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Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.12 no.2 São João del-Rei abr./jun. 2017

 

Família, redes sociais e o uso de drogas: tensionamento entre o risco e a proteção

 

Family, social networks and drug use: tensioning between risk and protection

 

Familia, redes sociales y uso de drogas: tensionamento entre el riesgo y la protección

 

 

Claudia Daiana BorgesI; Carmen Leontina Ojeda Ocampo OMoréII; Scheila KrenkelIII; Daniela Ribeiro SchneiderIV

IMestre em Psicologia e docente do curso de graduação em Psicologia na Faculdade Metropolitana de Guaramirim - claudia.daiana@gmail.com
IIDoutora em Psicologia, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina - carmenloom@gmail.com
IIIDoutoranda em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina - scheilakrenkel@gmail.com
IVDoutora em Psicologia, professora do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina - danischneiderpsi@gmail.com

 

 


RESUMO

Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática de artigos nacionais e internacionais, publicados entre os anos de 2004 e 2015, sobre a relação entre família, redes sociais e uso de drogas. Foram acessadas quatro bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Scielo e PscInfo, tendo como descritores as expressões "social AND networks"; "family" e "drugs". De um total de 234 artigos encontrados, 17 abordavam diretamente os temas deste estudo e constituem o corpus de análise. Os resultados sugerem que: a) a rede social tende a ser restrita entre os usuários de drogas, b) na rede social há membros que também fazem uso de drogas, e c) que as redes constituídas por membros familiares tendem a ser protetoras para evitar o uso/abuso de drogas. Destaca-se que o contexto social e/ou comunitário interfere decididamente na composição e funções da rede social constituída em torno de usuários de drogas, seja como fator potencialmente de risco, seja de proteção.

Palavras-chave: Família. Redes sociais. Uso de drogas. Revisão sistemática.


ABSTRACT

This study aimed to carry out a systematic review of national and international articles published between the years 2004 and 2015 on the relationship between family, social networks and drug use. Four databases were accessed: Virtual Health Library (VHL), PubMed, Scielo and PscInfo, with the descriptors "social AND networks"; "Family" and "drugs." Of a total of 234 articles found, 17 directly addressed the themes of this study and constitute the corpus of analysis. Results suggest that: a) the social network tends to be restricted among drug users, b) in the social network there are members who also use drugs, and c) networks made up of family members tend to be protective to avoid the use /drugs abuse. It is highlighted that social and / or community context decisively influences the composition and functions of the social network constituted around drug users, as a potential risk or protection factor.

Keywords: Family. Social networks. Drug use. Systematic review.


RESUMEN

Este estudio tuvo como objetivo realizar una revisión sistemática de artículos nacionales e internacionales publicados entre los años 2004 y 2015 sobre la relación entre familia, redes sociales y consumo de drogas. Se accedieron a cuatro bases de datos: Biblioteca Virtual en Salud (BVS), PubMed, Scielo y PscInfo, con los descriptores "redes sociales AND"; "Familia" y "drogas". De un total de 234 artículos encontrados, 17 abordaron directamente los temas de este estudio y constituyeron el corpus de análisis. Los resultados sugieren que: a) la red social tiende a ser restringida entre los usuarios de drogas, b) en la red social hay miembros que también consumen drogas, y c) las redes formadas por miembros de la familia tienden a ser protectoras para evitar el uso / abuso. Se destaca que el contexto social y / o comunitario influye de manera decisiva en la composición y funciones de la red social constituida en torno a los consumidores de drogas, como un factor potencial de riesgo o protección.

Palabras clave: La familia. Las redes sociales. El uso de drogas. Revisión sistemática.


 

 

Introdução

O fenômeno do uso de drogas afeta decididamente o ciclo de desenvolvimento vital, tanto em nível individual como familiar. Dados de pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Cebrid) em 2005, em 108 cidades brasileiras com mais de 200 mil habitantes, apontou que 22,8% da população brasileira já fez uso de droga ilícita na vida - 74,6% da população já usou álcool e 44% fez uso do tabaco (Brasil, 2006). Já entre os usuários do Sistema Único de Saúde do Brasil, o álcool representa a principal substância psicoativa de consumo (Brasil, 2015). É interessante destacar que o consumo de drogas lícitas e ilícitas é inerente a muitas culturas, situações e contextos e que as representações acerca do uso de drogas se alteraram no decorrer da história, seus significados se modificaram, indo desde um sentido recreativo até a dependência (Schenker, 2008).

