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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.65 no.1 Rio de Janeiro jun. 2013

 

ARTIGOS

 

Opiniões sobre maternidade em adolescentes grávidas e não-grávidasi

 

Opinions about maternity among pregnant teens and non-pregnant teens

 

Opiniones sobre maternidad en adolescentes embarazadas y no embarazadas

 

 

Naiana Dapieve PatiasI; Ana Cristina Garcia DiasII

IMestre. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil
IIDocente. Programa de Pós-graduação em Psicologia. Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Santa Maria. Rio Grande do Sul. Brasil

Endereços para correspondência

 

 


RESUMO

A maternidade ainda hoje é muito valorizada socialmente. Este estudo teve como objetivo comparar opiniões sobre maternidade de adolescentes grávidas e não grávidas. Partiu-se do pressuposto de que adolescentes gestantes apresentam uma visão mais positiva da maternidade que adolescentes não gestantes. Participaram do estudo 50 adolescentes gestantes e 50 não gestantes, com idades de 13 a 19 anos, que frequentavam Unidades Básicas de Saúde e escolas públicas em uma cidade do interior do RS, Brasil. Foram aplicados questionários que avaliavam opiniões das adolescentes sobre maternidade nos dois grupos. As respostas das gestantes e não gestantes aos itens do questionário foram comparadas com testes estatísticos. Os resultados indicaram diferenças significativas nas opiniões apresentadas pelos grupos. Foi confirmada a expectativa de que adolescentes grávidas possuem opiniões mais positivas sobre a maternidade do que não gestantes. Discute-se sobre a maior vulnerabilidade à gestação associada à visão apenas positiva da maternidade.

Palavras-chave: Adolescência; Opiniões; Maternidade.


ABSTRACT

Motherhood is still highly valued socially. This study aimed to compare the views on 50 maternity pregnant and 50 non-pregnant adolescents who are from13 tp 19 years old that went to basic health units and schools in a city in Rio Grande do Sul, Brazil. As a rule of thumb, they tend to take for granted that pregnant adolescents have a more positive view and favorable to the non-pregnant teenagers on motherhood. Questionnaires were applied to two groups of adolescents to check out their opinions on. The responses of pregnant and non-pregnant to the questionnaire items were compared with statistical tests. Generally speaking, it has bennfound significant differences as for opinions expressed by the groups. We confirmed the expectation that pregnant adolescents have more positive opinions about motherhood than non-pregnant women. It discusses about the increased vulnerability to pregnancy associated with only positive view of motherhood.

Keywords: Adolescence; Reviews; Maternity.


RESUMEN

La maternidad es todavía muy valorada socialmente. El objetivo de este estudio fue comparar opiniones sobre la maternidad de 50 adolescentes embarazadas y 50 no embarazadas, con edades entre 13 a 19 años que asistían a las Unidades Básicas de Salud y las escuelas públicas en un municipio del interior del estado de Río Grande do Sul, Brasil. Partimos de la suposición de que las adolescentes embarazadas tienen una visión más positiva y favorable de la maternidad que las adolescentes no embarazadas. Se utilizaron cuestionarios que miden las opiniones de los adolescentes sobre la maternidad en los dos grupos de adolescentes. Las respuestas de las mujeres embarazadas y no embarazadas a los ítems del cuestionario fueron comparados con pruebas estadísticas. En general, encontramos diferencias significativas en los comentarios expresados por los grupos. Se confirmó la expectativa de que las adolescentes embarazadas tienen opiniones más positivas sobre la maternidad que las mujeres no embarazadas. Se discute sobre la mayor vulnerabilidad asociada con el embarazo solamente la visión positiva de la maternidad.

Palabras-clave: Adolescencia; Las revisiones; La maternidad.


 

 

Durante muito tempo permaneceu a ideia de que à mulher cabia apenas o destino do privado (serviços domésticos) e da maternidade. Ao homem cabia o espaço público (do trabalho), devendo esse ser o provedor da família. Essas ideias delinearam-se principalmente na Modernidade, com o nascimento da família tradicional, burguesa e nuclear (pai, mãe e filhos) (Ariès, 1981; Badinter, 1985). Esses papéis vinculados ao gênero foram e ainda são muito valorizados socialmente (Ariès, 1981; Badinter, 1985; Borsa & Nunes, 2011). Porém, estudos (Borsa & Feil, 2008; Borsa & Nunes, 2011, Dessen, 2010; Jaeger & Strey, 2011) demonstram que ocorreram transformações na família tradicional, tais como o estabelecimento de relações mais igualitárias entre os membros da família, a emergência de novas configurações familiares, mudança nos papéis femininos e masculinos, o ingresso da mulher no mercado de trabalho, entre outras. Apesar disso, ainda hoje se encontra muito presente em nossa sociedade a ideia de que a maternidade é um destino inevitável feminino (Dessen, 2010).

