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Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.11 no.2 São João del-Rei maio/ago. 2016

 

Breves considerações, comentários e ideias acerca de uma Psicologia Social Crítica

 

Brief considerations, commentaries and ideas about Critical Social Psychology

 

Breves consideraciones, comentarios e ideas sobre Psicología Social Crítica

 

 

Mateus Pranzetti Paul Gruda

Faculdade de Ciências e Letras de Assis, Universidade Estadual Paulista. Bacharel, Mestre e doutorando em Psicologia pela Unesp/Assis. Bolsista de doutorado pela Fapesp

 

 


RESUMO

Neste breve ensaio teórico, discutimos e comentamos ideias do que constituiria uma Psicologia que possa ser entendida como uma Psicologia Social Crítica. Para tal, sistematizamos apontamentos feitos pelos psicólogos ingleses Ian Parker e Erica Burman, os quais detêm ampla produção teórica acerca da chamada Psicologia Crítica, que ainda se encontra pouco difundida em território brasileiro, bastando pesquisar para constatar a incipiência de textos de ambos vertidos para o português. Para delinear uma perspectiva de Psicologia Social Crítica, portanto, arrolamos características principais associadas a ela, além de argumentarmos contra as críticas e/ou acusações comumente imputadas a essa perspectiva Social e Crítica em Psicologia.

Palavras-chave: Psicologia Social; Teoria psicológica; Revisão.


ABSTRACT

In this brief theoretical essay, we discuss and comment ideas about what would constitute a Psychology that could be understand as a Critical Social Psychology. For that, we systematise some notes written mainly by Ian Parker and Erica Burman, both English psychologists, which have a wide theoretical production regarding Critical Psychology, but it is not widespread so much in Brazil yet, since it is rare to find texts of them translated to Brazilian Portuguese. Hence, to draft a Critical Social Psychology perspective, we list principal features associated with that, besides arguing against criticisms and/or common accusations directed for this Critical and Social perspective in Psychology.

Keywords: Social Psychology; Psychological Theory; Review.


RESUMEN

En ese breve ensayo teórico, discutimos y comentamos ideas de que constituiría una Psicología que puede ser comprendida como una Psicología Social Crítica. Para eso, sistematizamos apuntamientos hechos, especialmente, por los psicólogos ingleses Ian Parker y Erica Burman, que tienen una vasta producción teórica sobre la llamada Psicología Crítica, la cual, sin embargo, no está muy difundida en Brasil todavía, una vez que prácticamente no existen textos de ambos traducidos para el portugués brasileño. Para redactar una perspectiva de Psicología Social Crítica, por lo tanto, enumeramos características principales que son asociadas a ella, además de argumentamos contra las críticas y/o más comunes acusaciones hechas a esa perspectiva Social y Crítica en Psicología.

Palabras clave: Psicología Social; Teoría psicológica; Revisión.


 

 

Este ensaio intenta discutir e tecer algumas considerações acerca de uma Psicologia que possa ser caracterizada como Social e Crítica. Tal perspectiva em Psicologia é consequência da chamada "crise" da Psicologia Social vivenciada entre o final da década de 1960 e início da década de 1970, sendo também usualmente nomeada tão somente por "Psicologia Crítica". Antes de pontuarmos no que esta consiste, daremos um passo para trás e comentaremos sobre essa "crise" que proporcionou a emersão dessa possibilidade em Psicologia Social.

A crise se deu a partir da estruturação das correntes sociológicas da Psicologia Social, tal como denominado e categorizado por Farr (1999), quais sejam: a teoria das representações sociais, o interacionismo simbólico, a Psicologia discursiva, entre outras. Essas correntes abriram uma fissura na perspectiva hegemônica de Psicologia Social psicológica e, em meados da década de 1960, diversas críticas começam a ser tecidas e dirigidas à Psicologia Social dominante, tanto na França, com as formulações de Moscovici, como "na Inglaterra onde Israel e Täifell analisam a 'crise' sob o ponto de vista epistemológico com os diferentes pressupostos que embasam o conhecimento científico - é a crítica ao positivismo, que em nome da objetividade perde o ser humano" (Lane, 1985, p. 11). Desse modo, se iniciou o período chamado por "crise" da Psicologia Social (Almeida, 2012; Farr, 1999; Ibáñez, 1990; Parker, 1989; Parker & Shotter, 1990).