No que diz respeito ao consumo abusivo de substâncias psicoativas, existe consenso entre cientistas e profissionais sobre os agravos desse fenômeno, trazendo preocupações de ordem microssocial, como sujeito, família e comunidade e de ordem macrossocial, como sociedade, políticas de saúde, segurança, justiça e economia (Souza Kantorski, Vasters & Luis, 2011). Considerando a amplitude do fenômeno das drogas, são necessárias ações ampliadas para promover atenção e cuidado aos usuários. Souza, Kantorski, Vasters e Luis (2011) expõem a importância das relações afetivas para o tratamento e sugerem que nesse processo alguns vínculos do usuário devem ser rompidos (como aqueles que estimulam o uso de drogas); outros vínculos devem ser fortalecidos (como os familiares, que frequentemente têm os vínculos prejudicados em função do uso de drogas); e há vínculos que devem ser construídos (novas amizades, novos laços afetivos). A atenção à saúde do usuário de álcool e outras drogas deve ser priorizada na intervenção comunitária e, com a participação das redes sociais do usuário, é necessário propiciar um espaço de autonomia e participação coletiva.

As redes sociais frequentemente são apontadas como fator potencialmente de risco e/ou proteção para o uso de drogas e/ou substancias psicoativas. Como fator potencialmente de risco entende-se condições e/ou circunstâncias que deixam o sujeito mais vulnerável aos problemas relacionados ao uso de drogas; por outro lado, como fator potencialmente de proteção está o conjunto de condições para que o sujeito, mesmo tendo contato com a droga, consiga se proteger e não fazer o uso prejudicial (Zemel, 2013).

Segundo Ornelas (2008), os membros da rede social, num contexto comunitário, podem desempenhar funções importantes na vida do sujeito, auxiliando nas soluções de problemas, oferecendo orientações ou mesmo companhia. O mencionado autor chama atenção para o conceito de redes sociais, destacando que este abrange dois campos correlacionados e bem definidos, um deles se referindo ao significado, o outro ao suporte oferecido para o sujeito e/ou família. Nesse sentido, existem redes que se constituem no decorrer do ciclo vital do indivíduo e sua família e que são definidas principalmente pela proximidade, intimidade e vinculação. Por outro lado, há redes sociais propriamente ditas que se configuram como formais ou informais e que desempenham diferentes funções (Ornelas, 2008).

Tendo como referência o significado atribuído às redes sociais pelo indivíduo, Sluzki (1997) as define como rede social pessoal ou rede social significativa, que representa a junção de todas as relações que um sujeito entende como significativas ou diferenciadas das demais. Assim, a rede configura-se pelo estabelecimento de vínculos interpessoais e contribui fundamentalmente para o reconhecimento como sujeito, para a construção de identidade, para o sentimento de bem-estar, pertença e autonomia. A qualidade das relações está interligada com a história, intensidade, frequência e reciprocidade dos vínculos estabelecidos (Moré, 2005). Nessa perspectiva, aprofundar os estudos das redes sociais pressupõe o desafio de reconhecer pessoas, como produto e produtoras de sentido na trama social em que vivem, havendo uma associação entre desenvolvimento humano saudável e qualidade das redes sociais que um sujeito mantém (Moré & Crepaldi, 2012).

Sluzki (1997) aponta aspectos importantes das redes sociais, principalmente para entender sua dinâmica em torno do sujeito. As redes sociais têm características estruturais específicas: a) tamanho, que se refere ao número de membros da rede. As redes mais efetivas são as de tamanho médio, entre oito e 10 membros; redes muito pequenas tendem a sobrecarregar os membros em momentos de crise, enquanto as redes muito extensas tendem a ser menos efetivas porque os membros acreditam que já deve ter alguém auxiliando o sujeito quando necessário; b) densidade, que é a qualidade das relações entre os membros e a influência que isso exerce sobre o sujeito; c) composição ou distribuição, que diz respeito à posição de cada membro na rede, considerando o contexto da relação e o grau de intimidade; d) dispersão, distância geográfica entre o sujeito e os membros de sua rede; e) homogeneidade/heterogeneidade, que se relaciona às diferentes características dos membros, como idade, sexo, cultura, nível social e econômico. Tais diferenças podem facilitar trocas ou tensões (Sluzki, 1997).

O autor mencionado também traz à tona as funções desempenhadas pelas redes sociais significativas, destacando: a) companhia social, que representa a companhia para a realização de atividades ou simplesmente estar juntos; b) apoio emocional, referindo-se à atitude empática, que oferece compreensão, estímulo e motivação; c) guia cognitivo e de conselhos, que oferece informações e orientações; d) regulação social, que relembra responsabilidades e atua na mediação de conflitos; e) ajuda material e de serviços, referindo-se às ajudas específicas, como financeira e de profissionais especializados; f) acesso a novos contatos, uma vez que a rede social aberta possibilita novos contatos com pessoas e redes que anteriormente não eram possíveis (Sluzki, 1997).

