ensino lacaniano. Duas delas são: "Que sucede quando o parceiro não é o sintoma do inconsciente, como na psicose?" e "Qual o efeito, no parceiro fantasístico, quando a fantasia responde a um desejo não simbolizado?". Para a primeira questão, o parceiro é construído totalmente a partir do entrecruzamento da cadeia do Outro absoluto e do imaginário, com o semelhante levando à elaboração fantasística. Por meio da segunda pergunta, se esclarece que o parceiro fantasístico adquire a significação do Outro primordial, que não se reduz somente à mãe, mas pode ser Deus, por exemplo, como ensina Schreber.

A próxima questão passa a ser, então, o que acontece com o próprio sujeito, na parceria, quando o parceiro se reduz ao Outro não barrado. Questão importante, pois a resposta é que o sujeito passa a ser o que responde ao desejo do Outro não simbolizado, realizando o objeto do Outro, sendo objeto de gozo, real, do Outro. E é isso, como afirma Soler (2004, p. 170), que Lacan chamou de "uma relação sexual". Não se trata de ser somente objeto imaginário do delírio, mas objeto real do Outro. Assim, pensar o amor na psicose como suplência da não relação sexual não funciona. Borie (2006, p. 13, tradução nossa) é enfático: "A conexão do amor e da psicose é, no mínimo, problemática se, com Lacan, definimos o amor como resposta para o 'não há relação sexual'". O psicótico faz existir a relação sexual. O exemplo clássico é a parceria de Schreber com sua esposa ou com Deus com quem só reparte gozo e não há palavra amorosa. Mas há modos e modos de fazê-lo sem ser schrebeniano. A forma erotômana de amar sem dúvida coloca objeção ao amor como resposta ao impossível da relação sexual.

Joyce é também um sujeito que manteve seu casamento. Viveu na ausência do recurso fálico, ou seja, em uma impossibilidade lógica de situar-se, no que concerne ao sexual, no conjunto dos homens. Sem localização nesse lugar onde a proposição fálica é afirmada, entretanto não chegou a identificar-se com "A Mulher", como Schreber. Ainda que Lacan confessasse haver se embaraçado com esse caso, tal como um peixe com uma maçã, notou que, em seus laços amorosos, Joyce estabelecia uma relação de complementaridade. Compartilhava dos delírios da filha, e com Nora, as cartas de amor que lhe escreveu indicaram, para Lacan, uma relação sexual, ainda que já houvesse dito que ela não há: "Mas é uma relação bem esquisita" (LACAN, 1975-1976/2007, p. 81).

Nora não era sintoma de Joyce, nem seu Outro, servia-lhe como uma luva ao avesso, imagem kantiana, para quem uma luva, revirada em seu avesso, pode ser utilizada na mão oposta. A existência de Nora consistia em lhe servir. Na verdade ela não lhe servia para nada, segue Lacan, e a cada vez que acontecia uma gravidez, havia um drama: "A coisa não funciona entre eles quando há um pimpolho" (LACAN, 1975-1976/2007, p. 82). Na quarta aula do seminário RSI (1975), o mesmo Lacan escreve que um pai não tem direito ao respeito, mas ao amor pérè-versamente orientado, fazendo de uma mulher objeto a,causa de seu desejo. Nessa parceria Joyce e Nora, isso não se aplica. Diz Lacan em O sinthoma: "Do ponto de vista de sua mulher, ele tem os sentimentos de uma mãe. Ele acredita que a carrega no ventre. Enfim, esse é de fato o pior desvario que se pode experimentar diante de alguém que se ama" (LACAN, 1975-1976/2007, p. 71).

O corpo do psicótico, sem a marca do significante fálico que o vivifica e o esvazia de gozo, localizando-o nas zonas erógenas e no órgão, é tomado pelo gozo que, por sinal, não é signo de amor, como já se disse. A ausência da castração tem a consequência da não extração do gozo ou do objeto e não deixa que aconteça a disjunção entre o lugar do Outro e o gozo, ou seja, não permite que se instaure a dimensão da falta. O gozo permanece inscrito nos significantes do Outro, Outro primordial, não barrado, em que estão também as imagens corporais, inclusive as perseguidoras. Ele aparece no imaginário do delírio, mas, sobretudo, no real do corpo. E isso é uma relação sexual, conforme afirma Soler (2004), nos passos de Lacan.

