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Arquivos Brasileiros de Psicologia

versão On-line ISSN 1809-5267

Arq. bras. psicol. vol.71 no.1 Rio de Janeiro jan./abr. 2019

http://dx.doi.org/10.36482/1809-5267.ARBP2019v71i1p.103-111 

ARTIGOS

 

Práticas integrativas e complementares na saúde mental do estudante universitário

 

Integrative and complementary practices in the mental health of university students

 

Prácticas integradoras y complementarias en la salud mental del estudiante universitário

 

 

Isabel Cristina BelascoI; Renata Soares PassinhoII; Valéria Aparecida VieiraIII

IDocente. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Porto Seguro. Estado da Bahia. Brasil
IIEnfermeira. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Porto Seguro. Estado da Bahia. Brasil
IIIPsicóloga. Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB). Porto Seguro. Estado da Bahia. Brasil

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Esse relato objetiva descrever um trabalho interprofissional realizado na Universidade Federal do Sul da Bahia, que oferece o atendimento aos estudantes, visando minimizar os efeitos da adaptação ao meio universitário, contribuindo para sua afiliação, e diminuindo a evasão. O atendimento com Práticas Integrativas e Complementares em Saúde se deu a partir da instalação de um Laboratório por uma docente da área da Saúde, no qual foram realizados no primeiro semestre de 2018, 213 atendimentos. As principais queixas atendidas foram: ansiedade, labilidade emocional, dores cervicais e lombares, insônia, estados de desânimo, além de cefaleia e falta de concentração. Houve melhora significativa dos quadros clínicos já nas primeiras sessões, sem a necessidade de intervenção medicamentosa. Concluiu-se que este trabalho é exitoso e pioneiro no que tange a abordagem transdisciplinar e interprofissional, na prevenção do agravamento do quadro de ansiedade, minimizando a medicalização desnecessária, sendo importante a divulgação e maior aprofundamento teórico, podendo servir de modelo a outros serviços.

Palavras-chave: Terapias complementares; Saúde mental; Saúde do estudante.


ABSTRACT

This report aims to present an interprofessional work carried out at the Federal University of the South of Bahia, which provides assistance to students, aiming to minimize the effects of adaptation to the university environment, contributing to their affiliation, and reducing evasion. The attendance with Integrative and Complementary Practices in Health came from the installation of a Laboratory by a professor in the area of Health, where 213 consultations were performed in the first half of 2018. The main complaints were: anxiety, emotional lability, lumbar and neck pain, insomnia, states of discouragement, headache and lack of concentration. There was a significant improvement in clinical settings in the first sessions, without the need for drug intervention. It was concluded that this work is successful and pioneer in what concerns the transdisciplinary and interprofessional approach, in the prevention of the aggravation of the anxiety, minimizing unnecessary medicalization, being important the diffusion and greater theoretical depth, being able to serve as a model for other services.

Keywords: Complementary Therapies; Mental Health; Student Health.


RESUMEN

Este relato tiene el objetivo de presentar un trabajo interprofesional realizado en la Universidad Federal del Sur de Bahía, que ofrece la atención a los estudiantes, buscando minimizar los efectos de la adaptación al medio universitario, contribuyendo para su afiliación, y disminuyendo la evasión. La atención con Prácticas Integrativas y Complementarias en Salud se dio a partir de la instalación de un Laboratorio por una docente del área de la Salud, en el cual se realizaron en el primer semestre de 2018, 213 atendimientos. Las principales quejas atendidas fueron: ansiedad, labilidad emocional, dolores cervicales y lumbares, insomnio, estados de desánimo, además de cefalea y falta de concentración. Se observó una mejora significativa de los cuadros clínicos ya en las primeras sesiones, sin la necesidad de intervención medicamentosa. Se concluyó que este trabajo es exitoso y pionero en lo que se refiere al abordaje transdisciplinario e interprofesional, en la prevención del agravamiento del cuadro de ansiedad, minimizando la medicalización innecesaria, siendo importante la divulgación y mayor profundización teórica, pudiendo servir de modelo a otros servicios.

Palabras clave: Terapias Complementarias; Salud Mental; Salud del Estudiante.