As funções desempenhadas por membros das redes sociais são fundamentais no ciclo de vida dos sujeitos e, de modo particular, para os usuários de drogas, pois os membros das redes podem desempenhar funções de proteção ou de risco para o uso de substâncias. O fenômeno das drogas está imerso em uma trama com diferentes sistemas envolvidos, entre eles: usuário, comunidade, sociedade e família. Por família entende-se um sistema aberto no qual há trocas com o meio, contato direto entre os membros, laços afetivos e histórias compartilhadas. Cabe mencionar que há um envolvimento marcante da família nas condições que envolvem o uso de substâncias e o tratamento (Orth &Moré, 2008).

Diante da complexidade do fenômeno das drogas e seus efeitos sobre os sujeitos e sua rede social, este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática de artigos nacionais e internacionais, publicados entre os anos de 2004 e 2015, sobre a relação entre drogas, família e redes sociais. Por se tratar de um problema de saúde pública, ainda permeado por dúvidas e resistências relacionadas ao papel das redes sociais configuradas em torno dos usuários de álcool e outras drogas, este estudo buscou trazer à tona subsídios que possibilitem a reflexão sobre a realidade que envolve o uso das drogas no contexto das redes da família, das amizades, da comunidade, das relações de trabalho e profissionais de saúde, para melhor sustentar o processo de atenção integral à saúde dos usuários e seus familiares.

 

Método

No mês de fevereiro de 2016, foi realizada uma revisão sistemática nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), PubMed, Scientific Eletronic Library Online (Scielo) e PsycInfo. A pesquisa ocorreu com base na combinação dos seguintes descritores, intermediadas pelo operador booleano AND: "social AND networks" AND "family" AND "drugs".

Os critérios para inclusão dos artigos neste estudo foram: a) artigos empíricos, teóricos ou de revisão de literatura publicados entre os anos de 2004 e 2015, b) artigos completos e que abordassem os temas drogas, família e redes sociais e, c) ser escrito em inglês, espanhol ou português. Por meio da análise dos resumos, foram excluídas as seguintes publicações: teses, dissertações, livros e resenhas.

Inicialmente, foram encontrados um total de 234 publicações, 58 na BVS, 85 na PubMed, quatro na Scielo e 87 na PsycInfo. Após serem considerados os critérios de inclusão, restaram 33 artigos que tratavam especificamente sobre o tema deste estudo. Desse número, 16 se repetiam em mais de uma base de dados, de modo que o número total efetivo de artigos que compuseram a análise desta revisão foi de 17 artigos.

A análise dos artigos que compuserem este estudo foi realizada em suas etapas. Na primeira etapa, os artigos foram lidos integralmente e classificados conforme seus dados bibliométricos referentes ao ano de publicação, natureza do estudo, participantes, local/país do estudo, técnicas e instrumentos de coleta de dados e análise de dados. Na segunda etapa, os principais resultados foram analisados de acordo com seu conteúdo e agrupados em três categorias com características similares, a fim de melhor organizar o conteúdo referente ao corpus de análises: 1. redes sociais como fatores de risco e/ou proteção para o uso de drogas, 2. relação entre rede e contexto social sobre o uso de drogas, e 3. redes sociais relacionadas ao tratamento de usuários de drogas.

 

Resultados e discussão

Nesta revisão foram encontrados 17 artigos que tratavam especificamente sobre família, redes sociais e o uso de drogas, sendo que apenas um estudo foi realizado no Brasil. Dos 17 estudos analisados, 13 relacionaram rede e contexto social como fator de risco e/ou proteção ao uso de drogas e quatro abordaram a relação da rede social no tratamento de usuários de drogas.

Referente ao ano de publicação, três artigos foram publicados em 2013; três em 2008; três em 2006; dois em 2011; nos anos de 2004, 2005, 2007, 2010, 2012, e 2015, houve uma publicação em cada ano, sendo que em 2009 e 2014 não foram encontradas publicações. Esse dado demonstra a lacuna nas produções científicas, já que dos 11 anos investigados, em seis houve apenas uma publicação e em dois anos nenhuma publicação foi encontrada. Os estudos foram realizados no Brasil, Indonésia, Bélgica, Espanha, México, Inglaterra e nos Estados Unidos. Em relação à natureza da pesquisa, oito estudos eram quantitativos, seis qualitativos, dois eram quantitativos e qualitativos e um foi uma revisão bibliográfica. Para análise dos dados, foram utilizadas análises estatísticas, análises de conteúdo e análises temáticas de entrevistas. No estudo bibliográfico, não foi descrita a metodologia de análise. Dois estudos citaram ter utilizado programas de computador para análise dos dados, mas sem especificar quais programas.

