SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.69 issue3Ideology, football and violence: an analysis of the "Preservar o espetáculo, garantindo a segurança e o direito à cidadania" reportSocial representations of violence for professionals in the social assistance author indexsubject indexarticles search
Home Pagealphabetic serial listing  

Arquivos Brasileiros de Psicologia

On-line version ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.69 no.3 Rio de Janeiro  2017

 

ARTIGOS

 

Vinculação aos pais, competências sociais e ideação suicida em adolescentes

 

Attachment to parents, social skills and suicidal ideation in adolescents

 

Vinculación a los padres, habilidades sociales e ideación suicida en adolescentes

 

 

Filipa NunesI; Catarina Pinheiro MotaII

IDocente. Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação. Universidade do Porto. Porto. Portugal
IIDocente. Departamento de Educação e Psicologia. Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro. Portugal

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

O presente estudo, de natureza quantitativa, teve como principal objetivo analisar o papel da vinculação aos pais e das competências sociais no desenvolvimento de ideação suicida em adolescentes. A amostra foi constituída por 604 indivíduos, com idades entre os 15 e os 18 anos de idade. Para a recolha dos dados, recorreu-se ao Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM), ao Social Skills Questionnaire (SSQ) e ao Questionário de Ideação Suicida (QIS). Os resultados apontam para uma predição negativa da qualidade do laço emocional ao pai e da assertividade face à ideação suicida, assim como para a predição positiva da inibição da exploração da individualidade da mãe face à ideação suicida. Os resultados foram discutidos à luz da teoria da vinculação, assumindo a relevância das figuras de afeto na forma como os jovens desenvolvem competências sociais e estão mais capazes de ultrapassar as dificuldades, prevenindo o desenvolvimento de ideações suicidas.

Palavras-chave: Vinculação; Competências sociais; Ideação suicida; Adolescência.


ABSTRACT

This study, of quantitative nature, had as main objective analyze the role of attachment to parents and social skills in the development of suicidal ideation in adolescents. The sample comprised 604 individuals, aged between 15 and 18 years old. For data collection we resorted to the Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM), Social Skills Questionnaire and Questionário de Ideação Suicida. The results suggest a negative prediction of the quality of emotional bond to father and assertiveness in relation to suicidal ideation, as well as for the positive prediction of inhibiting mother's exploration of individuality to suicide ideation. The results were discussed based on attachment theory, assuming the relevance of affection figures in the way how adolescents develop social skills, and are more able of overcome the difficulties, preventing suicidal ideation.

Keywords: Attachment; Social skills; Suicidal ideation; Adolescence.


RESUMEN

Este estudio, de naturaleza cuantitativa, tuvo como principal objetivo analizar el papel de la vinculación a los padres y de las habilidades sociales en el desarrollo de ideación suicida en los adolescentes. La muestra se constituyó con 604 individuos, con edades comprendidas entre 15 y 18 años de edad. Para la recolección de los datos, se utilizó el Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM), el Social Skills Questionnaire (SSQ) y el Questionário de Ideação Suicida (QIS). Los resultados apuntan a una predicción negativa de la calidad del vínculo emocional con su padre y la asertividad en relación a la ideación suicida, así como para la predicción positiva de la inhibición de la exploración de la individualidad de la madre en la ideación suicida. Los resultados fueron discutidos a luz de la teoría de la vinculación, asumiendo la relevancia de los cuidadores en la forma cómo los jóvenes desarrollan habilidades sociales y están más capaces de superar las dificultades, evitando el progreso de las ideaciones suicidas.

Palabras-clave: Vinculación; Habilidades sociales; Ideación suicida; Adolescencia.


 

 

Introdução

O comportamento suicida compreende três categorias distintas que se apresentam num continuum de severidade e heterogeneidade crescente, nomeadamente, a ideação, a tentativa e o suicídio consumado (Araújo, Vieira, & Coutinho, 2010). Assim, a ideação suicida definindo-se pela presença de ideias e planos sobre o término da própria vida, como tentativa de alívio de uma angústia mediante o atentado ao próprio corpo, constitui um potencial precedente do suicídio consumado (Borges & Werlang, 2006). Segundo os dados reportados pela Organização Mundial de Saúde, o suicídio constitui um grave problema de saúde pública que atinge cerca de um milhão de pessoas por ano, a nível mundial. Os relatórios mais recentes desta organização referem que o suicídio é a segunda causa de morte na adolescência (Organização Mundial de Saúde [OMS], 2012). A expressividade destes dados é preocupante, mas agudiza-se, ainda mais pelo facto de os mesmos se encontrarem incompletos, visto o comportamento suicida constituir um fenômeno manifestamente subdeclarado em função do estigma político, religioso e sociocultural que lhe é associado. Desta feita, urge a necessidade da implementação de novos estudos que promovam um conhecimento mais próximo da realidade atual e a implementação de estratégias que visem a prevenção da ideação suicida.

Vinculação aos pais e competências sociais

De acordo com os pressupostos da teoria da vinculação, a espécie humana não detém as competências necessárias para sobreviver sozinha aquando do seu nascimento. Assim, desde os primeiros tempos de vida, o ser humano apresenta condutas instintivas, denominadas de comportamentos de vinculação, que tornam possível o estabelecimento de um vínculo de proximidade afetiva com a figura primordial (Ainsworth, 1969; Bowlby, 1969). Desta forma, a vinculação, também designada de laços vinculativos, caracteriza-se pela predisposição do ser humano para estabelecer ligações afetivas intensas, principalmente com as pessoas mais próximas (Bowlby, 1988).