 

 

Introdução

A Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB) é uma das mais novas Universidades do período de expansão das Instituições Federais de Ensino Superior do Brasil (IFES), contando com pouco mais de quatro anos de instalação. A UFSB propõe, além da interiorização do ensino público superior, a regionalização e inclusão social por meio dos Colégios Universitários, com entrada exclusiva de estudantes oriundos do ensino público da região (UFSB, 2015).

Na proposta inicial do Plano Orientador da UFSB foram descritos referenciais teóricos que embasam a atuação da Universidade no território, tendo entre eles, o sociólogo Alain Coulon. Este autor, em sua Teoria da Afiliação, aponta que é necessária uma abordagem etnometodológica particular às questões sociais, culturais e institucionais da educação superior (UFSB, 2014).

O projeto político-pedagógico da UFSB foi elaborado com o objetivo de encontrar soluções institucionais que sejam capazes de "superar os desafios da afiliação socialmente seletiva na universidade criada e desenvolvida paradoxalmente, ao mesmo tempo, tradicional e inovadora, elitista e emancipadora" (UFSB, 2014, p. 28).

O Ministério da Educação (MEC) tem cobrado das Instituições de Ensino Superior (IES) tanto públicas como privadas a implantação de dispositivos de atendimento psicopedagógico aos estudantes, no intuito de minimizar as questões apontadas anteriormente. Esse fato se revela por meio da pontuação que as IES recebem por esse quesito no processo de avaliação para reconhecimento de cursos, por exemplo. A presença de profissionais psicólogos, assistentes sociais, pedagogos e psicopedagogos tem sido uma estratégia adotada no atendimento dos estudantes, principalmente no que tange a auxiliá-los em questões sociais, psicológicas e de dificuldade de aprendizagem.

A UFSB tem adotado um modelo um tanto diverso dos habitualmente utilizados em outras IES, tendo em vista que existem duas grandes áreas de atuação: sendo uma delas voltada às questões de manutenção financeira do estudante, de caráter social e outra, visando à saúde mental dos mesmos. Nessa perspectiva, além de um assistente social, dois profissionais de saúde são incorporados em cada campus, o profissional de psicologia e o de enfermagem (UFSB, 2014).

O trabalho do psicólogo na UFSB é multidisciplinar e leva em conta o contexto social do aluno. Por meio de escuta ativa e acolhedora, o psicólogo o apoia no enfrentamento e superação de eventuais conflitos emergentes, seja por conta de separação das famílias, relacionamento interpessoal e, principalmente, dificuldade na apropriação do formato de ensino e avaliação utilizados pela UFSB.

O profissional enfermeiro, de igual modo, acolhe muitas queixas de distúrbios somáticos como lipotimias, crises hipotensivas ou hipertensivas, entre outros, sendo muitas delas, decorrentes de processos de adaptação à Universidade.

Verificou-se que grande parte dos atendimentos, tanto da psicologia quanto da enfermagem do campus Sosígenes Costa, em Porto Seguro, eram relacionados à ansiedade e, a partir da constatação de quadros de sofrimento psicológico mais agudo, o estudante era encaminhado ao serviço público de saúde mental, e na sua grande maioria entravam com medicação psicotrópica para controle da ansiedade.

Contando com uma docente Enfermeira, doutora em Enfermagem Psiquiátrica e especialista em Medicina Tradicional Chinesa que coordena o Laboratório de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde, pensou-se em aliar essas duas iniciativas em prol de potencializar as ações de atenção à saúde mental dos estudantes, aliando o atendimento psicológico ao de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS).

Coube com isso, um relato dessa experiência no sentido de dar visibilidade a um projeto que pensamos ser pioneiro e inovador tanto no atendimento propriamente dito com vistas à minimização da medicalização, quanto na diminuição da evasão de estudantes.

 

Revisão da literatura

Evasão universitária

O termo "evasão" é utilizado nas ciências da educação como forma de nomear a saída dos estudantes matriculados em qualquer nível do sistema educacional e as pesquisas sobre as suas causas ainda são consideradas recentes. A evasão é um dos indicadores utilizados para a avaliação de uma universidade (Santos, & Silva, 2011).

