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Arquivos Brasileiros de Psicologia

On-line version ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.67 no.3 Rio de Janeiro  2015

 

ARTIGOS

 

Implicações de estratégias molares/moleculares na Análise Comportamental da Cultura*

 

Implications of molar/molecular strategies for Behavioral Analysis of Culture

 

Implicaciones de estrategias molares/moleculares en Análisis del Comportamiento de la Cultura

 

 

Felipe Bulzico da SilvaI; Kester CarraraII

IMestrando. Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bauru. Estado de São Paulo. Brasil
IIDocente. Programa de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento e Aprendizagem. Universidade Estadual Paulista (UNESP). Bauru. Estado de São Paulo. Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Desde as contribuições seminais de Glenn, a compreensão de fenômenos socioculturais na perspectiva da Análise do Comportamento tem sido fortemente influenciada pela premissa da necessidade de um novo nível de análise. Esta premissa tem favorecido análises molares dos fenômenos socioculturais, cuja ênfase recai sobre o grupo ou as unidades sociais e culturas identificadas como objeto de seleção. No entanto, por meio de análises que incidirão principalmente sobre os conceitos e exemplos propostos por Glenn, argumentamos que, em contrapartida, tais análises molares podem obscurecer variáveis relevantes do ponto de vista molecular. Além disso, avaliamos as implicações em termos de estratégias de investigação dos fenômenos socioculturais que a adoção quase exclusiva de análises molares tem tido para a construção de uma teoria comportamentalista da cultura.

Palavras-chave: Análise comportamental da cultura; Análises molares; Análises moleculares; Behaviorismo radical; Etnografia.


ABSTRACT

Since the seminal contributions of Glenn, analysis of sociocultural phenomena in Behavior Analysis has been strongly influenced by assumption of need of a new analysis level. This assumption has favored a molar perspective towards sociocultural phenomena, whose emphasis is on group or social/cultural units identified as object of selection. However, through analyzes that focus on concepts and examples proposed by Glenn, we argue that, on the other hand, those analyzes obscure some relevant variables from the standpoint of a molecular perspective. Furthermore, this article discussed implications that adoption almost exclusive of molar perspectives have had to construction of a behavioral theory of culture.

Keywords: Behavioral analysis of culture; Molar analysis; Molecular analysis; Radical behaviorism; Ethnography.


RESUMEN

Desde las contribuciones de Glenn, la comprensión de los fenómenos socio-culturales en Análisis del Comportamiento ha sido fuertemente influenciada por la premisa de la necesidad de un nuevo nível de análisis. Esta premisa ha favorecido el análisis molar de los fenómenos socio-culturales, cuyo énfasis está en el grupo o unidades sociales y culturales identificadas como un objeto de selección. Sin embargo, a través del análisis que se centrará principalmente en los conceptos y ejemplos propuestos por Glenn, argumentamos que, em cambio, estos análisis molares pueden oscurecer variables importantes del punto de vista molecular. Además, evaluamos las implicaciones en términos de estrategias de investigación de los fenómenos socioculturares que la adopción casi exclusiva de perspectivas molares ha tenido para la construcción de una teoría comportamental de la cultura.

Palabras clave: Análisis comportamental de la cultura; Análisis molares; Análisis moleculares; Conductismo radical; Etnografía.


 

 

Skinner (2006, 2011) estabeleceu como objeto de sua ciência o comportamento em suas relações com o ambiente. Partindo da premissa de que o comportamento é suscetível a leis naturais e que apresenta certas regularidades que permitem sua previsão e controle, tarefas essenciais a qualquer ciência, os estudos da Análise Experimental do Comportamento procuraram descrever e sistematizar as leis que regem esse fenômeno.

Contudo, Skinner não tomou a tarefa de desvelar os princípios comportamentais como um fim em si mesmo. Pelo contrário, a maior parte de sua obra (Skinner, 1973, 1984, 1986, 2006, 2011) foi dedicada à extrapolação de tais princípios à interpretação de fenômenos sociais e culturais.

Em seu artigo Selection by consequences, Skinner (1981) sistematizou o que ficou conhecido como modelo de seleção do comportamento por suas consequências. Para além dos níveis de variação e seleção filogenético e ontogenético, esse modelo também pressupunha a existência de um terceiro nível: o cultural. Assim, partia-se da premissa de que a metáfora da seleção (Delgado, 2012) poderia contribuir para a análise e compreensão de fenômenos no nível cultural.

A partir dessa pressuposição, Glenn (1988) apresentou contribuições significativas à Análise Comportamental da Cultura ao propor uma síntese entre os princípios da Análise do Comportamento e alguns conceitos provenientes da estratégia de investigação do Materialismo Cultural de Marvin Harris. Por sua vez, essa síntese levou à formulação de alguns conceitos os quais têm se tornado alvo de debate teórico. Dentre eles se encontram os conceitos de metacontingência, contingências comportamentais entrelaçadas, produto agregado e, em trabalhos posteriores (Glenn, 2004; Glenn & Mallot, 2004; Malott & Glenn, 2006), os de sistema receptor e macrocontingência.