A literatura aponta para a existência de vínculos seguros e inseguros sugerindo que uma criança que mantém um elo emocional forte e intenso com as figuras cuidadoras desenvolve uma conceção mais favorável de si e dos outros, em função dos cuidados que lhe são transmitidos. Como tal, pode evidenciar uma crescente maturidade emocional e, assim, uma estrutura psíquica mais capaz para enfrentar às vicissitudes. Contrariamente, uma criança com relações inseguras tende a avaliar o mundo como um local perigoso mediante a representação de si como incapaz para enfrentar os problemas, e dos outros como pouco competentes para satisfazer as suas necessidades (Bowlby, 1969, 1988).

A maioria das investigações realizadas neste âmbito sugere que a qualidade do laço emocional estabelecido na díade cuidador-criança pode contribuir de modo significativo para um desenvolvimento emocional mais equilibrado durante a adolescência e, assim, para a ausência de patologia emocional (Bosmans, Braet, & Vlierberghe, 2010). Esta situação parece ocorrer pelo contributo que as relações primordiais podem ter na autoestima do adolescente mediante a formulação de modelos internos mais positivos, assim como pela preponderância que as mesmas podem assumir na aquisição de competências sociais (Adam, 1994).

Alguns autores defendem que as figuras parentais são a principal base social da criança podendo contribuir para o desenvolvimento das suas competências. Denote-se que a aquisição primária de competências é realizada a partir das interações que a criança estabelece com os pais ou cuidadores (Rockhill, Stoep, McCauley, & Katon, 2009). Desta feita, as figuras parentais podem constituir um padrão de referência na vida de cada indivíduo, representando "um espaço privilegiado para a elaboração e aprendizagem de dimensões significativas da interação" (Alarcão, 2006, p. 37).

Nesta perspetiva, torna-se importante salientar que as competências sociais constituem comportamentos que são emitidos numa experiência interpessoal mediante a expressão adequada e coerente de sentimentos, opiniões, atitudes ou desejos (Gresham & Elliott, 1990; Elliott & Busse, 1991). Como tal compreendem as diferentes classes de comportamentos - verbais, não verbais e paralinguísticos - às quais o adolescente recorre para lidar com as mais variadas situações interpessoais. Desta feita, sugere-se que competências como a empatia, assertividade e autocontrolo requerem a aquisição de comportamentos adequados socialmente que potenciam o experienciar de relações interpessoais positivas que, por sua vez, podem atuar como um fator protetor face ao risco durante adolescência (Gresham, 1986). Alguns estudos sugerem que os adolescentes com histórias de vinculação insegura com os pais se autocompreendem como menos competentes em termos sociais comparativamente com os indivíduos com vinculação segura, sendo que estes últimos se revelaram mais confiantes, empáticos, assertivos, sociáveis e cientes das suas capacidades (Bennett & Hay, 2007).

Face a estes dados, sugere-se que a qualidade da vinculação aos pais pode contribuir para a aquisição de competências sociais e, simultaneamente para um desenvolvimento psicoafetivo mais ajustado.

Papel da vinculação aos pais e das competências sociais na ideação suicida dos adolescentes

A vivência da "criança que aspira a adulto" é pautada pela ambivalência entre o desejo de alcançar a autonomia e individualidade e o desejo de permanecer sob o suporte da esfera familiar. Desta feita, a adolescência tem sido descrita como uma importante transição desenvolvimental que implica mudanças significativas, ao nível físico, cognitivo e psicossocial, perante as quais o indivíduo enfrenta uma certa instabilidade psíquica que o torna mais vulnerável (Brás, 2008). Esta fase do desenvolvimento pode, desta forma, ser compreendida como um período de reorganização psíquica pautado pela instabilidade emocional face à ocorrência de diversas situações críticas. Denote-se que tais situações podem constituir "simples" crises normativas do processo de adolescer, ou então ser desestruturantes e muito pouco reversíveis (Fleming, 2005; Marcelli & Braconnier, 1989; Matos, 2011).

Torna-se, assim, relevante clarificar o que se torna patológico na adolescência, o que muitas das vezes decorre da intensidade, grau e desajustamento associado a algumas características próprias desta fase do desenvolvimento humano. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2012), a presença pontual de ideias suicidárias constitui um processo normativo da adolescência, na medida em que pode estabelecer uma tentativa de resposta aos problemas existenciais característicos desta fase de vida. Partilhando desta conceção, Borges e Werlang (2006) clarificam que a articulação persistente e continuada de tais cognições afigura a "rutura" dos mecanismos de defesa, de modo que os jovens podem recorrer a estas estratégias desadaptativas de gestão de problemas não somente na adolescência, mas em qualquer fase da vida. É nesta perspetiva de labilidade e reorganização que Marcelli e Braconnier (1989) consideram que os adolescentes, perante o esgotamento de recursos para enfrentar os desafios desenvolvimentais, podem equacionar as condutas autodestrutivas, nomeadamente a ideação suicida, como uma forma de "fuga para a frente" face a um sofrimento interno insustentável.

