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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.64 no.3 Rio de Janeiro dez. 2012

 

ARTIGOS

 

História de vida e comportamento de risco em amostra brasileirai

 

Life history and risky behavior in a Brazilian sample

 

Historia de vida y comportamiento de riesgo en muestreo brasileño

 

 

Rachel Coelho RipardoI; Carla Silva FiaesII; Sâmia de Carliris Barbosa MalhadoIII; Samai AlciraIV; Eulina da Rocha LordeloV

IDoutoranda. Programa de PósGraduação em Psicologia Experimental. Universidade de São Paulo (USP). São Paulo. São Paulo. Brasil
IIDocente. Faculdade da Cidade. Salvador. Bahia. Brasil
IIIDocente. Faculdade de Ciência e Tecnologia (FTC). Jequié. Bahia. Brasil
IVDocente. Faculdade Santíssimo Sacramento e Faculdade Adventista da Bahia (FADBA). Alagoinhas, Bahia. Brasil
VDocente. Programa de PósGraduação em Psicologia. Salvador. Bahia. Brasil

Endereços para correspondência

 

 


RESUMO

As consequências dos comportamentos de risco em países em desenvolvimento requerem análises complexas, incluindo múltiplas variáveis, como as de história de vida. Idade, status civil e parental e expectativa subjetiva de vida podem moderar a percepção de um comportamento arriscado e a atração por ele. Assim, a pesquisa objetivou identificar as influências dos fatores da história de vida nos comportamentos de risco no Brasil. A escala Risk-propensity Scale foi aplicada em 358 participantes acima de 18 anos. Como resultados, as dimensões Percepção e Atratividade sofreram impacto do contexto e da história de vida. Em geral, os mais jovens, os solteiros, os sem filhos e os que esperavam viver menos tenderam a perceber como menos arriscados os comportamentos e a se arriscar mais. Esses resultados são congruentes com a perspectiva evolucionista do ciclo de vida, que submete as disposições comportamentais às prioridades de cada idade: crescimento, reprodução e manutenção.

Palavras-chave: Comportamento de risco; História de vida; Expectativa subjetiva de vida; Psicologia evolucionista.


ABSTRACT

The consequences of risky behavior in a developing country like Brazil requires complex analysis, involving multiple variables, such as those related to life history. Age, civil status, parental status and subjective life expectancy may moderate the perception of risk behavior and its attraction. Thus, the research aimed to identify factors in the history of life related to risky behavior in the Brazilian context. To this end, the scale Risk-propensity Scale was applied in 358 participants over 18 years. The results showed that the dimensions Perception and Attractiveness were impacted by the context and history of life. In general, the younger, unmarried, childless, and the ones that expected to live less tended to perceive as less risky the behaviors and to risk more. These results are consistent with the evolutionary perspective of the life cycle, which submits the behavioral dispositions to the priorities for each age: growth, reproduction and maintenance.

Keywords: Risk behavior; Life history; Subjective life expectancy; Evolutionary psychology.


RESUMEN

Las consecuencias de los comportamientos de riesgo en los países en desarrollo requieren un análisis complejo, incluyendo múltiples variables, tales como la historia de vida. Edad, estado civil y parental y expectativa subjetiva de vida pueden moderar la percepción de un comportamiento arriesgado y atracción a él. Así, la investigación está orientada a identificar las influencias de los factores de la historia de vida en las conductas de riesgo en Brasil. La escala Risk-propensity Scale se aplicó en 358 participantes mayores de 18 años. Como resultado, las dimensiones Percepción y "Atractividad" sufrieron el impacto del contexto y de la historia de vida. En general, los más jóvenes, solteros, sin hijos y los que esperaban vivir menos tendieron a percibir los comportamientos como menos arriesgados y a arriesgarse más. Estos resultados son congruentes con la perspectiva evolucionista del ciclo de vida, que somete las disposiciones comportamentales a las prioridades de cada edad: crecimiento, reproducción y mantenimiento.

Palabras-clave: Comportamiento de riesgo; Historia de vida; Expectativa subjetiva de vida; Psicología evolucionista.