A mulher, principalmente a partir do advento da pílula anticoncepcional, em 1960, pôde optar ou não pela maternidade, podendo desde então exercer a sexualidade desvinculada das funções reprodutivas. No entanto, o que se espera dela ainda é que procrie e exerça a maternidade. Atualmente, ela exerce funções antes consideradas masculinas, como trabalhar fora de casa e, muitas vezes, ser a provedora do lar (Borsa & Nunes, 2011; Dessen, 2010). Assim, essas transformações ocorridas na família e, consequentemente, nos papéis femininos interferem diretamente na opção ou não pela maternidade, não sendo vividas de forma universal por todas as mulheres. A escolha pela maternidade apresenta uma relação direta com o contexto histórico, econômico, social e cultural no qual a mulher está inserida (Heilborn & Cabral, 2006; Patias & Buaes, 2012).

Pode-se observar que determinadas concepções de gênero (mulher-privada e homem-público) ainda estão presentes nas maneiras como homens e mulheres vivenciam seus papéis na sociedade, influenciando de maneira importante a vivência e representação do fenômeno da maternidade, na contemporaneidade (Borsa & Nunes, 2011; Dessen, 2010). Por exemplo, em contextos nos quais as oportunidades futuras (emprego, estudos e entretenimento) são mais restritas, geralmente há uma valorização maior da maternidade (A. B. Dias & Aquino, 2006; Heilborn & Cabral, 2006). Ser mãe é um papel valorizado socialmente e pode se constituir em uma escolha possível e viável para jovens que buscam reconhecimento pessoal em contextos nos quais existem poucas opções de ascensão social (Ferreira, 2006; Grossman, 2010; Madeira, 1996; Rangel & Queiroz, 2008; Zanin, Moss, & Oliveira, 2011). Em contextos socioeconómicos desfavorecidos, a maternidade associada à união consensual ou ao casamento se apresenta como um projeto esperado e valorizado socialmente (Rangel & Queiroz, 2008). Dessa forma, uma conjugação de fatores como, por exemplo, restrições de projetos futuros de escolarização e profissionalização e a presença de uma visão positiva sobre a maternidade pode influenciar no comportamento e na motivação de adolescentes, que podem, por sua vez, associar-se ao desejo e ocorrência da gestação nesse período de vida (Brandão, 2006; Konig, Fonseca, & Oliveira Gomes, 2008; Novellino, 2011; Rangel & Queiroz, 2008; Sarti, 2005; Zanin et al., 2011).

Brandão (2006) indica que a maternidade, por si só, possui forte significação social, o que pode contribuir para que jovens de camadas desfavorecidas da população busquem nesse fenômeno uma forma de reconhecimento social. Heilborn et al. (2002) também encontraram que a maternidade na adolescência pode ser um projeto desejado, viável e valorizado nos estratos socioeconômicos desfavorecidos. Nesses contextos, geralmente não existem muitas alternativas possíveis de implementação de outros projetos de vida valorizados socialmente, relacionados à escolarização ou à profissionalização, que possibilitariam maior reconhecimento ou ascensão social. Assim, a maternidade pode trazer reconhecimento e, em alguns casos, ascensão social, além de possibilitar passagem ao status adulto (A. M. O. Almeida & Cunha, 2003; M. K. Oliveira, 2004; R. C. Oliveira, 2008). Já para as adolescentes de camadas médias, a gravidez durante a adolescência pode ser percebida como um empecilho para o prosseguimento dos planos futuros de escolarização, profissionalização e ascensão social (Heilborn et al. 2002).

O estudo de Rangel e Queiroz (2008), da mesma forma, demonstra diferenças nas percepções sobre maternidade e gestação na adolescência em diferentes estratos sociais. Essas autoras identificaram que entre meninas de estratos socioeconômicos desfavorecidos ter um filho é considerado como uma bênção divina, algo natural à identidade feminina, sendo a maternidade associada ao poder de ser mulher e à construção da própria família. Já entre as meninas das camadas médias, a gravidez na adolescência representa uma sobrecarga financeira e uma experiência não normativa no desenvolvimento humano, que compromete seus planos futuros em relação ao trabalho e estudo.

