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Revista da Abordagem Gestáltica

versão impressa ISSN 1809-6867

Rev. abordagem gestalt. v.15 n.2 Goiânia dez. 2009

 

ARTIGOS

 

Psicologia e esporte: um olhar fenomenológico para um encontro marcado pela modernidade

 

Psychology and sport: a phenomenological look on this meeting marked by modernity

 

Psicología y desporte: una mirada fenomenológica en eso encuentro con las huellas de la modernidad

 

 

Cristianne Almeida Carvalho

Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Maranhão

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Psicologia e Esporte: um olhar fenomenológico para esse encontro marcado pela Modernidade é um artigo que discute sobre a relação entre Psicologia, Esporte e Modernidade a partir de um olhar fenomenológico. Apresenta um breve passeio sobre a contextualização histórica de tais aspectos situando finalmente a Psicologia do Esporte como um produto da Modernidade. A conclusão, ainda provisória, revela elementos importantes para considerar o encontro desses saberes um cenário propício para o surgimento da Psicologia do Esporte como uma especialidade da Psicologia.

Palavras-chave: Psicologia do esporte; Modernidade; Fenomenologia.


ABSTRACT

Psychology and Sport: a phenomenological look on this meeting marked by Modernity an article that discusses about the relationship between psychology, Sports and Modernity from a phenomenological gaze. Provides a brief walk on the historical contextualization of these issues finally reaching the Psychology of Sport as a product of modernity. In conclusion, although temporary, is important to consider the meeting a scenario of knowledge conducive to the emergence of psychology as a specialty of Sports Psychology.

Keywords: Psychology of sport; Modernity; Phenomenology.


RESUMEN

Psicología y Desporte: una mirada fenomenológica en eso encuentro con las huellas de la modernidad es un artículo que analiza la relación entre la Psicología, los Deportes y la Modernidad desde una mirada fenomenológica. Ofrece un breve paseo por la contextualización histórica de estas cuestiones finalmente llegar a la Psicología del Deporte como un producto de la modernidad. En conclusión, aunque temporal, es importante considerar la reunión un escenario propicio para el conocimiento de la aparición de la psicología como una especialidad de Psicología del Deporte.

Palabras clave: Psicología del deporte; Modernidad; Fenomenologia.


 

 

Introdução

Modernidade é um tema complexo por possuir diversas concepções teóricas a seu respeito. Eclodida a partir do século XVIII, a Modernidade se caracteriza pela ruptura com a tradição, na busca do novo e do progresso, onde isso passa a ser entendido " como fruto da capacidade, da potencialidade humana " (Jacó-Vilela, 2001, p. 25). É nesse contexto que tanto a Psicologia, como a Educação Física1 , surgem como disciplinas científicas e a intenção desse trabalho é tentar descrever o encontro entre tais saberes a partir de um olhar fenomenológico que mais permeia a forma de ver esse fenômeno. Acredita-se que com uma visão existencialista e fenomenológica, pode-se compreender o homem e o mundo a partir da sua facticidade, como afirma Merleau-Ponty em A Fenomenologia da Percepção.

Aborda-se a relação do indivíduo com a prática esportiva de modo geral e como essa aproximação favoreceu ao surgimento da Psicologia do Esporte, uma especialidade voltada para compreender o indivíduo e auxiliá-lo a desenvolver e/ou aprimorar suas habilidades pessoais e psíquicas durante a prática de atividades físicas. Para tal, apresenta-se inicialmente uma breve contextualização histórica sobre a Modernidade, a Psicologia e a Educação Física e em seguida algumas reflexões e questionamentos a partir do olhar fenomenológico sobre a Psicologia do Esporte e a Modernidade.

A Psicologia do Esporte surgiu no século XX, a partir de condições presentes no século anterior quando, entre outras coisas, o corpo passou a ser entendido como útil para a força-de-trabalho e esse entendimento criou um ambiente importante para o surgimento da Educação Física como mediadora no controle do corpo, conforme será abordado posteriormente. Em termos históricos, a Psicologia do Esporte se constitui em meio à Modernidade e é aqui entendida como um produto desta. Contudo, nossa questão é, se a Psicologia do Esporte é uma prática moderna, estaria ela dentro dos padrões da Modernidade?

Essa é uma percepção pessoal, e este artigo tem como objetivo discutir e aprofundar os conhecimentos sobre a relação da Psicologia com o esporte nos tempos modernos, refletindo-se sobre alguns aspectos que possam ser relevantes nesse universo interdisciplinar, no Brasil.