 

 

Estima-se que no Brasil 18,3% dos óbitos masculinos e 4,9% dos óbitos femininos ocorridos em 2005 foram provocados por causas violentas, quase sempre resultantes do envolvimento em comportamentos de risco, tais como acidentes de trânsito, homicídio e suicídio. Essas mortes incidiram principalmente na população masculina jovem e jovem adulta, e foram mais presentes em áreas onde a violência se tornou um fenômeno cada vez mais difundido (IBGE, 2009). Além da morte direta por causas violentas, comportamentos de risco também levam a um aumento da incidência de doenças que podem, indiretamente, levar à morte, como o uso de tabaco (OMS, 2011; Brasil, 2011).

As graves consequências do envolvimento em comportamentos de risco levaram certos estudos a correlacionar o uso de álcool e outras drogas (Silva et al., 2006; Dempsey, Gebremariam, Koutsky, & Manhart, 2008) e atividade sexual de risco (Dariotis et al., 2008; Dempsey et al., 2008) com algumas variáveis da história de vida, como idade, gênero, status parental, desejo de ter filhos etc. História de vida é um conceito utilizado na psicologia evolucionista e na ecologia comportamental (Belsky, Jaffee, Hsieh & Silva, 2001; Kaplan & Gangestad, 2005; Störmer & Willführ, 2010) para designar o ciclo de vida completo dos indivíduos, em termos de decisões que são realizadas em cada etapa. Essas decisões dependem de diversas variáveis, sendo algumas delas a idade do indivíduo e seu status conjugal e parental. A idade do organismo, por exemplo, pode impactar desde a estratégia de produção de ninhos por pássaros até a estratégia reprodutiva de humanos (Kaplan & Gangestad, 2005; Wang, Kruger & Wilke, 2009).

Variações na tomada de comportamento de risco podem ser observadas também em situações hipotéticas, como estudos sobre investimentos de alto e baixo risco (Zabel, Christopher, Marek, Wieth, & Carlson, 2009). Foi constatado que os respondentes com uma posição mais conservadora tenderam a ter menores escores de busca de sensações, mais conhecimento em investimento e a serem mais velhos do que os liberais.

A busca de sensações seria a necessidade de novas e variadas experiências, nisto incorporado o risco envolvido. Essa variável teria origem biológica, enquanto a tomada de comportamento de risco seria o meio para atingir seu objetivo. No estudo de Zabel et al. (2009), quanto mais velha é a pessoa, menor é a busca de sensações e menos riscos ela assume. Mas o que, de fato, leva pessoas jovens a sentir mais prazer em realizar atos considerados arriscados? Será que atividades de risco são mais prazerosas para pessoas mais jovens, ou pessoas com idades diferentes priorizam aspectos diversos da vida?

O estado civil também parece influenciar a probabilidade de assumir riscos. De acordo com Whitlock, Norton, Clark, Jackson e MacMahon (2004), existem evidências empíricas que apontam que pessoas solteiras assumem mais riscos no trânsito do que as casadas. Seu estudo revelou que pessoas que nunca se casaram apresentavam maior prevalência de lesões causadas por acidentes no trânsito do que as casadas. De acordo com Daly e Wilson (2001), ser casado e, posteriormente, ter filhos aumenta o quanto a pessoa tem a perder caso se envolva em um comportamento de risco.

Outro fator importante da história de vida parece ser o status parental. De acordo com a teoria evolucionista, antes de ter filhos seria esperado que o indivíduo se envolvesse mais em comportamentos de risco, para aumentar a chance de acasalamento, e que, após o nascimento dos filhos, esse envolvimento fosse reduzido, devido à necessidade de cuidado e proteção que a prole requer para sobreviver (Johns, 2011). Estudos têm mostrado que ter filhos aumenta o tempo de vida para aqueles que cuidam da prole, sugerindo que eles se envolvem menos em situações que colocam suas vidas em risco (Allman, Rosin, Kumar & Hasenstaub, 1998).

