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Revista da Abordagem Gestáltica

versão impressa ISSN 1809-6867

Rev. abordagem gestalt. vol.25 no.2 Goiânia maio/ago. 2019

http://dx.doi.org/10.18065/RAG.2019v25n2.12 

TEXTOS CLÁSSICOS

 

Um livreto sobre o homem*

 

 

Roman IngardenI; Helena Teixeira RespondekII

I(1893-1970) foi filósofo polonês, aluno e assistente de Edmund Husserl (1859-1938)
IIGraduação em Psicologia pela Faculdade de Psicologia Social (Szkoła Wyższa Psychologii społecznej) da Universidade de Ciências Sociais e Humanidades de Varsóvia/Polônia (SWPS Uniwersytet Humanistycznospołeczny) e Pós-graduação em Abordagem Direta ao Inconsciente (ADI) pela Faculdade de Ciências Médicas/MG. E-mail: helen.respondek@gmail.com

 

 

O Homem e a Natureza.

Eu concordo com o palestrante, o professor Lotz1 , que o ser humano transcende a natureza e que "com a força da sua essência" é que "produz o mundo, mesmo que a sua aparência básica esteja se mantendo e assumindo faces históricas diversas e sempre novas". Mas, é verdade também que a sua "atividade consciente manifesta-se em três formas básicas: em conhecer o que é verdadeiro; em fazer o Bem; e, em criar o Belo (Beleza)". No entanto, ainda resta a ser explicado o que é a essência da sua atividade criativa e qual é a relação entre o mundo produzido pelo humano e a Natureza na qual ele se encontra no início da sua atividade.

Podemos explicar a essência do ser humano, trazendo o sentido e o modo de existir da sua obra que encontra na base na Natureza. É de pouca importância, nesse caso, a pergunta de como se entende a própria Natureza: como todas as coisas, como tudo que é visível ou então como a totalidade do ser. Deve se considerar apenas fato de que a Natureza existe antes de qualquer atividade do homem e que vai mudando dentro dela mesma, a princípio, independentemente não somente da atividade do homem, mas também da sua existência. Ela também é a última base tanto do seu ser, quanto da existência das suas obras. Percebe-se isso nem tanto no fato da cognição humana, mas no conteúdo e no modo de existir dos artefatos da cultura humana.

Hoje, são raras as vezes que o humano encontra-se diante da Natureza originária, como por exemplo: durante um passeio solitário nas montanhas ou durante uma tempestade no mar ou, enfim, quando se é uma testemunha de um desenvolvimento inevitável de uma doença mortal do seu amigo, sentindo-se completamente impotente- em qualquer tentativa de salvá-lo. Nesses casos, o humano se admira, talvez, com a beleza e a grandeza da Natureza, ou talvez esteja apavorado com a força destemida de uma tempestade, ou sente que as coisas estão caminhando fatalmente rumo ao que foi traçado pela própria Natureza e nada pode impedir a desgraça a acontecer. Todavia, sempre um sentimento muito especial preenche o humano, cuja face é dupla. Por um lado, ele se sente muito estranho a tudo aquilo que acontece na Natureza, independentemente dele e se percebe como privado de qualquer ajuda amigável da parte dela, ao ponto de quase perder a confiança no destino. Por outro, se sente, na sua essência pura e autônoma, algo superior a Natureza e algo tão mais nobre que os processos meramente físicos ou aquilo que acontece nos animais, que não consegue se encontrar em um relacionamento estreito com a Natureza e viver no meio dela, unido com ela, sendo plenamente feliz.

Às vezes quando o humano descobre em si algo da Natureza originária, sente-se não apenas bastante humilhado com isso, mas também se estranha com consigo, e é nessa hora que se torna incompreensível a ele mesmo. Não pode e nem quer acreditar que ele é um membro da Natureza originária; que ele é um animal, mas que não é, nem como realidade natural, nem como um certo individua. E, sob nenhuma condição é algo melhor do que os animais, nem também algo radicalmente diferente do resto da Natureza. No fundo do coração não consegue acreditar nisso, mesmo se a ciência lhe diz que os processos vitais que acontecem no seu corpo e até em sua alma não são, de fato, de um outro tipo do que os que acontecem nos animais. Daí que no fundo do coração não acredita [o homem] na sua própria morte, está convencido a si mesmo de que a sua alma é imortal, mesmo se diariamente presencia a morte dos amigos e colegas de trabalho. Não entende também a morte de outras pessoas é fica então apavorado ao ver um cadáver se decompondo, por isso o esconde na profundeza da terra.