Este trabalho tem como objetivo comparar as opiniões sobre maternidade em adolescentes grávidas e não grávidas do mesmo município, com um mesmo background cultural, a fim de investigar se opiniões mais favoráveis sobre maternidade podem se associar à ocorrência da gravidez na adolescência. Parte-se do pressuposto de que adolescentes gestantes apresentam uma visão mais positiva e favorável à maternidade que adolescentes não gestantes.

 

Método

Este estudo foi realizado com 50 adolescentes grávidas primíparas de Unidades Básicas de Saúde de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul e 50 adolescentes não grávidas de escolas públicas do mesmo município. As adolescentes de ambos os grupos possuíam idades entre 13 e 19 anos. Para a realização do estudo, inicialmente, obteve-se a aprovação do projeto junto ao Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), sob o registro CAAE 0240.0.243.000-10. Então, foram contatadas duas Unidades Básicas de Saúde (UBS) da cidade, a fim de se obterem as informações das gestantes adolescentes. A escolha por essas duas UBS do município ocorreu em função de ambas estarem inseridas em comunidades que possuíam altos índices de gravidez na adolescência, segundo a Secretaria da Saúde do município. Para coletar as informações com as adolescentes não grávidas, foram contatadas duas escolas inseridas nas mesmas comunidades das UBS. No entanto, o projeto não foi aprovado para ser desenvolvido nessas escolas, que consideraram a temática delicada. Então, foi realizado contato com outras duas escolas públicas do mesmo município, que atendem ao publico adolescente com características socioculturais similares àquelas investigadas nas UBS.

Em relação às UBS, semanalmente uma equipe de pesquisa ia até elas durante os dias do pré-natal e convidava as gestantes para a pesquisa. Já as coletas nas escolas foram realizadas segundo dia e horário disponibilizados a priori pela direção de cada escola. As adolescentes gestantes e não gestantes menores de 18 anos obtiveram a permissão de um responsável, que assinou o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE).

As informações do estudo foram coletadas através de uma ficha de dados sociodemográficos e um questionário adaptado do estudo Gravidez na juventude: Conhecendo o perfil e explorando as opiniões de gestantes adolescentes (A. C. G. Dias & Gabriel, 2009). Esse instrumento, por sua vez, foi construído a partir de entrevistas realizadas com adolescentes gestantes sobre temas como gestação, maternidade, relacionamento familiar, sexualidade e contracepção. O instrumento de dados sociodemográficos continha informações a respeito da moradia, escolaridade e trabalho. Para esse estudo foram selecionadas as afirmações que continham opiniões e frases sobre maternidade (objetivo do estudo). As adolescentes gestantes e não gestantes deveriam assinalar uma das três possibilidades de resposta: 1 (sim), se concordava; 2 (às vezes), se não concordasse nem discordasse; e 3 (não), se discordasse, caracterizando-se uma medida ordinal em que valores mais altos indicam maior discordância.

A análise dos dados foi sistematizada em etapas. Em primeiro lugar, foi feita a caracterização da amostra através de análises descritivas de médias e frequências. As comparações dos grupos quanto às opiniões sobre maternidade foram realizadas com testes de Mann-Whitney, uma vez que as variáveis (itens) apresentavam nível de mensuração ordinal. Um teste de associação (qui-quadrado) foi utilizado para verificar a possível associação entre as variáveis estar estudando (sim/não) e ser gestante (sim/não). Por fim, os motivos indicados para o fato de não estarem estudando foram descritos através de frequências. Nas análises inferenciais foi utilizado um nível alpha de 5% para se considerar um resultado estatisticamente significativo.

 

Resultados e discussões

As adolescentes grávidas estavam gestando pela primeira vez (primíparas), possuíam idades entre 13 e 19 anos (M = 17; DP = 1,77). No momento da coleta de dados, todas estavam realizando o pré-natal em Unidades Básicas de Saúde da cidade de Santa Maria - RS, 56% delas encontravam-se no terceiro trimestre da gestação e 44% no segundo trimestre; 24 gestantes (48%) estavam morando com o pai da criança, 20 gestantes (40%) estavam namorando o pai da criança e 6 gestantes (12%) não estavam mais com o pai da criança. No que se refere ao estudo, 23 (46%) das gestantes adolescentes estudavam. Em relação à escolaridade das gestantes, tanto as que estudavam quanto as que não estudavam, 22 (44%) possuíam o ensino médio incompleto, 20 (40%) o ensino fundamental incompleto, 4 (8%) o ensino médio completo, 2 (4%) o ensino fundamental completo e 3 (4%) curso superior incompleto.

