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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.63 no.2 Rio de Janeiro  2011

 

ARTIGOS

 

Comportamento agressivo em shows musicais: analisando notícias de jornal impresso1

 

Aggressive behavior in music shows: analyzing newspaper articles

 

Comportamiento agresivo en los espectáculos musicales: Análisis de noticias de diario

 

 

Carlos Eduardo PimentelI; Hartmut GüntherII

IDoutorando. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações. Universidade de Brasília (UnB). Bolsista do CNPq. Brasília, Distrito Federal. Brasil. carlosepimentel@bol.com.br
IIDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social do Trabalho e das Organizações. Universidade de Brasília (UnB). Bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq. Brasília, Distrito Federal. Brasil. hartmut.gunther@me.com

 

 


RESUMO

Neste artigo relata-se uma análise de conteúdo das notícias sobre comportamento agressivo em shows musicais veiculadas em jornal Correio Braziliense, Brasília, DF. Esta análise permite entender comportamentos agressivos em shows, quais as características destas situações e como a mídia impressa tratou o assunto. A despeito da influência dos jornais na formação de opiniões públicas, transmissão de atitudes e repertórios comportamentais, evidenciou-se que este tipo de análise ainda é escasso na literatura da psicologia social brasileira. Com o objetivo, portanto, de contribuir com a área realizou-se esta pesquisa exploratória com 31 artigos de jornal. Os resultados da análise de conteúdo apontam que os comportamentos agressivos aconteceram em shows dos mais diversos estilos musicais. Com base na teoria social cognitiva e pesquisas prévias sobre a análise de jornais discutimos os principais resultados.

Palavras-chave: Jornais; Comportamento agressivo; Shows musicais.


ABSTRACT

This paper reports a content analysis of the newspaper articles dealing with aggressive behavior in music shows. This analysis permits an understanding of the characteristics of these situations, the aggressive behaviors in shows, and the way in which the print media treat the subject. Despite of the newspapers’ influence on public opinion formation, that is, the transmission of attitudes and behavior repertoires, this kind of analysis is rarely reported in Brazilian social psychological literature. Some 31 newspaper articles were content analyzed as to aggressive behavior during music shows. Results indicate that aggressive behaviors occur in shows of most varied musical styles. Results are discussed on the basis of social cognitive theory.

Keywords: Newspapers; Aggressive behavior; Musical shows.


RESUMEN

En este artículo se presenta un análisis de contenido de las noticias de diario sobre el comportamiento agresivo en los espectáculos musicales de difusión en diario Correio Braziliense, Brasília, DF. Este análisis nos permite comprender el comportamiento agresivo en los conciertos, ¿qué características de estas situaciones y cómo fueram tratados pelos medios impreso?. A pesar de la influencia de los periódicos en la conformación de la opinión pública, la transmisión de actitudes y de los repertorios de conducta, se hizo evidente que este tipo de análisis es todavía escasa en la literatura de la psicología social en Brasil. Con el fin de contribuir con este ámbito de estudios se llevó a cabo esta investigación exploratoria, con 31 artículos de prensa. Los resultados del análisis de contenido muestran que el comportamiento agresivo no se dio en la muestra de diferentes estilos musicales. Basado en la teoría social cognitiva y la investigación previa sobre el análisis de los periódicos se analiza los principales resultados.

Keywords: Periódicos; Comportamiento agresivo; Espectáculos musicales.


 

 

Comportamento agressivo em shows musicais

A busca por divertimento é um aspecto fundamental e universal nas sociedades humanas. Pode-se verificar nos noticiários na TV, pela observação do cotidiano, conglomerados de jovens e adolescentes disputando espaços e ingressos para assistir o show do seu grupo musical predileto. Essa busca por divertimento, entretanto, é frustrada com frequência por eventos desagradáveis concomitantes como: desentendimentos, brigas e atos de vandalismo.

A teoria sócio-cognitiva de Bandura (antiga teoria da aprendizagem social) considera o comportamento agressivo algo aprendido. Alguém é frustrado por um objetivo bloqueado ou um evento estressante e sente uma emoção desagradável. A resposta desse indivíduo, consequentemente, pode ser tanto buscar ajuda como usar drogas e álcool, retrair-se, enfrentar o obstáculo ou mesmo comportar-se agressivamente (Atkinson, Atkinson, Smith & Bem, 2002). De acordo com esse modelo, portanto, uma sequência de eventos plausível seria: experiência aversiva?excitação emocional?agressão, modelo explicativo usado neste estudo.