 

A Modernidade e o Brasil

A Modernidade, tão bem aceita pelo senso comum na atualidade, caracteriza-se como um processo se iniciou no século XVI a partir da diminuição da hierarquia entre as relações sociais e as múltiplas reformas de ordens diversas originadas a partir do Renascimento. Consolidou-se no século XVIII, produzindo novas subjetivações e sofrendo alterações constantes até os dias atuais. A Reforma Protestante de Lutero e o Capitalismo foram eventos importantes desse processo. As mudanças experienciadas pela sociedade nesse contexto como as novas formas de relações de trabalho, o desenvolvimento de um ideário de liberdade e igualdade e restrições na mediação entre o indivíduo e a Igreja, para citar alguns, favoreceram ao surgimento de uma relação do indivíduo consigo mesmo, um voltar-se para si em busca de respostas. E assim, a experiência de individualidade começou a ser construída, um novo modo de ver o mundo e a própria vida caracterizam o que se chama hoje de Modernidade. Além disso, noções como progresso, civilização, a distinção entre público e privado, assim como a valorização exacerbada da técnica, das máquinas que, segundo Ewald (2001 p. 66)

...arrastam consigo um outro sentido para o mundo, dividindo-o praticamente em duas partes: a civilizada, formada por aqueles que criam, usufruem e compartilham das novas tecnologias - elemento básico da modernidade -, e a daqueles que ainda estão num grau inferior de desenvolvimento...

Essa distinção se consolidou no século XIX, trazendo consigo mudanças agudas na noção de tempo e espaço para as sociedades ocidentais. Foi o momento de valorização da velocidade dos acontecimentos, do conforto e das facilidades. O Brasil não ficou imune a esses efeitos. Um exemplo disso são os escritos de Ewald (2001) sobre a realidade carioca no início do século XIX, centro político e econômico do Brasil na época, que importou da Europa a noção de progresso, desenvolvimento e evolução como sinônimos, equivalentes à Modernidade.

 

A Psicologia e Indivíduo Moderno

No mundo científico o efeito dessas transformações pode ser ilustrado por Mancebo (2002) quando afirma que o modelo racional de fazer ciência, construído pela revolução científica dos séculos XVI e XVII e por seus representantes principais Bacon e Descartes, influenciaram o surgimento de novas formas de relação entre sujeito e objeto de conhecimento. Assim, o sujeito, agora senhor de suas vontades, autoconsciente, centro e fundamento do mundo, passou a ocupar lugar mais definido na Idade Moderna.

Em outros termos... Ao longo dos tempos, construiu-se a expectativa de cultivo e respeito à interioridade, através da proteção da privacidade e instituiu-se uma nítida separação entre as esferas públicas e privadas da vida. No entanto, esse processo de constituição da subjetividade moderna foi longo e continua sofrendo modificações intensas até a atualidade. (Mancebo, 2002, p. 2).

Essas e outras mudanças emergentes nos séculos citados são elementos constitutivos da subjetividade e participaram da construção de um homem movido pela individualidade competitiva, pela intimidade exagerada e isolamento social, pela disciplina, submissão e alienação imposta aos corpos. " Com a fragmentação e indiferenciação próprias do mundo moderno, o indivíduo busca seus pontos de referência cada vez mais em si próprio, em sua intimidade " (Jacó-Vilela, p. 26, 2001).

Aos poucos, diminui sua capacidade de formular e agir em prol da coletividade, e sua referência pessoal pode se confundir com as demandas sociais. O esporte moderno é um exemplo disso. Mais valem as exigências impostas ao atleta que suas limitações pessoais. É importante conhecer um pouco mais sobre o saber que se propõe compreender esse homem moderno.

A Psicologia como Ciência se constitui a partir das mudanças em torno da individualidade e da noção de público e privado ocorridas no século XVIII, assim como da relevância que a natureza humana passa a ter para as Ciências na virada do século XIX. O pensamento evolucionista e a noção de adaptação ao meio ambiente levam a Psicologia e as Ciências Sociais a trabalharem com grupos humanos. Daí surgirem as distinções entre normal e anormal e a busca de adaptação e ajustamento ao meio social, inicialmente apresentados na Inglaterra. A discussão entre mente e corpo não desaparece, mais cede espaço para a biologia evolucionista. Nos EUA, a Psicologia se fundamenta no estudo da consciência, de sua função adaptativa e de sua evolução na espécie humana. Na Europa Central, a ênfase esteve na relação entre a Psiquiatria e Neurologia, quando a loucura passou a ser explicada como uma patologia da mente e não mais dos nervos. Embora tais experiências tenham sido significativas para o surgimento de várias psicologias, só no final do século XIX, na Alemanha, W. Wundt (1832-1920) e seu laboratório de Psicologia (1879) proporcionaram o estudo experimental da Psicologia em uma formação universitária. O mundo se volta para o controle, a mensuração, a classificação em todos os aspectos, individuais e coletivos, internos e externos ao indivíduo.

