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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.65 no.1 Rio de Janeiro jun. 2013

 

ARTIGOS

 

O script de apego compartilhado no casali

 

The joint attachment script on the couple

 

El script del apego compartido en la pareja

 

 

Márcia Rejane SemensatoI; Cleonice Alves BosaII

IDoutoranda. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Brasil
IIDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Brasil

Endereços para correspondência

 

 


RESUMO

O desenvolvimento do apego vem sendo estudado desde Bowlby, especialmente em um enfoque individual. Apesar de ter suas raízes na infância, o apego tem importantes reflexos na vida adulta, sendo relacionado ao autoconceito, à autoestima e à capacidade de dar e receber apoio no adulto. Atualmente, estudos vêm enfocando a existência de um apego que é compartilhado pelos casais. Esses estudos, em geral, se utilizam tanto de conceitos da teoria do apego como da teoria sistêmica. O artigo aborda o conceito de script de apego compartilhado no casal, bem como as diferenças conceituais existentes na literatura sobre o apego de casais. A importância do estudo desse conceito refere-se à ideia de que o apego do casal pode funcionar como uma base segura para sua relação e para o sistema familiar, especialmente quando a família enfrenta situações adversas.

Palavras-chave: Apego; Apego adulto; Apego de casal; Casal.


ABSTRACT

The attachment development has been studied since Bowlby, especially in an individual focus. Despite of its roots on childhood, the attachment has important consequences on adult life. It is related to the self-concept, self-esteem and to the capacity of giving and receiving support on adult life. Nowadays, studies have been focusing on the existence of the joint attachment on couples. These studies usually use concepts of the attachment theory and the systemic theory. This article deals with this concept of joint attachment script, as well as with the conceptual differences which exists on the literature about the couples' attachment. The importance of studying this concept refers to the idea that the couples' attachment can work as a safe base for their relation and for the family system, especially when the family is facing adverse situations.

Keywords: Attachment; Adult attachment; Couples attachment; Couples.


RESUMEN

El desarrollo del apego se ha estudiado desde Bowlby, especialmente en un enfoque individual. A pesar de tener sus raíces en la infancia, el apego tiene repercusiones importantes en la edad adulta, y se relaciona con el auto concepto, la autoestima y la capacidad de dar y recibir apoyo en la vida adulta. Actualmente, los estudios se centran en la existencia de un apego que es compartido por las parejas. Estos estudios, en general, usan tanto de los conceptos de la teoría del apego como de la teoría sistémica. Este artículo explica el concepto de script de apego compartido de la pareja, así como las diferencias conceptuales que existen en la literatura sobre el apego de las parejas. La importancia del estudio de este concepto se refiere a la idea de que el apego de la pareja puede actuar como una base segura para su relación y el sistema familiar, especialmente cuando la familia se enfrenta a situaciones adversas.

Palabras-clave: Apego; Apego adulto; Apego de parejas; Parejas.


 

 

O script de apego compartilhado no casal

Este artigo enfoca a articulação entre a teoria do apego e a abordagem sistêmica. O construto do apego compartilhado de casal (Byng-Hall, 1895) partiu de conceitos da teoria do apego, mas sua concepção fez parte de uma abordagem sistêmica. Isso porque o enfoque do construto está nos aspectos compartilhados na conjugalidade e na coparentalidade relacionados ao apego e sua repercussão no sistema familiar -a formação de uma base segura familiar. A importância do apego compartilhado de casal reside na sua função de proteção frente a adversidades com que a família tenha que lidar, pois o apego compartilhado pelo casal é ativado em situações críticas, nas quais o desenvolvimento de outros recursos é necessário: a família passa a depender ainda mais de condições do casal, como, por exemplo, existência de apoio mútuo, solidariedade, etc. Para compreensão desse construto, inicialmente será realizada uma revisão dos principais conceitos de ambas as abordagens, e em seguida será visto como esses conceitos podem ser articulados no campo das relações parentais e conjugais, com base no conceito de script de apego compartilhado e nos estudos que têm derivado dessa abordagem. Finalmente se discutem as possíveis limitações dessa proposta articulatoria e as perspectivas para estudos nesse campo.