Fica profundamente infeliz se em alguma situação encontra-se reduzido ao nível de um animal ou quando vê que todas as forças e todo esforço não lhe permitem ultrapassar, de fato, suas limitações definidas pela Natureza. Nesse momento começa a viver para além de suas próprias forças e da sua própria natureza: produz um mundo novo, uma nova realidade a sua volta e nele mesmo. Produz o mundo da cultura e atribui a si mesmo o aspecto da humanidade. Transforma a Natureza subjugando-a (agricultura, técnica) e, ao mesmo tempo, atribui lhe um certo sentido, cuja ela mesma por si só não tem. Produz as obras, na essência, completamente diferente de tudo o que há no mundo como obra da própria Natureza. Essas obras são adequadas ao seu espírito e o complementam.

Uma vez produzidas, o ser humano pode se deparar com elas no mundo, como se fossem algo real. Produz obras de arte - literatura, música, etc., - produz ciência, filosofia, religião e também história dele próprio e da humanidade. Produz também de um certo modo a sua família e outras famílias, a própria nação e outras nações, o que por conseguinte lhe concede o compromisso para com a sua família e sua nação, e também compromisso das nações para com a humanidade. Desse modo é que constitui a sua pátria e outros países.

Toda a riqueza de valores estende-se, então, diante dos seus olhos e lhe compromete aos diversos atos para com os próximos, os amigos e os inimigos. A sua vida começa ter uma missão e um objetivo e adquire um sentido e significado, ao qual não teria apenas pela Natureza originária. Essa vida se torna responsável. O ser humano conquista os méritos e se compromete com as culpas. Assim, vive em um mundo diferente da Natureza e assim quase que se esquece totalmente que na base de toda essa realidade está a Natureza; indiferente para com qualquer valor e insensível para com felicidade ou miséria humana. Ainda, esquece também que apenas uma camada fina na sua superfície é que constitui a sua humanidade e que é ela que muda todo o sentido da sua vida e do seu destino. Se torna agora uma pessoa que desempenha um certo papel no mundo humano e que assim parece encontrar a base da sua autonomia e liberdade. Mesmo quando se submete a um certo sistema de lei, essa lei é absolutamente diferente das leis que governam a Natureza, pois é uma lei constituída pelo humano. Assim vivendo, o humano pode ser feliz e bom; pode se deparar com algo maior e mais perfeito do que ele mesmo e do que a humanidade inteira, ou seja, com Deus.

Ele esquece que seu ser e sua vida depende daquilo que acontece na Natureza e pensa que assim pode superar e vencer a própria Natureza. E, apenas de vez em quando, é que se lembra da sua própria natureza animal, na qual não consegue reconhecer-se a si mesmo. Mas, a sua força criativa com a qual cria o mundo especificamente humano, não é ilimitada e nem suficientemente criativa para realmente poder realizar esse mundo novo, ou seja, para lhe conceder o existir autônomo. Pode provocar na Natureza apenas mudanças necessárias para a presença fenomênica das obras e de seu caráter especificamente humano, mas ainda insuficientes para lhes garantir a existência autônoma. Os produtos culturais produzidos pelo humano não são nada a mais que, de um certo modo, uma sombra da realidade, sendo apenas criações puramente intencionais. Assim, revestem-se de uma existência aparente que caracteriza todas as obras espirituais do homem, como obras de arte ou vários outros produtos da cultura humana, independentemente de ser obra de um ser humano particular ou da humanidade inteira. Elas se constituem baseadas nas coisas ou processos do mundo natural, modificadas/ adequadas pelo homem; e, suas propriedades ultrapassam os limites do conteúdo das coisas materiais, cobrindo-as com uma camada nova de sentido e fenômenos novos. Dessa maneira, transcendendo as coisas, elas perdem ao mesmo tempo plenitude e autonomia, não tendo o poder de uma realidade independente do ser humano e seus atos espirituais. Elas podem suprir as aspirações do ser humano para a vida elevada sobre a Natureza, apenas sob a condição da sua atividade espiritual extraordinária, recaindo de volta numa nulidade completa. É assim que humano perde a vontade de transcender sua natureza simples e recusa sua consciência criativa e ativa. Mesmo assim, as coisas não estão apenas presentes para o ser humano, que parece abrir-se para os objetos desse tipo e que busca compreende-los: mas [as coisas] também o afetam e o modificam, às vezes profundamente a sua vida espiritual e, até um certo ponto, a sua vida corpórea. Estão condicionadas a sua existência especificamente humana, obviamente não podendo influenciar de fato para esse individual real que é uma parte da Natureza e que constitui a base física do homem.