Com exceção do conceito de macrocontingência, todos os outros se referem a relações contingenciais que envolvem algum tipo de seleção cultural (Glenn, 1988, 2004; Glenn & Malott, 2004; Mallot & Glenn, 2006; Martone & Todorov, 2007). No entanto, a pertinência do uso da metáfora selecionista à compreensão dos fenômenos culturais tem sido debatida. Delgado (2012), por exemplo, ressalta que muitos esforços têm sido empregados na identificação (1) de unidades de análise apropriadas, (2) de unidades que seriam objeto de variação e seleção, (3) das consequências culturais selecionadoras e (4) da própria entidade que evolui como resultado do processo de variação e seleção. Entretanto, a literatura não revela consenso e permanece uma demanda por esclarecimentos conceituais adicionais.

De maneira geral, contudo, análises de fenômenos sociais e culturais pautadas no modelo da metacontingência se baseiam em três pressupostos: (1) de unidades comportamentais emergiriam unidades sociais e/ou culturais irredutíveis às primeiras (cf. Glenn, 2010; Houmanfar, Rodrigues, & Ward, 2010); (2) essas unidades sociais e/ou culturais requereriam unidades de análise próprias; (3) tais unidades sociais e/ou culturais seriam explicáveis em termos da metáfora da seleção aplicada ao nível social/cultural e não ao nível individual.

Esses pressupostos favorecem a adoção do que designaremos como análises molares aos fenômenos sociais e culturais. Como ressalta Delgado (2012), uma característica proeminente dessas análises consiste em elas não requererem "identificar as variáveis controladoras que explicam a ocorrência de cada comportamento em particular, apenas a consequência que mantém todo o conjunto de comportamentos coordenados"1 (p. 20, tradução nossa). Para além dessa característica, no entanto, explicitaremos e discutiremos outras por meio de exemplos utilizados na literatura.

Embora Delgado (2012) ressalte que as análises dos fenômenos sociais e culturais podem adotar perspectivas molares ou moleculares, frisaremos como objetivo deste artigo que um enfoque exclusivamente molar dos fenômenos sociais e culturais pode levar a interpretações problemáticas dos mesmos. Para isso, o caminho percorrido neste artigo será: (1) uma breve exposição do que entendemos por cultura, (2) caracterizar o que designamos como análise molecular dos fenômenos socioculturais, (3) rever o conceito de metacontingência e seus termos associados, explicitando alguns exemplos da literatura, a fim de caracterizar análises molares e (4) explicitar e analisar as possíveis implicações do enfoque prioritariamente molar ao estudo dos fenômenos socioculturais baseado no modelo selecionista sobre a construção de uma teoria comportamentalista da cultura.

Antes, contudo, vale fazer duas ressalvas: (1) no presente artigo, os termos "molar" e "molecular" estão sendo usados para se referir à questão da abrangência da análise. Todavia, com "molecular" não se sugere um reducionismo segundo o qual fenômenos sociais e culturais seriam explicáveis em termos dos processos físicos e fisiológicos subjacentes, (2) as interpretações de fenômenos socioculturais encontradas na literatura da área podem revelar características de ambas as perspectivas de análise. Dessa forma, parece haver mais um continuum do que propriamente polos dicotomizados de análise. Ponderaremos, contudo, que um enfoque exclusivamente molar pode levar a interpretações equivocadas.

 

As culturas

Muitas teorias antropológicas foram propostas para tentar explicar a grande diversidade de costumes observada entre os grupos humanos (Harris, 1996; Laraia, 2005). De modo geral, contudo, pode-se afirmar que culturas dizem respeito a comportamento aprendido e a relações sociais - embora esta afirmação já nos afaste das teorias que atribuem certas capacidades inatas a grupos humanos. Portanto, isso significa que, diferente do caráter hereditário da transmissão genética, a transmissão cultural ocorre por meio da aprendizagem individual em um ambiente social.

As relações comportamento-ambiente que explicam a aprendizagem de organismos individuais são descritas pelo princípio da seleção operante (Skinner, 2011). De modo geral, tal princípio sugere que comportamentos são selecionados e mantidos pelas suas consequências. Sob uma dada situação, o comportar-se do organismo produz certas consequências. Se essas consequências forem reforçadoras, provavelmente observaremos o organismo em questão se comportando de maneira similar em situações futuras semelhantes. Assim, podemos observar recorrência, ao longo do tempo, das relações entre eventos antecedentes, respostas e eventos consequentes.