Por outro lado, pela busca efetuada (Scielo [Scientific Electronic Library Online] Brazil, PePSIC [Periódicos Eletrônicos de Psicologia]) nenhum estudo cujo objetivo tenha sido analisar comportamentos agressivos em shows musicais foi encontrado. Estendendo-se a busca para a literatura internacional, no PsycINFO, encontrou-se um artigo relacionado cujo objetivo consistiu em verificar tendências, padrões e condições sócio-espaciais relacionadas à violência interpessoal (assaltos; assaultive incidentes and behaviors) em Accra (Ghana). Verificou-se que festivais tradicionais, entre outros lugares como ruas, casas, apartamentos, em Accra são um dos palcos de violência interpessoal nesta capital (Appiahene-Gyamfi, 2007). Nesses festivais observaram-se frequentemente conflitos, disputas e assaltos. Na referida pesquisa, todavia, não se diferenciou o tipo de música tocada nos festivais, fazendo-se referência ao barulho, mas não à preferência musical ou música dos festivais.

No presente estudo pretende-se fazer uma análise, a partir da psicologia e tendo como fonte de dados notícias de um jornal impresso, enfocando-se exclusivamente esse tipo de divertimento: shows musicais. Ademais, o papel deste tipo de mídia é discutido à luz da análise da mídia e psicologia dos jornais.

A teoria sócio-cognitiva enfatizou o papel da observação na aprendizagem de comportamentos, atitudes e respostas emocionais. Ou seja, aprende-se observando e imitando o comportamento dos outros (modelos sociais). Todavia, a teoria conferiu um lugar proeminente para a proatividade. O indivíduo não deve ser entendido como um ser passivo: sendo a mente humana “generativa, criativa, proativa e auto-reflexiva e não simplesmente reativa” (Bandura, 1999a, p. 23). Nessa perspectiva sócio-cognitiva, as pessoas têm o poder de influenciar suas próprias ações (Bandura, 1999b). Em 1986, Bandura explicou que o funcionamento psicossocial do ser humano deve evitar explicações unidirecionais e propôs um modelo de “causação triádico-recíproca” (Bandura, 1989a). De acordo com a teoria social cognitiva as pessoas são motivadas tanto por forças internas como pelo ambiente (Bandura, 1989b). Especificamente, destacou-se a importância de determinantes (a) pessoais; (b) comportamentais e (c) ambientais como se observa na Figura 1 abaixo. Esse aporte teórico fundamentará o entendimento do comportamento agressivo na presente pesquisa.

 

 

No modelo de Bandura, a modelagem teve um papel fundamental, visto que: “na divulgação de novos estilos de agressão, modelos servem como professores e desinibidores” (Bandura, 1989, p. 139). Porém, como todo comportamento social, o comportamento agressivo é determinado por uma variedade de fatores (para uma revisão ver Rodrigues, Assmar & Jablonski, 2000) que pode incluir: a influência das drogas e álcool (Hoakena & Stewartb, 2003; Moeller & Dougherty, 2001); de modelos agressivos (Bandura, Ross & Ross, 1961); da hiperatividade, conflitos familiares, filiação a gangs (Herrenkohl et al. 2000); exposição à mídia (Bandura, 1989a) ou o crowding (Rodrigues et al., 2000).

Além do uso da teoria sócio-cognitiva para análise da agressão no contexto de shows musicais também nos pareceu adequado considerar as pesquisas prévias sobre a influência do (a) crowding (variável ambiental); (b) efeito de álcool e drogas e (c) preferência musical (variáveis pessoais). O comportamento dos modelos sociais são as variáveis comportamentais tratadas. Consideramos que todas essas variáveis têm um papel na análise do comportamento agressivo em shows musicais.

Crowding

O crowding2 é uma variável há muito pesquisada na psicologia ambiental, parte da consideração de que a densidade (número de pessoas em um ambiente) é algo negativo e estressante. Trata-se de uma avaliação acerca de variável física, situacional, ambiental, que diz respeito ao número de pessoas em um ambiente (densidade social, Churchman, 2002), ou simplesmente e mais objetivamente como sendo o número de pessoas num definido espaço físico, como um quarto ou sala (Gray, 2001). É considerado um dos desencadeadores ambientais (como o calor) da agressão mais estudados pelos psicólogos sociais (Rodrigues et al., 2000). O impacto da densidade populacional no comportamento e fisiologia de indivíduos e grupos já foi objeto de análise científica (Southwick, 1971). Uma consequência negativa do crowding diz respeito ao aumento da agressão e violência, além de uma variedade de problemas relacionados ao stress, de acordo com Southwick.

Contemporaneamente, pesquisadores destacaram que “o poder do ambiente físico na agressão humana é bem estabelecido” (Kuo & Sullivan, 2001, p. 543); citando como exemplo o crowding, as altas temperaturas e o barulho. Numa revisão do conceito, vários estudos têm sugerido que o crowding provoca stress tanto em crianças como em adultos e leva à relações sociais pobres e à agressão (Gray, 2001).