 

Fundamentos da teoria do apego

As relações de apego têm sido associadas aos primeiros cuidadores da infância, uma vez que o desenvolvimento das crianças se dá de melhor forma quando estão seguras de que terão auxílio em caso de dificuldades. Nos adultos, no entanto, essa necessidade, apesar de menos evidente, continua presente e tende a aparecer quando a pessoa está consternada, doente ou assustada (Bowlby, 1969/1997a, 1982/1997b). Nesse sentido, o propósito das pesquisas sobre apego é fornecer modelos e dados para a compreensão deste processo no qual a coerência emocional e a confiança no suporte dos outros auxiliam um indivíduo quando este se encontra em circunstâncias de vida adversas (K. E. Grossmann & K. Grossmann, 1991/2005; Ein-Dor, Doron, Solomon, Mikulincer, & Shaver, 2010). Na teoria de Bowlby (1982/1997b), a capacidade para confiar nos outros e em si mesmo é fruto de uma família que oferece sólido apoio à sua prole, ou seja, uma base segura familiar desenvolvida através das interações.

Um pressuposto fundamental da teoria do apego é a construção de um modelo conceituado por Bowlby (1973/1998) como "modelo funcional do eu", no qual, as experiências iniciais de apego, desde a primeira infância, transformam-se em representações internas do indivíduo a respeito do mundo, as quais generalizam-se na capacidade de ter expectativas e confiar (em si e nos demais) e na autonomia (Byng-Hall, 1995; K. E. Grossmann & K. Grossmann, 1991/2005; K. Grossmann, K. E. Grossmann, & Kindler, 2005; Main, 1991/2005; Sherry, Lydon, & Henson, 2007). Posteriormente, Bowlby acrescentou que até aproximadamente os três anos de idade, a ausência ou presença concreta da figura de apego é essencial para sua acessibilidade. Após essa idade, a necessidade pode ser gradualmente substituída pela previsão de sua disponibilidade ou acessibilidade, o que se consolida definitivamente na puberdade (Bowlby, 1973/1998). Esse modelo tende a ser reencenado nos relacionamentos subsequentes (Fisher & Crandell, 2001). A noção de modelos funcionais, no entanto, tem sido revisada por alguns pesquisadores da teoria do apego (Crowell & Treboux, 2001; H. S. Waters & E. Waters, 2006), os quais sugerem a substituição pelo termo "representações mentais", que permitem incluir expectativas, crenças e imagens mentais sobre diversos aspectos da vida. Conforme já mencionado, essas representações dos relacionamentos de apego da infância são também denominadas scripts (Bakermans-Kranenburg, 2006; Byng-Hall, 1985, 1995; H. S. Waters & E. Waters, 2006).

Bowlby (1982/1997b) propôs que as crianças, após atingirem certo nível de insight psicológico sobre os sentimentos e os motivos de suas figuras de apego, se tornam hábeis para desenvolver modelos operacionais compartilhados de relacionamentos de apego. A partir desse momento, há capacidade para um dar e receber mútuo e maior facilidade para negociação recíproca dos conflitos (Bretherton, 2005; Crowell & Treboux, 2001). A fase final da transformação do sistema de apego da infância seria a eleição de uma figura de apego adulta, como na escolha do(a) parceiro(a) para envolvimento afetivo (Weiss, 1991/2005).

 

Fundamentos da teoria sistêmica

O princípio básico da teoria sistêmica é a compreensão do sistema como um todo organizado ou complexo, cujos elementos são interligados. Essa definição de sistema é válida não só para a família, mas para o indivíduo e para os subsistemas familiares, tais como o subsistema pai-filho ou o subsistema de casal. No sistema familiar, os subsistemas, como o casal, são interdependentes e interagem com o sistema familiar em uma troca contínua, com padrões de influência recíproca (Aviezer, Sagi, & Ijzendoorn, 2002). A família passa por ciclos de vida nos quais busca manter um equilíbrio entre o que existe e o que é importante mudar, dependendo do ciclo ou transição por que passa e dos eventos particulares. Em termos de características, os sistemas tendem a manter a estabilidade e a homeostase, mas também podem ser abertos a mudanças frente à necessidade (Aviezer et al., 2002). Eles são autorregulados (Minuchin, 1985). A família está em constante movimento (Carter & McGoldrick, 2001), e as pessoas que a constituem são vinculadas por uma ligação emotiva e um sentimento de pertença ao grupo. O mesmo acontece em relação aos subsistemas como o conjugal, por exemplo.

Em termos do casal, estudos indicam a influência da conjugalidade na parentalidade. A qualidade da relação conjugal vem sendo estudada, por exemplo, através da avaliação da coesão conjugal, adaptabilidade conjugal, conflito conjugal, satisfação conjugal, responsividade e exigência, etc. (Mosmann & Wagner, 2008).