Um dos grandes desafios hoje para o ensino superior no Brasil é a diminuição da taxa de evasão, pois tem-se um grande investimento na manutenção de cursos públicos, custeados pela sociedade, e muitos deles com pouquíssimos alunos matriculados. Por outro lado, percebe-se a ânsia dos jovens em ingressar no ensino superior público e a dificuldade em manter-se até o final do curso escolhido.

Coulon (2017) propõe uma pedagogia da afiliação, compreendendo que, a partir da massificação do ensino superior, que se configurou nos últimos anos, entendida por muitos como democratização, surge a desigualdade no acesso ao conhecimento, tendo em vista que os estudantes oriundos de classes sociais heterogêneas enfrentam a dificuldade de adaptação à universidade, a sua linguagem própria, aos seus códigos e rotinas.

O autor afirma que a afiliação do estudante se dá em três tempos: o tempo da estranheza, o tempo da aprendizagem e, finalmente, o tempo da afiliação propriamente dito. Esse fato pode se caracterizar como um potente estressor, pois existe uma cobrança acadêmica por resultados, acarretando a insegurança por não apreensão dos novos signos, próprios desse universo até então desconhecido pelo estudante, condição essa que, segundo Oliveira (2018), pode ser agravada pela origem social dos alunos.

Após esses momentos, o estudante passa a se adaptar paulatinamente ao cotidiano universitário mediante a aprendizagem espontânea e informal de regras e códigos, desenvolvendo maior capacidade de participar das redes de relações, de conhecimento e de práticas próprias do espaço universitário que, a depender do capital cultural e social que o estudante traga, podem se tornar mais ou menos penosas (Oliveira, 2018).

O Censo da Educação Superior realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e MEC, efetuado em 2015, revelou um aumento importante na taxa de desistência do curso de ingresso na graduação dos estudantes de 2010 a 2014 no Brasil, sendo que, em 2014, a evasão alcançou 49% (INEP, 2015; Brasil, 2016).

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) publicou em 2016 um relatório que apontou algumas causas da evasão em seus cursos de graduação, como: dificuldades na conciliação do trabalho com a graduação; matrícula em mais de um curso universitário; desencanto e desmotivação em relação ao curso; dificuldades no entendimento das disciplinas; e problemas de saúde.

O estudo de Pinho, Bastos, Dourado e Ribeiro (2015) evidenciou que as variáveis que podem explicar a evasão nos anos iniciais da universidade relacionam-se com a maior exigência do meio acadêmico quando comparada à do ensino médio; carência de orientações da universidade em relação ao manejo das demandas que surgem na vida acadêmica; infraestrutura inadequada; dificuldades financeiras para se manter na graduação e a ocorrência de sintomas físicos como dores de cabeça e cansaço.

A análise dos depoimentos de 12 estudantes de uma instituição privada de ensino superior evidenciou que entre as causas da evasão universitária estão: as dificuldades acadêmicas e de integração social; a percepção da indiferença de colegas e docentes; e a decepção com a graduação escolhida (Magalhães, 2013).

Como se pode inferir por meio dos estudos citados anteriormente, a evasão se dá por consequência de vários fatores, mas sem dúvida, as questões relacionadas ao adoecimento por conta do processo de afiliação do estudante é uma das mais relevantes.

Analisando o contexto entre a entrada do estudante e a sua possibilidade de permanência na Universidade pública, pode-se entender que se for possível vencer a etapa de afiliação, dificilmente o estudante irá evadir-se, pois a apreensão de símbolos e linguagens próprias e a integração às redes de relação podem oferecer razões para que o estudante supere as diferentes dificuldades que possam ser encontradas (Oliveira, 2018).

Práticas integrativas e complementares em saúde

Quando a Organização Mundial de Saúde (OMS) lançou o Programa de Medicina Tradicional/Medicina Complementar Alternativa para os estados-membros, propôs uma política mais abrangente e mais humanizada dada a evidência que a medicina, com características tecnológicas, seria incapaz de resolver os problemas de saúde da humanidade (Pereira, 2017).

A medicina tradicional chinesa aponta para a melhoria na qualidade de vida. Dentre as suas técnicas, a acupuntura vem sobressaindo mundialmente como alternativa eficiente no tratamento de diversas patologias e com resultados imediatos positivos (OMS, 2002).