Essas relações recorrentes foram chamadas por Skinner (2011) de contingências de reforço - embora talvez fosse mais acurado dizer que se trata de contingências de seleção individuais. No entanto, não se pretende sugerir aqui que o princípio de seleção operante requeira apenas respostas "simples" ou que tais respostas produzam apenas uma consequência. Especialmente, em se tratando de comportamento social humano, a questão se torna bem mais complexa. No caso das culturas humanas, cada novo indivíduo aprende a se comportar em conformidade com as práticas e costumes do grupo no qual vive por meio de contingências de seleção arranjadas pelos membros do próprio grupo. Disso não decorre, contudo, que as culturas sejam estáticas ou imutáveis. O ambiente de cada nova geração é um tanto quanto diferente do ambiente das gerações precedentes. Vemos isso até mesmo nas práticas mais cotidianas. Por exemplo, há um tempo, tirar o chapéu ao encontrar um conhecido na rua era uma forma de as pessoas se cumprimentarem. Hoje, pessoas conhecidas também se cumprimentam dando as mãos ou um beijo no rosto. Não só mudamos a forma pela qual nos cumprimentamos, mas hoje também só estamos inclinados a, apenas simbolicamente, tirar o chapéu para as pessoas as quais admiramos - como o uso do ditado popular "tirar o chapéu" sugere. Por que a prática de tirar o chapéu como forma de cumprimento mudou? Antes disso, por que as pessoas se cumprimentavam tirando o chapéu? Por que hoje as pessoas se cumprimentam dando as mãos ou um beijo no rosto?

Skinner (1973) procurou explicar essa natureza dinâmica das culturas sugerindo que práticas cujas consequências sinalizassem um aumento na probabilidade de sobrevivência das culturas que as praticam tenderiam a ser selecionadas e mantidas, enquanto que aquelas cujas consequências sinalizassem sua deterioração ou colapso tenderiam a ser extintas. No entanto, assim como no exemplo anterior, é difícil aferir algum valor de sobrevivência a muitas práticas culturais (Melo & de Rose, 2012). Além disso, temos que nos questionar a respeito da pertinência teórica e prática de se buscar identificar valor de sobrevivência diante de toda e qualquer prática cultural de um grupo.

 

Análises moleculares dos fenômenos sociais e culturais

A premissa básica sobre a qual se sustentam análises de fenômenos sociais e culturais a partir de princípios e conceitos formulados com base em estudos da Análise Experimental do Comportamento de organismos individuais é a de que o "comportamento do indivíduo explica o fenômeno do grupo" (Skinner, 2011, p. 326). Por mais que possamos fazer afirmações concernentes a fenômenos grupais sem nos referirmos ao comportamento dos indivíduos, tais fenômenos são, em última instância, comportamentais e, portanto, redutíveis aos últimos.

Assim sendo, como ressalta Delgado (2012), uma das ênfases mais proeminentes de análises moleculares dos fenômenos sociais e culturais consiste em se investigar as contingências que são responsáveis pela seleção e manutenção do comportamento de cada indivíduo que participa dos fenômenos em questão. Dessa forma, as premissas segundo as quais (1) fenômenos sociais e culturais seriam irredutíveis a fenômenos comportamentais, (2) fenômenos sociais e culturais requereriam novas unidades de análise e (3) fenômenos sociais e culturais seriam passíveis de variação e seleção cultural não são uma decorrência lógica desse tipo de análise. Pelo contrário, à medida que fenômenos sociais e culturais são redutíveis a fenômenos comportamentais, a explicação completa dos fenômenos do grupo seria possível com a explicação completa das contingências de seleção responsáveis pelo comportamento dos participantes dos fenômenos em questão.

Uma vantagem importante dessa ênfase sobre as contingências de seleção responsáveis pelo comportamento de cada participante de um dado fenômeno social e/ou cultural consiste em descrever detalhadamente as variáveis que possivelmente explicam o comportamento em questão. Em um dado momento, podemos observar duas pessoas se comportando uma em relação à outra ou ambas em relação a um ambiente comum. Em um sentido skinneriano, essas pessoas estão se comportando socialmente e participam de um episódio social ou, em outros termos, de uma relação social. Podemos explicar o comportamento de ambas as pessoas naquela situação tomando a outra como uma fonte de variáveis, com função discriminativa, reforçadora e outras funcionalidades.

No entanto, como salienta Skinner (2011), uma explicação completa do comportamento de cada pessoa que participa de um episódio social requer a investigação das variáveis de suporte de tal episódio. Ou seja, por que duas pessoas estão predispostas a se comportar uma em relação à outra ou ambas em relação a um ambiente comum da maneira que observamos? Presumivelmente, possíveis respostas a essa questão implicam em ir além da situação imediata em que observamos as pessoas se comportando. Skinner (2011) sugeriu que as próprias contingências de seleção arranjadas pelos membros do grupo explicariam a tendência observada de uma pessoa se comportar de dada maneira em relação à outra. Por exemplo, no caso que chamamos de altruísmo, por que uma pessoa tende a ajudar outras mesmo quando sua própria vida seja colocada em risco? Uma resposta simples e um tanto quanto vaga é que, ao fazê-lo, seu próprio comportamento é reforçado (mediante reconhecimento social) pelos membros do grupo.