Em momentos de crise ou situações adversas, as condições existentes e potenciais na relação do casal são essenciais para que a família possa lidar com a situação sem consequências desastrosas e, muitas vezes, para sair da crise ou lidar com a adversidade ainda mais fortalecida.

 

Apego compartilhado do casal: a contribuição da teoria do apego e sistêmica

A noção de apego "compartilhado" significa uma zona de influência mútua entre os parceiros conjugais acerca de como as experiências de base segura de cada um, no passado, os levam a buscar e responder (ou não) ao outro, sobretudo em momentos adversos. Da abordagem sistêmica provém a noção de que as relações nos subsistemas não são apenas a soma dos apegos individuais dos parceiros em seu relacionamento. As aproximações entre a teoria do apego e a teoria dos sistemas familiares são ancoradas nos seguintes pontos que essas teorias têm em comum: em um nível conceitual mais amplo, ambas têm o pensamento sistêmico, uma preocupação sobre as relações íntimas que envolvem subsistemas, ambas consideram a família como foco primário para entender o desenvolvimento humano; buscam explicar a relação entre o familiar e o individual e assinalam a qualidade do relacionamento conjugal como um elemento chave para o funcionamento geral familiar (Byng-Hall, 1995; Minuchin, 1985; Rothbaum, Rosen, Ujiie, & Uchida, 2002). Além disso, elas enfatizam a importância do cuidado com membros da família, da comunicação no relacionamento, da resolução conjunta de problemas e da mutualidade nos relacionamentos (Dallos, 2001). A teoria do apego, no entanto, enfatiza as situações cujo foco se dirige à necessidade de proteção, cuidado, senso de segurança. Além disso, ela está muito relacionada à díade e a processos intrapsíquicos, como, por exemplo, o conceito de modelo funcional do eu. Já o foco da teoria sistêmica está mais dirigido à dinâmica familiar, envolvendo estruturas, papéis, padrões de comunicação, fronteiras, relações de poder, e tende a um interesse maior nos adultos do que a teoria do apego (Rothbaum et al., 2002). As diferenças podem ser vistas como enriquecedoras, especialmente quando na teoria do apego se podem levar em conta aspectos além das díades. De fato, o apego, apesar de ser uma propensão biológica, requer a experiência social adequada para que isso aconteça -a presença consistente e afetiva dos pais. Outro aspecto importante diz respeito às famílias que sofreram algo traumático, aspecto no qual a teoria do apego fornece um arcabouço de compreensão importante. Nas duas abordagens, por exemplo, sugere-se que uma perda, perigo ou abuso não são eventos que por si necessitem de uma resposta de ordem traumática, mas dependem muito de como o sistema de apego com as figuras iniciais foi elaborado (Crittenden & Dallos, 2009; Dallos & Draper, 2010).

Há dúvidas de como fazer essa articulação das duas teorias. A integração de ambas pode ser questionada por dificuldades conceituais, como, por exemplo, o uso do conceito de base segura familiar. De fato, há dúvidas sobre a adequação de compreendê-las de forma unificada - em um corpo teórico ou como teorias complementares (Liddle & Schwartz, 2002). O maior questionamento, pragmático, foi de que o foco na emoção pudesse desviar-se da ênfase sistêmica na interação familiar, bem como o temor de colocar o foco em um paciente identificado e levar a análise do problema para o passado, pois assim a terapia ficaria desconectada dos processos e eventos do presente que contribuem para o problema (Haley, 1987). Essas afirmações atualmente são refutadas, pois as emoções são compreendidas tanto como um fenômeno intrapsíquico quanto um elemento que organiza as interações íntimas no sistema familiar (Dallos & Draper, 2010) e, portanto, essa separação não é necessária. De fato, para esses mesmos autores, conceitos essenciais da teoria sistêmica, como a triangulação, são baseados essencialmente no aspecto emocional, aparecendo nas ideias de autores como Bowen e Minuchin.

Por outro lado, o próprio Bowlby apoiava o estudo das relações de casais e das relações familiares (Bowlby, 1969/1997a).

De fato, o papel das emoções na teoria sistêmica está muito relacionado ao apego, e a teoria do apego é capaz de oferecer uma compreensão da natureza da expressão da emoção (Dallos & Draper, 2010). Como exemplo, esses autores citam haver evidências da relação entre regulação emocional, como explicada na teoria do apego, e capacidade de resolução de problemas de casais, conforme enfocado na abordagem sistêmica. A capacidade de regulação emocional dos membros do casal vem sendo vista como fator essencial no bem-estar da relação e pode ser construída de forma mútua pelos parceiros (Dallos & Draper, 2010), o que é consistente com o conceito de apego compartilhado de casal proposto por Byng-Hall em 1985.