O ser humano existe e vive na fronteira de duas essências diferentes, das quais apenas uma parece constituir a sua humanidade; sendo a outra, infelizmente, como se fosse mais real do que a outra, vem de sua animalidade e condiciona a primeira. O ser humano se encontra entre dois campos do ser: a Natureza e o mundo especificamente humano, que não pode existir sem ele, mas que é também insuficiente para sua existência, pois não lhe dá garantias. O ser humano é então obrigado a viver na base da Natureza e no meio dela, mas graças a sua essência particular, necessita também ultrapassar as limitações dela, nunca conseguindo suprir completamente a sua necessidade interior de ser humano.

Assim é trágico o destino humano. No entanto, é nisso que se manifesta a sua essência verdadeira: a sua genialidade e a finitude do seu ser. De fato, ele administra apenas duas possibilidades de triunfar sobre a Natureza. De um lado, pode conhecer a ele mesmo e a Natureza que o acerca na sua essência verdadeira e original. Por outro, realiza com seu esforço - por meio de suas conquistas, mas também das derrotas - os valores do Bem e do Belo que se manifestam apenas na história intencional, mas para isso possui uma realidade superior em relação ao mundo da mera Natureza. E assim o humano fica a serviço da realização esses valores. Quando consegue, tem certeza no seu espírito de que não vive em vão.

 

Sobre a Natureza Humana2.

Com certeza, é muito difícil definir a natureza humana. O ser humano ultrapassa todas as definições dadas a ele mesmo, pelos seus atos (as vezes gloriosos, as vezes terríveis), pela imensa diversidade de seu caráter e intenções que busca realizar, pela infinita novidade de suas obras e pela admirável capacidade de reestabelecer-se depois de quase todas as suas quedas. Todos os esforços para abranger a totalidade de sua essência com um nome satisfatório e adequado aparentam-nos ser inconsistente. Qualquer indício que poderíamos encontrar em sua essência, é possível reunir fatos concretos, que parecem provar algo completamente contrário. E, parece claro que na realidade humana e na história da humanidade como tal, existem muitos fatos inegáveis que, mesmo sendo reais e estando realmente cumpridos por ele, de fato, são inferiores a sua verdadeira natureza. No entanto, em sua vida existem diversos fatos tão grandiosos e excepcionais que parecem indicar apenas a direção do seu mais nobre desenvolvimento e não o objetivo que qualquer um poderia realizar.

Mesmo estando cientes do tamanho da dificuldade de tentar captar a própria natureza humana, ainda é muito atraente tentar mais uma vez, mesmo arriscando que, no melhor caso, dar-se-á uma definição apenas parcial ou uma definição que aponta características que raramente são realizados. Os pensamentos que nos surge são os seguintes.

Certamente, o egoísmo é o que domina a maioria dos atos humanos: individuais, sociais ou até nacionais. No entanto, é especificamente humano agir exclusivamente em prol do bem ou da felicidade do outro e, em casos excepcionais, doar a própria vida com intenção de salvar a vida do outro. Até de alguém completamente desconhecido. O ser humano pode cometer atos horríveis, cruéis e "desumanos", entretanto, é a única criatura que pode se sentir humilhada pelos suas más ações e procurar reparar as próprias culpas. No último caso está pronto a se matar para preservar a própria honra e, deve ser com certeza, a única criatura para qual existe a honra como tal e a humilhação dessa honra. Também, só o ser humano é que se sente responsável pelo seu modo de viver, sobretudo nos momentos que não consegue realizar os valores essenciais, do seu ponto de vista, a sua dignidade interior. Finalmente, é verdade que na maioria dos casos a utilidade é para ele o motivo principal da sua ação, mas é verdade também que o ser humano é a única criatura que pode criar obras e situações completamente inúteis. E ele as cria apenas pela beleza delas e para enriquecer o mundo especificamente humano com a sua existência.