A OMS (2002) já descrevia um crescimento da utilização de Práticas Alternativas e Complementares, posteriormente definidas como Práticas Integrativas e Complementares (PICS), em países desenvolvidos, enquanto, em países em desenvolvimento, sua prática ainda encontrava alguma resistência. No entanto, desde a publicação desse documento, os países membros têm se interessado em implementar tais práticas tendo em vista seu baixo custo e potencial na promoção em saúde (Pereira, 2017).

No Brasil, as PICS, incentivadas pela Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), na explicação de seus processos de adoecimento e de saúde, consideram o indivíduo em sua dimensão global, ao mesmo tempo que não perdem de vista sua singularidade. Nesse sentido, as PICS colaboram na visão de integralidade da atenção à saúde. A incorporação das Práticas Integrativas no Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil tem se ampliado desde 2006, a partir da inserção dessas práticas na Atenção Básica, como coadjuvante na política de Humanização do SUS (Brasil, 2015).

Para Gontijo e Nunes (2017), é incontestável a contribuição da medicina alternativa na busca da autonomia do paciente. As PICS, por meio da terapêutica simples, dependem menos do cientificismo duro e rígido, são mais acessíveis a todas as classes sociais e apresentam um impacto econômico no sistema público da saúde, uma vez que, por serem de baixo custo, trazem grandes benefícios à população.

Em relação às condições clínicas e aos eventos ansiogênicos, a OMS, tem indicado a acupuntura para o tratamento de diversas doenças agudas e crônicas, desde 2002, devido à eficácia para todas as faixas etárias e para todos os níveis de atenção à saúde. Sua resolubilidade abrange as desordens de ordem física, assim como problemas psicológicos e emocionais (Goyata et al., 2016).

Uma das principais contribuições que a medicina chinesa tem a oferecer é a concepção holística do ser humano: o pensamento oriental contribui para compreensão do sujeito como um todo, propondo uma clínica que visa estudar cada conjunto específico de sinais e sintomas dentro de uma forma particular de expressar suas desarmonias biológicas, psíquicas e sociais (Castro, 2011, p. 45).

A grande maioria dos estudantes da UFSB procuram o Laboratório de PICS, com queixa principal de ansiedade e insônia, devido ao desenvolvimento das atividades acadêmicas, que afetam o ciclo de sono e repouso. Vieira (2013) verificou a eficácia do tratamento da ansiedade em universitários, próximo aos dias de exames por meio da acupuntura auricular. Segundo Zuppa (2014), diversos estudos têm mostrado que a acupuntura é uma boa opção de tratamento para o estresse, depressão, bem como para a melhora do sono.

O trabalho de Vieira (2013) relata a eficácia da acupuntura auricular no tratamento de ansiedade dos universitários na época dos exames, colaborando para a melhora do rendimento dos estudantes.

A Universidade Federal da Bahia (UFBA) conta com um Ambulatório de PICS nas dependências do Hospital das Clínicas de Salvador que se caracteriza como um espaço complexo, pela diversidade de PICS e ações. Ele apoia os cursos da área de saúde da Universidade Federal da Bahia, que oferta diversos tipos de PICS e se constitui como um espaço multirreferencial de aprendizagem, cuidado e afetividade (Pereira, 2017).

Atualmente, esse Ambulatório serve de referência para o trabalho do Laboratório de PICS da UFSB, tendo os alicerces fundados na necessidade de romper com os paradigmas de cuidado em Saúde fragmentado e desumanizante, voltando-se para uma prática humanizada e humanizante.

 

Sobre o Laboratório de PICS

Inicialmente foi implantado o Grupo de Estudos sobre PICS em outubro do ano de 2017, com encontros quinzenais, abertos às comunidades internas e externas. Mensalmente eram eleitos temas de interesse e debatidos à luz de referenciais teóricos, além de vivenciadas práticas relativas ao tema de estudo. Posteriormente o projeto foi submetido à Pró-Reitoria de Sustentabilidade e Integração Social, a qual solicitou que fosse transformado em Grupo de Pesquisa.