De acordo com Byng-Hall (1985), o uso da teoria dos sistemas pode ser uma ponte entre o entendimento do intrapsíquico, do interpessoal e do intergeracional. Para tal, ele utiliza o conceito de scripts de apego, como as representações mentais dos relacionamentos desenvolvidas desde a infância, as quais são essenciais na construção de uma base segura da família. O modelo conceitual dos scripts é importante para entender como a informação é armazenada e como as memórias influenciam a forma como uma situação é percebida e processada dentro do indivíduo (Byng-Hall, 1995; H. S. Waters & E. Waters, 2006) e na relação entre as pessoas (Byng-Hall, 1995). De acordo com a definição deste autor (1995, 2002), a base segura familiar é a que provê uma rede confiável de relacionamentos de apego, a qual habilita seus membros a se sentirem suficientemente seguros para explorar relacionamentos entre eles e com outras pessoas. Nesse sentido, ele compreende que a família, como um sistema, também possui um script de apego, o qual é compartilhado. Esse apego pode ser referente aos vários subsistemas (por ex., conjugal e filial) ou a todo o sistema familiar. O comportamento de apego nos adultos é diferenciado do infantil pela reciprocidade, podendo utilizar e se oferecer como base segura, dependendo da circunstância (Bowlby, 1969/1997a, 1982/1997b; Crowell & Treboux, 2001).

As pesquisas sobre a continuidade ou descontinuidade dos padrões de apego investigam o seu poder preditivo sobre o funcionamento psicológico subsequente e nas relações interpessoais futuras (Cassidy, 2000; Creasey & Jarvis, 2009; Crowell & Treboux, 2001; Orbach, 2007; Roisman, et al., 2007; Sherry, et al., 2007, Waters & Waters, 2006; Waters, Weinfeld & Hamilton, 2000a; Waters, Merrick, Treboux, Crowell & Albersheim, 2000). Os resultados têm indicado que os adultos também requerem interações repetitivas do tipo segura para um relacionamento amoroso ser utilizado como base segura nos momentos de necessidade (Crowell & Treboux, 2001; Sherry et al., 2007). Além disso, apesar da possibilidade de formação de novas representações de apego nos relacionamentos dos casais, provavelmente mantêm-se as bases em relações de apego do passado (Byng-Hall, 1985, 1995, 1991/2005; Cassidy, 2000; Crowell e Treboux, 2001; Fisher & Crandell, 2001; Orbach, 2007; Selcuk, Zayas, & Hazan, 2010).

Atualmente, as representações mentais são consideradas de central importância na teoria do apego (Fisher & Crandell, 2001; Srouf, Egelend, Carlson, & Collins, 2005; H. S. Waters & E. Waters, 2006), pois as experiências de apego que são representadas mentalmente estabelecem as condições para procurar, interpretar e reagir a experiências posteriores. Além do conceito de script de apego individual, Byng-Hall (1995, 2002) se refere ao script que é compartilhado nos relacionamentos. Esse conceito diz respeito ao conjunto de estruturas que contém as expectativas e estratégias compartilhadas de resolução de problemas construídas pela família, através de suas experiências e formas de relacionamento. Os scripts são manifestos em padrões de interação evocados em contextos particulares que ativam o comportamento de apego (Byng-Hall, 1991/2005), tais como situações de vida estressantes, doenças ou perigo potencial (Bowlby, 1973/1998, 1982/1997b; Weiss, 1991/2005). Os scripts compartilhados de casal são sub scripts do familiar (Byng-Hall, 1995, 2002). Nesse sentido, o aspecto compartilhado seria a representação mental dos elementos básicos do relacionamento interacional.

Se examinarmos o sistema familiar, o modelo funcional compartilhado de base segura é o de membros da família apoiando-se uns aos outros. Uma base segura familiar, no entanto, não impedirá que seus membros possam sentir-se inseguros durante uma grande crise, pois há situações de conflito em que os cônjuges veem um ao outro como ameaça, e não como fonte de apoio (Byng-Hall, 1991/2005, 2002). Esse autor (1995) usa o conceito de base segura familiar para prover um modelo sistêmico de entendimento do padrão de apego familiar, no qual as influências mútuas entre os diferentes apegos podem ser pensadas. A formação do script de apego compartilhado (Byng-Hall, 1995, 2002, 1991/2005), portanto, pode estabelecer uma dinâmica diferenciada nessa nova família.