De modo breve, existe um conjunto de valores particulares que o humano defini para ele mesmo e assim busca realizá-los, mais ainda, sente ser chamado à realização deles. Que valores que são esses? É difícil de dizer. E é possível também, que todo o conjunto varie dentro de um determinado limite, dependendo do tipo particular de pessoa e da época na história. Mas, mesmo que aconteça essa possível mudança, o que permanece é um conjunto básico de valores, típico para dada época da humanidade. Não se trata, porém, de valores particulares, mas de uma seleção de categorias básicas de valores.

Todavia, o que importa para natureza humana não são as caraterísticas fundamentais dessa seleção de categorias de valores, mas o fato de que o ser humano em geral precisar ou até mesmo sentir necessitado de ter e conhecer esses valores ou realizá-los - caso isso seja possível -, principalmente no mundo que o rodeia. Sem entrar em contato com esses valores de uma maneira direta e intuitiva, sem a alegria que surge desse contato, o ser humano se encontrará profundamente infeliz. O que o torna feliz é a realização desses valores; ele se encanta com o fascínio especial deles. Aqui não se trata, pelo menos no primeiro momento, de valores relativos, ligados às necessidades vitais (como por exemplo o alimento), nem as que estão ligadas ao seu prazer (como por exemplo a boa saúde ou o deliciar-se), mas de valores absolutos em sua qualidade imanente. Contudo, a realização desses valores depende da força criativa do ser humano, enfim: dos valores morais e dos valores estéticos.

Entretanto, o humano não encontra esses valores simplesmente na natureza, no mundo material. Diferentemente, ele precisa criar condições reais para que passem a existir e se manifestem no mundo. Graças a uma capacidade especial de prever a qualidade deles, [o humano] cria - baseando-se no mundo real, transformando de uma maneira especifica certas coisas e provocando certos processos, o mundo novo - o mundo da cultura humana, aonde os valores se manifestam.

Esse mundo novo não existiria sem a genialidade e a atividade criativa do ser humano, nem poderia concretizar-se sem ter criado sua base física de existência, apropriada pelo humano à função de manifestar coisas novas e seus valores. Mas, ele ultrapassa, com seu conteúdo, o mundo da natureza de uma maneira significativa, ao mesmo tempo revestindo-o, de uma certa maneira, de um véu de diversas qualidades específicas, que concedem em algumas coisas um significado particular e uma certa grandeza que não pertence a eles e lhes é estranha, sendo apenas coisas da natureza. Essa nova realidade, pertencente ao homem, cria para si um certo ambiente necessário para dar à sua vida um novo sentido e um novo significado, e assim, transforma cada ação e todo o papel que ele tem no mundo, de tal modo que, se fossem privados disso, o humano não conseguiria mais aceitar a própria existência.

Diante dessa nova realidade o homem esquece, até um certo ponto, da sua natureza original, puramente animal. Muitas vezes, ele se esquece da aparência do mundo real que independe da sua atividade criativa e que é profundamente diferente da expressão da cultura, imposta por ele à natureza estranha, ou que é inimiga aos seus ideais e as suas mais nobres afinidades. Se sente mais feliz quando pode estar ciente da presença dos valores criados por ele ou pelos seus próximos. Essa realidade especificamente humana permanece e perdura mais do que a vida de um humano em particular e (mesmo que a existência dela dependa do poder criativo da consciência) acaba sendo, para cada um de nós, um certo tipo de herança que encontramos no nosso mundo como um dom dos nossos antepassados e, como um renascimento das épocas passadas, ou mesmo, como um encontro com as pessoas que faleceram há muito tempo. E assim procuramos não apenas preservar o tesouro dos valores recebidos das épocas passadas, mas também enriquecê-lo e transformá-los com os nossos atos criadores e nossas obras novas. Mas, o que pode dar uma satisfação plena a vida é apenas o fato de que conseguimos produzir valores que carregam as marcas da nossa personalidade. E, curioso, somos nós mesmos que nos transformamos, influenciados pelas obras que criamos e com as quais permanecemos em contato direto e intuitivo (sem nossa vontade nem consciência); estamos renascendo e nos transformando apenas pelo nosso próprio esforço de permanecermos ao serviço de realização de valores. Enriquecemos a nós mesmos, entregando as nossas melhores forças a criação da realidade humana como tal.