Álcool e drogas

Além das correlações entre álcool e violência, relatam-se também relações entre o comportamento violento, abuso de crack e cocaína (La Rosa, Lambert & Grooper, 1990). Através de técnicas qualitativas e quantitativas, outros pesquisadores concluíram que o uso de álcool causa agressão, mas que especificidades metodológicas podem moderar essa relação (Bushman & Cooper, 1990). Acerca do papel do álcool na agressividade, por um estudo de meta-análise, outros estudiosos comprovaram que quando as pessoas bebem álcool se tornam agressivas (Richard, Bond & Stokes-Zoota, 2003). Outras investigações também têm mostrado que o uso de álcool causa a agressão quando as pessoas são provocadas, mostrando relações com drogas pesadas, mas também com a maconha, mesmo que em menor grau (Denson & Earleywine, 2008). De fato, sobretudo o uso de bebidas alcoólicas tem sido relacionado com comportamentos agressivos e violentos, mas também drogas como a cocaína e anfetaminas (Hoakena & Stewartb, 2003; Moeller & Dougherty, 2001).

Preferência musical

Outra variável que também nos ajuda a compreender o comportamento agressivo em shows musicais é a preferência por estilos musicais específicos. Nesse sentido, diversas pesquisas têm demonstrado relações entre uso de álcool, drogas, agressão, comportamentos de risco e preferência musical por rock e rap music, por exemplo (Chen, Miller, Grube & Waiters, 2006). Os dados desses autores sugerem que a exposição a letras de músicas de rap contendo referências ao uso de substâncias (álcool e drogas) e violência pode se relacionar com comportamentos agressivos e uso de substâncias entre jovens. Como explicado pela teoria da aprendizagem social sobre a influência dos meios de comunicação de massa, a aprendizagem vicária inclui o que se vê, o que se escuta e o que se lê (Bandura, 1989a).

Mais recentemente, foram verificadas relações entre exposição à violência em filmes, TV, letra de música, vídeo games, desengajamento moral e comportamento agressivo (Anderson et al., 2010; Richmond & Wilson, 2008). Os autores ainda verificaram efeitos de mediação do desengajamento moral na relação entre a exposição à violência nesses tipos de mídia e o comportamento agressivo. Também foi verificado experimentalmente que letras de músicas com conteúdo violento influenciam os sentimentos e pensamentos agressivos daqueles a elas expostos (Anderson, Carnagey & Eubanks, 2003). Segundo o modelo teórico adotado por esses pesquisadores, de inspiração sócio-cognitivista, essas variáveis são antecedentes do comportamento agressivo. No contexto do nordeste brasileiro já foram verificadas correlações entre comportamentos ‘anti-sociais’, atitudes positivas frente à maconha e preferência por estilos musicais anticonvencionais, como o rap e o heavy metal (Pimentel, Gouveia & Vasconcelos, 2005). Por outro lado, no mesmo estudo se verificou um padrão de correlação inverso entre estilos musicais convencionais e essas atitudes e comportamentos; também, já se verificou que os garotos preferem músicas mais anticonvencionais do que as garotas, o que pode ser explicado também em termos do conflito intergrupal (Pimentel, Gouveia & Pessoa, 2007).

Isto posto, pode-se entender a preferência musical ou as atitudes frente a estilos musicais (Boer, 2009) como mais um fator importante para diferenciação de grupos como bem explicou Pais (1998) e que preferências ou aversões musicais podem levar à intolerância entre grupos (Bryson, 1996). Com base na teoria da identidade social, uma das mais representativas do paradigma europeu, Tekman e Hortaçsu (2002), ademais, encetam seu artigo sobre música e identidade reportando-se à influência da identificação com estilos musicais na composição do self e identidade social. Nesses termos, “a identidade social se refere aos aspectos da auto-imagem do indivíduo oriundos de categorias sociais (ou grupos) que este percebe como sendo parte” (Tajfel & Turner, 1979, p. 40). Segundo tais autores, a música é utilizada por grupos com fins avaliativos e processos de identificação e diferenciação grupal (veja também Boer, 2009; Purhonen, Gronow & Rahkonen, 2009; North & Hargreaves, 1999, 2007; Rentfrow, Goldberg & Zilca, 2011; Van Eijck, 2001). Grupos que se unem com base em estilos musicais como grupos de punks e carecas têm-se envolvido no conflito intergrupal (ver Costa, 1993; Salem, 1996), considerados mesmo como grupos cuja rivalidade chega à morte (para uma revisão de estudos que consideram a preferência musical no palco das relações de conflitos entre grupos veja também Pimentel, 2004).