A ideação suicida definindo-se pela presença de ideias e/ou desejos de culminar com a própria vida, detém um grau de severidade e risco elevado (Marcelli & Braconnier, 1989). Segundo a literatura, as cognições suicidas podem, a qualquer momento da vida, ser encaradas como uma alternativa consistente numa situação de maior stresse e desequilíbrio emocional (Borges & Werlang, 2006). Porém, é de salientar que esta solução se torna mais frequente mediante a presença de relações inseguras com os pais e a presença de competências sociais deficitárias (Marcelli & Braconnier, 1989; Peter, Roberts, & Buzdugan, 2008). Esta questão coloca-se na medida em que poderá potenciar a construção de representações mentais mais negativas de si e dos outros o que se associa, não raras vezes, com a ativação de mecanismos desadaptativos de gestão de problemas, nomeadamente comportamentos de destruição pessoal (Macedo, 2010). Um estudo realizado com uma amostra de 116 adolescentes com idades entre os 10 e os 17 anos sugere que a presença de dificuldades na interação familiar como a carência de afeto, os vínculos inseguros e a discordância familiar, estabelece um fator de risco para o comportamento suicida, dado que pode representar dificuldades na aprendizagem da habilidade de resolução de problemas (Holmes, 1993).

No decurso das relações de proximidade, o indivíduo vai formulando representações mentais de si e do mundo, a partir das quais passa a interpretar, antecipar e planear os eventos. Note que os modelos internos dinâmicos começam a ser construídos nos primeiros meses de vida a partir de acontecimentos de vinculação significativos, refletindo a história da vinculação com o cuidador (Bowlby, 1969). Este autor introduz, ainda, a ideia de que tais modelos se constituem como planos mutáveis que podem ser alterados e reorganizados a partir de experiências de vinculações posteriores, principalmente na infância e adolescência. A sua natureza dinâmica é, particularmente, visível nestas fases de vida, pois constituem-se como períodos em que o desenvolvimento se caracteriza por uma maior plasticidade. Com base em cuidados responsivos, isto é, sensíveis e adequados às necessidades das crianças, estas desenvolvem modelos internos mais positivos de si e dos outros, através dos quais poderão autocompreender os seus recursos pessoais como competentes para suprimir o sofrimento e/ou equacionar os pais como um apoio e suporte consistente durante a adolescência (Bowlby, 1969, 1988; Holmes, 1993; Mikulincer & Shaver, 2007).

De acordo com a evidência empírica, o desenvolvimento adequado de competências sociais pode, também, atuar como um fator protetor na adolescência face ao despoletar de problemas de externalização e passagens ao ato (Botvin & Griffin, 2004). A aquisição congruente de competências sociais faculta uma maior segurança emocional mediante os sentimentos de aceitação e valorização, promovendo a satisfação pessoal, o bem-estar, a autoestima e a emissão de comportamentos adaptativos (Contini, Coronel, Levin, & Hormigo, 2010; Elliott & Busse, 1991). Uma investigação desenvolvida com uma amostra de 1.032 adolescentes canadianos com idades entre os 12 aos 15 anos indica que os participantes que reportam competências sociais deficitárias apresentam índices superiores de ideação suicida (Peter et al., 2008). Os autores realçam que as dificuldades ao nível da interação social e da comunicação dos sentimentos podem ser um importante preditor de um pobre ajustamento social, que se pode associar a patologia emocional evidenciando-se, assim, um maior risco de ideações suicidas.

Como tal, torna-se premente aprofundar investigações neste âmbito, de forma a alcançar um conhecimento mais vasto e, assim, contribuir para intervenções mais precoces ao nível da ideação suicida.

 

Objetivos

O presente estudo tem como principal objetivo analisar as associações entre a vinculação aos pais, as competências sociais e a ideação suicida e testar a predição da ideação suicida por parte de variáveis como o género, idade, competências sociais e vinculação aos pais.

 

Método

Participantes

No estudo participaram 604 adolescentes portugueses com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos (M = 15,99; DP = 0,97), sendo que 274 (45,4%) são do género masculino e 330 (54,6%) são do género feminino. Relativamente à idade das figuras parentais, as figuras paternas dos participantes apresentam idades compreendidas entre os 32 e os 71 anos (M = 45,69; DP =5,34) enquanto as figuras maternas apresentam idades entre os 31 e os 60 anos (M = 43,59; DP = 5,25).

Instrumentos

Questionário sociodemográfico - foi construído um questionário sociodemográfico que permitiu obter informações relativas à idade, ao género e à idade das figuras parentais.

Questionário de Vinculação ao Pai e à Mãe (QVPM) (Matos & Costa, 2001) - foi utilizado para a avaliar as representações da vinculação que os adolescentes têm face às figuras parentais. Este questionário na sua forma revista é composto por 30 questões distribuídas por três dimensões: a Qualidade do laço emocional (QLE, 10 itens) - "Tenho confiança que a minha relação com os meus pais se vai manter no tempo" -; a Ansiedade de separação (AS, 10 itens) - "É fundamental para mim que os meus pais concordem com aquilo que eu penso" -; e a Inibição da exploração e individualidade (IEI, 10 itens) - "Os meus pais estão sempre a interferir em assuntos que só têm a ver comigo". Para cada item, existem seis opções de resposta realizadas para o pai e mãe separadamente, apresentadas numa escala tipo Likert que varia entre 1 (Discordo Totalmente) e 6 (Concordo Totalmente). A análise de consistência interna demonstrou valores de alpha de Cronbach de 0,83 para o pai e 0,77 para a mãe relativamente à totalidade do instrumento. No que concerne às várias dimensões analisadas verificaram-se os seguintes valores de alpha: IEI = 0,79/0,79, QLE = 0,93/0,88, AS = 0,82/0,79, para o pai e mãe respetivamente. As análises fatoriais confirmatórias verificaram que o QVPM apresenta índices de ajustamento adequados para os modelos (SRMR = 0,07/0,05, CFI = 0,97 /0,97, RMSEA = 0,07 /0,07, χ2 (21) = 140,57, p = 0,001 / χ2(24) = 90,04, p = 0,001) na versão do pai e da mãe respetivamente.