As adolescentes não grávidas possuíam idades semelhantes às apresentadas pelo grupo das gestantes (M = 16; dp = 1,75). A maioria 26 (52%) afirmou possuir algum tipo de relacionamento amoroso, entre essas 12 (24%) revelaram estavam com um "ficante" (relacionamento sem compromisso ou sem estabilidade), 11 (22%) tinham namorado e 3 (6%) possuíam companheiro ou marido, com quem moravam. Todas estavam estudando, sendo que 27 (55%) possuíam o ensino fundamental incompleto e 23 (45%) o ensino médio incompleto.

As opiniões das adolescentes gestantes e não gestantes sobre maternidade são apresentadas na Tabela 1, juntamente com um indicador de tamanho de efeito (r). Escores mais elevados indicam maior grau de discordância em relação às afirmativas.

Foram observadas diferenças estaticamente significativas nos dois grupos de adolescentes em nove das onze afirmações investigadas. Apenas as frases "uma criança me dará todo o amor que preciso" e "ser mãe me proporciona maior aceitação da sociedade" não apresentaram diferenças estatísticas significativas entre os grupos. Das nove afirmações que possuem diferenças estatisticamente significativas, em oito delas as gestantes concordam mais que as adolescentes não gestantes. São elas: "eu acredito que ter um filho mudará minha vida para melhor", "acho que ser mãe me tornará uma pessoa importante", "com a maternidade me sinto mais independente de meus pais", "a maternidade é o sonho de toda mulher", "um filho me dá mais motivo para batalhar pelas minhas coisas", "por ter um(a) filho(a) nunca mais ficarei sozinha na vida", "não penso em trabalhar, pois pretendo me dedicar totalmente ao meu filho(a)" e "ser mãe me proporcionará novas oportunidades na vida". Já na frase "a vida será mais difícil para mim com a chegada do bebê" obteve-se um maior grau de discordância das gestantes quando comparamos às adolescentes não gestantes. A maior discordância das gestantes em relação a essa opinião pode indicar que as mesmas não apresentam expectativas negativas face à ocorrência da maternidade. Contudo, não é possível identificar se essas expectativas estavam presentes antes ou após a ocorrência da gestação, sendo que apenas foram investigadas as opiniões durante a gestação. A respeito disso, é importante destacar que, se as opiniões positivas forem decorrentes da gestação, pode-se inferir que as jovens grávidas então aceitaram a sua condição atual de gestantes.

Percebe-se que, de modo geral, as adolescentes gestantes tendem a concordar com quase todas as afirmações que sugerem que a gravidez e a maternidade são acontecimentos esperados e naturais, sendo que ambos os fenômenos estão associados a representações ou sentimentos positivos. As adolescentes não gestantes, por sua vez, concordaram mais que as gestantes que a vida fica mais difícil com a chegada de um bebê.

Vários estudos indicam que adolescentes grávidas, principalmente de estratos socioeconômicos desfavorecidos, possuem uma visão positiva da maternidade, acreditando que a mesma lhes trará reconhecimento social (Brandão, 2006; Dadoorian, 2003; A. C. G. Dias, 2009; Gontijo & Medeiros, 2010; Lima, 2006; Madeira, 1996; Pantoja, 2003; Rangel & Queiroz, 2008; Villela & Doreto, 2006; Zanin et al., 2011). Em nosso estudo, as adolescentes gestantes acreditam mais que as adolescentes não gestantes que: "ter um filho mudará minha vida para melhor", "a maternidade é o sonho de toda mulher" e "acho que ser mãe me tornará uma pessoa importante". Assim, os dados encontrados nesse estudo corroboram a hipótese de que adolescentes grávidas apresentam uma opinião mais favorável em relação à maternidade do que adolescentes não grávidas.

Essa opinião mais favorável pode estar associada à concepção do que se constitui uma família, na qual a presença da prole é um elemento fundamental (Ariès, 1981; Badinter, 1985). Observa-se que boa parte das gestantes (24), neste estudo, relatou possuir companheiro (pai da criança), o que sugere que as mesmas se encontram em um relacionamento estável. Algumas gestantes, quando questionadas sobre o desejo de engravidar na adolescência, revelaram que almejavam ter um filho. De fato, das 50 gestantes, 39 (78%) revelaram que tinham vontade de ser mãe antes da gestação. Além disso, 40 (80%) delas afirmaram que o namorado/companheiro desejava ter um filho. O relacionamento estável com um companheiro ou mesmo um namoro mais sério podem ter facilitado a ocorrência da gestação. Alguns estudos indicam que nessas situações o casal pode deixar de utilizar o contraceptivo e até mesmo planejar a gravidez (Alves & Brandão, 2009; A. C. G. Dias, Jager, Patias, & Oliveira, no prelo; Heilborn & Cabral, 2006; Heilborn et al. 2002).