Tendo em conta que o presente artigo privilegiou os jornais como fonte de pesquisa para comportamentos agressivos, expõe-se sequencialmente a área de análise de jornais (impresso, newspapers).

 

Análise de jornais

No âmbito da psicologia social, no começo do século XX, provavelmente o artigo de Delos Wilcox de 1900 tenha sido o primeiro a abordar os jornais. De fato, o autor não utilizou explicitamente nenhuma teoria formal de psicologia social para a sua análise, mas tocou num aspecto fundamental da disciplina. De acordo com Wilcox (1900), existe um “preconceito”, talvez melhor, uma atitude negativa, contra os jornais, que assenta na crença de que esses meios de comunicação de massa não abordam com fidelidade as notícias reportadas. Todavia, o autor explicou que à medida que a organização da sociedade se torna mais complexa, necessitamos mais dos jornais.

Destaque-se que já “na Alemanha, Max Weber (1965[1911]) imaginou uma sociologia cultural engajada na análise de jornais” (Bauer, 2002, p. 190). Na década de 40 do século passado, Gordon W. Allport e Janet M. Faden (1940) verificaram que o foco dos estudos sobre meios de comunicação na psicologia havia recaído sobre o rádio e o cinema. Com o fim de dar atenção à outra importante mídia, publicaram na revista The Public Opinion Quarterly um artigo sobre a então negligenciada psicologia dos jornais, The Psychology of Newspapers: Five Tentative Laws. Sobre os jornais impressos esses autores concluíram que: a) as questões são “esqueletizadas” (simplificadas); b) o campo de influência de qualquer jornal é bem padronizado; c) os leitores são mais emotivos do que os editores; d) o interesse público refletido nos jornais é temporalmente variável e e) o interesse público se satura rapidamente e pede por um fechamento precoce. Outro importante trabalho nessa área foi realizado pelo sociólogo estudioso dos meios de comunicação de massa Paul S. Lazarsfeld. Lazarsfeld (1942) analisou o jornal impresso e sua relação com o rádio e as revistas relatando diferenças de conteúdo, influência editorial, sócio-demográficas, de aquisição desses media e de impacto social, classificou ainda jornais impressos importantes de Nova York como liberais e conservadores.

Pesquisadores nas ciências sociais interessados em entender o crime nos meios de comunicação de massa também se debruçaram na análise de jornais durantes as décadas de 1950, 60, 70 e 80 (ver Heath, 1984). A partir de uma pesquisa multimétodo e usando teorias da psicologia social, por exemplo, Heath, verificou o nível de medo do crime em leitores de jornais. A autora verificou que os leitores de jornais que haviam noticiado uma grande quantidade de crimes locais (de maior proximidade com os leitores) e imprevisíveis de forma sensacionalista reportaram altos níveis de medo do delito. Mais recentemente, podemos encontrar pesquisas que buscaram analisar o conteúdo de jornais em disciplinas diversas que vão além da psicologia, como a sociologia, comunicação social e linguística. Em um estudo na Europa e América do Norte, foi analisado como “jornais de primeira linha” tratavam o tema biotecnologia, entre 1973 e 1996 (Bauer & Gaskell, 1999 citado por Bauer, 2002). Também foi verificado o impacto de um artigo de jornal nas atitudes frente ao doente mental (Thornton & Wahl, 1996). Esses autores perceberam que a influência do jornal nas atitudes é semelhante à de outras mídias, como a televisão e os cinemas. O Correio Popular e a Folha de São Paulo foram analisados no que diz respeito às tendências nas matérias esportivas da Copa do Mundo realizada na França em 1998 (Camargo, 2000).

Numa pesquisa de dissertação de mestrado em comunicação e mercado, foram analisadas tendências e ideologias nos editoriais dos jornais Folha de São Paulo e O Globo no oitavo ano do governo de Fernando Henrique Cardoso (FHC) (Carvalho, 2005). Especificamente, o autor buscou, entre outras questões, saber se essa imprensa apoiou o governo de FHC. Em uma tese de doutorado em linguística, foi realizada uma análise da prisão de Saddam Hussein na Folha de São Paulo com base na teoria da semiótica de Greimas (Hernandes, 2005). Adicionalmente, foi analisada a cobertura do Movimento dos Sem Terra em um jornal de circulação regional e outro de circulação nacional, respectivamente, O Imparcial e a Folha de São Paulo (Lima, 2006).