Social Skills Questionnaire (Gresham & Elliott, 1990) - traduzido e adaptado para a população portuguesa (Mota, Matos, & Lemos, 2011), foi utilizado para avaliar as competências sociais dos adolescentes. Trata-se de um instrumento de autorrelato constituído por 39 itens cujas respostas são realizadas de acordo com a frequência do comportamento, avaliada numa escala de três pontos que varia entre "nunca" e "muitas vezes". Este questionário avalia quatro dimensões, designadamente: assertividade (Faço amizades com facilidade, 9 itens); empatia (Digo coisas agradáveis aos outros quando eles fazem alguma coisa bem, 10 itens), autocontrolo (Ignoro os outros quando eles me gozam ou insultam, 10 itens); e cooperação (Ouço os adultos quando eles estão a falar comigo, 10 itens). Na presente investigação apenas foram analisadas as primeiras três dimensões, uma vez que estas correspondiam de melhor forma aos objetivos inicialmente formulados. A análise de consistência interna demonstrou valores de alpha de Cronbach de 0,79 para a totalidade do instrumento. No que concerne a cada dimensão observaram-se valores de alpha de 0,66 para a assertividade, 0,75 para a empatia, e 0,65 para o autocontrolo. As análises fatoriais confirmatórias apresentaram índices de ajustamento adequados para os modelos (SRMR = 0,05, CFI = 0,96, RMSEA = 0,07, χ2 (24) = 101,68, p = 0,001).

Questionário de Ideação Suicida (QIS) (Ferreira & Castela, 1999) - adaptado do Suicide Ideation Questionnaire (Reynolds, 1991), foi utilizado para avaliar a ocorrência de pensamentos suicidas dos adolescentes. Este instrumento é constituído por 30 itens - "Pensei que seria melhor não estar vivo" -, cujas respostas são apresentadas numa escala tipo Likert que oscila entre 1 (Nunca) e 7 (Sempre). As análises psicométricas efetuadas na amostra em estudo revelam um coeficiente de alfa de Cronbach de 0,97. As análises fatoriais confirmatórias apresentam índices de ajustamento adequados para os modelos (SRMR = 0,03, CFI = 0,95, RMSEA = 0,02, χ2(35) = 445,22, p = 0,001).

Procedimento

A recolha de dados foi realizada de forma aleatória simples em diversas instituições de Ensino Secundário da região norte de Portugal. A admissão ao estudo teve como critério de inclusão a idade compreendida entre os 15 e os 18 anos enquanto os critérios de exclusão consistiram na manifestação de défices cognitivos, na ingestão de medicamentos antidepressivos e ansiolíticos, e/ou na desistência do participante por vontade própria. Foi realizada uma reunião com os Diretores do Conselho Executivo, a quem foram solicitadas as devidas autorizações e clarificados diversos aspetos do estudo como a sua pertinência, estrutura e objetivos. Após a aceitação da proposta, os participantes consentiram a aplicação dos questionários, através da assinatura do Termo Consentimento Livre e Esclarecido, tendo sido garantidos todos os pressupostos de voluntariedade, privacidade, anonimato e confidencialidade das informações prestadas. No sentido de se verificar se o protocolo de avaliação se encontra percetível em termos formais e semânticos e de contabilizar o tempo necessário para a sua aplicação (40 minutos) realizou-se uma reflexão falada com adolescentes entre os 15 e 18 anos de idade. De modo a evitar enviesamentos nas respostas, devido ao fator cansaço, procedeu-se à inversão dos questionários de autorrelato.

Estratégias de análise de dados

A presente investigação apresenta um cariz transversal dado que o conjunto de medições foi realizado num único momento. Trata-se de um estudo exploratório, embora não representativo da população Portuguesa. O tratamento dos dados foi realizado com o programa estatístico SPSS - Statistical Package for Social Sciences -, na sua versão 20.0 para o sistema Windows. Para verificar se os dados da amostra seguiam os pressupostos de normalidade foram analisados os valores de skeweness (assimetria) e kurtosis (achatamento), procedendo-se, concomitantemente, à realização de uma série de análises estatísticas que fornecem informação acerca da distribuição dos dados: teste de Kolmogorov-Smirnov, os gráficos de Histogramas, Q-QPlots, Scatterplots e Boxplots. Os valores calculados confirmaram que a amostra em estudo cumpria os critérios de normalidade, uma vez que se encontravam dentro do intervalo de -1 e 1 procedendo-se, neste sentido, as análises estatísticas mediante testes paramétricos. Na sequência dos objetivos propostos foram levadas a cabo análises de acordo com modelos de equações estruturais (SEM, recorrendo ao programa EQS 6.1.). Foi, também, realizado um conjunto de análises estatísticas nas quais foram considerados valores de significância de p < 0,05 para a interpretação dos dados. Foi testada a estrutura original dos instrumentos utilizados, de acordo com os modelos teóricos propostos, através das Análises Confirmatórias de 1ª ordem. Destaca-se o recurso a análises correlacionais, médias e desvio padrão das variáveis em estudo. Objetivou-se, igualmente, testar a presença de um efeito preditor entre as variáveis em estudo, sendo que para tal se recorreu ao Modelo de Regressões Múltiplas Hierárquicas (Maroco, 2007).