As adolescentes gestantes também concordaram mais que as não gestantes que "um filho faz com que elas batalhem mais pelas suas coisas", sendo identificado um tamanho de efeito moderado (r = 0,42). Elas ainda acreditam que "ser mãe lhes (me) proporcionará novas oportunidades na vida", já que não acreditam que "a vida será mais difícil para mim com a chegada do bebê". Assim, para adolescentes gestantes, ter um filho pode incentivá-las a retomar projetos ou a construir novos planos futuros. De fato, diversos estudos (Gontijo & Medeiros, 2004, 2010; Konig et al., 2008; Pantoja, 2003; Zanin et al., 2011) encontraram que adolescentes gestantes tendem a continuar e/ou voltam aos estudos e ao trabalho após o nascimento do bebê, a fim de garantir um futuro melhor para os filhos. A gravidez na adolescência parece motivar as jovens à construção de projetos, que tendem a levar em consideração o bebê que está por vir. Planos como continuar e/ou voltar para a escola ou trabalhar para sustentar os filhos parecem ser frequentes nessas situações (Gontijo & Medeiros, 2010; Konig et al., 2008; Pantoja, 2003; Zanin et al., 2011). A gestação, nesse sentido, parece motivar as adolescentes a buscar melhores condições de vida para si e para os bebês, tornando-as mais responsáveis (Heilborn et al., 2002).

Por outro lado, em nosso estudo, as adolescentes grávidas tenderam a concordar com a afirmação "não penso em trabalhar, pois pretendo me dedicar totalmente ao meu filho(a)". Dessa forma, pode-se pensar que as grávidas concordaram com essa afirmação devido ao fato de que talvez, no momento, elas não possuam planos de conseguir um trabalho para sustentar a si e ao bebê. No entanto, elas tenderam a não concordar nem discordar da afirmação: "ter um filho me faz querer voltar para a escola". Isso sugere que a relação das adolescentes gestantes com o processo de escolarização e a escola não é clara.

Cabe destacar que todas as adolescentes não gestantes e apenas 23 gestantes (46%) estavam estudando no momento da pesquisa, sendo essa diferença estatisticamente significativa (x 2 = 36,0; g.l. = 1; p < 0,001). Essa diferença pode advir do fato de que as adolescentes não gestantes foram recrutadas nas escolas. Além disso, o fato de as adolescentes não gestantes frequentarem a escola pode explicar por que elas concordam com a opinião: "a vida será mais difícil para mim com a chegada do bebê". Estar estudando pode significar para essas adolescentes a valorização da escola como propulsora de mobilidade social. Dessa forma, a maternidade, ao menos nesse momento da vida, poderia ser vista como empecilho aos planos de escolarização e profissionalização. Alguns estudos demonstram resultados similares aos encontrados nesta pesquisa, mostrando que a gestação é vista como um empecilho ao desenvolvimento de outros projetos de vida (Heilborn et al., 2002; Heilborn & Cabral, 2006; Madeira, 1996; Peregrino, 2011).

Entre as 27 (54%) adolescentes gestantes que indicaram que não estavam estudando no momento da realização da pesquisa, diversas razões foram apontadas para esse fato. Os resultados para a questão de múltipla escolha que investigou esse tema se encontram na Tabela 2.

Percebe-se que a razão principal que motivou as adolescentes grávidas a evadirem da escola foi a gestação; no entanto, outras razões também foram descritas para a ocorrência desse fenômeno. M. C. C. Almeida, Aquino e Barros (2006) encontraram, em um estudo que realizaram com adolescentes grávidas, que a gravidez é responsável pela interrupção dos estudos em 40 % dos casos. Contudo, a relação entre gestação e escolaridade não é causal ou linear. Outros estudos indicam que a evasão escolar pode ocorrer antes mesmo da presença da gravidez (A. B. Dias & Aquino, 2006; Madeira, 1996; Stern & Garcia, 1999; Stern & Medina, 2000). De fato, alguns estudos revelam que a evasão escolar é um fator de risco que contribui para a ocorrência da gestação. Leite, Rodrigues e Fonseca (2004), ao investigarem fatores que tornam adolescentes mais vulneráveis à gestação, concluiram que o nivel de escolaridade influencia a maior vulnerabilidade ao fenômeno. Os autores verificaram que as adolescentes que possuiam menos de cinco anos de escolarização encontravam-se mais vulneráveis à não utilização de métodos contraceptivos e apresentavam maior probabilidade de gestar durante esse periodo.