Conforme Parker e Shotter (1990), a crise decorre das discussões teóricas que passaram a enxergar o conhecimento como algo construído, além de que "novas" relações no mundo e discursos ganhavam força, passando a circularem mais fortemente e serem visibilizadas - tal como o é o caso do feminismo. Essa perspectiva, por assim dizer contra hegemônica, fundamentalmente promove então o questionamento da homogeneização das diferenças sociais defendida pelas perspectivas biológica (na qual as predisposições internas do organismo explicam os comportamentos e manifestações psicológicas do indivíduo) e cognitiva (em que as predisposições internas do aparelho cognitivo explicam os comportamentos e manifestações psicológicos do indivíduo) da Psicologia Social dominante e convencional (Almeida, 2012; Farr, 1999). Além de assumir "[...] uma postura crítica frente ao positivismo científico, ao isolacionismo e ao atomismo metodológico das ciências" (Lima, 2012a, p. 219), tão característicos à Psicologia Social dominante daquela época.

Na América Latina, esse movimento de críticas à Psicologia Social dominante "[...] culminam em 1979 (SIP - Lima, Peru)1 com propostas concretas de uma Psicologia Social em bases materialista-históricas e voltadas para trabalhos comunitários" (Lane, 1985, p. 11). Assim, emerge uma Psicologia Social implicada e fundada no "compromisso social" (Bock, Ferreira, Gonçalves & Furtado, 2007). Para tanto, as principais indicações e críticas que a Psicologia Social de base materialista-histórica seguia buscava superar a individualização desmedida e a divisão dicotômica entre indivíduo e sociedade. Daí advém as ideias chaves para tal perspectiva crítica em Psicologia Social, quais sejam: a) o indivíduo não está separado do social (e vice-versa, ou seja, o social também não está apartado do indivíduo); b) o sujeito é produto e produtor da história. Para chegar a essa segunda assertiva, que é quase um mote para ideia de uma Psicologia Social de cunho crítico, ancorada no materialismo histórico-dialético, a Psicologia Social deveria "recuperar o indivíduo na intersecção de sua história com a história de sua sociedade - [pois] apenas este conhecimento nos permitiria compreender o homem [o ser humano] enquanto produtor da história" (Lane, 1985, p. 13).

Ao focalizar as condições sociais e históricas, a Psicologia Social rejeita as naturalizações e propaladas leis/valores universais, entendendo a sociedade e os indivíduos como produtos histórico-dialéticos. Em outros termos, não há natureza humana, mas processos mediados pela ideologia e construídos por meio das relações. Inclusive

[...] quando as ciências humanas se atêm apenas na descrição, seja macro ou microssocial, das relações entre os homens e das instituições sociais, sem considerar a sociedade como produto histórico-dialético, elas não conseguem captar a mediação ideológica e a reproduzem como fatos inerentes à 'natureza' do homem. (Lane, 1985, p. 13)

Assim, na perspectiva de uma Psicologia Social crítica que é fundamentalmente baseada no materialismo histórico e dialético, as visões acerca do conhecimento e de ser humano que estão aqui presentes apontam para a constituição de seres históricos e de uma relação dialética envolvida entre os falsos polos indivíduo-sociedade. Falsos, pois estando em relação dialética um não anula ou nega o outro, tampouco há deslocamento de preponderância para um dos lados. Ambos se complementam pelas e nas oposições existentes. Além disso, há a ideia central de um "movimento [dialético e constante] de transformação da realidade" (Bock et al., 2007, p. 50), por conseguinte, evidentemente,

O objetivo [desta psicologia social] era compreender o indivíduo em relação dialética com a sociedade; a constituição histórica e social do indivíduo e os elementos que explicam os processos de consciência e alienação; e as possibilidades de ação dos indivíduos frente às determinações sociais. (Bock et al., 2007, p. 50)

Conforme Martín-Baró (2005), o método dialético inserido na Psicologia Social indica que, ao estudar os problemas, parte-se do pressuposto de que indivíduo e sociedade não apenas interagem como algo constituído separadamente, mas que se constroem mutuamente e, por consequência, ao se negarem se afirmam como tais. Assim, o indivíduo só pode existir pela existência da sociedade (não individual) e, concomitantemente, a sociedade só pode existir por haver a existência de indivíduos (negação da sociedade). Ainda para esse autor, em cada uma das ações concretas (que são ideológicas), se traduzem e configuram ambas as realidades (individual e social) em um produzir e ser produzido, tal como delineamos anteriormente ser um dos motes dessa perspectiva crítica em Psicologia Social.