 

Resultados

No que concerne à associação entre a vinculação ao pai e as restantes dimensões em estudo, os resultados indicam a existência de correlações significativas entre as variáveis. Assim sendo, destaca-se que a dimensão da inibição da exploração e da individualidade regista uma correlação significativa no sentido negativo e com magnitude entre baixa a moderada com as competências sociais (r = -0,09, até r = -0,22) e uma correlação positiva e significativa de magnitude baixa com a ideação suicida (r = 0,26, p < 0,001). Por sua vez, a qualidade do laço emocional correlaciona-se significativamente, no sentido positivo com uma magnitude baixa com as competências sociais (r =0,17, até r = 0,29) e no sentido negativo com a ideação suicida (r = -0,31, p < 0,001). Relativamente à ansiedade de separação, esta denota uma associação significativa, no sentido positivo e com magnitude baixa com as competências sociais (r = 0,16, até r = 0,27).

No que concerne à vinculação à mãe constatou-se que a dimensão da inibição da exploração e da individualidade se associa significativamente no sentido negativo e com magnitude baixa com as competências sociais (r = -0,08, até r = -0,25) e no sentido positivo com a ideação suicida (r = 0,28, p < 0,001). Por seu turno, a dimensão da qualidade do laço emocional correlaciona-se significativamente, no sentido positivo e com magnitude entre baixa a moderada com as competências sociais (r = 0,16, até r = 0,34) e no sentido negativo com a ideação suicida (r = -0,25, p < 0,001). Por último, a dimensão ansiedade de separação regista uma associação significativa no sentido positivo com magnitude baixa com as competências sociais (r = 0,20, até r = 0,27).

Relativamente à associação entre a ideação suicida e as dimensões da escala das competências sociais, os resultados apontam para a presença de correlações significativas no sentido negativo com magnitude baixa (r = -0,05, até r = -0,22) (Tabela 1).

Papel preditor da vinculação aos pais e das competências sociais na ideação suicida

Procedeu-se à realização de análises de regressão múltipla hierárquica nas quais se utilizou como variável dependente a ideação suicida. Com o propósito de se obter resultados mais fiáveis e rigorosos e de se aglomerar todas as dimensões independentes em estudo optou-se pelo método hierárquico em detrimento das análises de regressão simples (Maroco, 2007).

As análises de regressão múltipla hierárquica foram realizadas mediante a introdução de cinco blocos, especificamente género, idade, competências sociais e vinculação ao pai e à mãe. As variáveis género e idade foram, também, controladas e recodificadas em dummy, de forma a analisar qual dos géneros (0- masculino; 1- feminino) e idades (0- 15 aos 16 anos; 1- 17 aos 18 anos) explicam e predizem melhor as variáveis preditas.

Na análise de regressão múltipla hierárquica face à ideação suicida foram introduzidos 5 blocos: no bloco 1, o género (dummy) não apresenta um contributo significativo F(1,532) = 7,41, p = 0,810, explica 1% da variância total (R2 = 0,01) e contribuiu individualmente com 1% da variância para o modelo (R2change = 0,01). No que se refere ao bloco 2, a idade (dummy) contribui significativamente para a variância do modelo F(2,531) = 3,74, p = 0,024, explica 1% da variância total (R2= 0,01) e não apresenta um contributo individual para a variância do modelo (R2change = 0). No bloco 3, a entrada das competências sociais contribui significativamente para o modelo F(5,528) = 6,41, p = 0,001 e explica 6% da variância total (R2= 0,06), apresentando um contributo individual de 4% (R2change = 0,04). Relativamente ao bloco 4, foi introduzida a vinculação ao pai que se mostra igualmente significativa F(8,525) = 12,99, p = 0,001 e explica 17% da variância total (R2= 0,17), apresentando um contributo individual de 11% (R2change = 0,11). Por último, no bloco 5, a vinculação à mãe contribui significativamente para o modelo F(11,522) = 10,24, p =0,001 e explica 18% da variância total (R2 = 0,18), apresentando um contributo individual de 1% para o modelo (R2change = 0,01).

Através da análise individual do contributo de cada uma das variáveis independentes dos blocos, constata-se que três apresentam uma contribuição significativa (p < 0,05) enquanto preditoras da ideação suicida, cuja sua apresentação será efetuada por ordem de importância: qualidade do laço emocional com o pai (β = -0,35), inibição da exploração e individualidade com a mãe (β = 0,15) e assertividade (β = -0,14) (Tabela 2). Foi, ainda, testado um outro modelo no qual foi invertida a ordem das variáveis da vinculação à mãe e ao pai, inseridas no bloco 4 e 5 respetivamente, tendo sido apurados os mesmos resultados.

 

Discussão

O presente estudo assumiu como principal objetivo testar o papel da vinculação aos pais e das competências sociais no desenvolvimento de ideação suicida de adolescentes. Os resultados alcançados indicaram que a qualidade do laço emocional aos pais se associa positivamente com as competências sociais e negativamente com a ideação suicida, enquanto que a inibição da exploração e da individualidade se associa negativamente com as competências sociais e positivamente com a ideação suicida. Por último, a ansiedade de separação associa-se positivamente com a empatia e o autocontrolo. Desta forma, sugere-se que a qualidade do laço emocional com as figuras parentais se encontra associada ao desenvolvimento congruente de competências sociais e a uma menor predisposição para a ideação suicida, na medida em que, estes fatores fornecem uma maior segurança ao adolescente para explorar o seu meio social e enfrentar as vicissitudes quotidianas. Contrariamente, as relações pautadas pela inibição da exploração e da individualidade parecem fomentar uma maior insegurança e desvalorização pessoal pela carência de interação, predispondo o indivíduo a experienciar dificuldades no contacto social e a equacionar de forma mais consistente a ideação suicida. O experienciar de ansiedade de separação de modo moderado e adequado à situação pode constituir um fator positivo face ao desenvolvimento psicoafetivo do adolescente uma vez que, a interação e o contacto social constitui uma necessidade básica da espécie humana. Deste modo, a contestação congruente face à presença dos demais pode contribuir para um desenvolvimento psicoafetivo mais equilibrado mediante o seu contributo na construção de modelos internos mais positivos o que, por sua vez, poderá fomentar a execução, por parte do adolescente, de condutas empáticas e pautadas pelo autocontrolo.