As representações de apego ou scripts de apego compartilhado em casais (Byng-Hall, 1995, 1991/2005) também têm sido denominadas script de casais (Walker & Dickson, 2004) e apego complexo1 (Fisher & Crandell, 2001), representando uma dimensão específica do apego desenvolvido na vida conjugal. Esses conceitos têm em comum a referência aos aspectos advindos do que é compartilhado no relacionamento daquele casal e também à história de apego individual de cada um, ou seja, seu script de apego individual.

Noção semelhante é desenvolvida por Orbach (2007), ao estudar (ou considerar) os aspectos compartilhados e os espaços individuais existentes entre os membros do casal: a capacidade de compartilhar, sua habilidade individual e conjunta de desejar, a disposição da necessidade de dependência entre os membros do casal, a intensidade ou ausência da procura pelo reconhecimento do outro e as características do apego que o casal cria conjuntamente. De acordo com a autora, o apego criado pelo casal pode permitir que o relacionamento funcione como uma base segura, e não somente o(a) parceiro(a). Dessa forma, o relacionamento pode, por exemplo, prover segurança suficiente para mitigar alguns efeitos de um apego individual inseguro.

Os estudos de apego de casais têm usado entrevistas que permitem acessar a dupla em seus aspectos compartilhados. Para tal, Fisher e Crandell (2001), por exemplo, utilizaram o Couple Attachment Joint Interview (CAJI), entrevista clínica semiestruturada derivada do Adult Attachment Interview (AAl), dirigida ao casal como uma entidade. A atenção do codificador, portanto, é dirigida à representação conjunta do relacionamento e à observação do comportamento do casal. Esses autores consideraram que os principais indicadores de apego seguro de um casal são a habilidade de trocar a posição de dependência e a empatia com os sentimentos do(a) parceiro(a). Há uma tendência nesses casais para a expressão aberta da necessidade de conforto e de contato e maior facilidade de receber o contato. No apego inseguro do casal, os principais indicadores são a falta de flexibilidade, de mutualidade e de bidirecionalidade reversível. Esses casais tendem a apresentar assimetria e rigidez no relacionamento, com pouco movimento dos parceiros de uma posição à outra, e dão pouca atenção à natureza da experiência do outro (Fisher & Crandell, 2001).

Os scripts do casal são vistos como influências importantes em o todo ciclo vital, tanto como base para a repetição quanto para a mudança. Para Byng-Hall (1995), as crianças inevitavelmente utilizarão algumas de suas experiências familiares na próxima geração, como scripts replicativos. Em outras experiências, talvez desconfortáveis, através de scripts corretivos, tenderão a fazer o oposto quando tiverem sua família. Há também os estilos parentais improvisados ou influenciados pela observação que a pessoa faz de outras famílias, chamados de scripts improvisados. Estes, se repetidos com o tempo, se tornarão scripts familiares. Os scripts improvisados, diferentemente dos demais, são escritos em resposta à situação atual, motivados por uma necessidade familiar, ou dirigidos por curiosidade ou desejo de explorar. Nesse sentido, correspondem à fase de "perigo potencial" na organização do apego individual, em que algo tem que ser feito quando soluções antigas não estão funcionando, ou à fase exploratória, quando há curiosidade e improvisação, e é seguro tentar algo novo, mesmo que seja incerto a que isso irá levar. De fato, há sempre uma tensão entre esses três scripts na vida de um casal.

O script particular do casal pode ser identificado pelas expectativas deste sobre como as coisas devem ocorrer (por exemplo: trágico, otimista, de apoio, de sucesso etc.) ou através da principal estratégia empregada (por exemplo: evitativa, autoritária etc.). Dois scripts particularmente importantes para o casal são o de solução de problemas e o de solução de conflitos. Eles podem ser frequentemente identificados pela principal estratégia utilizada, como, por exemplo, a triangulação, quando problemas entre díades são resolvidos incluindo um outro, a evitação de conflito, a coerção ou opressão, culpas, cooperação e colaboração, negociação etc.