Portanto, e de um modo geral,

Social constructionist and discourse-analytic approaches made it possible to conceptualise human psychology as something culturally-located and historically-specific, and they have even served as a warrant for renewed discussion of Marxist accounts of the individual subject as an `ensemble of social relations` (Parker and Spears, 1996). (Parker, 2000, p. 31)

Seguindo com ideias similares que enfatizam e desdobram outros aspectos, a Psicologia Crítica basicamente se caracteriza, como já referenciamos, pelo entendimento de que todo o conhecimento é construído (Parker & Shotter, 1990), mas igualmente por inserir e se voltar para o estudo e, principalmente, à análise dos discursos que, conforme Parker (2015, p. 3), "[...] marks a conceptual break from behavioural and cognitive models of language as expressions of response to stimuli or as communication of ideas from inside the head of an individual to others.". Além disso, seguindo a ideia desse autor (Parker, 2015), o discurso é compreendido como "critical discursive practice" (prática discursiva crítica), o que é importante para os psicólogos associados à Psicologia Crítica, pois implica que "[...] it enables us to turn around and treat our own discipline as a collection of texts susceptible to deconstruction (Parker, 2002)" (Parker, 2015, p. 6).

Outro aspecto candente e nevrálgico é de que a Psicologia Social Crítica se contrapõe frontalmente à chamada Psicologia Tradicional ou Hegemônica, sendo que as principais características da Psicologia Tradicional/Hegemônica a serem questionadas constantemente nessa perspectiva Social e Crítica seriam aquelas elencadas por Parker (2009b), quais sejam: o individualismo, o essencialismo e a normalização. Analisando detidamente cada um desses aspectos, o autor inglês nos diz que o individualismo nos aparta do contexto relacional/social em que estamos inseridos, criando a falsa ilusão de que as experiências singulares da existência não são produzidas de modo sócio-histórico; o essencialismo promove a separação intrínseca das características humanas, o que possibilita à Psicologia Tradicional categorizar e propor aperfeiçoamentos nestas ao indicar como as pessoas devem agir e pensar; por fim, a normalização é fruto da propagação de modelos universais, os quais usualmente estão em sintonia com a cultura dominante em que a Psicologia Hegemônica se respalda e reforça como superior às outras. Portanto, para Parker (2009b), tais aspectos constituiriam o que pode ser denominado por psicologização que, ao mesmo tempo em que reflete a ordem desigual vigente, reforça-a de modo sub-reptício e ideológico. Como de modo preciso resume Lacerda Jr (2009, p. 1): "A força fundamental por trás da Psicologia é a psicologização, isto é, a conversão de condições sociais e históricas de alienação em questões individuais e psicológicas".

 

Aspectos fundamentais para a Psicologia Social Crítica

Para nos aprofundarmos naquilo em que consiste uma Psicologia Social Crítica, tomemos os quatros aspectos e questões fundamentais que a caracterizam, tal qual Parker e Burman (2008) formulam de modo abreviado, alertando que tal sistematização foi realizada com a ciência de que poderiam parecer presunçosos, dada às particularidades sócio-históricas de cada contexto, o que consequentemente afeta diretamente na noção daquilo que é e daquilo que não é uma abordagem Social e Crítica em Psicologia. Ainda assim, entendemos que tais pontos enunciados pelos autores ingleses são extremamente pertinentes a essa perspectiva teórica dentro da grande área de conhecimento abrangida pela Psicologia.

A primeira ideia que caracteriza uma Psicologia Social Crítica diz respeito a esse analisar e interrogar como as teorias e práticas da Psicologia Tradicional operam de modo ideológico e em sintonia com a ordem vigente/dominante e com os poderes instituídos ao privilegiarem determinadas variáveis em detrimento de outras. Um exemplo para essa assertiva são as dinâmicas de grupo promovidas pela Psicologia Organizacional/Psicologia do Trabalho (ou até mesmo da Psicologia Industrial, como fora comumente denominada) no ambiente das empresas em meio aos conhecidos "processos de recrutamento e seleção de pessoal", por meio dos quais se procuram aqueles sujeitos que possam ser considerados os mais aptos (ou que mais facilmente se adaptam) para integrar o corpo de funcionários ou desempenhar determinadas funções (Cascio, 1998) - inclusive, enfatizemos que Codo (1985) já problematizava criticamente isso nos anos 1980. Nesse tipo de prática, amplamente utilizada segundo pressupostos psicológicos tradicionais, as técnicas utilizadas implicam em uma compreensão individualista e essencialista de que os sujeitos podem ser classificados em função de suas chamadas pré-disposições internas (Gatewood & Field, 1998; Muchinsky, 1997), as quais são igualmente supostas pela própria Psicologia que está embasando tal procedimento.