Além disso, a escola nem sempre é percebida como garantia de emprego ou de melhores condições de vida. Nem todos os jovens possuem planos de prosseguimento dos estudos em nivel superior; assim, o término do ensino médio pode ser o objetivo último da escolarização de algumas jovens. Por outro lado, algumas jovens que não possuem condições financeiras para continuar os estudos necessitam ingressar cedo no mercado de trabalho, para obter seu sustento ou contribuir para o sustento da família (Fanfini, 2000; Leão, Dayrell, & Reis, 2011; Madeira, 1996; Sarti, 2005).

A necessidade de trabalho pelos adolescentes pode acontecer em muitas famílias de estratos socioeconômicos desfavorecidos, cabendo principalmente aos meninos o trabalho fora de casa. Já as meninas geralmente trabalham nos serviços domésticos e cuidados dos irmãos mais novos (Madeira, 1996; Sarti, 2005). Essas atividades que adolescentes podem estar realizando são tarefas de adultos (A. M. O. Almeida & Cunha, 2003). Em nosso estudo, cinco adolescentes precisaram parar de estudar pela necessidade de trabalhar. Uma revelou a necessidade de ter que sair da escola para ajudar a mãe nos serviços domésticos. Não se sabe quantas das adolescentes grávidas ajudavam no cuidado com os irmãos mais novos, pois essa informação não foi questionada, mas esse é outro aspecto que revela que atividades consideradas de adultos são realizadas por adolescentes dessas camadas da população.

De fato, a maternidade e o cuidado dos filhos são tarefas consideradas normativas da vida adulta (A. M. O. Almeida & Cunha, 2003). As adolescentes gestantes neste estudo concordam com essas concepções, associando esse fenômeno a maior independência e melhor status social. Observa-se que as gestantes tenderam a concordar com a frase: "com a maternidade me sinto mais independente de meus pais". Tornar-se mais independente em função da maternidade pode estar associado a uma representação presente em nossa cultura e historicamente construída de que a maternidade está fortemente vinculada à constituição da própria família, tarefa desenvolvimental presente e esperada na fase adulta.

Em cada fase da vida são esperadas tarefas específicas: na fase adulta, por exemplo, espera-se que o indivíduo se torne autônomo, ingresse no mercado de trabalho, mude seu status nas relações afetivo-sexuais (casamento ou união estável), forme uma nova família e tenha filhos (A. M. O. Almeida & Cunha, 2003; M. K. Oliveira, 2004; R. C. Oliveira, 2008). A gravidez na adolescência pode, apesar de ser frequentemente percebida como um evento não normativo do desenvolvimento, associar-se a essas mudanças presentes na vida adulta. Um estudo realizado por A. B. Dias e Aquino (2006) mostra que a gravidez na adolescência, de fato, pode motivar o estabelecimento de uma união conjugal, o ingresso no mundo de trabalho e o desenvolvimento de maior responsabilidade. Em nosso estudo, a maioria das gestantes (44) casou ou passou a morar junto com o companheiro/namorado após receber a notícia da gestação.

Cabe ressaltar que, em estratos socioeconômicos desfavorecidos, muitas vezes a união não acontece através da realização do casamento. Geralmente, quando a união ocorre, os adolescentes vão morar na casa dos pais ou dos sogros. Em nosso estudo, quando as adolescentes que se disseram "casadas" ou "morando com o companheiro" foram questionadas com quem moravam, elas ofereceram diferentes respostas: 26 (52%) com a mãe, 13 (26%) com o pai e 5 (10%) com a sogra. Assim, percebe-se que, apesar de possibilitar a constituição de uma nova família, a gestação não traz necessariamente a independência dos pais, uma vez que o casal continua dependente do apoio financeiro da família de origem. Por outro lado, pode-se pensar que morar junto com os pais e/ou sogros não quer dizer que os adolescentes não estejam buscando ou realizando o sustento da sua própria família, já que em contextos socioeconômicos desfavorecidos é comum continuar morando com a família após uma união, através da construção, por exemplo, de um "puxadinho" na casa dos pais (Madeira, 1996; Sarti, 2005).