Para Soares (2005, p. 19) " O século XIX realiza a grande revolução científica dos laboratórios, da industrialização e do crescimento das disciplinas e de instituições sociais. " A ideologia cientificista e capitalista toma conta da sociedade transformando-a em um grande organismo vivo, movido pela noção crescente de desenvolvimento. Tudo pode e deve ser medido, classificado, comparado, definido e generalizado.

O Brasil percorreu esse caminho de forma lenta, pois a institucionalização da Psicologia como saber acadêmico e profissional só ocorrerá na segunda metade do século XX (1962). Até meados do século XIX não havia escolas universitárias no país. Segundo Araújo (2006, p. 102) a Psicologia começa a se estabelecer no Brasil " ...principalmente pela via da psicologia aplicada - seja na psiquiatria ou pedagogia com ênfase na psicometria2...", uma prática distante dos estudos de Wundt na Alemanha.

Além disso, e antes disso, informalmente, as idéias ou discursos psicológicos oriundos da diversidade cultural e da presença dos jesuítas no país também comparecem como elementos da chegada da Psicologia no Brasil, conforme Massimi (2006).

Em seguida, as experiências modernas trazidas pelas novidades tecnológicas que aqui chegavam, assim como pelos filhos de famílias abastadas que iam estudar na Europa e por outros muitos brasileiros que continuavam seus estudos de forma autodidata. A importação de conhecimentos foi necessária, mas agregou o surgimento de entendimentos diversos no que se refere à visão de mundo e aos fundamentos da Psicologia, fortemente marcados pela demanda de controle e mensuração que a psicometria oferecia. Esse é um canal de aproximação entre Psicologia e Educação Física.

 

A Educação Física

A construção desse homem novo também incluía além dos aspectos intelectuais, mentais, culturais, os aspectos físicos. O corpo na era moderna passa a ser visto como objeto de controle social. Na visão de Foucault

O controle sobre os indivíduos pela sociedade não se opera simplesmente pela consciência ou pela ideologia, mas começa no corpo, com o corpo. Foi no biológico, no somático, no corporal que antes de tudo investiu a sociedade capitalista. O corpo é uma realidade biopolítica (2004, p. 80).

As palavras de Foucault sinalizam que o capitalismo em ascensão facilitou o diálogo entre medicina e Estado, quando a primeira ajudaria a conter as agitações sociais oriundas no início do século XIX em função do aumento populacional. Mais uma vez a necessidade de controle entra em ação. Inicialmente, pela via da higienização e cuidados com a saúde, que depois desdobraram-se em cuidados com o corpo voltados para a força-de-trabalho. A Ciência acompanha essa tendência, pretendendo estabelecer uma ordem lógica nas atividades e um aproveitamento econômico do tempo e das energias. Segundo Soares (2005, p. 19) o movimento ginástico europeu foi a grande base para o pensamento moderno em torno das práticas corporais no ocidente.

A aplicação da ginástica tinha uma vantagem diante da aquisição e preservação da saúde, quando compreendida como conquista e responsabilidade individual a partir de sua prática sistemática. Era uma forma de inibir os 'excessos do corpo' vividos por acrobatas e funâmbalos (Soares, 2005, p. 19).

As atividades físicas não poderiam mais ser executadas sem um objetivo específico e as atividades circenses, embora exercendo grande fascínio na sociedade européia no século XIX, passaram a ser temidas pela burguesia, pois nelas o corpo era tido como centro do espetáculo. O corpo, livre para executar qualquer movimento, ameaçava a idéia de disciplina e a necessidade de controle social. O corpo deveria servir ao trabalho e não apenas para despertar o riso e as emoções. Em lugar das atividades lúdicas surgiriam os exercícios físicos em série, pensados para partes específicas do corpo, atendendo a grupos musculares e funções orgânicas com objetivos úteis. Nada mais contemporâneo que o cenário das academias de ginástica no século XXI no mundo ocidental.

O esporte em geral adaptou-se a essa demanda e hoje é considerado um fenômeno social abrangente e crescente. Para o senso comum, os esportes significam qualquer forma de exercício físico ou diversão, mas, para os estudiosos da Sociologia, é muito mais do que isso: é um fenômeno humano que constitui um conjunto social e cultural e deve ser analisado como um sistema de normas, valores e representações que se difunde na sociedade de diversas formas.