Outros pesquisadores (Cervi & Antonelli, 2007) realizaram um estudo comparativo das primeiras páginas de dois jornais locais do Paraná, com o fim de descrever o posicionamento desses periódicos sobre a visibilidade conferida a temas sociais e a cobertura das eleições para Presidente da República e Governador do Paraná em 2006. Outra pesquisa versou sobre como os imigrantes são noticiados em quatro jornais diários locais, dois em Braga (Portugal) e dois em Trento (Itália) (Rieiro, 2007). Utilizando a teoria das representações sociais, foi abordada a representação de gênero em jornais de circulação interna de duas indústrias em Minas Gerais (Corrêa, Gontijo, Assis, Carrieri & Melo, 2007). No que concerne ao papel da mídia na divulgação de notícias sobre o crime e a violência, foi examinada a ocupação armada de favelas no Rio de Janeiro (Operação Rio) noticiada pelo Jornal do Brasil (Penglase, 2007). Um jornal realizado por moradores de rua de Porto Alegre (Jornal Boca de Rua) também foi estudado como um meio de resistência e inserção social (Mizoguchi, Costa & Madeira, 2007).

Mais recentemente, foi realizada uma análise de jornais italianos sobre o fenômeno bullying (Fraire, Prino & Sclavo, 2008). Vários outros termos associados ao bullying (como escola, vítima e jovem) foram verificados e constatou-se que o tema tornou-se altamente relevante social e politicamente nos últimos dois anos. Ademais, a referida análise conclui que essa importância no meio jornalístico deveu-se ao impacto emocional provocado por eventos de bullying. Por outro lado, foi realizada uma análise de conteúdo sobre o tema “nanotecnologia” no jornal Folha de São Paulo, buscando conhecer como essa tecnologia vem sendo tratada no jornal de maior circulação do Brasil (Amorin, 2008). No âmbito da psicologia social brasileira, Menegon (2008) analisou notícias de cinco jornais de Campo Grande (MS) sobre períodos de crises de serviços de saúde.

Em suma, o jornal pode ser entendido como “um órgão de educação dinâmica” (Wilcox, 1900, p. 90), meio de expressão (Bauer, 2002) e influência social (Allport & Faden, 1940). De acordo com tais autores, esse tipo de análise propicia o entendimento de valores, atitudes, opiniões, preconceitos e estereótipos. Para Allport e Faden (1940), os clichês, estereótipos e ideias fixas difundidas através das notícias simplificadas dos jornais são necessários, pois ajudam o leitor - que necessita de uma economia de pensamento - a dar saltos de conclusões sobre a complexa realidade social.

 

Objetivo

Considerando o acima exposto, o objetivo deste artigo é realizar uma análise de conteúdo (AC) das notícias sobre comportamento agressivo em shows musicais veiculada no jornal Correio Braziliense on-line. Portanto, o foco escolhido foi na fonte, na mensagem, no texto (Bauer, 2002). Analisar essa fonte de informações populares pode ser de grande importância para (a) entender comportamentos agressivos em determinados shows musicais e as características dessas situações; para (b) se entender os comportamentos coletivos e a violência em geral (Earl, Martin, McCarthy & Soule, 2004), (c) assim como saber como a mídia impressa tratou o assunto. Isto é relevante, pois: “a mídia joga um papel importante na construção social do crime, bem como na construção social da opinião pública sobre o crime e o sistema de justiça” (Feilzer, 2007, p. 285).

Dessa forma, os meios de comunicação impressos (print media), como os jornais, também entram nesse processo de construção da realidade social. No entanto, este tipo de análise considerando o conteúdo de jornais parece ser pouco comum na psicologia social brasileira. Encontram-se poucos estudos (Lima, 2006; Mizoguchi et al., 2007; Menegon, 2008) publicados em revista de psicologia. Em breve busca no site PePSIC com a palavra “jornais”, “jornal” e “análise de jornais” não se pôde verificar nenhum resultado. No Scielo Brazil, finalmente, buscando-se por JORNAL [Todos os índices] and PSICOLOGIA [Todos os índices] and ANALISE [Todos os índices] encontrou-se apenas um (1) artigo (Mizoguchi et al., 2007).

 

Método

Delineamento

Trata-se de uma pesquisa de índole exploratória, visto que não foi orientada por nenhuma hipótese específica e nenhum estudo prévio, guardando como principal característica conhecer fenômenos relativamente desconhecidos (Sampieri, Collado & Lucio, 1991).

Procedimento

O procedimento consistiu em procurar notícias relacionadas a brigas em shows musicais partindo do buscador de um jornal impresso na sua versão on-line da cidade de Brasília, DF. Inicialmente, entrou-se com a expressão “Briga em show” no buscador do site do jornal Correio Braziliense, especificando-se o intervalo de tempo de 1 de janeiro de 1999 a 15 de setembro de 2008. Esse jornal foi escolhido em razão da sua popularidade na cidade, estando entre os mais lidos.