No que se refere ao local de coleta de dados, um estudo não descreveu onde ocorreu a coleta, apenas onde aconteceu o recrutamento dos participantes. Os demais estudos foram realizados em comunidade terapêutica, hospital-dia e ambulatório, clínica de planejamento familiar, clínica de tratamento para usuários de drogas, serviço voluntário de tratamento para dependentes químicos, favela, zona rural, escolas, abrigo para moradores de rua e albergue. Um estudo foi feito via computador e não havia lugar específico para os participantes responderem às perguntas. A diversidade de campos de coleta de dados pode estar relacionada com o fato de que o uso de drogas ocorre em diferentes contextos e está associado a diversos fatores históricos e sociais (Schenker, 2008).

Quanto aos instrumentos para a coleta de dados, um não se aplicava, seis estudos utilizaram questionários, seis utilizaram entrevistas e quatro estudos utilizaram ambos. Os dados correspondentes podem ser visualizados no Quadro 1.

A partir da análise de conteúdo dos 17 estudos, estes foram agrupados de acordo com a temática principal abordada, resultando em três categorias: 1. redes sociais como fatores de risco e/ou proteção para o uso de drogas; 2. relação entre rede e contexto social sobre o uso de drogas; e 3. redes sociais relacionadas ao tratamento de usuários de drogas.

Redes sociais como fator de risco e/ou proteção para o uso de drogas

No estudo de Best, Gross, Manning, Gossop, Witton e Strang (2005), foram examinados os fatores de risco e proteção associados ao uso da maconha. Identificou-se que os participantes que ficam mais tempo com amigos que usam drogas e menos tempo com suas mães têm maior probabilidade de usar maconha. Houve significativa relação entre o uso de maconha e o maior tempo junto com amigos envolvidos com drogas e menor tempo junto com os pais, pois estar mais junto destes relaciona-se com o menor nível de consumo da substância. Ficar mais tempo com amigos envolvidos com drogas e com o crime foi preditivo para a frequência do uso da maconha, o que indica que a rede social de amigos atua mais como um fator de risco do que de proteção para o uso da substância. Passar mais tempo com a mãe retarda o início e diminui a frequência do uso da maconha pelos jovens, caracterizando-se como um fator de proteção. Esse dado também foi identificado por Vasters e Pillon (2011), que destacam que ter amigos usuários de substâncias psicoativas e não ter o apoio da família são fatores de risco para o uso.

As redes sociais como fator de risco ou proteção ao uso de drogas foi discutido no estudo de Costa, Camurça, Braga e Tatmatsu (2012), que entrevistaram jovens moradores de áreas de risco e descobriram que a rede social exerce função de proteção ou de risco, dependendo da combinação de fatores econômicos e sociais e do que é mais importante na vida do adolescente que se envolve ou não com o uso de drogas. Entretanto, a maioria dos jovens destacou a função protetora das redes sociais e salientaram que o lazer, o esporte e o trabalho, entendidos como redes sociais de apoio, são elementos de prevenção por trazerem outros meios de viver e melhores perspectivas de vida. Esse dado vai ao encontro dos estudos de Souza et al. (2011) e Kantorski e Mielke (2006), que indicam que, dependendo das características das redes sociais, elas podem representar fator de risco ou de proteção para o uso de álcool e outras drogas.

Entre pessoas mais velhas e idosas, as redes sociais também são identificadas como fatores de risco ou proteção. Pessoas idosas que participam de um serviço voluntário para o tratamento do uso de drogas associaram relações conflituosas no passado com o uso atual de drogas. Todos que participaram do estudo eram solteiros ou divorciados e a perda dos relacionamentos com familiares, cônjuges ou companheiros e dos filhos, em função do divórcio, morte ou uso de drogas, foi uma característica comum entre os participantes. As perdas de relacionamentos importantes e de suas redes sociais, associadas ao uso de drogas no decorrer da vida, pode ter acelerado o envelhecimento dos participantes do estudo (Roe; Beynon; Pickering & Duffy, 2010).

Em pesquisa realizada por Tyler (2007), com jovens sem-teto em três cidades dos Estados Unidos, sobre redes sociais, uso de drogas e comportamento sexual de risco, identificou-se que não ter um membro da família na rede social está associado com o comportamento do uso de drogas. Ter utilizado drogas ilícitas com um membro da rede social aumentou o comportamento de consumo de drogas. As redes sociais dos jovens sem-teto são marcadas pela estabilidade e interação frequente, proximidade e apoio social dos seus pares. Embora haja conflitos, isso não acontece com regularidade e, de modo geral, os jovens sentem-se protegidos por sua rede (Tyler, 2007). Em relação à família como parte da rede social de usuários de álcool e outras drogas, estudos demonstram que ela tende a se afastar do usuário motivada pelo sofrimento que o uso da droga traz para toda a família (Picoli, 2013; Souza, Seadi & Oliveira, 2009; Kantorski & Mielke 2006).