Nessa perspectiva, o esporte moderno é um reprodutor das relações capitalistas, pois impõe a competição entre pessoas e grupos, o princípio do rendimento, a alienação, a ideologia política, objetivação/racionalização da produtividade, hierarquia social e o princípio burocrático. Diante desse cenário, pode-se compreender um terreno propício para a Psicologia transitar e construir uma nova prática voltada para a realidade esportiva. Do mesmo modo que as mudanças experienciadas com o advento da modernidade propiciaram o surgimento do saber psicológico no século XIX, o século XX, no Brasil, torna-se um celeiro de possibilidades para que a psicologia aplicada avance e aproxime-se de diversos outros campos de saber como social, o jurídico, o comunitário, o ambiental e o esportivo3 .

Quando se pensa em esporte na atualidade, não é difícil imaginar o esporte de alto rendimento e competitivo, amplamente divulgado pelos meios de comunicação. A Psicologia por sua vez, quando é lembrada nesse contexto é facilmente relacionada às questões emocionais e de personalidade. A união entre esses dois campos de saber - Psicologia e Educação Física - resultou, por parte da Psicologia, em uma prática chamada Psicologia do Esporte4 . O advento da modernidade impulsiona esses dois saberes a reconhecer a importância mútua e a uma retomada, ainda que de forma indireta, da questão mente e corpo, tão discutida no século XVII. A fim de delimitar a discussão no âmbito da Psicologia e do Esporte, percebe-se que nos tempos modernos o olhar científico ao corpo do indivíduo volta-se em geral, para as demandas de obtenção de resultados, do culto à beleza estética e à perfeição atlética, gerando formas diferentes de subjetividade.

Conforme discorrido anteriormente, a Modernidade caracteriza-se pela novidade, pelo diferente, além disso, a noção de competitividade requer uma busca constante de novos objetivos e marcas pessoais. Aprende-se que, para ser o melhor, é necessário romper ou ignorar os limites físicos e mentais e para ter o melhor prioriza-se novidade em detrimento da necessidade e o dinheiro passa a ser o grande combustível para satisfazer essas demandas.

 

A Psicologia do Esporte e sua História

Falar de Psicologia do Esporte implica em compreender o homem em sua dinâmica pessoal diante da atividade física. Mas essa é uma longa história..., que aqui recorta-se a partir do mundo moderno e da relação mente e corpo nesse período, que não é assunto cativo à Psicologia, mas muito lhe interessa quando se refere à definição da identidade do indivíduo. Vidal (2002, citado por Ferreira, 2006, p. 22-23) localiza essa relação a partir do século XVII, onde a concepção aristotélica de ausência de distinção entre esses dois domínios perdurou da Antiguidade até a Modernidade, influenciando diversos pensadores como Santo Agostinho (354-430) e São Tomás de Aquino (1225-1274) para citar alguns. Com Descartes, no início do século XVII, essa visão se altera, pois ele propõe a separação entre mente e corpo.

Essa idéia "desencorporificadora" da nossa identidade (somos o que é determinado em nossa mente e nosso cérebro) persevera até hoje não apenas na Psicologia e nas Ciências Cognitivas, mas em práticas como a criogenia. Nossa mente e cérebro se identificam pois ao sujeito, restando ao corpo o papel de mero objeto, de mera máquina opaca ao nosso conhecimento imediato (Ferreira, 2006 p. 23).

Essa distinção delimitou o início da Psicologia no século XVIII e ainda está presente no campo Psicológico na forma de experiência objetivas e subjetivas. A isso soma-se a noção de individualidade que só aparece na Idade Média e pode ser ilustrada com a noção de liberdade descrita por Benjamin Constant (1820, citado por Gauchet, 1980), quando afirma que na Antiguidade a forma de organização dos povos os levava a desejar um sentido de liberdade e o exercício desta poderia ser constatado nas deliberações populares em praças públicas sobre a guerra e a paz, em votar as leis, examinar as contas, julgar os atos de delito, entre outras ações. As leis regulamentavam inclusive os costumes, tornando o indivíduo da Antiguidade um escravo em sua vida privada, mas soberano nas questões públicas. Esse sentido de liberdade para os antigos era compatível à submissão total do indivíduo à autoridade, a individualidade estava sujeita à vigilância do Estado. " O indivíduo estava, de certa forma, perdido na nação, o cidadão na cidade " (Constant, 1820, citado por Gauchet, 1980, p. 12).

As condições sociais da Antiguidade não permitiam que um sistema representativo se instalasse. Segundo Constant (1820, citado por Gauchet, 1980), os povos sequer sentiam a necessidade ou vislumbravam as vantagens desse sistema, uma descoberta da Modernidade. Dentre os acontecimentos sociais e políticos que serviriam de base para a experiência de individualização no final da Idade Média destaca-se a formação dos Estados modernos, onde todos passam a ser iguais perante a lei do Estado e não mais à lei de Deus. Tais acontecimentos demarcam início da Idade Moderna no século XVI, onde se inicia uma experiência universal de individualização a partir da " ... constituição do sujeito como autônomo, singular, igual aos demais e dotado de inferioridade (foro íntimo) que seria a base contratual dos Estados modernos e fonte do poder destes " (Ferreira, 2006, p. 27).