As conclusões formuladas vão ao encontro da literatura que sugere as figuras cuidadoras como o modelo social dos jovens (Bandeira, Rocha, Freitas, Del Prette, & Del Prette, 2006). Adolescentes que mantém relações pautadas pelo suporte e amor incondicionais desenvolverão representações mais favoráveis de si e dos outros, o que pode fomentar a aquisição adequada de autonomia e controlo interno e a vivência de sentimentos de segurança, autoestima e autoconfiança, evidenciando uma maior assertividade, empatia e autocontrolo e uma menor propensão para a ideação suicida (Bowlby, 1988; DiFilippo & Overholser, 2000; Parke & Buriel, 2008). Uma investigação desenvolvida com uma amostra de 331 jovens portugueses, apurou que os laços emocionais seguros e um adequado sentimento de ansiedade de separação associam-se positivamente com a aquisição da empatia, assertividade e responsabilidade social (Faria, 2008). Um outro estudo concretizado com jovens portugueses apurou que as ligações afetivas pautadas pela carência afetiva, desvalorização e inibição se associam ao desenvolvimento de ideação suicida (Brás, 2008).

No presente estudo constatou-se, também, que as competências sociais, nomeadamente a assertividade, empatia e o autocontrolo se associam negativamente com a ideação suicida. Deste modo, parece que os jovens que patenteiam uma maior facilidade no contacto social e expressam adequadamente os seus pensamentos, desejos e convicções evidenciam um desenvolvimento psicoafetivo mais equilibrado, não equacionando a ideação suicida face aos problemas. De acordo com literatura, a aquisição congruente de competências sociais propicia uma maior capacidade de expressão emocional por parte do adolescente, perante a qual este se torna mais capaz de solicitar auxílio face às adversidades, evidenciando uma menor propensão para problemas de internalização e de ideação suicida (Doyle, Lawford, & Markiewicz, 2009; Mota & Matos, 2010). A evidência empírica sugere, também, que a presença de competências sociais deficitárias se associava positivamente com a ideação suicida (Peter et al., 2008).

Por último e de encontro aos objetivos propostos, verificou-se que a ideação suicida é predita negativamente pela qualidade do laço emocional face ao pai. Nesta medida, parece que a ligação afetiva estabelecida na díade pai-adolescente estabelece um fator protetor face às adversidades no decurso da adolescência. Estes resultados vão ao encontro da teoria da vinculação que realçam que quando as relações primordiais significativas são caracterizadas pelo amor e apoio incondicionais, propiciam o estabelecimento de um laço emocional que constitui um importante fator protetor face ao desenvolvimento de distúrbios psicológicos. Denote-se que os vínculos significativos representarem ligações exclusivas e singulares que permitem e incentivam a procura de apoio e segurança, ingredientes que podem concorrer para um desenvolvimento e funcionamento psicológico mais resiliente (Bowlby, 1969). Estes dados vão ao encontro da evidência empírica que sugere a presença de uma associação negativa entre a qualidade do laço emocional com o pai e o desenvolvimento de ideação suicida (Brás, 2008).

Os resultados apontam, também, para a predição negativa da ideação suicida por parte da assertividade, o que sugere que a expressão emocional congruente e assertiva estabelece um fator protetor face ao risco durante a adolescência. Deste modo, julgamos que uma vivência pautada pela expressão emocional congruente, faculta o estabelecimento de relações interpessoais mais positivas existindo, assim um menor risco de problemas de internalização. Estes resultados seriam de esperar, na medida em que a literatura sugere que a presença de competências sociais, que possibilitem relações afetivas assertivas contribui para uma trajetória desenvolvimental mais resiliente (Elliott & Busse, 1991; Peter et al., 2008). A expressão emocional deficitária pode associar-se a problemas de internalização, nomeadamente depressão que, por sua vez, constitui um importante preditor de ideação suicida. A assertividade pode, também, contribuir para um desenvolvimento mais adequado, ao fomentar uma maior capacidade de análise e resolução dos problemas, constituindo um importante fator protetor face às condutas autodestrutivas na adolescência (Marcelli & Braconnier, 1989).

Os resultados alcançados sugerem, ainda, que a inibição da exploração da individualidade face à mãe prediz positivamente a ideação suicida. Desta feita, a qualidade da ligação afetiva à mãe parece assumir importância distinta face ao pai relativamente ao desenvolvimento psicoafetivo do adolescente. Isto porque a interação pautada por cuidados menos responsivos por parte da figura materna parece constituir um importante preditor face à ideação suicida. Neste sentido, pensamos que as relações pautadas pela inibição com a figura materna predizem as condutas autodestrutivas mediante o seu contributo para um desajustamento emocional. As conclusões formuladas parecem ser consistentes com a literatura que refere que a saúde mental se encontra associada a uma relação íntima, calorosa e duradoura na díade mãe-criança, sugerindo que muitos distúrbios psiconeuróticos, nomeadamente a ansiedade e depressão são o reflexo de relações pautadas pela dependência, inibição e ausência de suporte (Bowlby, 1969). A evidência empírica sugere, ainda, que a presença de patologia emocional constitui um preditor claro da ideação suicida (Borges & Werlang, 2006).