A variável de história de vida, denominada expectativa subjetiva de vida, estudada no presente artigo, tem sido investigada por Wilson e Daly (2006), do ponto de vista do que eles denominam desconto do futuro. Segundo esses autores, aqueles que esperariam viver menos se arriscariam mais (descontariam mais do futuro) do que aqueles que esperariam viver mais. De acordo com Wang et al. (2009), essa variável permite estudar como a pessoa se organiza diante de objetivos e limites esperados.

Assim, as variáveis da história de vida que impactam no envolvimento em comportamentos de risco e a escolha pelo tipo de risco não devem ser aleatórias, pois possuem uma base na história evolutiva da espécie. Wang et al. (2009) sugerem o uso da psicologia evolucionista e da teoria da história de vida para compreender a tomada de risco entre os indivíduos. Para eles, há duas conexões entre essas teorias: (1) as pessoas fazem escolhas de risco em diferentes domínios de tarefas e (2) as pessoas fazem escolhas de risco em diferentes estágios da vida.

Uma vez originária da biologia evolucionária, a teoria da história de vida delineiase como uma abordagem que examina comportamentos de risco nos sujeitos considerando as seguintes dimensões: (1) esforços somáticos vs. esforços reprodutivos, (2) reprodução futura vs. reprodução presente, (3) quantidade da prole vs. qualidade da prole e (4) acasalamento vs. esforço parental. Por sua vez, essas dimensões se relacionam com o ciclo de vida dos sujeitos e suas tarefas evolutivas. Por exemplo, sujeitos com histórias de vida demoradas exibem alto investimento parental, acasalamento a longo prazo, alto nível de altruísmo no grupo, cumprimento de leis e baixa propensão a comportamentos de risco. Contrariamente, indivíduos com história de vida rápida demonstram baixo nível de investimento parental, altos esforços para o acasalamento, acasalamento prematuro, baixo nível de altruísmo no grupo, criminalidade e alta propensão a comportamentos de risco (Figueredo et al., 2006).

Com efeito, a psicologia evolucionista assume que a tomada de decisão e a propensão a assumir riscos dependem de domínios específicos para os riscos relevantes evolucionariamente, que ainda são manifestados nos contextos contemporâneos (Wang et al., 2009). Assim, riscos análogos nos tempos modernos podem acionar algoritmos mentais específicos para solucionar problemas recorrentes na categoria ou domínio correspondente (Kruger, Wang, & Wilke, 2007). O ajuste que é feito de acordo com idade e outras variáveis seria algo saudável, ao invés de patológico (Wilson & Daly, 1997).

Wang et al. (2009) examinaram os efeitos das variáveis relacionadas à teoria de história de vida (Belsky et al., 2001; Kaplan & Gangestad, 2005) na propensão à tomada de risco em cinco domínios: Desafio ambiental, Acasalamento e recursos, Competição intragrupal, Competição intergrupal e Fertilidade e reprodução. Os domínios remetemse aos contextos já enfrentados pelos nossos ancestrais, sendo Desafio ambiental relacionado à superação do ambiente para a alimentação e a sobrevivência. Acasalamento e recursos, por outro lado, referese às diferenças de gênero na procura por parceiros sexuais. Já o domínio Competição intergrupal diz respeito à disputa de espaço com outros indivíduos. O quarto domínio, Competição intragrupal, definese como uma disputa social por status grupal. Por fim, Fertilidade e reprodução refere-se aos riscos para a reprodução.

Esses autores estudaram a propensão ao comportamento de risco, ou seja, o quanto a pessoa se diz propensa a ter tal comportamento. Aqui, entretanto, foram estudadas as dimensões Percepção e Atratividade do comportamento de risco. A primeira avalia se a pessoa percebe o comportamento como arriscado; e a segunda, se se sente atraída por ele. De acordo com Wang et al. (2009), uma pessoa pode perceber o comportamento como muito arriscado e relatar sentirse atraída e propensa a ele; outra pessoa pode percebêlo como pouco arriscado e também relatar estar atraída e propensa a ele. Em pesquisa, esses autores encontraram que a propensão à tomada de risco dependeu do domínio específico. Ter filhos, ser mais velho e ser o primogênito são variáveis que reduziram a propensão ao risco em competição inter e intragrupal; e o desejo de ter filhos também foi associado com baixa propensão ao risco.