No entanto, esse indivíduo autônomo e soberano não era fonte de saber, mas fonte de legalidade, pois ainda restava o ranço aristotélico contra uma ciência do particular em favor da ciência dos entes universais. Seria preciso então outra forma de individualização para que as Ciências pudessem se apoderar do indivíduo como fonte de conhecimento. Isso só se manifestará no século XVIII diante das demandas sociais de aumento populacional, surgimento de artefatos industriais e as novas relações de trabalho, que suscitaram a criação de novas estratégias de poder baseadas na vigilância dos indivíduos e das populações ao longo do espaço e do tempo.

Sobre isso Benevides & Josephson (2006, p. 443) acrescentam que, na Europa do século XVIII a distinção entre o público e o privado se estabelece, quando público passa a ser objeto do Estado e a vida privada, revalorizada para seu espaço de relações íntimas e pessoais. Surge então uma nova técnica de gerir os homens iniciada nesse século, aumentando sua utilidade e enquadramento em um sistema invisível de ordenação da subjetividade. Essa nova concepção pode contribuir para a compreensão de outros modos de subjetivação e sociabilidade hoje na contemporaneidade. As autoras destacam ainda, esse processo como influência para uma nova configuração que os espaços públicos passam a ter no século XIX a partir dos sentimentos e questões íntimas, diferentes do século anterior (Sennett, 1988, citado por Benevides & Josephson, 2006, p. 443).

Tais fatos são corroborados com o movimento disciplinar iniciado pela Medicina, atuando igualmente nos corpos individuais e nas formas de sociedade urbana, fixando indivíduos em lugares específicos (hospitais, asilos, presídios, escolas, etc.). Fundamentadas por Focault, as autoras sinalizam o papel da Medicina Social nesse contexto como sendo de regulação e organização dessas grandes cidades. A Medicina lançaria seu olhar não mais no corpo do indivíduo, mas no corpo das populações, dos grandes grupos organizados ou não. Seria a Biopolítica das populações. O Estado seria o orquestrador-produtor dessa operação biopolítica com auxílio da tecnologia e de disciplinas da Medicina que difundiriam normas para cuidados com a saúde e a higiene, como também controlaria sua aplicação. A disciplina nesse caso era fundamental. O Capitalismo, já em ascensão, facilitou um diálogo entre a Medicina e Estado, onde a primeira ajudaria a conter as agitações sociais oriundas no início do século XIX.

A disciplina passa a ser o mote não só nas questões políticas e de saúde, mas sociais e esportivas. As descobertas científicas ganham mais espaço, em especial no campo biológico, florescendo as explicações e teorias com esse enfoque. Na primeira metade do século XIX surge a noção de modelagem e estética corporal e os primeiros aparelhos são criados para correção e melhoria da postura. Na segunda metade desse século o enfoque ao corpo ocorre pelos estudos de termodinâmica e os objetivos tornam-se mais requintados, visando ao adestramento corporal. Os exercícios físicos passam a ser receitados como forma de prevenção de doenças, correção de vícios posturais e as mulheres também começam a ser focalizadas (Soares, 2005).

Em nome da saúde, da ordem e do progresso, o poder médico esquadrinha os espaços de vida dos indivíduos e as suas próprias vidas ao definir normas... regras necessárias para a manutenção da saúde de seus corpos biológicos, individuais.... As tecnologias políticas que investirão sobre o corpo, sobre a saúde, sobre as formas de se alimentar e morar serão traduzidas pelo discurso da boa higiene,.... da tão almejada saúde (Soares, 2007, p. 31).

O corpo dos indivíduos torna-se um instrumento fundamental para a produção. Era necessário investir nele então. Mas esse investimento tinha objetivos definidos, era preciso adestrá-lo, desenvolver o vigor físico desde cedo, discipliná-lo, para atingir sua função na produção e reprodução do capital. As sociedades ocidentais continuam cada vez mais obedientes a esse ideal capitalista, com aperfeiçoamentos diversificados. O avanço tecnológico apresenta-se como um grande aliado tanto para auxiliar o homem moderno como para compensar seus limites em atingir as metas impostas pela Modernidade.

Tais reflexões históricas são importantes no sentido de compreender-se o processo de construção da subjetividade e sua relação com a noção de público e privado, individualidade, liberdade, assim como as estratégias do Estado para administrar as demandas sociais emergentes em cada época. Pode-se ilustrar esse processo também no âmbito das Ciências, onde a organização leva à especialização e à diferenciação de campos de saber "diversos" em espaços cada vez mais delimitados, controlando através da coletividade, manifestações individuais físicas, ideológicas ou subjetivas.