No que respeita ao uso do órgão, sem a significação fálica, não é difícil imaginar o que sucede, quando se toma como referência o seminário Mais, ainda: "Para o homem, a menos que haja castração, alguma coisa que diga não à função fálica, não há chance de que ele goze do corpo da mulher, ou, dito de outro modo, de que ele faça o amor" (LACAN, 1972-1973/1982, p. 97).

Fazer amor não se refere ao ato sexual, ao coito. Se nem todos o praticam, vários o fazem. Nessas condições, no entanto, ainda que varie, o uso do órgão está sujeito a atipias: pode passar por uma elisão fálica total, por masturbações intensas e até pela capacidade de responder ao ato. Mas, ao responder ao ato, o psicótico o faz obedecendo à demanda da mulher que se aloja no lugar do Outro.

 

AMOR MORTO

Os argumentos apresentados parecem suficientes para apresentar a dificuldade de se dizer do amor na psicose. Para os mais céticos, pelo menos podem fornecer instrumentos para aprofundamento. Há, no entanto, uma afirmação lacaniana dos anos 1950 que importa muito em um trabalho como este e que, em geral, é citada já de início. Aqui foi deixada para ir finalizando. É que Lacan chegou a dizer da possibilidade do amor na psicose, mas o chamou de amor morto.

No seminário As psicoses (LACAN, 1955-1956/1985), ao defender a ideia de que, desde o início da vida, todos os objetos já existem para a criança, crítica à posição autoerótica, e ao abordar o Outro absoluto, importante para compreender-se a psicose, comenta que o amor pode demonstrar esse Outro radical. Aí se pergunta a que se deve a diferença de alguém que é psicótico de quem não é. Para o psicótico, responde, "uma relação amorosa só lhe é possível abolindo sua condição de sujeito, pois ela admite uma heterogeneidade radical do Outro. Mas esse amor é também um amor morto" (LACAN, 1955-1956/1985, p. 287). Trata-se de uma afirmação nada simples e que será mantida até o final de seu ensino, ainda que ele tenha se distanciado da noção de significante que marcou a época dessa afirmação, aproximando-se da noção de signo. Palomera (2003, p. 274) faz menção a isso, referindo-se às conferências pronunciadas por Lacan (1975) nas universidades norte-americanas.

Trata-se de uma afirmação que comporta o caráter mortificado e mortífero do amor na psicose e pode ser compreendida ao haver a reflexão de que o psicótico não se pode representar pelo falo que cumpre a função de articular o sujeito com seu corpo, introduzindo a dimensão do vivo. Em Berenguer e Reiter (2003, p. 343, tradução nossa), Berenguer, ao tecer comentários sobre o caso clínico de uma criança de 6 anos, diz: "Creio que, quando falamos da psicose, estamos falando de um amor morto. Creio que há um vazio fundamental nessa criança em relação ao amor. Poder-se-ia dizer, evidentemente, que ele não foi o falo para sua mãe". O amor precisa ser inventado, não sem esforço, na construção de certa ficção do "eu te amo" que regule algo do gozo mortífero, segue o autor. Miller (2003a, p. 11) pergunta se esse caráter mortífero ou mortificado está ligado ao fato de que, na psicose, mais que em outra parte, o sujeito somente ama a si mesmo ou ama um ideal pelo qual substitui a realidade do parceiro. Poderia ser também, prossegue, devido ao fato de o psicótico amar a Outro, tão Outro, que não pode ser encarnado em um ser vivente, mas em uma ficção delirante? Será que é porque o psicótico não ama senão seu delírio, segundo expressou Freud?

Em sua tese de Doutorado, Muñoz (2005) desenvolve o tema do amor louco, mostrando como Lacan investiga a diferença entre neurose e psicose, a partir do amor e da estruturação significante. O amor do psicótico, lembra a autora, carrega a morte como tema central, pois a falta do colorido fálico na imagem faz aparecer aquilo que ela vela, ou seja, o sujeito como a, dejeto, resto. Mas, amor morto, segundo Muñoz, é também o que pode exibir a morte do sujeito no horizonte, pois, em sua heterogeneidade radical do Outro, ele está sempre às voltas com um Outro real. No caso Schreber, essa morte subjetiva se esclarece após ele ouvir a injúria Luder. Mas há o momento de refazer seu lugar no mundo, sendo a mulher de Deus, coexistindo com Ele. Ao se considerar a teorização sobre o objeto a,o efeito do gozo do Outro, no sujeito, pode ter o nome de amor morto, diz Muñoz. Em As psicoses (LACAN, 1955-1956/1988, p. 94), Lacan escreve que o psicótico "nunca está só, é habitado": é violado, manipulado, transformado, falado de todas as maneiras... É bem verdade, isso é muito conhecido pelos que se dedicam à clínica, que, pelo fato de o Outro converter-se radicalmente em estranho, não acontece a reciprocidade necessária ao amor.