Percepção e atração por envolver-se em comportamentos de risco podem ser vistas como um continuum ou variam também em função de aspectos da história de vida? Considerando as diferenças culturais e a escassez de trabalhos sobre o assunto com populações brasileiras, o objetivo do presente trabalho foi identificar fatores da história de vida que estão relacionados à percepção e atração por riscos no contexto brasileiro, através da replicação da escala Risk-propensity Scale, de Wang et al. (2009). Buscouse compreender como os cinco domínios específicos listados, representando os principais problemas enfrentados no ambiente ancestral, variam em diferentes contextos do mundo moderno, a partir de indivíduos que possuem histórias de vida dessemelhantes.

 

Método

Participantes

De acordo com a Tabela 1, que se refere às características sociodemográficas da amostra do estudo, o total de participantes foi de 358 sujeitos, com idade média de 28,5 anos (DP = 10). A maioria dos participantes foi do sexo feminino e com o status civil de solteira. Em adição, a maior parte da amostra era composta de sujeitos sem irmãos ou primogênitos que possuíam apenas mais um irmão. Os prérequisitos para a participação no estudo foram ter 18 anos ou mais e o ensino médio completo, pelo menos. A partir de uma amostragem acidental, os sujeitos que atendiam aos prérequisitos da pesquisa foram solicitados a responder voluntariamente ao instrumento no Estado da Bahia. A coleta de dados foi realizada por um grupo treinado de dez estudantes de pósgraduação. A escolha de uma amostragem acidental deveuse ao interesse da pesquisa em processos e mecanismos psicológicos, e não em estabelecer incidência dos fenômenos em investigação.

 

 

Materiais

O instrumento utilizado na presente pesquisa foi um questionário traduzido e adaptado da escala utilizada por Wang et al. (2009), a Risk-propensity Scale. Os itens da mesma especificam cinco domínios de risco, nomeados como (1) Desafio ambiental, (2) Acasalamento e recursos, (3) Competição intragrupal, (4) Competição intergrupal e (5) Fertilidade e reprodução. E três dimensões: (1) Percepção, (2) Atratividade e (3) Propensão ao risco.

Desse modo, a escala era composta por um total de 15 itens situacionais, que abrangiam os cinco domínios de risco nas três dimensões referidas. As alternativas de respostas, em cada dimensão, envolviam uma escala Likert de acordo com o grau de risco (com respostas variando entre nada arriscado - extremamente arriscado), com a atratividade ao risco (com respostas variando entre nada atraído - muito atraído) e com a propensão ao risco (com respostas variando entre muito improvável - muito provável). Assim, num item referente a uma situação específica de risco, o participante devia escolher uma resposta entre muito improvável e muito provável de ocorrer quanto à sua percepção, atratividade e propensão àquele risco.

No mesmo instrumento, também constavam nove questões estruturadas sobre as variáveis independentes da história de vida do sujeito, tais como: sexo, idade, status conjugal, status parental, número de irmãos, ordem de nascimento, além das variáveis objetivo reprodutivo (número mínimo e máximo de filhos desejados) e expectativa subjetiva de vida.

Para fins de interesse do presente artigo, foram investigadas as variáveis independentes de história de vida, idade, status conjugal, status parental e expectativa subjetiva de vida, e apenas as dimensões de percepção e atratividade ao comportamento de risco.

Procedimento

O instrumento utilizado foi traduzido, e as adaptações necessárias foram realizadas por um grupo de dez estudantes de pósgraduação. Almejando a máxima clareza do instrumento, foram realizadas duas etapas de implementação dos itens. Assim, apenas duas das 15 situações dos itens foram substancialmente modificadas para o seu equivalente no contexto brasileiro, por se tratarem de situações particularmente americanas, relacionadas, de modo sucinto, a "roubar a bandeira hasteada no campus da universidade rival" e "perseguir um urso durante um acampamento". As primeiras aplicações do instrumento revelaram que os itens eram compreensíveis e não constrangedores aos respondentes. Todos os dados coletados nesse processo fizeram parte da amostra total do estudo.