Análise dos dados

Os dados coletados foram analisados de acordo com a técnica de AC, devido à sua aplicabilidade na análise de conteúdos da mídia, especificamente de textos de jornais impressos ou on-line, web ou cyberjornais (Bauer, 2002).

 

Resultados

Na busca no Correio Braziliense on line surgiram 1387 documentos para a consulta “Briga em show”, tratando de assuntos como: “briga pela medalha”, “briga no campeonato brasileiro”, “briga pelo título brasileiro”, “briga na justiça”, “briga pelo acesso a divisão de elite”, “briga no PSDB”, “briga pela audiência”, “briga pela liderança do campeonato”. Considerando o interesse por descrições de brigas durante ou logo após shows musicais, 31 documentos puderam ser selecionados para AC. Nesses 31 artigos de interesse, pôde-se verificar que as brigas, mas também outros comportamentos agressivos e até mesmo violentos aconteceram em shows dos mais diversos estilos musicais, encontrando-se: Show funk, Festa Funk Chic, Show de Pagode, Pagode na AABB, Show do Jeito Moleque, Pagode, Show ao vivo de música baiana, dupla sertaneja Bruno e Marrone, Show do grupo Charlie Brown Jr., Show do Asa de Águia, Music Hall, Harmonia do Samba e Show do Chiclete com Banana.

Como se pode contemplar na Tabela 1, a palavra que apareceu mais frequentemente na análise de conteúdo dos artigos do jornal foi “briga” (ƒ = 31). Uma vez que esse termo estava incluso na busca não é necessário maiores explicações. Todavia, é importante destacar as palavras que apareceram associadas. Ademais, ressalte-se que foi proposital a utilização de várias palavras nesta análise, pois permitem uma maior e mais acurada compreensão da situação como um todo. Dessa forma, explique-se que se optou por apresentar todos os termos considerados relevantes e que se associaram à busca com a expressão “Briga em shows”. No caso, tais termos mostraram justamente sua importância para melhor entender a agressão nas suas variadas matizes, como a física, verbal e intergrupal, não apenas pela frequência em que apareceram no texto, mas também pelo significado que aduzem.

No domínio da Agressão Física, além de “briga”, destaca-se inicialmente a palavra “Brigas”. Ademais, existem outras claramente associadas como “Briga a todo instante”, “Agressão” e “Ataque”. Podem-se verificar também nesse domínio alguns golpes pelos quais se realiza a briga ou as brigas, como “Chute”, “Soco”, “Tapas” e “Pauladas”. No domínio da Agressão Verbal, destacaram-se os termos Xingamentos (ƒ = 3), Provocação (ƒ = 2) e Ameaça (ƒ = 2) e no domínio da Agressão Intergrupal, ressaltam-se Briga de gangues (ƒ = 6), mas também apareceram “Briga generalizada”, “Briga entre punks e playboys” e “Agressão de seguranças”.

Outro conjunto de termos correlatos à agressão chamou a atenção na análise: os que puderam ser categorizados como Violência e Marcas da Agressão/Violência (vide Tabela 2). Nesta primeira categoria aparecem mais frequentemente no discurso da mídia analisada o termo “morte” (ƒ = 12) e em segundo lugar verificou-se a ênfase na palavra “tiro” (ƒ = 5). No que tange às Marcas da Agressão/Violência, observa-se que o principal resultado reportado pelo jornal foi “quebrado o nariz” (ƒ = 3) e “baleado” (ƒ = 3). Outras palavras também chamam a atenção na descrição das brigas em shows musicais, como “ferimentos”, “traumatismo craniano”, “lesão corporal”, “quebrou ossos do lado esquerdo da face”, “internado em estado grave” e “ferido com gravidade”, considerando-se ademais a seriedade e não apenas a frequência com que tais palavras surgem nos textos analisados.

Para um melhor entendimento do objeto em análise, foi realizada a classificação de Armas, Atendimentos, Situações, Emoções e Substâncias relacionadas a notícias jornalísticas sobre shows musicais (Tabela 3). Sobre Armas, observou-se que apareceram no discurso das matérias jornalísticas menção a arma de fogo (“pistola”) e arma branca (“faca”); no âmbito do Atendimento, surge “hospital”, “UTI”, “atendimento médico” e na configuração da Situação, a ênfase midiática jornalística recaiu na “confusão” (ƒ = 15), mas também se relatou frequentemente “crime” (ƒ = 7), “desentendimento”, “tiroteio”, “falta de segurança”, “caso de polícia” entre outras. As Emoções reportadas variaram de “crise de nervosismo” a “revolta” e quanto às Substâncias pôde-se contemplar a presença de “bebidas” e “mundo das drogas” para descrever as situações noticiadas.