Para viabilização dos objetivos do Grupo foi criado o Laboratório de PICS, dando atendimento em parceria com a Psicóloga do Campus Sosígenes Costa. A implantação do Laboratório de PICS da UFSB teve como objetivos: atuar conjuntamente com o Serviço de Saúde do campus com o fito de complementar a assistência oferecida, colaborando com a diminuição da utilização de medicamentos psicotrópicos desnecessários; servir de local de formação complementar em Práticas Integrativas e Complementares em Saúde; proporcionar campo de atuação prática de Cursos de Formação, sejam de Extensão, Aprimoramento ou Especialização na área de PICS; e fomentar o estudo e a pesquisa na área de PICS.

Essa parceria teve início no mês de fevereiro do ano de 2018, com atendimentos realizados pela docente, especialista em Acupuntura uma vez na semana, inicialmente abarcando os encaminhamentos da psicóloga e da enfermeira, porém posteriormente houve um crescimento substancial dos atendimentos no sentido inverso, ou seja, muitos estudantes procuravam o Laboratório de PICS e acabavam por ser encaminhados tanto à psicóloga quanto à enfermeira.

Inicialmente, sem local próprio, a docente oferecia atendimento a estudantes, técnicos administrativos e docentes, em acupuntura e auriculoterapia em salas disponíveis. Posteriormente, com a disponibilização de uma sala adaptada (antigo camarim do anfiteatro principal), a docente responsável cedeu materiais como maca, materiais para atendimento em auriculoterapia, acupuntura sistêmica, acupuntura coreana, moxabustão, ventosaterapia.

No primeiro semestre do ano de 2018 (de fevereiro a julho) foram realizados pela docente 213 atendimentos individuais, em acupuntura e auriculoterapia, para diferentes queixas, principalmente: ansiedade, labilidade emocional, dores cervicais e lombares, insônia, estados de desânimo, além de cefaleia e falta de concentração, muitas delas concomitantes.

Esse levantamento foi realizado a partir de um livro de registro de atendimentos, no qual foram anotados: a anamnese sumária com queixa principal e órgãos/sistemas energéticos afetados, além do tratamento utilizado durante as sessões.

A grande maioria dos atendidos retornaram referindo melhora dos quadros clínicos que os levaram ao atendimento, entre a segunda e quarta sessões, e a psicóloga verificou a melhor adaptação dos estudantes frente às questões que os levaram ao consultório psicológico.

Desta forma, em conjunto com o Grupo de Estudo e Pesquisa em PICS (GEPPICS), que divulga e congrega as pessoas em torno do tema, o Laboratório tem servido de base para as ações voluntárias de estudantes, técnicos, docentes e comunidade externa à universidade, ampliando o atendimento na atualidade em diferentes práticas e técnicas, como tethahealing, massoterapia, meditação e reiki.

 

Considerações finais

Tendo em vista o alinhamento com o Plano Orientador da UFSB, entende-se que a preocupação não só com a entrada dos estudantes da região, tão alijados do processo de inclusão social, no meio acadêmico, mas também com sua manutenção na Universidade é um dos maiores desafios a serem enfrentados pela jovem Universidade.

Desta forma, os esforços institucionais devem também abarcar o delineamento de projetos transdisciplinares, não só no âmbito do ensino, mas em todos os restantes aspectos da vida universitária. Nesse sentido, o trabalho interprofissional e transdisciplinar desenvolvido nas ações do Laboratório de PICS tem total congruência com o projeto institucional e com as atuais políticas de Educação e de Saúde do Brasil.

Acredita-se que o sucesso do trabalho desenvolvido se deve à ação conjunta dos profissionais além da utilização da escuta qualificada, buscando atuar o mais precocemente possível nos quadros de ansiedade dos estudantes, evitando assim, com o agravamento dos mesmos, a medicalização desnecessária.

Por seu caráter inovador e pioneiro, é importante que se dê a visibilidade necessária ao trabalho que vem sendo realizado, bem como, que se busquem parcerias e embasamentos teóricos à sua expansão, dentro e fora da Universidade. Espera-se que este breve relato da experiência vivida sirva de inspiração e possa ser replicado para o benefício da Universidade e de outros segmentos.

 

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Endereço para correspondência:
Isabel Cristina Belasco
isabel.belasco@gmail.com

Renata Soares Passinho
renatapassinho@gmail.com

Valéria Aparecida Vieira
valeria.vieira@ufsb.edu.br

Submetido em: 31/10/2018
Revisto em: 06/01/2019
Aceito em: 06/02/2019

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