Neale e Stevenson (2015) também pesquisaram a população sem-teto em estudo que investigou a relação do uso de álcool e outras drogas e a condição de ser residente de albergues sobre a constituição das redes sociais e como elas interferem na recuperação do usuário. Identificou-se que os participantes tinham uma rede de tamanho médio, que variava de três a 13 membros, com uma média de oito membros. Faziam parte da rede: familiares, profissionais dos albergues, outros moradores dos albergues, amigos e parceiros atuais ao[u1] antigos. Os resultados indicaram que os participantes, no período das entrevistas, tinham uma rede social ativa, que oferecia apoio material e emocional, além de proteção, companheirismo e amor. A rede social demonstrou ser um importante recurso na recuperação da dependência do usuário, atuando como fator de proteção (Neale & Stevenson, 2015).

Em relação ao tamanho da rede, considera-se que redes de tamanho médio, com aproximadamente oito pessoas, sejam mais efetivas do que redes pequenas ou muito extensas. Isso porque redes pequenas tendem a ser menos efetivas em situações de crise, pois os membros evitam entrar em contato com a tensão ou, ao contrário, há uma sobrecarga para quem atua com a crise. Por outro lado, redes muito numerosas tendem a ser pouco ativas, porque pode haver a suposição de que algum membro já deve estar cuidando do problema, gerando a inatividade da rede (Sluzky, 1997).

As amizades são destacadas no estudo de Marsiglia, Kulis, Luengo, Nieri e Villar (2008) como um fator de proteção ao uso de drogas entre adolescentes latino-americanos imigrantes na Espanha. Quando esses jovens se sentiam mais integrados com redes sociais no país, a intenção e o uso de drogas diminuiu, o que sugere que quanto mais integrado estiver o jovem de família imigrante com sua rede social local maior será o nível de proteção contra o uso de substâncias. Por outro lado, Rayle, Kulis, Okamoto, Tann, LeCroy, Dustman e Burke (2006) identificaram que a maior fonte de oferta de drogas para os jovens indígenas americanos ocorre em suas redes sociais. As meninas são mais vulneráveis para o consumo de drogas que os meninos por receberem mais ofertas e terem mais dificuldades para recusar quando a droga é oferecida por algum membro de sua rede social.

No Brasil, em estudo realizado por Benites (2012), adolescentes meninas também afirmaram que o grupo de amigos exerce influência sobre o consumo de álcool, uma vez que para se sentirem integradas ao grupo era importante consumir bebida alcoólica. Seis das 12 adolescentes entrevistadas afirmaram beber mais quando estão na companhia de amigos, em festas e baladas, e oito delas relataram que sua melhor amiga faz ou já fez uso de álcool. Foi assinalada também a importância do contexto familiar como fator protetivo ao uso de álcool, uma vez que, mesmo elas fazendo uso de álcool, o apoio familiar oferecido para as adolescentes as protegia do uso abusivo.

A função da rede social como protetiva ou de risco para o uso de drogas vem sendo identificada e discutida pela literatura como quesito importante no que envolve o fenômeno das drogas. Isso também foi verificado pela análise deste estudo, que identificou que a maioria das produções citou a rede social como fator de risco e/ou proteção. Esses são indícios fundamentais para se planejar ações que envolvam prevenção e tratamento de usuários de drogas, tendo sempre em vista o potencial da rede social nesse processo, desde que esta tenha vínculos fortalecidos e desempenhem funções protetivas.

Relação entre rede e contexto social sobre o uso de drogas

A relação entre rede pessoal, bairro com menor condição socioeconômica e o uso de substâncias entre mulheres jovens de baixa renda foi investigada por Wu, Eschbach e Grady (2008), que identificaram a rede pessoal como fator de influência sobre o uso de drogas. Se as jovens tinham mais amigos que faziam uso de drogas ilícitas, elas estavam mais propensas ao uso abusivo de drogas. Os dados indicaram que as redes sociais podem influenciar negativamente as jovens, uma vez que mulheres de baixa renda tendem a ter mais amigos envolvidos com drogas ilícitas. Os usuários de drogas podem escolher para sua rede membros que reforcem o hábito do uso de substâncias. Esse dado também foi verificado no estudo de Vasters e Pillon (2011), que identificaram a influência dos amigos sobre o uso de drogas.