Complementando a análise, buscando neste ponto jogar luz nas pessoas envolvidas nas situações averiguadas, encontrou-se no conteúdo do jornal em apreço (na dimensão Atores) maior ênfase nos “adolescentes” (ƒ = 16). Em seguida foram observadas as palavras “seguranças” (ƒ = 10), “vítima”, “assassino” e “agressor”. Na classificação Agentes Jurídicos, o discurso jornalístico deu maior ênfase aos “policiais” (ƒ = 7), mas também surgem os termos “delegacia” (ƒ = 5), “juiz”, “delegado”, “cadeia” etc. (Tabela 4).

 

Discussão

Na presente pesquisa se pode verificar diversas características das agressões em shows musicais. Corrobora-se a importância de fatores (a) pessoais; (b) comportamentais e (c) ambientais nos comportamentos agressivos (ver Bandura, 1989a). Os resultados da presente pesquisa demonstram que os comportamentos agressivos em shows musicais noticiados pelos artigos do jornal analisado se deram em shows de diversos estilos musicais, tais como: funk, pagode, música baiana, sertaneja, rock nacional e axé music. Dessa forma, considerando que a grande maioria de pessoas que vão a shows musicais demonstram preferência pelo estilo musical do show, não podemos com base nos dados analisados concluir que preferências musicais possam distinguir pessoas que se comportam agressivamente e não-agressivamente no ambiente do show. Sendo assim, podemos buscar explicações em outras variáveis.

Com base na busca realizada, não encontramos nenhum artigo publicado cujo objetivo tenha sido analisar agressões em shows musicais; o que consequentemente impossibilita a atividade de comparação dos dados. Porém, pode-se verificar que em alguns destes shows musicais a agressão é extrema, chegando a ferimentos de acentuada gravidade. Outra constatação é que a agressão assumiu diversas formas, sendo mais comumente noticiada a agressão física (como brigas), mas também se verifica conteúdos de agressão verbal (como xingamentos) e intergrupal (como as brigas de gangs; evidenciando o conflito intergrupal) e sua forma mais extremada: a violência (como o homicídio ou tentativas de homicídio). A respeito do conflito intergrupal (Tajfel & Turner, 1979) e com base em atitudes frente a estilos musicais (Boer, 2009; Bryson, 1996; North & Hargreaves, 1999, 2007; Pimentel et al., 2007; Tekman & Hortaçsu, 2002), observa-se que, mesmo que os jovens busquem assistir aos shows de suas bandas e artistas preferidos, não se deve esquecer que muitos podem visitar outros shows com o fim de provocar grupos rivais.

Acerca da violência, a palavra mais utilizada nos artigos é “morte” e “tiro”. De fato, os resultados desses comportamentos agressivos aparecem nas páginas do jornal com palavras e expressões fortes que certamente provocam intensa reação emocional, considerando termos como “traumatismo craniano” e “internado em estado grave”, por exemplo. Vários estudos demonstram que “palavras agressivas” podem despertar por associação muitas vezes automática (priming) pensamentos, percepções e comportamentos agressivos (Anderson et al., 2003; Berkowitz, 1984). Ainda de acordo com o modelo sócio-cognitivo é possível que a exposição repetida a esses estímulos violentos (notícias com teor violento) possam produzir desenssibilização à violência no “mundo real” (desensitization). Esse processo pode ocorrer tanto a curto como a longo prazo, pode diminuir a probabilidade de ajudar uma vítima e foi recentemente verificado com outro tipo de mídia violenta (Carnagey, Anderson & Bushman, 2007).

As referências à armas de fogo e branca mostra que o jornal alertou que as situações reportadas realmente envolviam risco de morte. Comportamentos benéficos também são noticiados, no âmbito do atendimento médico, além da “confusão”, “crime” e “falta de segurança”. Essa situação de confusão, certamente é facilitada pela aglomeração de várias pessoas no mesmo ambiente levando ao desencadeamento da agressão e violência humana pelo crowding (ver Rodrigues et al., 2000; Southwick, 1971; Kuo & Sullivan, 2001). Pode-se especular que outra variável que interagiu nessas situações foi o barulho, dado sua relação com o stress e resposta agressiva (Kuo & Sullivan, 2001).