 

Psicologia do Esporte e a Prática do Individualismo no Esporte

Refletir sobre tais questões nos aproxima da realidade da prática esportiva hoje e suscita novos questionamentos sobre como a Psicologia se apresenta diante de tais demandas, pois sua inserção no universo esportivo é uma realidade. O objetivo desse artigo não é o de trazer a discussão mente e corpo de volta, muito menos psicologizar essa questão, mas discutir a relação Psicologia e Esporte e da Psicologia do Esporte como um produto da Modernidade. A Psicologia do Esporte no mundo - EUA e Europa - ganha forma no fim do século XIX. No Brasil só na segunda metade do século XX. De lá para cá passou a ser considerada uma das Ciências do Esporte5 . Weinberg e Gould (2001, p. 28) definem a PE como Psicologia do Esporte e do Exercício, afirmando que " é o estudo científico de pessoas e seus comportamentos em atividades esportivas e atividades físicas e a aplicação desse conhecimento ". Compartilham dessa idéia, Barreto (2003) e Samulski (2002), para citar alguns. Outros autores como Rúbio (2003), Rodrigues e Azzi (2007) além da perspectiva competitiva e de alto rendimento esportivo contemplam também a iniciação esportiva, as atividades físicas em geral, assim como as atividades em tempo livre e de reabilitação.

Nos esportes voltados para o alto rendimento a Psicologia do Esporte, juntamente com as demais Ciências do esporte, atua no sentido de auxiliar a obtenção de resultados pré-estabelecidos e, muitas vezes, impostos pelo mundo do esporte. Contudo, a Psicologia, como saber voltado à subjetividade e bem-estar humano, não pode deixar de oferecer e favorecer a uma visão global do ser humano, retomando a relação mente e corpo de forma integrada respeitando a subjetividade da pessoa-atleta6 .

Pode-se ilustrar o surgimento da Psicologia do Esporte a partir das palavras de Ferreira (2006) quando afirma que o saber psicológico e as práticas psicológicas contemporâneas apresentam experiências constitutivas fundamentais que se referem à constituição da subjetividade (interioridade reflexiva) e uma valorização da singularidade no espaço coletivo (individualidade). Tais experiências dão origem a outras práticas relevantes que conduzem à distinção mente e corpo, distinção entre os períodos da infância e idade adulta e ao conceito de loucura como uma doença mental. (Ferreira, 2006, p. 14-15)

A Psicologia do Esporte (PE), considerada por Achcar (2007) uma prática emergente7 , reconhecida e regulamentada pelo Conselho Federal de Psicologia8 (CFP), traz à tona a relação mente e corpo de forma visível e declarada em função do seu objeto de estudo estar inserido na realidade da prática esportiva. Desse modo é impossível considerar apenas os aspectos psíquicos do ser humano sem relacioná-los à atividade física praticada, aos resultados esperados de corpo e ao seu desempenho.

Embora essa relação seja evidente nos dias atuais e haja um reconhecimento institucional, ainda não se confirma seu reconhecimento efetivo na prática dos profissionais da Psicologia no Brasil. Seu percurso histórico, ainda que recente, caminha em passos lentos se for observado que a literatura destaca o surgimento da PE nos anos 50, especificamente com a participação do João Carvalhaes na Copa do Mundo de 1958, período anterior ao surgimento da institucionalização da Psicologia (1962) no país. Outro aspecto a se destacar é a produção e divulgação de conhecimentos, quando o I Congresso Mundial sobre Psicologia do Esporte acontece em Roma no ano de 1965 e no Brasil o primeiro evento nacional sobre essa temática

A Psicologia situa-se então em um espaço político entre dois tipos de indivíduos, característicos da modernidade. Um indivíduo autônomo e soberano, fonte do poder e outro submetido ao controle das disciplinas e alvo dos poderes, objeto do conhecimento. É nessa ambigüidade fruto da modernidade que a Psicologia caminha com objetivo de favorecer ao individuo o bom uso de sua liberdade na sociedade em que vive. A Psicologia encontra-se dialogando entre o controle e a resistência, tendendo mais a um ou outro, de acordo com as exigências sociais e mais atenta a estas. Para Rose (2008), a Psicologia nasce como uma disciplina em meio aos projetos políticos para controle de indivíduos, mas sempre teve uma vocação social. O autor acrescenta ainda, que a relação da Psicologia e a cultura política moderna ocorre em função do individualismo, pois foi como uma 'ciência do indivíduo' que a Psicologia encontrou seu lugar diante das técnicas de regulamentação.