Haye, Green Jr., Kennedy e Tucker (2013) investigaram a influência do uso da maconha na escolha de amigos e sobre o consumo de outras drogas. Verificou-se que as escolhas de amizades estão relacionadas com as identificações entre os pares, e jovens com pais de maior nível de educação eram menos propensos a escolher amigos cujos pais tinham menos educação e, por outro lado, recebiam mais indicações de amizades. Ter amigos que tinham usado maconha durante a sua vida não previu significativamente a iniciação pelos adolescentes do uso da substância. Houve uma tendência moderada para selecionar amigos com base no uso da maconha, bem como para imitar comportamentos de consumo de drogas de seus amigos. Outros estudos (Ribeiro, Ribeiro, Garcia, Souza, Sousa & Nogueira, 2008; Lins & Scarparo, 2010; Vasters & Pillon, 2011; Marques & Mangia, 2013) também indicam que amigos podem contribuir para elevar o consumo de álcool e outras drogas e dificultar o tratamento.

Em estudo realizado para verificar a influência dos pais e de sua rede social sobre o desenvolvimento das crianças (Murphy, Gordon, Sherrod, Dancy & Kershaw 2013), foi identificado que as redes sociais com maior densidade, ou seja, com maior conexão entre os membros, estão associadas às normas de pares desfavoráveis que incentivam o comportamento sexual de risco, o ato de beber e usar drogas. Quanto mais membros da rede social mantêm comportamentos de risco, maior a probabilidade de o pai envolver-se em situações de risco e uso de drogas. Os pais menos envolvidos com a família tendem ao comportamento sexual de risco e uso abusivo de álcool e outras drogas (Murphy et al., 2013). Conforme apontam Rudolph, Jones, Latkin, Crawford e Fuller (2011), o uso de drogas pelos pais, em casa, influencia a constituição das redes sociais dos filhos quando adultos e estes tendem a ter redes sociais com maior número de membros usuários de drogas e maior probabilidade para o abuso de substâncias.

No Brasil, pesquisas também abordam a participação da família no que se refere ao uso de drogas e ao tratamento. Vasters e Pillon (2011) identificaram que os participantes se sentem mais motivados a interromper o uso de drogas quando estabelecem novas redes sociais sem a presença de usuários de drogas e quando contam com apoio da família. Nessa direção, Araújo, Marcon, Silva e Oliveira (2012) também observaram que a participação da família foi fundamental no processo de recuperação dos usuários.

O contexto social foi preponderante no estudo de Brown (2006), pois ele identificou que, entre mulheres da zona rural da Flórida que faziam uso de drogas, as redes sociais tendiam a ser pequenas e com presença restrita de amigas. A única atividade que essas mulheres tendem a realizar em rede é a utilização da droga e, mesmo assim, de forma esporádica. As mulheres relatam desconfiança em relação às outras mulheres e, para se proteger, limitam seu contato social com outras mulheres, exceto com as de sua família. Outro fator importante relacionado ao uso de drogas é a vida laboral. Nasir, Rosenthal e Moore (2011) verificaram que, para jovens moradores de uma favela na Indonésia, o emprego é um regulador do uso de drogas e favorece o estabelecimento de redes sociais mais saudáveis.

A importância do trabalho para usuários é identificada em outras pesquisas no Brasil (Cavalcante, Falcão, Lima, Marinho, Macedo & Braga, 2012; Souza, Kantorski & Mielke (2006). Os participantes do estudo de Cavalcante et al. (2012) salientaram a importância do trabalho para suas vidas, representando um elemento auxiliar no processo de recuperação e do sentimento de utilidade e de ser produtivo. Muitos participantes perderam o emprego em função do uso abusivo de drogas e isso afetou a inserção social dos usuários. Souza, Kantorski e Mielke (2006) também identificaram, em seu estudo, que a perda do emprego é um fator causal para o uso de drogas ou consequência deste.

A relação do contexto social sobre o uso de drogas se revelou de grande importância nas pesquisas analisadas e esteve presente de maneira explícita em seis dos estudos analisados. O contexto social associado às redes sociais são fatores determinantes na realidade de vida dos sujeitos, especificamente no que se relaciona ao uso de drogas. Condições sociais, culturais e econômicas exercem influência sobre o consumo de drogas e também na esfera da prevenção. Por essa razão, são determinantes que necessitam ser consideradas para a compreensão do fenômeno das drogas e para elaboração de estratégias de intervenção.

Redes sociais e o tratamento do usuário de drogas

A pesquisa de Satre, Mertens, Arean e Weisner (2004) comparou os resultados de cinco anos de tratamento do uso de drogas entre adultos mais velhos e entre adultos mais jovens e identificaram que adultos mais velhos ficam por um período maior de tempo em tratamento do que os adultos mais jovens. Ficar mais tempo em tratamento e não ter amigos que incentivam o uso de álcool e outras drogas favorece a efetividade do tratamento. Em relação às redes sociais, os adultos mais velhos relataram ter menos amigos que os adultos mais jovens e ter menos membros de suas redes sociais que os incentivam ao uso de drogas. Embora as redes sociais de adultos mais velhos tendam a ser menores que dos adultos mais jovens, eles relataram satisfação quanto ao tamanho e qualidade de suas redes. Sluzky (1997) afirma que a rede social significativa na velhice sofre perdas e diminui o número de vínculos, além de que as pessoas mais velhas se restringem mais às relações familiares.