Considera-se que a gestação e a maternidade adolescente talvez pudessem fazer parte do projeto de vida dessas jovens que estavam gestando no momento da pesquisa, não sendo o fenômeno percebido pelas mesmas como um problema social e/ou de saúde pública, como já indicado em alguns estudos sobre o tema (M. C. C. Almeida et al., 2006; Ferreira, 2006). A concepção de juventude como uma etapa de "aproveitar a vida", de moratória psicossocial, na qual o jovem pode estudar e experimentar atividades para então construir uma identidade adulta, não é vivida por todos os jovens em nossa sociedade. Na verdade, essa concepção social de adolescência, como fase de transição e moratória, foi histórica e socialmente construída (Heilborn & Cabral, 2006; Grossman, 2010). Assim, interpretações universais ou simplistas sobre o fenômeno da gestação na adolescência ou mesmo sobre a adolescência devem ser evitadas.

De fato, a opinião positiva de gestantes adolescentes sobre a maternidade nesse momento de vida pode demonstrar que a maternidade é vista pelas adolescentes como um projeto de vida desejável e viável (Marcelino, Catão, & Lima, 2009; Villela & Doreto, 2006). O tempo dedicado à experimentação ou mesmo ao prosseguimento do processo de escolarização parece estar mais reservado a adolescentes e jovens de camadas médias e altas (Peregrino, 2011). Aos adolescentes e jovens de estratos socioeconómicos desfavorecidos, muitas vezes não lhes é concedido esse "direito" de moratória social, de aprendizagem para a adultez, em função das necessidades socioeconómicas que se sobrepõem (Fanfini, 2000; Peregrino, 2011). Então, em condições de pobreza, os horizontes de projeto de vida das adolescentes se reduzem notavelmente. Somada a outras condições, como, por exemplo, um ambiente familiar conflitante e negligente, a gestação pode se tornar um projeto de vida desejável e viável (Stern & Medina, 2000).

A opinião de adolescentes gestantes de que "por ter um(a) filho(a) (elas) nunca mais ficarão sozinhas na vida" pode estar associada à constituição de família a partir da maternidade. Histórica e socialmente, a maternidade foi construída como inerente à condição feminina, estando também associada à noção de constituição da própria família e ingresso no mundo adulto (Ariès, 1981; Badinter, 1985; Mansur, 2003). Assim, pode-se pensar que as gestantes concordam com essa opinião pelo fato de que a gravidez pode promover a união com o companheiro e a constituição de um novo núcleo familiar.

Já em relação às afirmações "uma criança me dará todo o amor que preciso" e "ser mãe me proporciona maior aceitação da sociedade", não foram observadas diferenças estatísticas significativas entre os dois grupos. Sugere-se que essas opiniões não possuem diferenças nos grupos devido ao fato de que ainda hoje a maternidade é percebida como inerente à figura feminina, principalmente nos contextos em que restrições materiais dificultam outras possibilidades de escolhas de vida para as jovens (A. B. Dias & Aquino, 2006; Madeira, 1996; Sarti, 2005).

 

Considerações finais

Neste estudo verificou-se que as adolescentes gestantes possuem uma visão mais positiva da maternidade quando comparadas com adolescentes não grávidas de uma mesma comunidade de uma cidade do interior do Rio Grande do Sul. Considera-se que essa visão positiva pode estar associada a maior probabilidade de ocorrência da gestação nesse período. É importante ressaltar que todas as adolescentes grávidas da pesquisa eram primíparas e, portanto, nenhuma delas possuía filho. Dessa forma, não tinham experiência de gestação nem da maternidade. No entanto, não se sabe se elas possuíam experiência de maternagem com os irmãos mais novos, por exemplo. Por outro lado, se não tiveram experiência de cuidado com os irmãos, pode-se questionar se essas opiniões apenas positivas não seriam fruto do desconhecimento ou do compartilhamento de uma representação social sobre ser mãe. Pode-se questionar se as adolescentes, após o nascimento do bebê, continuariam com a mesma opinião. Para isso, seria importante comparar as opiniões de adolescentes no período gestacional, puerperal e após alguns meses de nascimento do bebê, a fim de verificar se o que elas pensam acerca da maternidade se modifica com o tempo. Essa é uma sugestão para a realização de novos estudos.

