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Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.11 no.1 São João del-Rei jan./abr. 2016

 

Método, escrita e narrativa. Histórias de um grupo que chegou à velhice

 

Narrative, writing and method. About an old age group

 

 

Luciana de Oliveira Franco

Universidade Federal Fluminense- Formada em Psicologia pela Universidade Federal Fluminense em 2007, onde também cursou o Mestrado em Psicologia em 2013 e hoje dá continuidade ao trabalho de pesquisa no Doutorado

 

 


RESUMO

O artigo apresenta uma reflexão sobre escrita e pesquisa a partir do relato de uma experiência em oficinas terapêuticas para pessoas que chegaram à velhice. Amparando-se nas ideias de autores como Márcia Moraes, Bruno Latour e Jeanne Marie Gagnebin, que produzem conhecimento acompanhando os percursos singulares e ouvindo os sujeitos no que eles têm a dizer, o texto foi desenvolvido numa escrita narrativa, trazendo a proximidade dos encontros, suas descobertas e hesitações, no próprio relato da experiência e discussão dos conceitos.

Palavras-chave: narrativa; método; velhice; escrita


ABSTRACT

The article presents a point-of-view on both writing and research. It was conceived in therapeutic workshops with elderly people. The text was written in a narrative format and it was inspired by Marcia Moraes, Bruno Latour and Jeanne Marie Gagnebin. Such authors have developed their body of knowledge by observing other people's paths and by listening to them as well. The article addresses the workshop meetings, the group discoveries and questions, individual stories and conceptual discussions.

Key-words: narrative; method; old age; writing


RESUMEN

El artículo presenta uma reflexión acerca de la metodologia y escritura del trabajo de investigación, a partir de una experiencia en espacios terapêuticos para personas que han llegado a edade avanzada . El texto trae ideas de autores como Márcia Moraes, Bruno Latour e Jeanne Marie Gagnebin, que producem conocimento escuchando el campo, y usa el estilo de la narrativa como principal conductor, incluyendo en su redación lo que se ha pasado en los encuentos en campo.

Palavras clave: narrativa; metodologia, vejez; escritura


 

 

Rio de Janeiro, 10 de novembro de 2015.

Caro(a) leitor(a),

Este relato partiu de um texto escrito para orientar minha apresentação e desfazer meus embaraços num congresso sobre ciência, tecnologia e sociedade. Das três páginas que ocuparam parte do tempo que me cabia, precisei esticar mais algumas a fim de falar-lhe agora, visto que um artigo assim enxuto não iria tão longe. Tenho uma certa facilidade em economizar linhas, resumindo discussões que adentraram séculos num parágrafo desses bem miúdos e apostando firmemente que ali muito está dito. Por isso será um desafio esmiuçar as questões, mas também um bom exercício. Já adianto desculpas se o remendo tenha estragado o soneto, mas torço para que, no fim, essas linhas se tornem fios a serem puxados e se prolonguem em outras rodas conversas, na academia, nos bares ou pontos de ônibus - onde encontrar caminhos.

Antes de seguirmos, devo mais uma explicação: porque escolhi essa forma de escrita. As cartas são um modo que particularmente me agrada de registrar a história. Elas nada mais são que conversas que a distância sopra em envelopes, levando a vivacidade dos acontecidos a seus destinatários. Uma escrita assim se faz interessante, pois é no contar do cotidiano que se pode dar atenção aos pequenos relatos e assim recolher preciosidades que estamos desacostumados a perceber. Lembro-me de uma entrevista com o cineasta Eduardo Coutinho em que ele dizia sobre sua maneira de fazer documentário. Trabalhava com seriedade para que os relatos suscitados em seus filmes não se parecessem nem com um depoimento (já que este sempre se aproxima ao depoimento policial) nem com uma entrevista (onde já se presume o que deve ser dito), mas sim com uma conversa tão fiada quanto fosse possível (Bragança, 2008, p. 107). Coutinho foi capaz de produzir e acolher o inédito interessando-se pelas histórias cotidianas e corriqueiras, porque sabia do extraordinário que estava ali. A carta, sendo também uma conversa, dá o corpo da história aos desacertos, às novidades, aos processos da vida, ao que se passa no dia-a-dia, qualidade que diz muito sobre o modo como o grupo com o qual compartilho ideias e estudos faz pesquisa.

Talvez o melhor jeito de lhe explicar sobre esse modo seja contando uma história. Em 2014, comecei a trabalhar num setor de atendimento dedicado integralmente ao cuidado de pessoas com mais de 60 anos e que lidavam com as questões do envelhecer1. Mas, ainda que existissem experiências a atravessar todos aqueles sujeitos, nenhuma delas poderia ser tomada na definição última do que seria estar velho. Nos espaços de escuta e partilha que eram oferecidos no serviço, narrativas sobre o tempo, a memória, a vida e a morte teciam-se e reteciam-se, mostrando que essa experiência era tão singular quanto cada corpo ali presente.