Sobre a participação da rede social no tratamento de usuários de drogas, Day et al. (2013) estão desenvolvendo um estudo que visa implementar, observar e avaliar a eficácia de uma intervenção em rede social para pacientes que recebem tratamento em substituição ao tratamento de opiáceos. O estudo está em fase de desenvolvimento e espera-se com os resultados elaborar estratégias de intervenção mais efetivas para esses pacientes. Marques e Mângia (2009) sinalizam a importância dos vínculos e a qualidade das relações no tratamento de usuário de drogas. Scaduto e Barbieri (2009) acrescentam que o sucesso do tratamento pressupõe a promoção do autocuidado, autocontrole e diminuição dos prejuízos pessoais associados ao uso de drogas.

Galván, Serna e Hernández (2008) realizaram uma revisão bibliográfica para identificar as principais contribuições das redes sociais para o tratamento e uso de substâncias. As pesquisas identificaram como determinadas características das redes sociais, como fragilidade dos vínculos e membros que também fazem uso de sustâncias, tendem a representar um risco para o uso de drogas e dificultam o processo de tratamento. As redes sociais podem fornecer elementos úteis na compreensão de certos comportamentos resistentes ao tratamento e no processo de recaída em usuários de drogas (Galván, Serna & Hernández, 2008). O tratamento para o uso de drogas precisa ter alcance ampliado, considerando a influência da família e das redes sociais acionadas pelos usuários, seja no processo de uso, seja no tratamento (Souza et al., 2011).

Em relação ao tratamento do uso de drogas, Soyez, Leon, Broekaert e Rosseel (2006) avaliaram a efetividade do tratamento em uma Comunidade Terapêutica utilizando a rede social como estratégia de intervenção. O apoio social oferecido pelas redes sociais contribuiu para a adesão ao tratamento. Apenas outra variável contribuiu significativamente para isso, que foi a motivação e disposição para o tratamento. A participação da rede social na intervenção demonstrou ser eficiente no tratamento em Comunidade Terapêutica e pode contribuir para a eficácia e a adesão ao tratamento dos participantes (Soyez et al., 2006).

O envolvimento da rede social no tratamento de usuários de drogas é dinâmico e complexo, com momentos de proximidade e ajuda, outros de distanciamento e fragilização de vínculos, com sentimentos de incapacidade perante as dificuldades dos usuários. As redes sociais tendem a se mobilizar para ajudar no tratamento, mesmo quando o sujeito não solicita ajuda (Marques & Mângia, 2013; Souza et al., 2011). O cuidado e atenção da saúde em álcool e outras drogas deve priorizar o fortalecimento dos vínculos da rede de apoio do usuário, reestabelecendo relações fragilizadas e possibilitando a construção de novos vínculos saudáveis (Paula, Jorge, Albuquerque & Queiroz, 2014).

Para que o tratamento de usuários de álcool e outras drogas tenha maior efetividade, são necessárias ações ampliadas. Nesse sentido, a participação das redes sociais saudáveis, ativas e fortalecidas configuram-se como importantes corresponsáveis por esse processo. Por outro lado, redes com características que favoreçam o uso de drogas pelos seus membros e que dificultam a adesão ao tratamento precisam ser manejadas de forma a não interferirem negativamente no processo. Redes ativas, com a participação da família e com vínculos fortalecidos tendem a ser as redes mais efetivas no auxílio para o tratamento do usuário de álcool e outras drogas.

As redes sociais como fator de risco e proteção foi trazida por Reis et al. (2013), que destacou a função de risco de redes sociais com familiares pouco envolvidos com seus filhos, o que propicia a iniciação dos jovens no consumo de drogas. Souza et al. (2011) também salientaram que redes sociais com membros usuários de drogas é fator de risco para recaída ou não adesão ao tratamento em sujeitos dependentes de drogas. Já no estudo de Moura, Silva e Noto (2009) e no de Costa et al. (2012), as redes sociais foram entendidas como fator de risco ou proteção, constituindo-se como fator de risco se houver membros na rede que façam uso de drogas e como fator de proteção se a rede for constituída por familiares e amigos não usuários.