 

MANUTENÇÃO DOS LAÇOS

Diante das formalizações exigidas pelo amor e dessas particularidades, inerentes à psicose, em que "podemos certamente dizer que a psicose é uma espécie de fracasso no que concerne ao cumprimento daquilo que é chamado 'amor'" (LACAN, 1975a, p. 35, tradução nossa), como pensar a manutenção de certos laços, alguns até duradouros, nessas parcerias?

Referindo-se ao laço conjugal, mas servindo para outras situações, Borie (2006, p. 14, tradução nossa) comenta: "O laço conjugal pode se manter, mas, em sua dimensão de amizade elevada, de philía no sentido aristotélico, de vínculo entre semelhantes, possível se a questão do gozo sexual não é estabelecida". Ao requisitar o sexual, ele carrega o risco de desestabilização. Borie fala a partir de Lacan, que pensou o enlaçamento de Schreber e sua esposa como algo da ordem da philía. A partir daí essa ideia permaneceu.

É interessante notar, como lembra Muñoz (2005), que, para pensar o Sujeito Suposto Saber, na neurose, Lacan vai até o Banquete, de Platão, e dali extrai Eros, um modo de dizer do amor na Filosofia clássica. Ao referir-se ao enlaçamento psicótico, no entanto, prefere outro termo dessa Filosofia, agora sob a influência de Aristóteles: philía. De acordo com Milner (1999, p. 20, tradução nossa), as "insipidezes do vocabulário amistoso obscurecem o verdadeiro sentido da palavra philía". Em seu desdobramento, a palavra mostra que philos diz de uma relação institucional, não afetiva e, portanto, philía não pode ser considerada, originalmente, no sentido afetivo. Elase refere, antes de qualquer coisa, a um conjunto de comportamentos que um membro de uma comunidade deve ter para com um hóspede estrangeiro, permitindo que ele seja tratado como um dos seus e, por isso, ela está na base das relações da comunidade.

Se a philía aristotélica (2005) está na base das relações humanas, diferentemente do que pensava Platão, nela há reciprocidade e, por isso, é restrita aos humanos (Platão a estendia aos animais e a outras situações). Ela adquire sentido de amizade cívica, sentimento de pertencimento, e entra na ordem ética considerando que a amizade depende da participação, recorda Muñoz (2005). Mas, como assegura Milner (1999, p. 30, tradução nossa), ao considerar philía e Eros, no que respeita ao coito, "a philía não serve para nada, ela se detém onde começa o coito". É nessa direção que Lacan (1972-1973/1982, p. 107) escreve que "o fora do sexo dessa ética é manifesto".

Não é sem motivos, então, que Lacan prefere esse termo ou essa ética para dizer dos laços psicóticos: em sua heterogeneidade radical, o Outro do psicótico, estrangeiro radical, não favorece a reciprocidade que o amor supõe e até exige, mas algo de reciprocidade existe em suas parcerias. Pode haver uma amizade que permita certa relação institucionalizada, muitas vezes bem institucionalizada, com regras e deveres distribuídos e garantidos pela lei da cidade, da comunidade, dos costumes, da cultura, o que dificulta ao parceiro do psicótico ocupar o lugar do Outro absoluto, redimensionando as experiências com o real. A philía não é sem participação.

O amor morto está em sua base, mas a posição mortificada pode ser abrandada nesse laço inventado e possível, para alguns, da forma que lhes é possível, evitando a desestabilização corriqueira quando se trata de encontros de parceria, na psicose.

 

REFERÊNCIAS

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Endereço para correspondência
Ilka Franco Ferrari
E-mail: francoferrari@terra.com.br

Submetido em: 14/08/2009
Revisto em: 22/10/2009
Aceito em: 25/10/2009

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