Assim, não era apenas a ética do individualismo, mas também as práticas de individualização na prisão, na fábrica, na escola e no manicômio que forneciam condições-chave para disciplinar a psicologia (Rose, 2008, p. 7).

A Psicologia do Esporte, como especialidade do saber psicológico, ilustra essa realidade como uma prática do individualismo no esporte, quando se estabelece mediante um confronto entre as demandas externas impostas ao indivíduo (controle do corpo, resultados de rendimento, superação de limites, etc.) e as suas necessidade e limitações internas ou subjetivas. A Psicologia do Esporte insere-se em uma realidade esportiva liderada pelos saberes da Educação Física e da Medicina Esportiva, voltados para estratégias de controle do corpo no que se refere aos aspectos motores, físicos e orgânicos e acompanhou esse movimento instrumentalizando-se de testes e técnicas capazes de diagnosticar e intervir nessa realidade.

Cumpre lembrar que a prática esportiva profissional de alto rendimento é apenas uma das possibilidades de atuação do psicólogo do esporte, mas é a mais conhecida e divulgada pelos meios de comunicação e, conseqüentemente, destaca-se socialmente e alimenta os ideais da Modernidade tão bem sedimentados no século XXI. Tal contexto cria um dilema ético para profissionais que atuam nessa realidade.

Os jovens aprendizes dos esportes ou os projetos sociais encabeçados pela prática esportiva, originalmente, não visam os resultados de rendimento impostos pelos ideais da Modernidade. Contudo, o que se observa, na prática, de modo geral, são expectativas voltadas para o esporte de alto rendimento, ou seja, para a competitividade capitalista do esporte. O esporte, em geral, passa a ser aprendido e praticado com outros objetivos, diferentes do lazer e prazer da prática em si. A liberdade de movimentos, o prazer da espontaneidade corporal trazidas pelas atividades circenses, estão cada vez mais fora de moda. Vale a quantidade de músculos, as medidas corporais bem definidas, a superação de limites. Não importa o tipo de sofrimento para alcançar esses ideais. A Psicologia do Esporte diante dessa realidade não pode perder de vista seu objeto de estudo, mas também, precisa participar desse processo de forma crítica e responsável.

 

Psicologia do Esporte e Educação Física

A inserção da Psicologia no âmbito esportivo encontra outros obstáculos quando se observa a dificuldade de aceitação de novos saberes por parte da Educação Física, como afirmam Pinto e Teixeira (2002), ao considerarem que só no final do século XX a Educação Física ampliou sua

...relação acadêmica para com as disciplinas das áreas das ciências humanas. Seja na produção ou socialização do conhecimento relacionado às práticas corporais, as novas abordagens permitiram olhar para o homem como um ser histórico e social.... as disciplinas de História, Psicologia, Sociologia, Antropologia e Filosofia, entre outras, demonstraram de formas diversas que o homem que se movimenta é o mesmo que sente, que pensa, que luta e que se relaciona com os outros, com as coisas e com o tempo (Pinto e Teixeira, 2002, p. 2).

É importante considerar que existem movimentos de integração e inclusão entre as Ciências afins, mas isso não elimina as dificuldades em harmonizar o ideal e o real no que se refere à interdisciplinaridade na prática profissional. Essa ainda é uma realidade para os psicólogos do esporte. Além disso, não se pode esquecer do papel dos próprios profissionais que têm a responsabilidade de levar adiante sua prática. Sendo ela inovadora, as dificuldades em abrir espaço no mercado de trabalho, mostrar sua funcionalidade e aplicabilidade de modo fundamentado, não são tarefas fáceis, implicam na construção e divulgação dos conhecimentos, num voltar-se para si e dedicar-se ao aprofundamento teórico e dedicação em campo de atividade, assim como para o outro, onde a pesquisa e a produção científica passam a ser meios de expressão e reconhecimento da prática profissional.

A aproximação da Psicologia e do Esporte no âmbito profissional dos saberes da Psicologia e da Educação Física propiciou o surgimento da Psicologia do Esporte considerada aqui, como produto da Modernidade. O embasamento para tal reflexão está nas características históricas de constituição em relação ás características da Modernidade já citadas anteriormente, onde a Psicologia do Esporte nada mais é que uma forma da Psicologia progredir e buscar novas estratégias de atuação diante de uma nova demanda social. Aliados a isso, à valorização exacerbada da técnica, das máquinas, da necessidade de controle social e do corpo dos indivíduos, caracterizam a era Moderna e criam um espaço para o surgimento de novas tecnologias do conhecimento, capazes de atender às demandas sociais com velocidade e inovação constantes.