A exploração skinneriana da possibilidade de se analisar fenômenos sociais e culturais por meio de princípios comportamentais referentes a organismos individuais abriu caminho para novas interpretações. No contexto mais recente, por exemplo, Guerin (2001) apresentou uma nova definição de comportamento social, a qual é mais próxima da perspectiva das ciências sociais e que diz respeito ao fato de que mesmo se comportando sozinha, uma pessoa está se comportando socialmente, dado que inevitavelmente aspectos dos comportamentos de outrem ou de "produtos" culturais estão frequentemente presentes na maioria das situações em que nos comportamos.

Além disso, Guerin (1995, 2004) também tem proposto uma nova unidade de análise para as relações sociais do dia-a-dia. No entanto, a proposição dessa nova unidade não é devida à hipótese de que unidades sociais e/ou culturais sejam irredutíveis às unidades comportamentais, como o é no caso da proposição da metacontingência e seus termos associados. Como se pode depreender de Guerin (1995, 2004), tal unidade - trocas sociais generalizadas - é proposta principalmente em decorrência de uma característica especial do comportamento social do dia-a-dia, qual seja, a natureza "generalizada" das consequências envolvidas.

Portanto, desde uma perspectiva molecular de análise, fenômenos sociais e culturais podem ser entendidos como redes menos ou mais complexas de relações sociais (episódios sociais) e nada mais que isso. Se as contingências de reforço são suficientes para a interpretação de tais fenômenos é uma questão a ser debatida, vistas as consequências de tal hipótese para os procedimentos de análise cultural. No entanto, mesmo em caso negativo, disso não decorre logicamente assumir um terceiro nível de variação e seleção no qual fenômenos sociais e culturais são irredutíveis a fenômenos comportamentais.

Paralelamente, fenômenos socioculturais também têm sido analisados na Análise Comportamental da Cultura a partir das três premissas explicitadas na primeira seção deste artigo. Tais premissas favorecem, como vimos, a adoção do que designamos de análises molares aos fenômenos socioculturais. Portanto, iremos examinar o conceito de metacontingência e seus termos associados com vistas a elucidar, por meio de alguns exemplos da literatura, algumas das características dessas análises.

 

Metacontingência e termos associados

Conforme ressaltaram Martone e Todorov (2007), o conceito de metacontingência passou por algumas reformulações desde sua criação por Glenn (1986). De maneira geral, contudo, pode-se dizer que o conceito se refere a uma contingência de dois termos, onde um de seus elementos são contingências comportamentais entrelaçadas (CCEs) recorrentes e seus produtos agregados e o segundo elemento diz respeito a uma consequência cultural selecionadora (Glenn, 2010).

Por sua vez, CCEs é um conceito que se refere ao fato de que elementos das contingências de seleção particulares de um dado indivíduo participam como elementos das contingências de seleção individuais de outro(s) indivíduo(s) (Glenn, 1988, 2004, 2010; Glenn & Malott, 2004; Houmanfar & Rodrigues, 2006; Mallot & Glenn, 2006). Em um caso simples, por exemplo, o comportamento da pessoa A produz consequências que estabelecem a ocasião para a ocorrência do comportamento da pessoa B. A pessoa B, por sua vez, ao se comportar, produz estímulos discriminativos ou reforçadores contingentes ao comportamento da pessoa C e assim por diante. Essas contingências comportamentais entrelaçadas gerariam um produto agregado, ou seja, uma consequência final que não poderia ser obtida pelo comportamento isolado de cada indivíduo participante das CCEs. Assim, a noção de entrelaçamento está associada à noção de coordenação das ações de dois ou mais indivíduos.

Por vezes, sugere-se que o próprio produto agregado selecionaria e manteria as CCEs. Por exemplo, Glenn (2004) apresenta o caso de duas pessoas (Marta e Todd) cozinhando juntas. Enquanto Marta prepara as entradas, os molhos e as saladas, Todd a serve como ajudante. Por sua vez, enquanto Todd prepara os aperitivos e as sobremesas, é Marta quem o serve como ajudante. O que cada um faz depende do que o outro está fazendo. Como resultado dessa coordenação das ações de ambos, temos a comida feita (o produto agregado). De acordo com Glenn (2004), variações nessas CCEs irão resultar em mudanças no produto agregado e se tais mudanças perpetuarem alguns padrões das CCEs mais do que outros, então algum tipo de seleção em nível cultural ocorreu.