Entretanto, de forma ideológica,2 o resultado bem-sucedido ou de fracasso obtido por meio dessas práticas é atribuído exclusivamente ao sujeito-participante, ao responsabilizá-lo e fazer com que creia que quaisquer resultados obtidos (o sujeito está apto/inapto para exercer determinada função; pode ser contratado ou descartado do processo de contratação) decorrem de suas capacidades ou incapacidades intrínsecas. Por tal processo ideológico, advém o ocultamento e dissimulação da dimensão de reificação dos padrões de conduta preestabelecidos como aceitáveis, que as dinâmicas de grupo tradicional aplicada no contexto empresarial/organizacional carregam. Igualmente se dá com a própria construção daquilo que é entendido por capacidades e incapacidades individuais. Além de essas práticas psicológicas ignorarem, por vezes, o fato de que tais procedimentos mesuram coisas somente ali onde estão sendo aplicadas (vale enfatizar que os testes de inteligência seguem essa mesmíssima linha e lógica), em outros termos, não abarcam a complexidade do sujeito como um sujeito constituído pelos processos sócio-históricos e culturais.

Outro ponto formulado por Parker e Burman (2008) é de que a Psicologia Social Crítica compreende que todas as psicologias são exatamente constructos sócio-históricos, buscando então apreender especialmente os diferentes modos pelos quais as alternativas propostas pela Psicologia Social Crítica se relacionam com os modelos hegemônicos sedimentados e difundidos pela Psicologia Tradicional. Os autores pontuam dialeticamente - e ecoando Foucault (1995) - de que a existência do poder pressupõe a sua coexistência com formas de resistência a ele. Assim, as práticas e as teorias da Psicologia Tradicional conseguem se valer com muita argúcia dessa condição dialética, uma vez que os mesmos parâmetros de classificação podem servir para finalidades diametralmente opostas. Parker e Burman (2008) citam o caso de testes psicológicos que, em um dado momento, podem servir para, de um ponto de vista cognitivo e relativo à aprendizagem, estigmatizar crianças, enquanto para noutras ocasiões servem para retirar essas mesmas crianças das chamadas escolas especiais. Outro exemplo que podemos dar é de como as intervenções guiadas por certa Psicologia Comunitária podem contribuir tão somente para a adaptabilidade às desigualdades sofridas e vivenciadas sob o manto de estarem colaborando na construção de uma pretensa autonomia por parte dos sujeitos participantes. Destarte, os supracitados autores reforçam que o mais importante à Psicologia Social Crítica é atentar não exatamente para a verdade oculta por detrás das práticas e teorias da Psicologia Tradicional, mas sim esmiuçar como as relações políticas e ideológicas de dominação estão funcionando por intermédio dessas práticas e teorias.

A Psicologia Social Crítica situa o saber psicológico em geral como uma forma de entender, guiar e regular a vida cotidiana, procurando compreender e explicitar quais são os meios pelos quais uma "cultura psicológica" (Parker & Burman, 2008) é difundida e instituída, sendo instalada para além do conhecimento acadêmico teórico e da prática profissional em Psicologia. Esse processo, Parker (2009b), entre outros autores, caracteriza como a chamada psicologização da vida. Os exemplos mais evidentes, e talvez mais estarrecedores, da psicologização no mundo contemporâneo são os livros de autoajuda e os manuais de como "amar", "conquistar", "vencer", "melhor se alimentar", etc., que inundam o mercado editorial ao redor do globo, além dos programas nos meios de comunicação em que se discutem e se propõem as melhores formas de se apresentar e se portar em uma entrevista de emprego, em como conseguir seduzir efetivamente o parceiro ou a parceira, entre outras "dicas/conselhos" envolvendo os mesmos tópicos apresentados nos livros e manuais citados anteriormente. Assim, Parker e Burman (2008, p. 102), seguindo a perspectiva de uma Psicologia Social Crítica, dizem que, por vivermos em um mundo altamente psicologizado, "[] we need to study the way psychology recruits all of us into psychological culture".