Viu-se também nas Ciências da Modernidade, a organização leva à especialização e à diferenciação de campos de saber "diversos" em espaços cada vez mais delimitados, visando o bem-estar do indivíduo através do corpo de profissionais especialistas em cada espaço físico objetivando atender grupos sociais diferenciados. A Psicologia do Esporte como especialidade do saber psicológico pode ilustrar essa realidade, no sentido de que se estabelece, mediante um novo espaço físico - o da prática esportiva - e a partir da confluência de profissionais diversos como educadores físicos, fisioterapeutas, fisiologistas, médicos e nutricionistas. Tem-se, então, diferentes profissionais, mas afins, ante as demandas externas ao indivíduo (resultados de rendimento, superação de limites etc.) e ou de suas necessidade e limitações internas (subjetividade).

No âmbito mundial, as questões físicas, técnicas e orgânicas foram exaustivamente estudadas desde o século XIX. O século XX parece ter destinado seus esforços para os instrumentos tecnológicos e para os aspectos psíquicos na formação dos atletas profissionais. A PE no Brasil não está de fora dessa realidade, mas tem acompanhado esse percurso em ritmo de procissão, onde o esforço e a dedicação estão presentes, mas os passos são lentos e muitas vezes carregados de sofrimento e frustrações por alguns.

Essa reflexão não encerra o debate e, muito menos, valoriza negativamente a inclusão da Psicologia do Esporte como um produto da Modernidade. O olhar fenomenológico aqui favorece à descrição dos fatos uma análise coerente com a realidade em questão e uma abertura para as demais possibilidades que possam surgir desse trabalho.

Entende-se que a Psicologia do Esporte é necessária nesse contexto e está cada vez mais consistente e fundamentada diante de sua aplicabilidade. Chama-se atenção para que essa prática possa ser exercida de forma consciente e crítica diante dos obstáculos e armadilhas impostas pela ânsia de consumo e de resultados imediatos da sociedade moderna.

 

Referências

Achcar, R. (2007). Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação. São Paulo: Casa do Psicólogo/Conselho Federal de Psicologia.         [ Links ]

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Endereço para correspondência
Universidade Federal do Maranhão. Av. dos Portugueses, s/n. Campus do Bacanga.
CEP 65080-040 - São Luis (MA).
E-mail: cristicarv@hotmail.com

Recebido em 20.05.09
Primeira Decisão Editorial em 23.11.09
Aceito em 10.12.09

 

 

Cristianne Almeida Carvalho - Psicóloga, com Mestrado em Psicologia Social pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). É doutoranda em Psicologia Social na Universidade do Estado do rio de Janeiro (UERJ) e Professora da Universidade Federal do Maranhão (UFMA).
1 A expressão "Educação Física" é entendida aqui como conhecimento científico sistematizado dos exercícios físicos, jogos e esportes. O termo "ginástica" aparece na literatura dessa época e pode ser considerado sinônimo de Educação Física.
2 "Parte da Psicologia dedicada aos métodos de medida dos fenômenos psicológicos, em especial aos testes psicológicos (Dicionário Larousse ilustrado da Língua Portuguesa, 2004).
3 Cf. mais em Achar (2006) no livro "Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação", produzido pelo Conselho Federal de Psicologia, que denomina esses campos de áreas emergentes para diferenciar das áreas consideradas tradicionais (clínica, educacional, trabalho e hospitalar) em função do período de seu surgimento.
4 O termo Psicologia do Esporte refere-se a um campo específico constituído pelos conhecimentos originários da Educação Física/esporte e a Psicologia. Diferencia-se de Psicologia no Esporte, pois este trata da aplicação da Psicologia Clínica, Educacional e Organizacional ao esporte. Ver mais em Rúbio (2000, p. 11)
5 Essa categoria se compõe de disciplinas como Antropologia, Filosofia e Sociologia do Esporte, no que se refere aos aspectos sócio-culturais, somadas à Medicina, Fisiologia e Biomecânica do Esporte. Ver mais em RÚBIO (2000).
6 O hífen é usado no sentido filosófico existencial, significando uma compreensão dos termos de forma integrada, apesar das diferenças.
7 Terminologia do livro Psicólogo Brasileiro: práticas emergentes e desafios para a formação produzido pelo Conselho Federal de Psicologia, 2006. Ele refere-se às áreas tradicionais Psicologia Clínica, Hospitalar, da Educação e do Trabalho, e às áreas emergentes são Psicologia Social, do Esporte, Jurídica, Comunitária e Ambiental.
8 A Resolução nº02/01 do CFP confere o título de Especialista em Psicologia do Esporte desde 2001. só ocorre em 1981, dezesseis anos depois. Além disso, só em 1970 surge o primeiro periódico internacional sobre Psicologia do Esporte. No Brasil, até hoje, 38 anos depois, não se tem registro desse tipo de informação.

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