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Revista da Abordagem Gestáltica

versão impressa ISSN 1809-6867

Rev. abordagem gestalt. vol.23 no.3 Goiânia dez. 2017

 

EDITORIAL

 

Editorial

 

 

Tommy Akira Goto

(Editor Associado)

 

 

No terceiro número da Phenomenological Studies apresentamos ao leitor um Dossiê com uma temática inédita. O dossiê traz diversos estudos sobre a "Fenomenologia das Idades da Vida" destacando, em especial, a fase da infância, adolescência e juventude.

A "Vida" é um fenômeno surpreendente, misterioso e que até hoje tem sido tema dos poetas, dos filósofos e também dos cientistas. Como tal, desperta nossa atenção, sobretudo por não tratar-se de algo que possamos abordar como um objeto, mas que sentimos de modo intrínseco, diretamente em nós, afinal, estamos vivendo. E por estarmos vivendo, ao mesmo tempo em que nos damos conta disso, passamos também a querer encontrar o sentido do nosso próprio viver. Pois bem, eis aí o motivo das perguntas originárias, das perguntas ditas existenciais; perguntas que originaram a atitude religiosa, a artística, a filosófica e a científica. Essas perguntas surgem como uma necessidade humana de encontrar uma explicação, uma sustentação ou mesmo um sentido para a Vida.

No entanto, depois de tantas tentativas religiosas, filosóficas e até mesmo científicas, ainda não chegamos a uma resposta final, a uma explicação que esgote o sentido da Vida. Talvez os poetas sejam aqueles que ainda têm se mantido mais próximos dela. Dizia Fernando Pessoa: "Temos todos que vivermos uma vida que é vivida e outra vida que é pensada". Isso é uma evidência! E, essa Vida que todos que vivemos temos, também acontece e é sentida de maneira diferente, não só em cada singularidade, ou seja, em cada um de nós, mas também de diversas formas, conforme o momento de cada um. São os momentos da nossa Vida, quando ela se desenrola no tempo, quando ela passa por nós, fazendo-nos senti-la como ciclos, fases, idades.

Diante das diversas tentativas malogradas de enquadrar a Vida a partir de seus produtos, (Arte, Teologia, Filosofia e Ciência) alguns estudiosos e pesquisadores perceberam que a melhor maneira de encontrar o sentido da Vida é o de permitir que seus próprios significados se revelem, que se mostrem por si mesmos. Fazer uma "Fenomenologia da Vida", ou seja, uma análise do sentido da Vida e de suas Idades, porém considerando como ponto de partida a própria Vida e seu desenrolar. Edith Stein, falando sobre o método fenomenológico, nos ensina que se quisermos saber algo do humano e aqui temos o fenômeno Vida, "temos que nos colocar de modo mais vivo possível na situação em que experimentamos a existência humana, ou seja, o que dela experenciamos em nós mesmos e em nosso encontro com os outros".

Esse é o caminho, o percurso metodológico que os nossos autores vão seguir, vão descrevendo e analisando cada momento (idade) e situação da vida humana, indicando cada uma delas e os seus significados. Significados que vão desde o nosso nascimento, de nosso encontro com o mundo e com os outros, de nossa infância ao despertar de nossa consciência até nossa "posição no Cosmos". E para enriquecer o dossiê, apresentamos também, de maneira inédita, a tradução de um pequeno, mas importante texto de Edmund Husserl, escrito em 1935, intitulado "A Criança. A Primeira Empatia".

Eis aí, caro leitores, o que vamos tratar nesse volume.

Boa leitura a todos

 

 

(Este número foi finalizado em 04.09.2017)

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