Um último ponto fundamental diz respeito a arguir o substrato que faz emergir e estruturar as teorias psicológicas, o qual, embora seja naturalizado pela Psicologia Tradicional, se assenta na cultura, na vida cotidiana e nas condições sócio-históricas. Portanto, "part of the de-construction of psychology is the study of the way ideology in society is the 'condition of possibility' for psychology to exist" (Parker & Burman, 2008, p. 102). Nessa esteira de ideias, podemos afirmar, exemplificando, ainda que de maneira razoavelmente generalista, que por conta de um contexto como o vivenciado por Sigmund Freud (1856-1939) no final do século XIX, em que a organização social se assentava fundamentalmente no patriarcado e machismo extremados, tratava-se de um tempo em que a opressão às mulheres era algo bastante forte e presente na estrutura social, sendo essas dimensões relevantes para tornar possível o surgimento de alguns dos mais importantes conceitos psicanalíticos, tais como o complexo de Édipo, a histeria, o complexo de castração feminina.

Em outros termos, conforme Parker (2007) e Parker e Burman (2008), interrogar sobre quais concepções e bases ideológicas os saberes e as práticas psicológicas dominantes se constituem torna possível que intervenhamos nos efeitos e resultados que aquelas (concepções e bases) e estas (saberes e práticas psicológicas) promovem, pois, uma vez mais, entender o funcionamento disso tudo implica na possibilidade de desconstruir os discursos e ideias que são propagadas acriticamente pela Psicologia Tradicional.

Seja na constante luta pela hegemonia - entendendo esta pela chave conceitual de Gramsci (1976) - ou pela tentativa de garantir a produção e difusão de outros discursos possíveis que não somente os amplamente disseminados por parte da Psicologia Tradicional/Convencional, a Psicologia Crítica parte, mormente, da desconstrução e do movimento crítico constante das práticas e teorias que materializam ou dão substrato aos saberes psicológicos e, desse modo, a perspectiva crítica em Psicologia não pretende implementar e sedimentar verdades outras e, por assim dizer, "novas". Aquilo que é proposto pela Psicologia Social Crítica vai ao encontro de determinada cosmovisão que não é ocultada e/ou dissimulada pelos processos ideológicos; ao contrário disso, as posições políticas, os compromissos e implicações sociais subjacentes e a visão de mundo são deliberadamente engajados e explícitos.

A partir desses últimos apontamentos, podemos também propor uma brevíssima reflexão relacionando o que fora discutido na pesquisa acadêmica. Segundo a Psicologia Social Crítica, as propaladas neutralidade e objetividade científicas se demonstram como possibilidades falsas, pois o objetivismo na ciência é, ao contrário do que está amplamente posto, algo ancorado no próprio subjetivismo,3 ou tal como descrito por Spink (1995, p. 129): "[...] a objetividade é produto do consenso sócio-cultural e histórico da comunidade científica, regida, portanto, pelo signo da intersubjetividade". Como um exemplo metonímico e ilustrativo disso, temos o próprio ato da escrita científica que se faz na terceira pessoa ou, fundamental e preferencialmente, por meio do sujeito indeterminado ("neste trabalho de pesquisa se encontrou tais resultados"; "como referencial teórico tem-se os seguintes autores") e dificilmente na primeira pessoa - seja do singular ou do plural - (Greimas, 1976), ação que, se goste ou não, é de fato uma escolha - ideológica, inclusive - por parte do pesquisador, ainda que se possa discutir se deliberada ou inconsciente.

Já a neutralidade é algo inatingível, uma vez que "[...] o pesquisador-produto-histórico parte de uma visão de mundo e de homem necessariamente comprometida e, nesse sentido, não há possibilidade de se gerar um conhecimento 'neutro', nem um conhecimento do outro que não interfira na sua existência" (Lane, 1985, p. 18), ou, como aponta Bock (2002). Negarmos a naturalidade dos processos e afirmarmos posições intencionais direcionadas faz com que superemos a pretensa e enganosa neutralidade pretendida, mas inatingível, empreendida tanto pela Psicologia, como acresceríamos nós, pela própria prática e discurso científico-cientificistas tradicionais.

 

Equívocos e deturpações relacionadas à Psicologia Social Crítica

Ao intentarmos tecer considerações e apontamentos relativos a uma perspectiva de Psicologia Social Crítica, arrolaremos adiante alguns dos principais equívocos e acusações contrárias relacionadas a essa corrente de pensamento em Psicologia levantados pelos textos que sobremaneira referenciamos ao longo deste ensaio (Parker, 2007; Parker & Burman, 2008), bem como a contra-argumentação para esses pontos, a fim de fortalecermos o substrato dessa perspectiva teórica em Psicologia.