A coleta de dados ocorreu em ambientes apropriadamente reservados e silenciosos, localizados em domicílios e em universidades, com o pesquisador disponível para dar suporte a possíveis esclarecimentos, sem, contudo, influenciar nas respostas dadas e garantindo a privacidade dos participantes do estudo. Os questionários foram, então, autorrespondidos e não identificados.

A pesquisa foi submetida ao Comitê de Ética do Instituto de Psicologia da Universidade Federal da Bahia, e os termos de consentimento livre e esclarecido foram assinados e depositados, na presença do respondente, em envelopes separados.

Análise dos dados

Foram utilizados procedimentos de estatística descritiva e inferencial, a partir dos dados quantitativos gerados pela obtenção de escores totais e das subescalas, originados pela soma dos itens de cada subescala dividida pelo número de itens do instrumento.

Para a investigação das diferenças nas médias de Percepção e Atratividade ao risco nos domínios específicos, considerando os diferentes agrupamentos de idade, status conjugal e parental, foram realizadas análises de variância (ANOVA). Nesse sentido, no presente estudo, os agrupamentos em três faixas etárias, bem como em diferentes grupos nas demais variáveis, seguiram critérios estatísticos para o controle de uma maior homogeneidade na distribuição da amostra.

Numa segunda etapa de investigações, com o objetivo de determinar o grau de associação entre algumas variáveis, foram realizadas análises de covariância entre os domínios específicos das dimensões Percepção e Atratividade ao comportamento de risco e a expectativa de vida subjetiva dos participantes do estudo.

 

Resultados e discussão

As variáveis de história de vida, status conjugal, status parental e idade influenciaram diferencialmente as dimensões Percepção e Atratividade ao risco (Tabela 2). Quanto ao status conjugal, os solteiros se perceberam como mais arriscados e se sentiram mais atraídos pelos comportamentos de risco do que os casados ou em união estável; entretanto, só houve uma diferença estatisticamente significativa na dimensão Atratividade (F = 6,701, p < 0,05). esses resultados encontram apoio nos estudos de weber, blais e betz (2002), que apontaram relação entre o nível de esforço na escolha de parceiros sexuais em solteiros e o envolvimento em comportamentos de risco. whitlock et al. (2004) também encontraram associação entre ser solteiro e prevalência de lesões causadas por acidentes no trânsito.

Para o fator status parental, os participantes que não possuíam filhos sentiramse mais atraídos ao comportamento de risco do que os que já possuíam (F = 6,074, p < 0,05). na dimensão percepção, as médias foram similares. isso está de acordo com weber et al. (2002), que encontraram correlação estatisticamente significativa e negativa entre o nível de investimento parental e o envolvimento em situações de risco, sugerindo que ter filhos diminui o engajamento em situações arriscadas.

Quanto à variável idade, não houve diferenças estatisticamente significativas entre as médias dos três grupos nas dimensões Atratividade ao risco e Percepção. O mesmo ocorreu com status conjugal e status parental na dimensão Percepção. Isso pode ser explicado pela composição da amostra: 62,1% eram mulheres. A dimensão Percepção nas mulheres, de acordo com pesquisa de Silveira, Béria, Horta, e Tomasi (2002), não é um indicador confiável para predizer o comportamento de risco, apesar de importante para entender o fenômeno.

Sugere-se também que as diferenças na dimensão Percepção só surgem quando os domínios específicos são analisados, refinando o fenômeno. Dessa forma, foi realizada uma análise de variância que pode ser observada na Tabela 3, envolvendo o fator idade e os cincos domínios.

De forma geral, os domínios Desafio ambiental (F = 4,514, p < 0,05), acasalamento e recursos (f = 3,570, p < 0,05) e Fertilidade e reprodução (F = 3,693, p < 0,05) apresentaram diferenças significativas modestas entre as médias na dimensão percepção. quanto à dimensão atratividade ao risco, foi observada uma diferença estatisticamente significativa moderada no domínio acasalamento e recursos (f = 5,113, p < 0,01) e uma modesta em Fertilidade e reprodução (F = 4,193, p < 0,05).