Registrei algumas dessas narrativas em diários de campo inspirados nas discussões sobre escrita e pesquisa que já me acompanham há tempos, desde a época da graduação. Durante muitos anos tive a alegria de fazer parte do projeto de pesquisa e extensão Perceber sem Ver, coordenado pela professora Márcia Moraes e formado pela pluralidade dos tantos estudantes e participantes que lá estiveram. Foi a partir dessa e de outras experiências parceiras que Márcia elaborou uma metodologia chamada PesquisarCOM2. Pesquisar com3, e não sobre. Era então preciso acompanhar os processos, estar junto, ouvindo, colhendo, fazendo dos equívocos novas perguntas. E se isso não estivesse na escrita - a materialidade que faz a pesquisa circular - correr-se-ia o enorme perigo de parecer um trabalho intacto e isento dos encontros que o atravessavam, como se fosse possível. A narrativa pareceu ser um caminho afinado com essa aposta, já que contar histórias é localizar os acontecimentos, dizer de seu entorno, mostrar quem escreve e abrir espaços para o que escapa. Experimentamos, na escrita dos diários de campo, incluir nossas impressões, trazer as histórias e nelas perceber os acontecimentos - aí o começo de toda essa discussão.

Pois bem. Continuei emaranhada nessa trama por novos trajetos, sempre com a parceria potente e criadora da professora Márcia e dos amigos e amigas que formavam nossos círculos de estudo. Fundamental dizer deles e dos que me receberam no novo campo, já que sem as parcerias nenhum trabalho acontece (ou torna-se certamente muito mais duro). Esse serviço no qual cheguei realizava o acompanhamento dos usuários a partir de consultas individuais, mas prioritariamente em grupos terapêuticos. Cada oficina desenvolvia uma proposta, desde trabalhar a atenção e a memória com exercícios e dinâmicas, a espaços dedicados ao cuidado do corpo e dos afetos. Passei a coordenar, junto com outra profissional, algumas dessas oficinas. Uma delas atendia um grupo que apresentava uma perda cognitiva, com prejuízos às lembranças, às palavras, à orientação e organização de si. A ideia do espaço era levar materiais que estimulassem os sentidos, as experimentações, a possibilidade de criar novas pontes e caminhos onde os antigos haviam se fechado ou desmoronado. Foi nesse grupo que conheci Maria Antônia.

Você prefere que a gente te chame como? Eu prefiro Antônia, Maria já tem muita nesse mundo. Maria Antonia me disse isso no dia em que nos conhecemos e o repetiria todas as vezes ao se apresentar ou assinar o nome. Preferia ser chamada só de Antonia, Maria já tinha muita nesse mundo. Era meu primeiro dia coordenando o grupo e sugeri que levássemos diferentes materiais para serem experimentados de olhos fechados. Perceber a forma, o peso, as diferenças entre eles. Alguns lembraram brincadeiras de criança, Antonia tomou a palavra. Quando eu era menina, minha mãe trabalhava em casa de família e era minha avó quem ficava com as crianças. Era só fazer hurum-hurm e todo mundo parava a bagunça. Alguém contou outra história e, logo em seguida, Antonia disse que aquelas coisas a faziam lembrar de quando era menina, sua mãe trabalhava em casa de família e era a avó quem tomava conta das crianças, bastava pigarrear mais forte que já paravam a bagunça. Achei tão curioso que algo pudesse evocar a mesma exata lembrança, e mais curioso ainda como as mesmas exatas palavras eram usadas para falar dela. O grupo pareceu não se espantar, escutou como se fosse a primeira vez, mesmo percebendo o contrário. Fiquei me perguntando se deveria intervir, como faria. E da próxima vez me adiantei à Antônia, contando- lhe o que ela já havia dito na aposta de que algo novo se seguisse: a infância, a mãe, a avó... e Antônia concordou, e imitou o pigarro que a avó fazia quando era hora de ir pra dentro. Não era por aí... De que outras brincadeiras a senhora lembra, dona Antônia? Pique-esconde, ela respondeu. Uma nova pergunta, uma nova resposta. Adorava brincar de pique-esconde quando era menina. Era só a avó pigarrear que a brincadeira acabava e era hora de ir pra dentro. Lembrei-me das histórias que são contadas na minha família todas as vezes que nos reunimos. Histórias da nossa infância, que já conhecemos de cor e salteado, mas que de novo se conta e de novo é gostoso de contar e ouvir. A história de Antônia foi contada de novo, dessa vez por mim, que disse de minha surpresa e meus embaraços diante das repetições, para a coordenadora do serviço. Ela sublinhou a importância dessas lembranças, os pilares para onde se volta quando o entorno parece esfarelar. Eram aquelas repetições que faziam aparecer a história, singular, de Antonia - e não das Marias, tantas pelo mundo.