Os scripts replicativos e corretivos podem ser mais bem entendidos através de uma investigação dos padrões relacionais familiares com as gerações anteriores. De acordo com Byng-Hall (1995), a dificuldade no comportamento de cuidar por parte dos pais também é fortemente associada com relatos de distúrbios nos seus próprios relacionamentos de apego infantis, em função de situações como divórcio, mortes ou separações longas dos pais. No entanto, é provável que o mais determinante para prover uma base segura aos filhos não sejam somente episódios da infância, mas sim a representação mental das relações de apego, ou seja, o que eles fizeram daquela experiência (Crowell & Treboux, 2001; Fisher & Crandell, 2001; H. S. Waters & E. Waters, 2006). Nesse sentido, um relacionamento de apoio com o cônjuge é um facilitador, pois, de acordo com Byng-Hall (1995), um script corretivo é mais fácil de operar com suporte e admiração de outros principalmente quando um casal se forma ou então durante a gravidez do primeiro filho.

A transmissão da história do apego nas gerações não pode ser considerada um padrão rígido, pois pode haver quebras na transmissão desses padrões de uma geração a outra, o que traz modificações (P. Cowan & C. P. Cowan, 2001). A hipótese desses autores é que relacionamentos familiares não satisfatórios tendem a ser reencenados na atual família quando o relacionamento conjugal está baseado em conflitos não resolvidos. Por outro lado, o relacionamento satisfatório atual pode proteger um casal de repetir formas antigas e não produtivas de relacionamento, ou seja, de somente reencenar scripts replicativos não satisfatórios para esse casal. Crowell e Treboux (2001), no entanto, ressaltam que, enquanto as representações de apego baseadas na infância são relacionadas ao comportamento de base segura em um relacionamento, é a representação do apego no atual relacionamento que está mais associada à separação ou divórcio. De fato, a importância desses aspectos está no fato de que as pessoas são menos vulneráveis a eventos perturbadores e se recuperam deles mais rapidamente quando são sustentadas por relações contínuas de apoio (Kane et al., 2007; Marris, 1991/2005; Selcuk et al., 2010).

P. Cowan e C. P. Cowan (2001) realizaram um projeto longitudinal de intervenção preventiva com casais cujos filhos estavam iniciando a escolarização formal. Os casais foram distribuídos aleatoriamente em grupos com e sem intervenção. Dessa forma, os pesquisadores buscavam examinar se o auxílio voltado aos conflitos entre o casal, à relação pais/filhos e a problemas trigeracionais levavam homens e mulheres a formas mais satisfatórias e efetivas de relacionamento como parceiros conjugais e como pais. A abordagem utilizada pelos autores foi a teoria do apego, e o modelo conceitual de desenvolvimento subjacente foi derivado da teoria dos sistemas familiares. Os resultados desse estudo mostraram uma relação positiva entre apego aos pais e apego aos parceiros. As hipóteses foram corroboradas, pois o auxílio ao casal trouxe aumento da satisfação conjugal e, subsequentemente, contribuiu para a adaptação dos filhos nesse momento de transição.

Estudos vêm enfatizando que os principais preditores da satisfação na relação conjugal são a intimidade comunicativa ou aliança e aspectos da sexualidade (Féres-Carneiro, 1998; Wachelke, Andrade, Cruz, Faggiani, & Natividade, 2004). A intimidade comunicativa ou aliança relaciona-se à confiança e ao sentimento de ser entendido. Isso explica por que um relacionamento mais seguro entre os parceiros pode reduzir o impacto dos eventos estressantes (Pietromonaco, Barret, & Powes, 2006). Em um estudo sobre estilos de apego e apoio dispensado ao parceiro, Pietromonaco e Barret (2006) sugerem que o desenvolvimento da intimidade e confiança nos relacionamentos pode estar ligado a quão bem cada parceiro pode responder, permitindo ao outro alcançar um senso de segurança. De acordo com Mikulincer, Florian, P. Cowan e C. P. Cowan (2002), diversos estudos com casais têm trazido evidências que apoiam a relação entre a segurança do apego e a satisfação no relacionamento conjugal, como, por exemplo, mais intimidade entre o casal, menos ambivalência no sentimento entre eles e um clima mais positivo no casamento. Esses estudos, no entanto, não vêm enfocando especificamente a existência de um script compartilhado, como base segura própria do relacionamento do casal.