Quanto ao domínio Desafio ambiental, as pessoas mais jovens (18 a 22 anos) tiveram as médias mais altas dos três grupos, enquanto os outros dois tiveram médias menores e muito próximas. A análise de variância para esse domínio teve um tamanho de efeito baixo, de 0,34. Optouse por utilizar um teste post-hoc, especificamente o Teste de Bonferroni, a fim de investigar quais grupos diferiam significativamente dos outros em relação à média. Foi encontrada diferença estatisticamente significativa entre o grupo de 18 a 22 anos e o grupo de 23 a 30 anos.

Esse resultado é interessante diante dos achados da literatura que relacionam juventude a acidentes de carro, alto consumo de álcool (Pechansky, Szobot & Scivoletto, 2004), busca por sensações (Rhodes & Pivik, 2010) e comportamento financeiro arriscado (Zabel et al., 2009). Entretanto, isso pode ser explicado diante da dimensão Percepção. Desse modo, como já foi discutido, uma pessoa pode perceber um comportamento como arriscado, mas sentir-se atraída por ele e realizá-lo.

Ainda nessa dimensão, no domínio Acasalamento e recursos os sujeitos mais jovens perceberam menos os riscos, enquanto as outras duas faixas etárias tiveram médias similares (M = 7,9). Essa análise teve um tamanho de efeito baixo, de 0,29. O teste post-hoc de Bonferroni não mostrou diferença estatisticamente significativa entre os grupos nessa análise, o que pode ser explicado pelo baixo tamanho de efeito da análise de variância. Esse resultado é apoiado por outros estudos na área (Wilson & Daily, 1997; Weber et al., 2002), que apontam uma tendência de jovens perceberem menos riscos na busca de parceiros sexuais, tema do domínio Acasalamento e recursos.

Quanto aos riscos envolvendo Fertilidade e reprodução, as maiores médias foram da faixa etária de 23 a 30 anos, seguidas dos mais jovens e daqueles com 31 anos ou mais. Essa análise teve um tamanho de efeito também baixo, de 0,30. Apesar disso, o teste post-hoc de Bonferroni encontrou diferença estatisticamente significativa entre o grupo de 23 a 30 anos e o grupo de 31 anos ou mais. Esse resultado está de acordo com a perspectiva evolucionista, em que pessoas de mais idade tenderiam a perceber mais os riscos nesse domínio. Mais idade proporciona aos sujeitos, especialmente às mulheres, uma menor variância no seu sucesso reprodutivo; ou seja, o custo de comportamentos de risco nesse domínio é muito alto (Wang et al., 2009).

Quanto à dimensão Atratividade, no domínio Acasalamento e recursos, os mais jovens tiveram as médias mais altas, as quais foram diminuindo com o aumento da idade. Essa análise teve um tamanho de efeito baixo, de 0,38. Apesar disso, o teste post-hoc de Bonferroni mostrou que havia duas diferenças estatisticamente significativas; uma entre o grupo de 18 a 22 anos eo de 31 a 62 anos;eaoutraentreo grupo de 23 a 30 anos e o de 31 a 62 anos. Houve diferença nas médias nessa dimensão também no domínio Fertilidade e reprodução, em que os mais jovens também tiveram as médias mais altas, também diminuindo com o aumento da idade. Essa análise revelou um baixo tamanho de efeito, de 0,33. O teste post-hoc de Bonferroni encontrou diferença estatisticamente significativa entre o grupo de 18 a 22 anos e o de 31 anos ou mais.

Esses achados encontram apoio na literatura, pois pesquisas têm mostrado que, quanto mais jovem é o sujeito, maior é o seu engajamento na procura de parceiros sexuais, mesmo que esse investimento lhe ofereça mais riscos, preferindo esse comportamento a investir, por exemplo, em uma prole existente (Dariotis et al., 2008; Dempsey et al., 2008). Entretanto, esses resultados estão em desacordo com Wang et al. (2009), que encontraram associação apenas entre idade e os domínios Competição intergrupal e Competição intragrupal. Isso pode ter ocorrido porque eles estudaram a dimensão Propensão ao risco, ao invés das dimensões Percepção e Atratividade.