Passamos a organizar os encontros a partir de temas, que conduziam as músicas, vídeos, conversas e dinâmicas - materiais levados para despertar novas percepções sobre o mundo. Num dia em que falávamos sobre a chuva, acompanhados por Genne Kelly e a famosa cena onde dançava sobre as poças d´água e por Jorge Ben pedindo aos céus para não molharem mais o seu amor, Antônia se lembrou de quando era menina e do quanto adorava brincar na chuva, mas era só a avó pigarrear que as crianças já sabiam que era bronca e corriam pra casa. No outro dia em que trazíamos o verão como a linha a puxar histórias, lembrou-se de quando pegavam água no poço perto de casa e do dia em que caiu lá dentro, quando pensou que fosse morrer e nunca mais veria sua mãe, que trabalhava em casa de família e não estava lá. A partir do mesmo centro, as memórias de Antônia começavam a esticar os braços para pegar novas lembranças, afloradas pelos recursos que apresentávamos e pelas novas perguntas que fazíamos. Humanos e não-humanos (Latour, 2012, p. 64) se construíam e se refaziam - os recursos eram apreendidos das mais diferentes formas naquele grupo, e a memória, articulada à perda neuronal, agora também fazia pontes com outros materiais e resgatava uma rede. Levamos diferentes cheiros num dos últimos encontros que acabou numa longa conversa sobre temperos e comidas. Alguém disse que já tinha comido um mingau à base de café, o que todo mundo achou estranho. Menos Antônia. Antônia fez uma pergunta nova: que gosto tinha?

Latour disse em seu livro Reagregando o Social que, de certo modo, essa obra lembrava "um guia de viagem por um terreno ao mesmo tempo inteiramente banal - o mundo social a que estamos acostumados - e completamente exótico: precisamos aprender como ir mais devagar a cada passo" (Latour, 2012, p. 38). Nos manuais que me orientam sobre os sintomas do Mal de Alzheimer está uma maneira de contar a história de Maria Antônia. E embora seja uma versão que fale mais das Marias que da Antônia, também é fundamental para me guiar - a mim, aos familiares e à própria usuária - sobre os processos pelos quais ela passa. Mas é escutando a maneira como ela se articula com os materiais que levamos, com as pessoas do grupo e as novas perguntas que surgem que podemos mapear como é para ela, Antônia, estar no mundo com Alzheimer. Foi ali, no encontro, indo mais devagar a cada passo, que fomos descobrindo o que funcionava melhor para fazer dos elementos mediadores, no sentido que Latour (2012, p.65) dá ao termo, como aqueles que transformam, distorcem, traduzem, e não intermediários, que apenas reproduzem a mesma lógica.

Foi escutando a história de Antônia, indo mais devagar a cada passo, que pudemos ir colhendo essa narrativa tão rica sobre os efeitos das novas conexões para quem experimenta a perda de tantas delas. Usar a narrativa como método é considerar a potência transformadora dessas pequenas histórias, é poder perceber os efeitos de nossas intervenções cotidianas e produzir uma versão mais interessante dessa experiência, composta de uma rede mais densa. Antônia era a perda da conversa entre os neurônios, a neblina na memória recente, a maior fã de Emilinha Borba de que já se ouviu falar, a infância marcada pela força das mulheres, a piada sobre os milhões na bolsa, toda vez que a pegávamos pra guardar, era a curiosidade de saber que gosto tinha uma comida que nunca havia provado. De cada grupo, de cada encontro, podíamos colher essas pequenas histórias que diziam de como cada uma se articulava no mundo, interferindo ali, localmente, na aposta de proliferar essas conexões. Nem sempre isso se dava, bem como produzia efeitos diversos, o que era preciso ouvir, seguir, tirar consequências, rearranjar os movimentos. Escrever essas histórias já era em si um ato transformador, sendo o próprio registro um trabalho no acompanhar e refazer.