Outros achados frequentes nas pesquisas revisadas por Mikulincer et al. (2002) foram uma associação positiva entre relatos de apego seguro e satisfação em um relacionamento específico (ex., P. Cowan & C. P. Cowan, 2001) e com o envolvimento e a interdependência em um relacionamento (ex., Mikulincer & Erev, 1991). O apego seguro de um parceiro foi significativamente associado com o relato do outro membro do casal em termos de satisfação e qualidade da relação (intimidade e compromisso). No entanto, esses achados foram mais consistentes para as mulheres. O padrão de apego seguro presente em ambos foi considerado uma contribuição significativa para sua satisfação conjunta na relação, enquanto na existência de um dos parceiros com altos escores de apego ansioso ou evitativo ambos tendiam a relatar insatisfação na relação conjugal (ex., Collins & Read, 1990; Mikulincer & Erev, 1991; Shaver & Brennan, 1992). Esses estudos mostram, portanto, as tendências existentes no relacionamento de um casal advindas da combinação de seus scripts de apego individual.

Através do uso de um modelo sistêmico, Mikulincer et al. (2002) explicam os três principais caminhos que ligam a associação entre o senso de segurança do apego ao de satisfação na relação de um casal: 1) os objetivos interacionais do companheirismo, os quais facilitam a intimidade e a proximidade e encorajam o envolvimento em relacionamentos conjugais longos e duradouros; 2) o modelo positivo do self e dos outros, que caracteriza o senso do apego seguro, melhora o desempenho no conflito e consequentemente na relação conjugal; 3) a satisfação das necessidades básicas do outro.

Para Orbach (2007), a qualidade da relação entre os cônjuges está relacionada a esquemas de apego ativos no casal, ou seja, aquele de cada indivíduo e aquele da entidade -o relacionamento de casal que eles criaram. De acordo com a autora, a qualidade nessa relação tende a ser melhor quando o casal tem uma intimidade sustentável, ou seja, tem o reconhecimento do espaço necessário entre eles. Esse aspecto necessita ser contextualizado para cada casal em particular, considerando suas possibilidades em criar e manter relações de individualidade e proximidade.

A capacidade de distinção em relação a um parceiro ou à família é denominada por Bowen como diferenciação (Bowen, 1991; Kerr & Bowen, 1988). Para ele, um dos motivos de satisfação em um relacionamento refere-se ao equilíbrio existente no casal entre o que é individual e o que é compartilhado pelo casal, ou seja, sua diferenciação. Na teoria de Bowlby (1982/1997b), também se encontra o entendimento de que uma personalidade bem adaptada apresenta um equilíbrio entre iniciativa e autoconfiança e, por outro lado, a capacidade para buscar ajuda e fazer uso da ajuda quando a ocasião requer. Para Bowen, a individualidade referese à necessidade de independência, enquanto a proximidade relaciona-se à busca do parceiro (Kerr & Bowen, 1988). Isso não significa ausência de conflitos, pois, como ressalta Vincent (2001), na vida de um casal a existência de conflitos é esperada, especialmente enquanto os parceiros estão buscando balancear os interesses individuais com os compartilhados. O modelo do apego, na opinião de P. Cowan e C. P. Cowan (2001), tem um importante papel nas relações adultas com os parceiros, especialmente quando o relacionamento está precário ou ameaçado ou se enfrentam situações difíceis.

A investigação do apego de casal pode ser importante no estudo da conjugalidade, bem como da parentalidade, da coparentalidade e da família. Isso porque um casal que possui uma base segura pode exercer seu papel de proteção para o sistema familiar, especialmente quando a família se depara com situações difíceis, como, por exemplo, quando há um potencial estressor no sistema familiar, como no caso de ter um filho com transtorno do desenvolvimento. Além disso, há evidências de que o apego de casal, além de proteger em situações estressantes, é um preditor positivo em terapia de casais (Conradi, De Jonge, Neeleman, Simons, & Sytema, 2011).

No estudo do apego do casal, no entanto, há divergências conceituais, tais como se o apego do casal seria um terceiro tipo de apego, diferenciado do apego individual dos parceiros, ou se é parte desse apego. Diversos autores apontados entendem que o apego formado nos casais não se resume somente em uma combinação dos apegos individuais, mostrando-se, de fato, um apego diferenciado e criado pelo casal (Byng-Hall, 1995; Orbach, 2007). Ele é influenciado pelos apegos individuais dos parceiros e pela história deles como casal e, portanto, refere-se a aspectos intrapsíquicos e interpessoais dos membros do casal. A integração entre a teoria do apego e a teoria sistêmica, mantendo suas devidas distinções, permite o estudo aprofundado da influência recíproca das díades tanto no sistema conjugal quanto no sistema familiar.