Quanto às análises envolvendo a variável status conjugal, os solteiros relataram estar mais atraídos por riscos quanto a Acasalamento e recursos [F (2, 345) = 9,209; p < 0,01], sendo o escore dos solteiros estatisticamente maior (M = 5,6; DP = 2,1) do que o dos sujeitos casados ou com união consensual (M = 4,8; DP = 1,9). Essa análise teve um tamanho de efeito de 0,65, considerado médio.

Quanto ao status parental, as pessoas que não tinham filhos relataram se sentir mais atraídas por riscos ambientais (M = 7,5; DP = 2,6) do que as que tinham filhos (M = 6,8; DP = 2,8), [F (1, 355) = 5,327; p < 0,05]. Essa análise teve um tamanho de efeito de 0,34, considerado baixo. Elas também apresentaram maior atratividade por riscos em fertilidade e reprodução (M = 4,8; DP = 2,1) do que apresentaram as pessoas que tinham filhos (M = 4,2; DP = 1,5), [F (1, 355) = 5,844, p < 0,05]. Essa análise teve um tamanho de efeito também baixo, de 0,36. Os resultados quanto a status conjugal e status parental estão de acordo com o esperado. Daly e Wilson (2001), por exemplo, afirmam que ser casado e, posteriormente, ter filhos aumenta o quanto a pessoa tem a perder caso se envolva em comportamentos de risco.

Por fim, a variável expectativa subjetiva de vida foi analisada. De forma geral, quanto maior foi a expectativa subjetiva de vida do sujeito, maior foi a sua percepção de risco (r = 0,147, p < 0,01). analisandose especificamente os domínios, em fertilidade e reprodução, quanto maior foi a expectativa subjetiva de vida relatada pelo sujeito, mais ele percebeu como arriscados esses comportamentos (r = 0,149, p < 0,01) e menos eles se sentiram atraídos (r = 0,163, p < 0,01).

Esse resultado é embasado nos estudos de Wang et al. (2009), em que há associação positiva entre o sucesso reprodutivo e a longevidade. Uma menor expectativa subjetiva de vida esteve associada com o aumento na atração por riscos envolvendo a fertilidade e a reprodução. Segundo Figueredo et al. (2006), para a garantia do sucesso reprodutivo, os sujeitos com histórias de vidas demoradas demonstrariam alto nível de investimento parental e estratégias de busca de parceiros sexuais de longo prazo, o que resultaria em um maior tempo de vida.

Ainda na dimensão Percepção, no domínio Competição intragrupal, quanto maior foi a percepção do sujeito dos riscos nesse tipo de competição social, maior foi a sua expectativa subjetiva de vida (r = 0,119, p < 0,05). já na dimensão atratividade, no domínio acasalamento e recursos, foi encontrado que, quanto maior a atratividade ao engajamento nesse tipo de risco, menor foi a expectativa de vida relatada pelo participante (r = -0,135, p < 0,05).

Esses resultados também encontram apoio na literatura, uma vez que se discute que o alto nível de altruísmo dentro do grupo social, bem como o engajamento no cumprimento de leis e a baixa propensão a comportamentos de risco, estão relacionados com uma expectativa de vida longa (Figueredo et al., 2006; Wang et al., 2009). Em acréscimo, pesquisas têm sugerido que o status parental positivo aumenta a longevidade e predispõe os sujeitos a se envolverem menos em situações arriscadas (Allman et al., 1998).

 

Conclusões

O objetivo do presente trabalho foi identificar as influências de fatores da história da vida que estão relacionados à percepção e atração por riscos no contexto brasileiro, através da replicação da Risk-propensity Scale, de Wang et al. (2009). De forma geral, esse objetivo foi alcançado; foi encontrado que idade, status conjugal, status parental e expectativa subjetiva de vida influenciam diferencialmente as dimensões Percepção e Atratividade ao comportamento de risco, em domínios diferentes. Ou seja, ao invés de haver um continuum entre Percepção e Atratividade, elas sofrem impacto do contexto e da história de vida. Esse resultado demonstra a importância de levar em conta as dimensões e os domínios no estudo do comportamento de risco, que normalmente são tratados como indiferenciados nas pesquisas atuais (Wang et al. 2009).