A primeira e principal deturpação a que nos ateremos aponta que a Psicologia Social Crítica leva em conta tão somente a dimensão social da Psicologia. Todavia, nessa perspectiva teórica, não há desprezo pelas teorias cognitivistas que se fundam em um essencialismo dos processos mentais (Farr, 1999). A Psicologia Social Crítica compreende e enfatiza que esses arcabouços teórico-práticos (teorias cognitivistas) também estão imbricados e construídos a partir das relações sociais e discursivas e que se manifestam e tomam forma por meio da constituição do pensamento, da linguagem e dos vínculos sociais (Íbañez & Iñiguez, 1997; Parker, 2002, 2015; Parker & Shotter, 1990; Traverso-Yépez, 1999).

Outra acusação frequentemente utilizada formula que a Psicologia Social Crítica transforma tudo em questões políticas. Para Parker (2007, p. 5), tal raciocínio está incorreto em sua base, pois desconsidera que, tal como já afiançara Gramsci (1978), absolutamente tudo é político, até mesmo "[on] the way we form relationships and live our lives at the most intimate level". Inclusive, é impossível não conectar tal ideia ao conhecido poema "O Analfabeto Político" de Bertolt Brecht (1898-1956), poeta e dramaturgo alemão, no qual o autor critica ferinamente que o pior analfabeto existente é o analfabeto político, pois este se orgulha de não entender nada de política, embora esta influencie e guie tudo o que referencia indistintamente a vida de todas e todos.

Mais uma interpelação é a assertiva de que a Psicologia Social Crítica pretenderia se tornar uma "alternativa coerente" (Parker & Burman, 2008) à Psicologia Tradicional e/ou Hegemônica. O erro aqui consiste em acreditar que a Psicologia Social Crítica seria caracterizada da mesma forma que a Psicologia Tradicional. Ao contrário disso, as palavras de ordem da Psicologia Social Crítica, conforme Parker e Burman (2008) colocam, são fragmentação e subversão. Em outros termos, a própria Psicologia Social Crítica não tenciona ou busca uma unidade completa em suas concepções, e para demonstrar tais características inerentes à Psicologia Crítica, os autores citam duas linhas dentro dessa perspectiva: 1. A Cyber-Psicologia (Gordo-López & Parker, 1999), que estuda questões cognitivas e das relações sociais em ambientes virtuais que dificilmente são apreendidas pela Psicologia Tradicional, que busca relacioná-los de forma apriorística com categorias já existentes, embora não se encaixem nesse contexto virtualizado e tecnológico; e 2. A Teoria Queer (Butler, 1990), que rejeita radicalmente a dicotomização de gênero, questionando as divisões e diferenciações relacionadas à identidade sexual, além de propor em se pensar em termos de performance da sexualidade, o que cria uma confusão tremenda para as teorias psicológicas dominantes, que usualmente trabalham as questões de sexualidade exclusivamente a partir do binarismo homem-mulher.

Os exemplos rapidamente pincelados apontam para quão multifacetada e heterogênea é a constituição humana, que, pelo seu alto grau de complexidade, é de difícil apreensão por toda ou qualquer Psicologia, "so, critical psychology is not a positive programme for improving or substituting new ideas for old in the discipline, and it does not draw on existing political programmes to build an alternative psychology" (Parker & Burman, 2008, p. 104). Assim, a Psicologia Social Crítica não tem pretensão alguma de se tornar a nova Psicologia dominante, ou de fazer com que a Psicologia Tradicional funcione melhor; ao contrário disso, ela busca a eterna construção e questionamento das práticas e teorias psicológicas. Nas palavras de Parker (1999, p. 12), em outro de seus textos: "critical psychology does not pretend to end the fragmentation of the discipline, but tries to understand how the discipline functions in different places in contradictory theories and practices".