Outras vezes sugere-se que haveria um sistema receptor que disponibilizaria uma consequência contingente às CCEs e seu produto agregado. Por exemplo, ao discutirem o caso de organizações terroristas, Mallot e Glenn (2006) ressaltam que um ataque terrorista envolve várias atividades: planejamento, organização, recrutamento, treinamento e ensaio. Cada uma dessas atividades envolve, evidentemente, o comportamento coordenado de muitas pessoas ou, em outros termos, contingências comportamentais entrelaçadas. Essas CCEs, por sua vez, gerariam produtos agregados (danos aos alvos). Conquanto tais produtos continuassem resultando em inputs de dinheiro, armamento, recrutamento etc por outras entidades/organizações (sistema receptor), essas CCEs específicas e seus produtos agregados tenderiam a ocorrer novamente, ou seja, seriam selecionados.

Outro exemplo envolvendo um sistema receptor seria o de um restaurante. Glenn e Mallot (2004) ressaltam que um restaurante é constituído por um conjunto de CCEs que envolvem o comportamento de várias pessoas. Tais CCEs gerariam um produto agregado (a comida servida), mas a recorrência de variações específicas das CCEs e do produto agregado gerado por elas dependeria dos consumidores (sistema receptor). Alguns autores ainda sugerem outros tipos de consequências selecionadoras (Houmanfar, Rodrigues, & Ward, 2010). Todos esses exemplos, contudo, partem das três premissas que explicitamos como favorecedoras da adoção de análises molares dos fenômenos sociais e culturais. Quais são as características subjacentes a esses exemplos e a todos os outros que empregam o modelo de metacontingências? Ou seja, quais são as características dessas análises molares?

A primeira consiste, como vimos, em uma ênfase no grupo ou nas unidades identificadas como objeto de seleção cultural à custa de uma análise mais pormenorizada das contingências de seleção que explicam o comportamento de cada indivíduo participante do fenômeno social/cultural em questão. Nos três exemplos, a ênfase recai sobre a recorrência de certas variações das CCEs em detrimento de outras. A diferença entre tais exemplos consiste na entidade que evolui como resultado do processo de variação e seleção cultural: no primeiro trata-se das próprias CCEs; no segundo, a entidade é a própria organização terrorista em questão; e no terceiro, trata-se do restaurante.

A segunda característica dessas análises molares consiste em uma pouca ênfase aos contextos históricos e sociais que levam à primeira ocorrência das contingências comportamentais entrelaçadas. Por que Marta e Todd começaram a cozinhar juntos? Por que pessoas de diversas nacionalidades resolveram formar diferentes organizações terroristas? Por que uma ou mais pessoas resolveram abrir um restaurante?

Vale ressaltar, antecipando-se às possíveis críticas, que o conceito de metacontingência não se refere apenas a relações contingenciais que envolvem fenômenos socioculturais que recorrem ao longo do tempo. O conceito também serve para descrever fenômenos sociais e culturais não recorrentes. Por exemplo, Mallot e Glenn (2006) sugerem que, sob circunstâncias únicas, os comportamentos coordenados de diversas pessoas podem gerar um produto agregado único. Nestes casos, não haveria uma consequência cultural selecionadora e, portanto, a recorrência dos comportamentos coordenados.

No entanto, reconhecer a existência desses casos em que há "circunstâncias únicas" não significa que a ênfase de análises molares tem recaído sobre tais circunstâncias. Por exemplo, Mallot e Glenn (2006), ao comentarem sobre as organizações terroristas, não fazem menção à questão da importância de se considerar os contextos históricos e sociais específicos que levaram pessoas a formarem organizações terroristas. Isso não é mero preciosismo. Acreditamos que análises molares de fenômenos sociais e culturais cujas ênfases não recaíam sobre os contextos históricos e sociais podem levar a interpretações questionáveis ou inadequadas de tais fenômenos.

Tomemos o caso de Marta e Todd. Glenn (2004) começa seu exemplo afirmando que Marta e Todd cozinham regularmente. Então, poderíamos nos perguntar por que Marta e Todd começaram a cozinhar juntos. Embora Glenn (2004) não forneça uma resposta a essa questão, a autora sugere na continuação de seu exemplo que Marta e Todd podem abrir um restaurante. Aqui, contudo, vale uma ressalva. O fato de que Marta e Todd podem abrir um restaurante não é tomado como uma variável relevante para a ocorrência do primeiro conjunto de CCEs envolvidas no preparo da comida. Na realidade, tal fato é apontado no exemplo de Glenn (2004) apenas para indicar que CCEs podem se tornar partes de padrões mais amplos de CCEs, ou seja, preparar comida juntos se torna apenas uma dentre várias outras contingências comportamentais entrelaçadas que constituem um restaurante.