Em idade, por exemplo, o domínio Desafio ambiental, relacionado à alimentação e superação dos limites do ambiente, foi percebido como mais arriscado pelos mais jovens, aqueles que têm mais a perder em morrer mais cedo, provavelmente sem se reproduzirem. Entretanto, os mais jovens perceberam como menos arriscados e sentiramse mais atraídos pelos riscos dos domínios Acasalamento e recursos e Fertilidade e reprodução; aqueles riscos relacionados a acasalar ao invés de cuidar da prole e os da reprodução.

A fase da vida relacionada aos 18 a 22 anos seria justamente aquela dedicada à "reprodução", na qual os jovens tenderiam a preferir esforços reprodutivos a esforços somáticos; reprodução presente a reprodução futura; quantidade da prole a qualidade da prole; e acasalamento a esforço parental (Kaplan & Gangestad, 2005; Belsky et al., 2007). Essas escolhas explicam o impacto da idade nas dimensões e domínios estudados.

E são essas mesmas escolhas que clarificam o resultado quanto a status conjugal e status parental. Os solteiros, de forma geral, perceberam os comportamentos como arriscados e ao mesmo tempo sentiamse atraídos por eles. Isso aconteceu especificamente quanto ao domínio Acasalamento e recursos, na dimensão Atratividade. Os que não tinham filhos, por outro lado, sentiramse mais atraídos ao comportamento de risco do que os que já possuíam. Isso aconteceu em dois domínios: Desafio ambiental e Fertilidade e reprodução.

Esse resultado é coerente com a Psicologia Evolucionista, que prediz que os solteiros e os sem filhos precisariam se arriscar mais nos domínios Acasalamento e recursos e Fertilidade e reprodução, de forma a garantir sua reprodução. Os casados e com filhos, por outro lado, têm muito a perder, uma vez se engajando nesses tipos de comportamento (Daly & Wilson, 2001). Esses mesmos autores propõem que as pessoas que esperariam viver mais se arriscariam menos, resultado também encontrado nesta pesquisa.

Quanto maior foi a expectativa subjetiva de vida do sujeito, maior foi a sua percepção de risco. Isso aconteceu nos domínios Fertilidade e reprodução e Competição intragrupal. Em Atratividade, apenas no domínio Acasalamento e recursos. Figueredo et al. (2006) e Wang et al. (2009) afirmam que aqueles que esperam viver pouco assumem mais riscos em se reproduzir e seguem menos as leis sociais.

Por fim, algumas características da amostra podem ter influenciado o resultado. A maior parte dela era composta por solteiros, e a idade média foi de 28,5 anos, o que, de acordo com a literatura (Daly & Wilson, 2001; Whitlock et al., 2004; Wang et al., 2009), está relacionado a um aumento de comportamento de risco. Entretanto, a maioria era composta por mulheres e por primogênitos, o que diminui essa associação (Wang et al. 2009).

Dessa forma, sugeremse novas pesquisas, com uma amostra que seja representativa quanto a essas variáveis e que também explore a dimensão Propensão ao risco.

 

Referências

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Endereços para correspondência:
Rachel Coelho Ripardo
rachel.ripardo@gmail.com

Carla Silva Fiaes
csfiaes@yahoo.com.br

Sâmia de Carliris Barbosa Malhado
carliris@gmail.com

Samai Alcira
samaialcira@bol.com.br

Eulina da Rocha Lordelo
eulina@ufba.br

Submetido em: 28/04/2012
Revisto em: 01/09/2012
Aceito em: 17/09/2012

 

 

i As autoras agradecem o apoio às agências de fomento CAPES e CNPq, e à Aline Campos pela sugestão e tradução do instrumento de pesquisa, bem como na participação na coleta de dados; também à Talita Papas pela participação na coleta de dados.