A perspectiva do script de apego compartilhado enfatiza o apego como o resultado de relacionamentos recíprocos do casal e construído a partir do estilo de apego de ambos, das necessidades deles, bem como de fatores culturais, situações de vida etc. A dinâmica interacional pode agravar ou facilitar os padrões de apego de casais. A grande importância do apego entre os membros do casal reside no fato de ser um molde para suas crenças e expectativas de como se relacionar e, consequentemente, para o tipo de resolução de problemas que emergem (Crittenden & Dallos, 2009), bem como no cuidado com os filhos e mais especificamente na coparentalidade, pois atualmente há estudos enfocando a conexão entre a coparentalidade e o apego compartilhado pelo casal (Roberson, Sabo, & Wickel, 2011).

 

Conclusão

A teoria do apego oferece uma compreensão de aspectos emocionais/vinculares, sobretudo em situações de vulnerabilidade, e encontra sua perspectiva interacional na abordagem sistêmica. Assim, o conceito de script de apego compartilhado de casal amplia teoricamente a compreensão da dinâmica de casais. Tecnicamente, em um foco para intervenção ampliado, indica a importância de uma conexão emocional segura nos membros do casal, especialmente ao lidarem com situações perturbadoras, muitas vezes crônicas. A dependência segura à(ao) parceira(o), por exemplo, é parte essencial da natureza humana, especialmente nos momentos de crise e vulnerabilidade, e envolve tanto a forma como o casal lida com o poder quanto o foco na criação de um vínculo de proximidade que fortaleça o casal, com repercussões no sistema familiar. Durante décadas, no entanto, a teoria do apego foi mais claramente articulada à infância do que à vida adulta, e muito menos à ideia de um apego compartilhado por um casal ou por uma família (Rothbaum et al., 2002). Quanto ao apego compartilhado, ele vem sendo pesquisado por autores com enfoques psicodinâmicos, como Byng-Hall (1995, 2002), e sua grande força reside na ideia de uma nova construção que amplie a ideia de soma de dois apegos individuais.

Quanto à articulação das duas teorias, resultados dos estudos apresentados confirmam a contribuição da teoria do apego para a compreensão das dificuldades e potencialidades do subsistema do casal e do sistema familiar, como, por exemplo, para compreensão da relação nas díades entre pais e filhos e da intimidade na relação de casais, na influência dessas díades na relação familiar. Por outro lado, a teoria sistêmica contribui para entendimento do apego (Carter & McGoldrick, 2001; Minuchin, 1985), indicando como a interação familiar facilita os comportamentos de apego na necessidade e como as regras e estruturas organizacionais familiares influenciam aspectos do apego. Dessa forma, a teoria sistêmica poderia ser vista como um grande sistema de ideias que facilita pensar os relacionamentos de apego na família. De fato, a teoria sistêmica não descarta os aspectos vinculares que dizem respeito aos cuidadores, as emoções decorrentes disso ao longo da vida, sendo o questionamento, várias vezes, conforme mencionado, voltado ao uso técnico da emoção na prática psicoterápica. Além disso, esse uso também é diferente em diferentes escolas na abordagem sistêmica: além dos modelos life-span, o modelo circumplexo e a terapia das narrativas de apego vêm se favorecendo prioritariamente do uso das duas abordagens como recurso teórico e técnico na compreensão dos aspectos compartilhados na relação de casais e das famílias (Dallos, 2001; Kozlowska & Hanney, 2002).

Também se mostra importante estabelecer contextos particulares em que essa articulação se torna mais relevante, pois o apego e os aspectos que ele envolve, em se tratando do casal ou do sistema familiar, estão ligados a situações de adversidade. Essas situações podem acontecer diversas vezes e em diversas famílias, mas são contextos diferentes de uma família enfrentando suas dificuldades inerentes ao funcionamento do sistema. São contextos específicos, especialmente aqueles em que os pais recebem um diagnóstico do filho que vai acompanhar a família ao longo de seu ciclo vital, a exemplo dos transtornos do desenvolvimento, doenças crônicas, deficiências, pois essa situação, além de fragilizar a família, requer uma grande mudança. Nesses contextos específicos, a possibilidade dessa articulação representa um avanço na capacidade de compreensão teórica nas abordagens e na prática psicoterápica.

 

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Endereços para correspondência:
Márcia Rejane Semensato
msemensato@gmail.com

Cleonice Alves Bosa
cleobosa@uol.com.br

Submetido em: 20/11/2012
Revisto em: 11/03/2013
Aceito em: 14/03/2013

 

 

i Texto referido à pesquisa apoiada pelo CNPq.
1 Tradução de complex attachment.