Todavia, a força criativa do homem é limitada. Não é capaz de criar as obras autônomas em sua existência e as que não dependem de nossa consciência. É fraca demais para realmente transformar a natureza original em realidade humana. Essa realidade é apenas uma camada criada intencionalmente, como se fosse sobreposta à base da natureza real, que se encontra tão não-transparente e tão impenetrável e que o aspecto real da Natureza não pudesse ser visto por baixo, nos revelando sua face admirável e cruel. As obras da cultura espiritual humana nunca encontram nas coisas materiais uma base tão segura que elas possam existir sem ajuda de ação e consciência humana. Quando o poder espiritual do homem enfraquece ou desaparece, a camada da Realidade Humana nesse mundo parece estar dissipando ou desvanecendo, levando o humano a descobrir a face original da Natureza - a força no mundo que o cerca ou até nele mesmo, e assim sente-se abandonado num mundo estranho e assustador. Acaba por cair em um verdadeiro desespero, sentindo-se privado de qualquer sentido, que tinha feito dele (animal) o humano.

A natureza humana é um esforço permanente de transcender os limites da animalidade que está no humano; a ultrapassa pela humanidade e pelo modo do humano ser criador dos valores. Sem essa missão e sem esse esforço de ultrapassar a si mesmo, o ser humano regride e sem ajuda dentro da sua própria animalidade, que significa - a sua morte.

 

 

Nota Biográfica: Roman Witold Ingarden (1893-1970) foi filósofo polonês, aluno e assistente de Edmund Husserl (1859-1938), que trabalhou com fenomenologia, ontologia e estética. Escreveu obras filosóficas em alemão e polonês, sendo seus escritos ainda pouco conhecidos pela ampla comunidade filosófica. Pode-se dizer que foi um fenomenólogo realista, porque não aceitou do denominado "idealismo fenomenológico" de Husserl depois de 1913. A sua formação fenomenológica proporcionou um filosofar focado na descrição da estrutura ontológica e do estado de ser de vários objetos, baseados nas características essenciais de qualquer experiência que nos pode fornecer tal conhecimento, tais como: experiência literária, musical, religiosa, existencial, etc.
Tradução: Helena Teixeira Respondek, Graduação em Psicologia pela Faculdade de Psicologia Social (Szkoła Wyższa Psychologii społecznej) da Universidade de Ciências Sociais e Humanidades de Varsóvia/Polônia (SWPS Uniwersytet Humanistycznospołeczny) e Pósgraduação em Abordagem Direta ao Inconsciente (ADI) pela Faculdade de Ciências Médicas/MG. E-mail: helen.respondek@gmail.com
Revisão: Tommy Akira Goto, docente da Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal de Uberlândia/Minas Gerais.
* Texto originalmente publicado na obra "Książeczka o człowieku" (Um livreto sobre o Homem) em 1971. A editora dos textos, Danuta Gierlanka, nos conta que a intenção de Ingarden publicar esses textos em um livreto surgiu em 1969, porém acabou ficando em um acervo de um congresso para publicar em um futuro indefinido. No entanto, com a morte repentina do filósofo em junho 1970, o que mudou completamente a situação, decidiu-se então publicar o texto "Um livreto sobre o Homem" em 1971. Como expõe Gierlanka, com esse livreto é possível "introduzir de uma maneira gradativa, até alguém que desconhece assunto, no universo dos mais sérios e mais difíceis temas da filosofia" (Ingarden, R. Książeczka o człowieku. Kraków: Wydawnictwo Literackie, 1987)
1 Não encontramos o nome completo do professor dessa citação de R. Ingarden, porém parece-nos que ele se referia ao professor Johannes Baptist Lotz (1903-1992), teólogo, filósofo que se dedicou a conexão da questão ontológica sobre ser com a questão existencial-filosófica sobre a natureza do ser humano, com o objetivo de indicar caminhos para o conhecimento de Deus e para a autodescoberta do humano.
2 Esse artigo apresenta pontos da palestra dada pelo filósofo no XI Congresso de Sociedades Filosóficas da Língua Francesa em Montpellier em mês de setembro 1961 e publicado nos Arquivos desse Congresso em Paris em 1961 (pag.220-223) em Frances sob título Nature humaine.

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