A existência desta discrepância ao nível da preponderância que os cuidados prestados pelo pai e pela mãe podem assumir no desenvolvimento psicoafetivo do jovem, parece decorrer do papel distinto que cada um assume na interação familiar (Monteiro, Veríssimo, Vaughn, Santos, & Fernandes, 2008). Apesar da redefinição contemporânea dos papéis parentais, o ser humano tem, ainda, a tendência de selecionar uma figura principal na procura de apoio, conforto e afeto, atribuindo uma maior primazia à figura materna neste processo. De salientar, ainda que os participantes em estudo são adolescentes pelo que o modelo parental implementado ao longo do seu desenvolvimento, poderá estar fortemente associado às tradições e costumes de uma época, na qual a figura materna assumia o papel de cuidadora face aos filhos, enquanto o pai detinha a responsabilidade de garantir a sustentabilidade económica da família (Monteiro et al., 2008). Assim, inerente a esta dinâmica familiar pode estar o estabelecimento de uma ligação mais próxima e intensa na díade mãe-filho e, portanto, mais preponderante no desenvolvimento psicoafetivo do jovem.

Como apontamentos finais, cabe-nos destacar as implicações práticas inerentes à realização do presente estudo, nomeadamente a compreensão das repercussões negativas que o estabelecimento de ligações inseguras com as figuras significativas de afeto e a presença de competências sociais deficitárias podem assumir no desenvolvimento psicoafetivo do adolescente. Pelo exposto, espera-se que as conclusões formuladas possam contribuir para uma maior consciencialização acerca da problemática da ideação suicida, assim como para a clarificação de fatores protetores e de risco no decurso da adolescência. Apesar de as implicações práticas elencadas, a concretização do presente estudo deparou-se com algumas limitações, especificamente a sensibilidade denotada pelos participantes face ao questionário de ideação suicida, que se pode associar ao enviesamento de resultados pela atribuição de respostas por desejabilidade social. Ressalta-se, também a subjetividade inerente aos resultados, uma vez que estes foram recolhidos sob a forma de questionários de autorrelato e o cariz transversal do estudo que impossibilitou estabelecer relações de causa-efeito. Deste modo, considera-se que seria relevante, em investigações futuras, a realização de entrevistas aos adolescentes e às figuras parentais de forma a obter dados mais objetivos e integrativos, bem como a análise de outras variáveis relacionais como a presença de psicopatologia. A realização de investigações longitudinais possibilitaria, também, testar o efeito das variáveis em estudo nas diferentes etapas desenvolvimentais inerentes à adolescência.

 

Referências

Adam, K. S. (1994). Suicidal behavior and attachment: A developmental model. In M. B. Sperling, & W. H. Berman (Eds.), Attachment in adults. Clinical and developmental perspectives (pp. 275-298). New York: The Guilford Press.         [ Links ]

Ainsworth, M. (1969). Object relations, dependency, and attachment: theoretical review of the infant-mother relationship. Child Development, 40, 969-1026.         [ Links ]

Alarcão, M. (2006). (Des)equilibrios familiares (3a ed.). Coimbra: Quarteto.         [ Links ]

Araújo, L. C., Vieira, K. F. L., & Coutinho, M. P. L. (2010). Ideação suicida na adolescência: um enfoque psicossociológico no contexto do ensino médio. Psico-USF, 15(1), 47-57. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-82712010000100006        [ Links ]

Bandeira, M., Rocha, S. S., Freitas, L. C., Del Prette, Z. A. P., & Del Prette, A. (2006). Habilidades sociais e variáveis sociodemográficas em estudantes do ensino fundamental. Psicologia em Estudo, 11(3), 541-549. doi: http://dx.doi.org/10.1590/S1413-73722006000300010        [ Links ]

Bennett, K. S., & Hay, D. A. (2007). The role of family in the development of social skills in children with physical disabilities. International Journal of Disability, Development and Education, 54(4), 381-397. doi: https://doi.org/10.1080/10349120701654555        [ Links ]

Borges, V. R., & Werlang, B. S. G. (2006). Estudo de ideação suicida em adolescentes de 13 e 19 anos. Psicologia, Saúde & Doenças, 7(2), 195-209.         [ Links ]

Bosmans, G., Braet, C., & Vlierberghe, L. V. (2010). Attachment and symptoms of psychopathology: Early maladaptive schemas as a cognitive link?. Clinical Psychology and Psychotherapy, 17(5), 374-385. doi: https://doi.org/10.1002/cpp.667        [ Links ]

Botvin, G. J., & Griffin, K. W. (2004). Life skills training: empirical findings and future directions. Journal of Primary Prevention, 25(2), 211-232. doi: https://doi.org/10.1023/B:JOPP.0000042391.58573.5b        [ Links ]

Bowlby, J. (1969). Attachment and loss: Attachment (Vol.1). New York: Basic Books.         [ Links ]

Bowlby, J. (1988). A secure base: Parent-child attachment and healthy human development. London: Basic Books.         [ Links ]

Brás, M. S. V. (2008). Acontecimentos de vida negativos, padrões de vinculação e ideação suicida (Dissertação de mestrado). Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, Universidade de Algarve, Portugal.         [ Links ]