O jornal também detalhou emoções que afligiram os participantes dessas situações, como a “crise de nervosismo” e a “revolta” que, certamente, advém de uma frustração. Além disso, outro ingrediente reportado pelo jornal, e que nos ajuda a entender os comportamentos, diz respeitos ao uso de substâncias, como o álcool. A esse respeito, principalmente o uso de bebidas alcoólicas tem sido relacionado com comportamentos agressivos, mas também drogas como a cocaína e anfetaminas, conforme relatado na literatura especializada (Hoakena & Stewartb, 2003; Moeller & Dougherty, 2001). Com base no modelo: experiência aversiva?excitação emocional?agressão e\ou uso de álcool e drogas, pode-se entender mais facilmente esse quadro.

O jornal também noticiou mais frequentemente nesses artigos os “adolescentes”. Por outro lado, os “seguranças” também ganharam destaque, assim com a “vítima”, o “agressor” e os “policiais”. Esses personagens também podem ser entendidos como modelos sociais e, portanto, os comportamentos agressivos, nesse sentido, podem ser explicados com base na imitação de comportamentos, a influência da observação de um indivíduo que começa uma briga num show que logo se dispersa culminando em que outros se envolvam no conflito.

 

Considerações finais

De acordo com a análise efetuada podemos verificar a importância da teoria sócio-cognitiva para a explicação da agressão em shows musicais. Ademais, a explicação desses eventos baseada no crowding, conflito intergrupal, barulho ambiental e uso e abuso de substâncias parece ser razoável, mas pesquisas de observação em ambiente natural devem ser realizadas com o fim de dirimir possíveis dúvidas.

Com base nos dados ora aduzidos podemos também deduzir que as notícias do jornal sobre agressões em shows musicais se retratam com riqueza de detalhes e conduzem à comoção social. Essa forma de noticiar já foi anteriormente verificada em outra realidade, levando a uma recomendação de cautela pelo medo que se provoca nos leitores (Heath, 1984). Por outro lado, não foi o objetivo nosso analisar a fidedignidade das notícias reportadas. A despeito da comoção que pôde ter sido provocada com tais notícias, deve-se ressaltar que o jornal cumpre com a sua função primordial de informação (Allport & Faden, 1940; Bauer, 2002; Wilcox, 1900). Os jornais podem ajudar no entendimento de ações coletivas e da violência (Earl et al., 2004), mas também podem produzir estereótipos e ideias fixas (Allport & Faden, 1940) e, assim, atitudes negativas frente aos personagens retratados (Thornton & Wahl, 1996).

Considerando tal, é importante que essa fonte de informações seja sistematicamente estudada no âmbito da psicologia (social) brasileira, uma vez que a influência dos meios de comunicação de massa já é bem documentada na literatura psicológica (Weiss, 1968). De acordo com a teoria sócio-cognitiva (Bandura, 1989), comportamentos agressivos divulgados na mídia, por modelos simbólicos, podem influenciar o comportamento, atitudes e respostas emocionais através do processo de aprendizagem vicária. É importante não obstante destacar que o estudo ora relatado não testou essa relação, mas objetivou verificar o conteúdo dos artigos de jornal. Posteriormente, essas relações - exposição a notícias sobre agressão e violência em jornais e seus efeitos comportamentais, atitudinais e emocionais - podem ser experimentalmente testadas.

É evidente que para um conhecimento mais abrangente sobre o assunto abordado novas pesquisas devem ser realizadas em jornais de outras regiões. Um levantamento sobre as características dos leitores seguramente contribuiria para melhor se entender o grau de influência dos jornais nas suas vidas. Pesquisas ulteriores podem testar esses efeitos considerando o controle de importantes variáveis, como os traços de personalidade, idade, sexo e nível de escolaridade. Além do impacto da quantidade de crime noticiada em jornais e o medo do delito. Esses empreendimentos podem contribuir para melhor conhecer as opiniões e comportamentos das pessoas no cotidiano, para que se ampliem os conhecimentos sobre a análise da mídia e de maneira particular, para o fortalecimento da psicologia dos jornais em nosso país.

 

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Submetido em: 13/05/2010
Revisto em: 24/07/2011
Aceito em: 30/07/2011

 

 

1 Os autores gostariam de agradecer ao CNPq pela Bolsa de Doutorado e Produtividade em Pesquisa ao primeiro e segundo autores respectivamente.
2 Optou-se por manter o termo original, gerúndio de crowd, que é traduzido como (s.1.) multidão, f.: a) grande número ou ajuntamento de pessoas ou coisas. b) povo, massa, populacho. 2. (E.U.A., coloquial) grupo m., turma, clique f. ou ajuntamento m.//v.1. aglomerar(-se), abarrotar(-se) etc (Novo Michaelis, 1982, p.255). Porém, nenhuma dessas traduções captura a definição dada pela psicologia ambiental de modo satisfatório e também em razão da economia do termo para a definição decidiu-se em manter o original crowding.

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