Outro ponto que trata de deslegitimar a Psicologia Social Crítica é a asseveração de que esta supostamente se preocupa tão somente com as análises e formulações teóricas, relegando por completo, ou não tendo contribuição alguma a dar do ponto de vista metodológico. Essa afirmação é rebatida por Parker e Burman (2008) ao recuperarem a ideia de que o método é o único aspecto que permite unificar a Psicologia como um saber prático-teórico; assim sendo, seria impossível à Psicologia Social Crítica ignorar tão importante questão como essa. Inclusive, muitos dos psicólogos que se vinculam à Psicologia Social Crítica se propõem a reflexivamente conjugar aparatos teórico-metodológicos oriundos de outros campos de conhecimento ao rol de opções metodológicas concernentes às pesquisas em Psicologia. Como um exemplo disso, temos o caso da Análise do Discurso, que "[...] trata el mundo social como um texto, o más bien como um sistema de textos, que pueden ser 'leídos' sistemáticamente por um investigador para expor los procesos psicológicos que hay en su interior" (Parker, 2004, p. 121) e reúne ideias acerca da construção da linguagem como um instrumento de propagação e reificação das estruturas de poder ideológicas, ou de resistência a essas mesmas estruturas.

A próxima deturpação defende que a Psicologia Social Crítica evita todos e quaisquer métodos quantitativos. Parker (2004, 2007) concorda que, de fato, há uma resistência por parte dos pesquisadores da Psicologia Crítica em se valer de dados estatísticos em seus estudos, entretanto, afirma haver outros modos de se utilizar da quantificação numérica, como ao analisá-la como uma representação de pessoas reais, não simplesmente coisas contáveis. Além disso, o autor inglês reforça que os dados por si só são apenas uma fração dentro da complexidade que é o ato de interpretar o mundo.

As últimas acusações rebatidas por Parker (2007) e Parker e Burman (2008) são de que a Psicologia Social Crítica não tem nada para oferecer às pessoas em sofrimento psíquico e de que ela seria um fenômeno exclusivamente europeu. Para desarmar essa última assertiva, basta percorremos dois números específicos da publicação inglesa Annual Review of Critical Psychology (2006, 2013) - editada pela "Discourse Unit", centro de pesquisa fundado em 1990 e liderado pelos autores de referência deste ensaio, Erica Burman e Ian Parker - para notarmos a amplitude de disseminação global de estudos envolvendo a Psicologia Social Crítica (estão presentes nesses dois números referenciados da Annual Review of Critical Psychology autores de países como: Nova Zelândia, China, Colômbia, Cuba, Dinamarca, Romênia, Tanzânia, Sri Lanka Nigéria, Turquia, para citarmos somente alguns dos tantos países espalhados pelo planeta que têm estudos figurando no referenciado periódico científico), bem como de trabalhos que se dedicam a desenvolver e avançar as discussões teóricas e metodológicas em Psicologia Social Crítica. Para além disso, focalizando a produção teórica e científica especificamente em nosso país, vale citarmos a recente obra Psicologia Social Crítica: paralaxes do contemporâneo4 organizada por Aluísio Lima (2012b), em que é possível entrarmos em contato com estudos realizados no Brasil sob uma perspectiva da Psicologia Social Crítica.

Quanto ao argumento de que esse campo da Psicologia não lida com o sofrimento psíquico ou não teria algo a oferecer para mitigá-lo, os supracitados psicólogos ingleses discordam ao apresentarem uma experiência de pesquisa em Psicologia Social Crítica realizada na década de 1990, na Inglaterra, envolvendo a Manchester Metropolitan University e a associação "Hearing Voice Network" (Parker & Burman, 2008). Por este se tratar de um grupo que problematiza e relativiza o ato de se ouvir vozes como algo patológico, docentes da citada universidade realizaram discussões e eventos para questionar e ressignificar tal fenômeno a partir de uma visão guiada pela Psicologia Social Crítica, desse modo ancorada em pressupostos diametralmente opostos aos da Psicologia Tradicional que apenas psicologiza ao reforçar estigmas relacionados a comportamentos e ações diversos daquilo que está previamente estabelecido como padrão (Parker, 2009a). Segundo Parker, isso demonstra uma forma da Psicologia Social Crítica, repensar caminhos e possibilidades para o fazer psicológico, até porque, diz o autor em que estamos maiormente nos respaldando e referenciando: "There are better things psychologists could be doing than implementing 'psychology'" (Parker, 2007, p. 10).

Em outros termos, seria a própria Psicologia Tradicional que não teria nada para, de fato, oferecer às pessoas em sofrimento psíquico, uma vez que apenas repete cegamente fórmulas fundadas em conceitos e práticas que, majoritariamente, separam as dimensões internas e externas ao sujeito, limando o entendimento de que os processos psíquicos e de subjetivação são e estão diretamente influenciados pelos contextos sócio-históricos em que se inserem e, dessa forma, igualmente são produtos desses diferentes tempos e organizações sociais. Assim sendo, uma psicologia baseada em uma ordem individualizada, desigual e verticalizada, intentará reforçar tão somente padrões comportamentais e psicológicos que sigam tais características, ao indicar aos sujeitos os modos "corretos" que estes devem seguir em suas vidas.