No entanto, e se tivéssemos uma situação completamente diferente? Vamos supor que Marta e Todd sejam vizinhos, ambos com seus treze anos de idade. Marta e Todd sempre tiveram uma boa relação (de amizade), mas ultimamente "andam sentindo algo a 'mais' um pelo o outro o qual não sabem descrever muito bem o que é".

Certo dia, os pais de Marta disseram a ela que precisavam sair e voltavam apenas no fim da tarde, mas a incumbiram de uma tarefa: fazer alguns aperitivos para os convidados que chegariam a sua casa à noite. Coincidentemente, naquele dia, os pais de Todd também não estavam em casa. Marta, sabendo da ausência dos pais de seu vizinho, convida-o para ajudá-la com a preparação dos aperitivos. Todd aceita o convite e, pela primeira vez, ambos preparam aperitivos juntos (contingências comportamentais entrelaçadas). Vale notar aqui, contudo, que os aperitivos são os menores dos interesses de ambos. No entanto, precisam fazê-los por conta da incumbência dada pelos pais de Marta.

Depois de Todd ter voltado para sua casa, os pais de Marta chegam com os convidados. Ao experimentarem os aperitivos (produto agregado), os convidados e os pais de Marta a elogiam, dizendo que ficaram muito bons. Depois de alguns poucos dias, quando coincide novamente de os pais de Marta e Todd estarem fora, Todd convida Marta para ajudá-lo a fazer uma sobremesa com a qual ele está tendo dificuldades. Marta, por sua vez, aceita o convite e vai à casa de Todd. Podemos observar recorrências das ações coordenadas de Marta e Todd sem que necessariamente o interesse deles seja pela comida feita. Aliás, eles poderiam estar fazendo quaisquer outras coisas com certa recorrência: estudando juntos, ouvindo músicas juntos, escrevendo poemas juntos e assim por diante. Diante disso, seria muito pouco provável que estivéssemos inclinados a afirmar que Marta e Todd voltaram a cozinhar juntos devido exclusiva ou diretamente à comida preparada (produto agregado) em situações passadas quando eles se comportaram coordenadamente ou devido aos elogios dos pais de Marta e dos convidados em situações passadas.

Assim, acreditamos que a pouca ênfase dada em análises molares aos contextos históricos e sociais que levam pessoas a agirem coordenadamente pode levar a interpretações inadequadas do que realmente está acontecendo. No caso de Marta e Todd, várias CCEs (preparar comida juntos, estudar juntos, ouvir música juntos, escrever poema juntos, etc) poderiam recorrer ao longo do tempo apenas como pretextos para que os dois se vejam.

A terceira característica de análises molares, como se pode depreender dos exemplos mencionados (Glenn, 2004; Glenn & Mallot, 2004; Mallot e Glenn, 2006), diz respeito à pouca ênfase sobre quem são os participantes de um dado fenômeno social e/ou cultural. Nos três exemplos, a ênfase recai sobre o entrelaçamento de (muitos) operantes, mas não se sabe quem são os participantes envolvidos nas CCEs. Contudo, a questão é: que tipos de descrições esperar quando se analisa quem está envolvido nas CCEs?

Contextos culturais e sociais estabelecem restrições no que diz respeito às pessoas que podem apresentar certos comportamentos. Por exemplo, relatos etnográficos em várias aldeias Guarani-Mbyá ressaltam que é apenas o Karaí ou a Kunhã Karaí, caso seja mulher - líderes espirituais dos indígenas dessa etnia - quem pode decidir qual é o melhor tratamento de saúde para um determinado indígena Guarani-Mbyá - se o tratamento espiritual ou o medicamentoso (Daher, Santos, & Pereira, 2010; Diehl & Grassi, 2010). Não adianta um médico falar, vendo o estado de saúde de um determinado indígena, que ele precisa de tratamento medicamentoso. Nesse sentido, sob tais contextos culturais e sociais, o Karaí ou a Kunhã Karaí gozam de um status o qual o médico não tem.

De forma análoga, ao se referir aos períodos de escassez de alimentos em sua aldeia, Nhenety Kariri-Xocó (2007), um indígena da etnia Kariri-Xocó, ressalta como os Kariri-Xocó que participavam da caçada tradicional eram cuidadosamente escolhidos pela comunidade. Um era hábil em subir em árvores, outro em manejar o arco, um terceiro em rastejar para observar as pegadas de tatu, preá, etc.

No entanto, essa pouca ênfase sobre quem são os participantes que compõem os fenômenos socioculturais fica mais evidenciada nos exemplos referentes à OBM (Organizational behavior management) (cf. Glenn, 2010; Glenn & Mallot, 2004; Houmanfar, Rodrigues, & Ward, 2010). Embora os participantes sejam substituídos ao longo do tempo, as contingências comportamentais entrelaçadas (e os produtos agregados gerados por elas) que caracterizam uma dada organização sobrevivem. No entanto, não será possível cogitar sobre que o fato de a unidade cultural (aqui as CCEs recorrentes) ultrapassar o tempo de vida dos indivíduos não justifique a pouca ênfase que se tem dado aos indivíduos propriamente ditos? Afinal, não é qualquer indivíduo que entra no lugar daquele que acabou de sair. Grandes empresas, por exemplo, gastam muito dinheiro em processos de recrutamento, seleção e treinamento.