Contini, N., Coronel, C. P., Levin, M., & Hormigo, K. (2010). Las habilidades sociales en contextos de pobreza. Un estudio preliminar com adolescentes de la provincia de Tucumán. Perspectivas en Psicología, 7(1), 112-120.         [ Links ]

DiFilippo, J. M., & Overholser, J. C. (2000). Suicidal ideation in adolescent psychiatric inpatients as associated with depression and attachment relationships. Journal of Clinical Child Psychology, 29(2), 155-166. doi: https://doi.org/10.1207/S15374424jccp2902_2        [ Links ]

Doyle, A., Lawford, H., & Markiewicz, D. (2009). Attachment style with mother, father, best friend, and romantic partner during adolescence. Journal of Research on Adolescence, 19(4), 690-714. doi: https://doi.org/10.1111/j.1532-7795.2009.00617.x        [ Links ]

Elliott, S. N., & Busse, R. T. (1991). Social skills assessment and intervention with children and adolescents. Guidelines for assessment and training procedures. School Psychology International, 12(1-2), 63-83. doi: https://doi.org/10.1177/0143034391121006        [ Links ]

Faria, C. M. G. M. (2008). Vinculação e desenvolvimento epistemológico em jovens adultos (Tese de doutorado). Universidade do Minho, Braga, Portugal.         [ Links ]

Ferreira, J., & Castela, M. (1999). Questionário de ideação suicida (Q.I.S). In M. R. Simões, M. M. Gonçalves, & L. S. Almeida (Eds.), Testes e provas psicológicas em Portugal (pp.129-130). Braga: Sistemas Humanos e Organizacionais.         [ Links ]

Fleming, M. (2005). Entre o medo e o desejo de crescer. Psicologia da adolescência. Porto: Edições Afrontamento.         [ Links ]

Gresham, F. M. (1986). Conceptual and definitional issues in the assessment of children's social skills: Implications for classification and training. Journal of Clinical Child Psychology, 15(1), 3-15. doi: https://doi.org/10.1207/s15374424jccp1501_1        [ Links ]

Gresham, F. M., & Elliott, S. N. (1990). Social skills rating system: Manual. Circle Pines, MN: American Guidance Service.         [ Links ]

Holmes, J. (1993). John Bowlby & Attachment theory. New York: Routledge.         [ Links ]

Macedo, M. M. K. (2010). Adolescência e psicanálise: intersecções possíveis (2a ed.). Porto Alegre: Edipucrs.         [ Links ]

Marcelli, D., & Braconnier, A. (1989). Manual de psicopatologia do adolescente. Porto Alegre: Artes Médica.         [ Links ]

Maroco, J. (2007). Análise estatística com utilização do SPSS (3ª ed.). Lisboa: Sílabo.         [ Links ]

Matos, A. C. (2011). Adolescência. Lisboa: Climepsi.         [ Links ]

Matos, P. M., & Costa, M. E. (2001). Questionário de vinculação ao pai e à mãe. Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto, 2001.         [ Links ]

Mikulincer, M., & Shaver, P. R. (2007). Attachment in adulthood. Structure, dynamics, and change. New York: The Guilford Press.         [ Links ]

Monteiro, L., Veríssimo, M., Vaughn, B. E., Santos, A. J., & Fernandes, M. (2008). Análise do fenómeno de base segura em contexto familiar: as relações criança/mãe e criança/pai. Psicologia, 22(1), 104-125.         [ Links ]

Mota, C. P., & Matos, P. M. (2010). Adolescentes institucionalizados: o papel das figuras significativas na predição da assertividade, empatia e autocontrolo. Análise Psicológica, 28(2), 245-254. doi: 10.14417/ap.278        [ Links ]

Mota, C. P., Matos, P. M., & Lemos, M. S. (2011). Psychometric properties of the social skills questionnaire Portuguese adaptation of the student form (Grades 7 to 12).The Spanish Journal of Psychology, 14(1), 486-499. doi: https://doi.org/10.5209/rev_SJOP.2011.v14.n1.44        [ Links ]

Organização Mundial de Saúde. (2012). Public health action for the prevention of suicide. Geneva: WHO.         [ Links ]

Parke, R. D., & Buriel, R. (2008). Socialization in the family: Ethnic and ecological perspectives. In W. Damon, R. M. Lerner, Siegler, R. S.,& N. Eisenberg (Eds.), Child and adolescent development: An advanced course (pp. 95-128). New Jersey: John Wiley & Sons.         [ Links ]

Peter, T., Roberts, L., & Buzdugan, R. (2008). Suicidal ideation among Canadian youth: A multivariate analysis. Archives of Suicide Research, 12(3), 263-275. doi: https://doi.org/10.1080/13811110802100882.         [ Links ]

Reynolds, W. M. (1991). Psychometric characteristics of the adult suicidal ideation questionnaire in college students. Journal of Personality Assessment, 56(2), 289-307. doi: https://doi.org/10.1207/s15327752jpa5602_9        [ Links ]

Rockhill, C. M., Stoep, A. V., McCauley, E., & Katon, W. (2009). Social competence and social support as mediators between comorbid depressive and conduct problems and functional outcomes in middle school students. Journal of Adolescence, 32(3), 535-553. doi: https://doi.org/10.1016/j.adolescence.2008.06.011.         [ Links ]

 

 

Endereço para correspondência:
Filipa Nunes
filipasantosnunes@gmail.com

Catarina Pinheiro Mota
catppmota@utad.pt

Submetido em: 03/05/2015
Revisto em: 25/07/2017
Aceito em: 26/07/2017

Creative Commons License