Além disso, como afirma Ibáñez (1997), a Psicologia Social Crítica tem por preocupação sim ser instrumento no auxílio ao combate dos problemas da vida cotidiana e social, tais como os preconceitos, as discriminações, transpassando a mera produção de conhecimento teórico. Ainda que, segundo o próprio Ibáñez (1997), por vezes ao longo da história, tal implicação não tenha se efetivado e, ao contrário disso, conhecimentos práticos e teóricos em Psicologia Social Crítica tenham servido ao reforço e manutenção do status quo, o que exigiria que essas práticas consideradas críticas em Psicologia, contudo inócuas, passassem por um processo de reflexão crítica a fim de apontar outros modos que se conectassem realmente com uma perspectiva em Psicologia Social Crítica.

 

Considerações finais

Para finalizarmos o texto, pontuamos que a Psicologia Social Crítica descrita e enunciada neste breve ensaio trata-se fundamentalmente de uma Psicologia que se vincula ao pensamento do materialismo histórico-dialético propagado pelas ideias marxistas (Parker, 2003, 2009a) e por um entendimento de que o sujeito é constituído e se constitui de modo sócio-histórico (Abrantes, Silva & Martins, 2005; Lane, 1985) e por meio dos tensionamentos e contradições ao se relacionar com os outros (Guareschi, 2012), com a cultura e com a linguagem (Íbañez & Iñiguez, 1997; Parker, 2015). Destarte, a Psicologia Social ancorada no materialismo histórico-dialético pode ser considerada como um dos "braços" da Psicologia Crítica, tal como assinala Lacerda Jr (2013), ao refazer os trajetos percorridos por esse campo do conhecimento em território brasileiro.

Sem deixarmos de atentar, vale a ressalva, para o que apontou Parker (2003) em fala proferida na International Conference on Critical Psychology em 2003, na cidade inglesa de Bath. Disse o autor: a Psicologia Social Crítica já detém, inclusive, a possibilidade de um espaço para existir dentro da ordem do capitalismo neoliberal contemporâneo, todavia tal garantia de existência se configura como algo altamente perigoso à própria Psicologia Crítica, uma vez que isto pode torná-la "[...] another commodity in the academic marketplace or it could make those conditions its own object of study so that it analyses them from a position that will also change them.", e, por conta disso, o autor conclama que: "That is what I mean when I say that psychology is so critical, only Marxism can save us now" (Parker, 2003, sem paginação).

De todos os modos, a Psicologia que não se permite sequer repensar suas práticas, discursos e teorias, bem como não busca jamais interrogar aquilo que subjaz a tais dimensões - como a Psicologia Social Crítica propõe continuamente, inclusive, para si mesma - não tem capacidade de colaborar com os processos de emancipação e de combate às desigualdades vigentes que produzem mormente sofrimento físico e psíquico.

De uma maneira ampla e sintética para encerramos, de fato, nosso texto, a Psicologia Social Crítica se constitui no questionamento e na reflexão sobre os lugares-comuns e ideias dominantes propagadas pela chamada Psicologia Tradicional e/ou Hegemônica, visando assim construir outras formas de se estruturar o saber e prática psicológicos. Tendo como alicerce principal a ideia de que a crítica e o pensamento crítico indicam "[...] que todas as ações e todos os fenômenos possuem ao menos dois lados; em outras palavras, que nada é absoluto, tudo contém sua contradição; a realidade de um fato ou fenômeno não se resume a um ponto de vista apenas" (Guareschi, 2012, p. 16, grifos do autor).

 

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Recebido em 30/03/2014
Aprovado em 31/03/2016

 

 

1 XVII Congreso Interamericano de Psicología, o qual fora promovida pela Sociedade Interamericana de Psicologia em 1979 na cidade de Lima, no Peru.
2 Para um aprofundamento na questão da ideologia, ver: Guareschi (2012) e
Žižek (1996).
3 Ideia apresentada por Erica Burman e Ian Parker durante o curso "Discourse Analysis and Critical Psychology", ministrado no dia 15 de julho de 2013 como uma das atividades do XXXIV Congresso Interamericano de Psicologia.
4 Para uma visão panorâmica acerca dos textos que compõem essa obra, ver Gruda (2013).

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