Se esta oficina servia para ampliar as conexões dos que experimentavam a perda das lembranças, havia também a que funcionava como um espaço para a partilha de experiências e informações para os familiares que lhes davam assistência. Nos encontros, conversávamos sobre questões levadas pelos cuidadores e outras suscitadas por nós através de textos, vídeos e dinâmicas. Um desses materiais foi um curta sobre a relação entre avós diagnosticados com Alzheimer e seus netos, trazendo relatos de crianças e adolescentes que conviviam com os difíceis efeitos da doença. Lembro um que me parece especial a esta conversa: uma jovem, que só conhecia a avó em processo avançado da doença, resolveu gravar um filme escutando o que familiares e amigos tinham a contar sobre esta senhora. Descobriu sua persona alegre, generosa e próxima, sentiu por não poder retornar a esse tempo, testemunhou o amor materializado no sorriso ao reconhecer o companheiro de tantos anos. As memórias do passado agora refaziam a história presente, na reunião e acréscimo desses novos e tão ricos elementos. Como disse Gagnebin (2006, p. 50), numa leitura sobre Benjamin, é justamente essa a importância de se contar uma história: porque assim não deixamos que ela seja esquecida e inventamos a possibilidade de refazê-la. E isso se dá não repetindo discursos que podem terminar em generalizações vazias, mas testemunhando os percursos singulares e podendo escutar o que os outros têm a dizer. Nas próprias palavras de Gagnebin:

Nesse sentido, uma ampliação do conceito de testemunha se torna necessária; testemunha não seria somente aquele que viu com seus próprios olhos (...), a testemunha direta. Testemunha também seria aquele que não vai embora, que consegue ouvir a narração insuportável do outro e que aceita que suas palavras levem adiante, como num revezamento, a história do outro: não por culpabilidade ou por compaixão, mas porque somente a transmissão simbólica, assumida apesar e por causa do sofrimento indizível, somente essa retomada reflexiva do passado pode nos ajudar a não repeti-lo infinitamente, mas a ousar esboçar uma outra história, a inventar o presente (pág. 57).

Guimarães Rosa escreveu num de seus contos que "quando nada acontece, há um milagre que não estamos vendo" (Rosa, 2001, p. 119). Talvez seja essa a maior contribuição que os relatos de campo, enquanto narrativas, podem oferecer: servir como testemunha à potência da história de cada sujeito, percebendo os acontecimentos nas pequenas ações e construindo um registro mais denso da experiência (pois assim ela o é). Encerro esta carta agradecendo a oportunidade de partilha e esperando ter podido apresentar uma, entre tantas versões interessantes sobre o mundo. Faço votos de que venhamos a nos encontrar qualquer dia e puxar mais alguns fios dessa conversa, quem sabe numa sala de aula, numa mesa de bar ou num desses pontos de ônibus por aí.

Luciana de Oliveira Franco

 

Referências

Bragança, F (2008). Encontros Eduardo Coutinho. Rio de Janeiro: Azougue Editorial.         [ Links ]

Brum, E. (2013). A Menina Quebrada. Porto Alegre: Arquipélago Editorial.         [ Links ]

Gagnebin, J. M. (2006). Lembrar, Esquecer, Escrever. São Paulo: Editora 34.         [ Links ]

Moraes, M. (2010). Exercícios do Ver e Não Ver. PesquisarCOM: política ontológica e deficiência visual. Rio de Janeiro: Editora Nau.         [ Links ]

Moraes, M., Kastrup, V. (2010). Exercícios do Ver e Não Ver. Rio de Janeiro: Editora Nau.         [ Links ]

Latour, B. (2012). Reagregando o Social. Salvador/Bauru: DUFBA/EDUSC.         [ Links ]

Rosa, J. G. (2001). Primeiras Estórias. 15 ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira.         [ Links ]

Shriver, M. (2015). What´s happening to Grandpa? Estados Unidos da América: HBO Documentary Films.

 

 

Recebido em 09/12/2015
Aprovado em 15/03/2016

 

 

1 Havia utilizado aqui o termo terceira idade e no resumo, velhice. Uma leitora cuidadosa (a quem agradeço a colocação) percebeu e pediu que dissesse algo sobre, visto que as palavras, sobretudo nesse texto, não deviam ser desconsideradas. Lembrei-me de um artigo da jornalista Eliane Brum, "Me chamem de velha", onde pensa sobre os eufemismos do envelhecer numa sociedade em que "juventude virou não uma fase da vida, mas uma vida inteira" (BRUM, 2013, pág. 279). O termo terceira idade aparece das descrições e documentos do setor onde trabalho, mas as narrativas apresentam algo da força e da dor de envelhecer - e por isso é da velhice que se trata esse texto. Mas essa não é das questões que se encerram numa nota de rodapé - seguirá comigo nas reflexões adiante.
2 "Trata-se de afirmar a pesquisa como uma prática performativa que se faz com o outro e não sobre o outro. A expressão "pesquisar com", sintetizada na grafia PesquisarCOM, tem a dimensão de um verbo mais do que um substantivo. Indica que (...) é preciso acompanhar os processos em ação, se fazendo na prática cotidiana daquelas pessoas que o vivenciam. O pesquisar com o outro implica numa concepção de pesquisa que é engajada, situada". (Moraes e Kastrup, 2010, xiii)
3 Moraes, 2010.

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