 

Implicações de premissas que buscam justificar análises molares de fenômenos culturais

Para além do que designamos como análises molares, a premissa de que haja um terceiro nível de variação e seleção que exige unidade conceitual especial de análise também favorece a adoção de estudos que investiguem a própria natureza desse processo de seleção. Os lugares privilegiados de tais investigações têm sido laboratórios. Essa recém-tradição de análogos experimentais referentes a fenômenos culturais em laboratórios encontra seu escopo teórico e metodológico na literatura da psicologia social experimental e da sociologia experimental (Vichi, Andery, & Glenn, 2009). No entanto, algumas questões concernentes à construção de uma teoria comportamentalista da cultura precisam ser consideradas, como complemento ou alternativa à estratégia de pesquisa empírica e teorização ora predominante.

A primeira questão consiste em se discutir a viabilidade de "dissecar" culturas em laboratórios. Em seus comentários ao artigo de Houmanfar, Rodrigues e Ward (2010), Glenn (2010) afirmou: "talvez porque meus interesses tendam mais à compreensão da natureza dos fenômenos culturais do que em lidar com os fenômenos culturais complexos com os quais nos confrontamos no dia-a-dia, eu sempre conceitualizei as metacontingências como contingências de dois termos"2 (p. 81, tradução nossa). Em seguida, a autora faz uma analogia com os primeiros trabalhos experimentais de Skinner, em que o autor se propôs, originalmente, a investigar apenas as relações resposta-consequência (dois termos) de contingências comportamentais. Contudo, alguns pontos precisam ser elucidados aqui.

Pesquisas experimentais necessariamente implicam reduções metodológicas, isto é, restrição do número de variáveis a serem investigadas sobre um determinado fenômeno enquanto as possíveis variáveis estranhas são mantidas constantes ou eliminadas. Em termos de análogos experimentais de metacontingências em laboratórios, essas reduções metodológicas se traduzem pelo delineamento de um conjunto específico de CCEs (uma prática cultural) e seus produtos agregados (variável dependente) e pelo delineamento de uma consequência cultural selecionadora a qual se manipula (variável independente).

A adoção desse tipo de estratégia de investigação dos fenômenos culturais coloca a Análise do Comportamento em oposição frontal, em se tratando de método, a um contato interdisciplinar com a Antropologia Social. Como salienta Nakamura (2011), a própria premissa que embasa a adoção do método etnográfico como método privilegiado nas ciências sociais é a de que culturas não podem ser dissecadas. Práticas culturais ou, em outros termos, CCEs recorrentes e os processos por meio dos quais elas variam e são selecionadas poderiam ser compreendidos isolados do contexto cultural mais amplo sob o qual ocorrem? Dito de outra maneira: até que ponto análises estritamente molares, mesmo que "quase-experimentais", ao adotarem um conceito macro-analítico tal como metacontingência, obscurecem o detalhamento de aspectos particulares do entrelaçamento que necessariamente uma análise que incluísse aspectos moleculares (mediante a clássica contingência de três termos) permitiria realizar?

Pensemos em uma situação hipotética. Suponhamos que conseguíssemos criar um análogo experimental de metacontingências referentes à prática de caçar. Tal prática envolve o comportamento coordenado de vários indivíduos. Caso os indivíduos sejam bem sucedidos, o produto agregado requerido para a produção da consequência cultural selecionadora será gerado. Caso sejam mal sucedidos, tal produto não será gerado. Podemos fazer muitas manipulações experimentais, removendo a consequência cultural selecionadora, apresentando-a em esquema intermitente e assim por diante. Em manipulando essa consequência, podemos medir seus efeitos sobre as CCEs envolvendo a caça e o produto agregado gerado por elas ou, em outros termos, podemos investigar os processos por meio dos quais essas CCEs recorrentes e seus produtos agregados variam e são selecionados. Contudo, embora pudéssemos investigar essas questões, ainda restaria inserir tal prática em seu contexto cultural. Que relações tal prática estabelece com outras práticas apresentadas por um dado grupo? Sob quais circunstâncias específicas e que contingências particulares explicam como os membros desse grupo caçam? O que exatamente eles caçam e o que não caçam? Por que, por exemplo, os xinguanos (Kamayurá, Kalapalo, Trumai, Waurá, etc.) desprezam as proteínas dos grandes mamíferos e se dedicam à caça de aves e à pesca enquanto os Kayabi preferem justamente os grandes mamíferos, tais como a anta, o veado etc.? (Laraia, 2005).