Existem diversos fatores relacionados ao problema do uso de drogas que sinalizam contradições, desafios e denunciam a complexidade do fenômeno. Em função disso, usuário de droga, rede social, profissionais da saúde mental, pesquisadores e o contexto social demonstram ter dificuldades para lidar com essa problemática, necessitando de apoio e atenção (Lins & Scarparo, 2010). É necessário ter uma visão crítica acerca do fenômeno das drogas. Para o tratamento do usuário, é fundamental compreender e incluir sua rede social, pois por meio dela obtêm-se dados importantes acerca do suporte real e potencial oferecido para o sujeito, o que auxilia na elaboração de ações em saúde que estejam de acordo com as necessidades do usuário (Cavalcante et al., 2012).

Uma rede social significativa está intrinsecamente relacionada com as condições de saúde dos sujeitos, de modo que "a presença de uma rede social substancial protege a saúde do indivíduo e a saúde do indivíduo mantém a rede social" (Sluzki, 1997, p. 67). A rede social é uma trama relacional que atua como fator de proteção à saúde, favorecendo comportamentos de prevenção e cuidados com a saúde (Braga, 2011; Seadi & Oliveira, 2009). Entretanto, vínculos fragilizados das redes sociais constituem-se como fator de risco para a saúde (Lins & Scarparo, 2010) e, dependendo das características das redes sociais, elas podem representar fator de risco ou de proteção para o uso de álcool e outras drogas (Souza et al., 2011; Souza, Kantorski & Mielke, 2006).

Considerando que a rede social afeta a saúde do sujeito, uma rede social significativa, estável, sensível, ativa e confiável atua como fator de proteção contra doenças e como promotora de saúde (Sluzki, 1997). No que se refere especificamente ao uso de drogas, redes sociais integradas, saudáveis, com familiares e amigos entre seus membros, a qualidade das relações, a vinculação entre os membros e as funções desempenhadas pelos vínculos podem ser importantes fatores de proteção (Souza, Kantorski & Mielke, 2006). Diante disso, evidencia-se a necessidade de a família, a comunidade e os profissionais refletirem sobre a importância das redes sociais no contexto do uso de drogas e no tratamento para pensar em novas estratégias de ações que insiram as redes sociais como parceiras e corresponsáveis no processo de prevenção, cuidado e atenção à saúde do usuário.

 

Considerações finais

Este estudo teve como objetivo realizar uma revisão sistemática de artigos nacionais e internacionais, publicados entre os anos de 2004 e 2015, sobre a relação entre drogas, família e redes sociais. Conforme identificado pela busca nas bases de dados, ainda há pouca produção específica sobre o tema, sendo encontrados 17 estudos, sendo que apenas um foi produzido no contexto brasileiro. Uma das razões para o número reduzido de estudos rastreados pelos descritores é que haja uma variação do entendimento do conceito de redes sociais que podem estar presentes em mais estudos, mas de forma pouco explícita. O que parece estar mais evidente em estudos publicados é a função da rede social como suporte social e apoio social oferecido.

Neste estudo de revisão sistemática, foram encontrados poucos artigos que abordassem diretamente a relação entre redes sociais e o fenômeno das drogas, o que evidencia a necessidade de mais produções científicas acerca dessa temática. Destaca-se também a limitação deste estudo em função do número reduzido de bases de dados e de combinações de descritores. Diante disso, sugere-se uma nova revisão sistemática com a ampliação da busca em bases de dados e diversificação da combinação de descritores com o intuito de aumentar o número de estudos para compor a análise.

A influência da família e das redes sociais sobre o uso de drogas ficou evidente na maioria dos estudos analisados. A composição da rede social representa fator de risco quando há membros que fazem uso de drogas, e fator de proteção quando os membros são pessoas da família e amigos que não são usuários de drogas. Essa contraposição entre fator de risco e proteção sinaliza um tensionamento em relação à trama constituída pela rede. Cabe aos profissionais que trabalham com essa demanda possibilitar condições para aproximação e fortalecimento de relações saudáveis e protetivas para os usuários. O contexto social, de forma geral, também permeou muitas investigações, sinalizando seu potencial tanto para proteção como para fator de risco, o que coloca em pauta a necessidade de intervenções sistêmicas, que contemplem políticas públicas sociais, econômicas e culturais. Diante de tal complexidade e amplitude do fenômeno, é eminente a necessidade de estudos aprofundados sobre o tema e que ofereçam subsídios para atuação profissional.

O uso e abuso de álcool e outras drogas configura-se como um problema de saúde pública que envolve sujeito, família e comunidade e requer estudos que possibilitem aos envolvidos no processo compreender esse fenômeno, que ofereçam a oportunidade de reflexão sobre as práticas vigentes e vislumbrem novas formas de cuidado e atenção ao usuário. Sendo assim, a rede social significativa se destaca como importante elemento para a compreensão e intervenção sobre o fenômeno.

 

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Recebido em 04/05/2016
Aceito em 08/07/2017

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