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Revista da Abordagem Gestáltica

versão impressa ISSN 1809-6867

Rev. abordagem gestalt. v.14 n.2 Goiânia dez. 2008

 

EDITORIAL

 

O ano de 2008 se encerra para nós, da comunidade gestaltista, com a falta. Com a perda de figuras singulares, colaboradores ativos, personalidades marcantes, fica a “falta” ou a vacância de um lugar que não poderá ser ocupado por ninguém mais, apenas pela lembrança. Deixaram-nos, para outra jornada, nossos amigos Sheila Orgler, Décio Casarin e Elysette Lima da Silva.

Ao mesmo tempo em que a perda se instala, renovamse, a cada dia, perspectivas e desafios. Um desses desafios é exatamente a construção de uma abordagem sem a alegria de Sheila, a irreverência de Elysette ou a contribuição e a história de Décio.

É nesse contexto que surgem igualmente novas perspectivas, como a inclusão da Gestalt em diferentes caminhos e entrelaçamentos. Acompanhando o crescimento das abordagens fenomenológicas e a difusão do pensamento existencial, apresentamos esse novo número da Revista da Abordagem Gestáltica, consolidando o diálogo interdisciplinar – envolvendo psicologia, filosofia e teologia –, além de reforçar o “lugar” da fenomenologia como fundamento necessário para uma reflexão consistente na contemporaneidade.

O atual número da revista apresenta artigos tanto de cunho empírico e experimental, quanto reflexões teóricas e filosóficas. Principiamos com um texto de pesquisa empírica, com base numa análise fenomenológica, sobre “Viuvez e Luto sob a Luz da Gestalt-Terapia: Experiências de Perdas e Ganhos”, de Lívia Cardoso Ferreira, Nara Cristina Leão e Celana Cardoso Andrade. Em seguida, temos um artigo de pesquisa fenomenológico-experimental, intitulado “Reversibilidade entre percepção e expressão na experiência cinematográfica: A completação gestáltica para campo multiestável”, de William B. Gomes, Daniel Rosemberg, Luciano da Silva Alencastro e Thiago Gomes de Castro.

Em seguida, apresentamos uma discussão que envolve a atualidade dos debates em psicopatologia, através do artigo “Compreendendo os Transtornos Alimentares nos Caminhos da Gestalt-Terapia”, de Arlene Leite Nunes e Adriano Holanda. Voltamos, posteriormente, ao debate empírico, com a pesquisa intitulada “Psicologia Escolar: Abrindo Espaço para a Fala, a Escuta e o Desenvolvimento Interpessoal”, de Gizele G. Parreira Elias e Mariana Oliveira Veras. E, finalmente, encerrando esse primeiro espaço de debates, temos o texto “Formas de Existir: A Busca de Sentido para a Vida”, de Cláudia Aparecida Carneiro e Stela Dalva Abritta.

Dando prosseguimento ao diálogo iniciado no número anterior, apresentamos mais quatro textos que envolvem o debate entre psicologia e religião, com a seção “Diálogos (Im)Pertinentes – Dossiê Religiosidade II”. “Reflexões sobre o Lugar de uma Psicologia da Religião”, de Jorge Ponciano Ribeiro, discute a relação entre o psicológico e o religioso; “A Espiritualidade Ontem e Hoje. Foucault e a Hermenêutica de Si”, de Eduardo Sugizaki e Mário F. F. Rosa, traz a questão foucaultiana para uma aproximação; e os textos “Antropologia Semítica de Paulo Apóstolo em Confronto com a Antropologia Grega”, de Joel Antonio Ferreira, e “Uma Leitura Crítica do Livro de Habacuc na Perspectiva da Fenomenologia da Religião”, de Jeová Rodrigues dos Santos, aproximam fenomenologia e antropologia da reflexão psicológica.

Nosso amigo Décio Casarin, muito antes de nos deixar, nos havia encaminhado um pequeno ensaio que ora publicamos postumamente, chamado “Complementaridade Intuição/Ego: Awareness no processo de relação criadora de informação”, como uma derradeira contribuição a nossa abordagem. Na intenção ainda de uma homenagem, Teresinha Mello da Silveira nos oferece o perfil desse personagem, pouco e muito conhecido, da comunidade gestáltica.

Continuando nosso esforço em oferecer aos leitores cada vez mais documentos históricos e fundamentais para a disciplina, apresentamos o famoso diálogo empreendido entre Carl Rogers e Martin Buber, originalmente realizado em 1959. O conteúdo desse debate e a reflexão sobre as duas posições são de fundamental importância para a construção de um olhar sobre o que é a clínica, a comunidade, o princípio dialógico e as possibilidades de uma comunicação entre dois mundos distintos, mas entrelaçados. A leitura desse diálogo não será apenas importante para rogerianos ou gestaltistas, ou mesmo psicodramatistas que acolhem o pensamento buberiano em suas bases, mas para todo aquele interessado numa perspectiva antropológica e fenomenológica do humano.

Esperamos, assim, que este número represente mais uma significativa contribuição aos estudiosos da fenomenologia e suas diversas leituras.

 

Adriano Furtado Holanda
- Editor -

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