A segunda questão consiste em discutir o que exatamente se estuda em análogos experimentais de metacontingências. Glenn (2010) afirmou que, em decorrência de seu interesse tender mais à compreensão da natureza dos fenômenos culturais, as metacontingências foram conceitualizadas como contingências de dois termos. É evidente que as relações descritas pelo conceito de metacontingência não esgotam todas as relações envolvendo fenômenos sociais e culturais, mas outro ponto é discutir a respeito de quais "culturas" realmente se está produzindo dados.

A estratégia de desenvolvimento de análogos experimentais constitui alternativa relevante para a busca à compreensão da "natureza" dos eventos culturais, como propõe Glenn. Em contrapartida, os grupos que têm sido investigados em análogos experimentais de fenômenos culturais em laboratórios pautados no modelo da metacontingência são os grupos típicos da psicologia social experimental e da sociologia experimental, mas não da Antropologia Social. Talvez mais do que propriamente a natureza dos fenômenos culturais, o que se esteja investigando e tentando compreender em pesquisas laboratoriais pautadas no modelo da metacontingência seja a natureza de fenômenos culturais típicos de uma dada sociedade (ocidental), o que pode segmentar ou setorizar a busca mais ampla de regularidades buscadas pela Análise Comportamental da Cultura. Nessa perspectiva, embora a estratégia de investigação concernente a análogos experimentais de fenômenos culturais pautados no modelo de metacontingência tenha produzido dados importantes e interessantes, algumas alternativas podem ser consideradas para a construção de uma teoria comportamentalista da cultura. Aparentemente, desde a tradição observacional de Malinowski até o materialismo cultural de Harris, é possível encontrar interessantes estratégias a serem "lidas" como profícuas inspirações epistemológicas e metodológicas para a Análise Comportamental da Cultura.

Em seu artigo Sobrevivência das culturas em Skinner, Melo e de Rose (2012) apresentaram a seguinte pergunta: "haveria espaço para uma etnografia comportamental na Análise do Comportamento?" (p. 126). Não se sabe a resposta para tal questão, mas parece possível acreditar que este espaço pode ser mais sistematicamente explorado. Entretanto, um "empréstimo" direto da etnografia a partir da Antropologia Social não é possível. Como salienta Guerin (1995), a adoção de métodos das ciências sociais para a análise do comportamento social e das relações sociais do dia-a-dia requer o rigor da análise de contingências típica da Análise do Comportamento. Até lá, a "síntese" entre a Análise do Comportamento e a Antropologia Social ainda está por ser feita.

 

Considerações Finais

As contribuições de Glenn têm representado avanços significativos para o desenvolvimento da Análise Comportamental da Cultura. Paralelamente, se considerado o conjunto completo de conceitos adotados, as premissas sobre as quais estes se baseiam têm favorecido o que aqui foi designado como análises molares dos fenômenos socioculturais, cujas características são: (1) ênfase predominante no grupo, comparativamente às relações sociais estabelecidas entre seus membros individualmente; (2) pouca ênfase dada aos contextos históricos e sociais específicos que levam pessoas a agirem coordenadamente e (3) pouca ênfase nas relações individuais entre pessoas que compõem os fenômenos sociais e culturais. Tal análise parece conduzir à conclusão de que a adoção quase exclusiva da perspectiva molar de análise pode obscurecer variáveis relevantes que podem ser elucidadas a partir de uma contribuição molecular apoiada no conceito essencial de contingência tríplice. Olhar para o grupo é condição irrenunciável de uma Análise Comportamental da Cultura. Entretanto, considerar o grupo tal qual organismo ele próprio suscetível à seleção pelas consequências é tomá-lo como uma instância de natureza distinta e para além do paradigma essencial da Análise do Comportamento, que se baseia na descrição das interações do indivíduo com seu ambiente, sob as mais variadas condições. Não se trata, portanto, de tomar as adjetivações "molares" ou "moleculares" como dicotômicas, mas como pertencentes um contínuo de procedimentos de interpretação necessariamente presentes na análise comportamental dos fenômenos sociais.

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Felipe Bulzico da Silva
silva.b.felipe@gmail.com

Kester Carrara
kester.carrara@uol.com.br

Submetido em: 02/06/2014
Revisto em: 24/10/2015
Aceito em: 25/10/2015

 

 

* Texto referido à pesquisa realizada com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP).
1 N. A. No original: "identifying the controlling variables accounting for each single occurrence of behavior, only the consequence maintaining the whole set of coordinated behaviors".
2 N. A. No original: "Perhaps because my interests tend more toward understanding the nature of cultural phenomena than in dealing with the complex cultural phenomena we are confronted with in everyday life, I have always conceptualized metacontingencies as 2-term contingencies".

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