Um estudo de Konig et al. (2008), que comparou as representações sociais de adolescentes primíparas sobre "ser mãe" antes e após o nascimento dos bebês, revelou que as representações das jovens eram positivas antes do nascimento da criança. Após a maternidade, as adolescentes referiram que essa experiência provocou um impacto em suas vidas, desencadeando inúmeras modificações em seus projetos (como a procura de emprego e abandono dos estudos). Os autores constataram que houve uma modificação nas representações das jovens mães, que passaram a perceber a maternidade como uma atividade que requer muita responsabilidade, algo que não era considerado antes de se tornarem mães. Este estudo demonstrou que muitas adolescentes desconhecem os compromissos advindos de uma gestação. Por outro lado, há outras jovens gestantes que já experenciavam os papéis maternos no cuidado com os irmãos e afazeres domésticos, sabem das responsabilidades resultantes de uma gravidez (Madeira, 1996; Novellino, 2011; Sarti, 2005).

Em nosso estudo, apenas duas afirmações não apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos: "uma criança me dará todo o amor que preciso" e "ser mãe me proporciona maior aceitação da sociedade". Essas afirmações representam aspectos sociais, culturais e históricos associados à noção de maternidade que estão muito presentes em nossa sociedade. Destaca-se que o fato de as adolescentes não estarem gestando não significa que as mesmas não apresentem opiniões positivas em relação à maternidade. No entanto, a maternidade para as não gestantes parece não ser algo planejado e previsto em curto prazo, já que elas parecem estar mais voltadas, no momento, para a escolarização e a profissionalização.

Além disso, a gestação nesse período não resulta de apenas um fator, mas sim de um conjunto de variáveis que, em conjunto, tornam a adolescente mais vulnerável ou não à gestação (A. C. G. Dias & Teixeira, 2010; Patias & A. C. G. Dias, 2011). No entanto, futuros estudos poderiam aprofundar a relação entre escolaridade e gestação na adolescência; por exemplo, poderiam se comparar adolescentes que não estudam com adolescentes gestantes, ou então adolescentes gestantes e adolescentes não gestantes que frequentam a escola, em relação a suas opiniões sobre maternidade, escola e trabalho. Outra variável não explorada no presente estudo que mereceria maiores investigações, pois pode afetar tanto as representações sobre maternidade quanto a adoção de comportamento contraceptivo, é a religião.

Por outro lado, ressalta-se que as opiniões sobre maternidade sempre devem ser visualizadas a partir de fatores contextuais históricos, econômicos, sociais, familiares, educacionais. Compreende-se que a opinião sobre a maternidade, principalmente quando positiva, pode ser um dos fatores que tornou as jovens gestantes da pesquisa mais vulneráveis à ocorrência da gravidez durante a adolescência. Em contextos de menores oportunidades ou mesmo dificuldades no processo de escolarização e profissionalização, a vulnerabilidade à gestação parece ser maior, devido a maior dificuldade de acesso e consolidação de outros projetos de vida.

Dessa forma, a gravidez na adolescência não deve ser vista apenas como um fenômeno que traz consequências negativas à vida das adolescentes grávidas ou mães, já que, em alguns contextos e situações, ela parece ser desejada, faz parte do projeto de vida das adolescentes ou mesmo confere um novo sentido à vida das jovens (Albuquerque-Souza, Nóbrega, & Coutinho, 2012; Dadoorian, 2003; Pantoja, 2003). Por exemplo, o estudo realizado por Pantoja (2003) com adolescentes de camadas populares de Belém do Pará demonstrou que a gravidez e a maternidade representam reconhecimento social e o engajamento em projetos escolares e laborais, que visam garantir um futuro melhor aos filhos.

Por outro lado, é importante que a maternidade possa realmente ser uma opção para as adolescentes, e não a única alternativa para obtenção de um projeto de vida reconhecido socialmente, como demonstram alguns estudos (A. C. G. Dias et al., no prelo; Gontijo & Medeiros, 2010; Madeira, 1997). Por fim, compreende-se que é importante que as políticas públicas voltadas à saúde dos adolescentes considerem esses diferentes aspectos sociais, históricos, econômicos e culturais em sua construção. Para serem efetivas, as políticas públicas devem ter como foco de trabalho não só os adolescentes, mas adultos que convivem com eles no contexto familiar, escolar, de lazer etc.

 

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Endereços para correspondência:
Naiana Dapieve Patias
naipatias@hotmail.com

Ana Cristina Garcia Dias
anacristinagarciadias@gmail.com

Submetido em: 16/07/2012
Revisto em: 17/03/2013
Aceito em: 24/03/2013

 

 

i Este texto se refere à dissertação da autora, orientada pela coautora no Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) e realizada com bolsa de mestrado da CAPES e auxílio financeiro do CNPq através do Edital MCT/CNPq/MEC/CAPES nº 02/2010 ao projeto "Práticas educativas parentais vividas por adolescente grávidas e não-grávidas".