SciELO - Scientific Electronic Library Online

 
vol.13 número2Acolhimento psicológico para mulheres vítimas de violência conjugalPsicólogos orientais, estereótipos e relações étnico-raciais no Brasil índice de autoresíndice de assuntospesquisa de artigos
Home Pagelista alfabética de periódicos  

Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.13 no.2 São João del-Rei abr./jun. 2018

 

O ambiente escolar como espaço potencial para adolescente: relato de experiência1

 

The school environment as potential space for adolescents: report of experience

 

El ambiente escolar como espacio potencial para adolescentes: relato de experiencia

 

 

Paula Orchiucci MiuraI; Adélia Souto OliveiraII; Ellen Tenorio GaldinoIII; Kedma Augusto Martiniano SantosIV; Marianne Lemos CostaV; Gline Cavalcante CostaVI

IProfa. Adjunta do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas
IIProfa. Associada do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas
IIIGraduanda em Psicologia na Universidade Federal de Alagoas
IVGraduanda em Psicologia na Universidade Federal de Alagoas
VGraduanda em Psicologia na Universidade Federal de Alagoas
VIMestranda em Psicologia na Universidade Federal de Alagoas

 

 


RESUMO

A adolescência é uma etapa singular do desenvolvimento na vida do indivíduo, situada entre a infância e a vida adulta, trazendo repercussões físicas, psíquicas e sociais. Este artigo tem como objetivo relatar as experiências das autoras na condução de oficinas realizadas com adolescentes em uma escola de uma comunidade litorânea de Maceió, Alagoas. A atividade foi fruto do Projeto de Extensão "Espaços Potenciais", do Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas. Participaram da proposta alunos matriculados no 5º ano do ensino fundamental, com média de 11 anos de idade. Foram utilizados instrumentos lúdicos para trabalhar os seguintes temas: adolescência, gravidez na adolescência, abuso sexual e bullying. Os participantes demonstraram empenho nas atividades e expressaram seus sentidos com relação aos temas. A realização da proposta possibilitou o acesso a uma forma diferente e potencializadora de vivenciar o ambiente escolar, bem como aos temas que perpassam suas vivências cotidianas.

Palavras-chave: Ambiente escolar. Adolescência. Espaços potenciais. Relato de experiência.


ABSTRACT

Adolescence is a singular stage of development in the life of the individual, situated between childhood and adult life, bringing physical, psychic and social repercussions. This article aims to report the experiences of the authors in conducting workshops held with adolescents in a school in a coastal community of Maceió, Alagoas. The activity was the result of the Extension Project "Potential Spaces", from the Institute of Psychology of the Federal University of Alagoas. The participants were students in the 5th year of elementary school, with an average of 11 years old. The play instruments were used to work the themes: adolescence, teenage pregnancy, sexual abuse and bullying. The participants demonstrated commitment to the activities and expressed their senses regarding the themes. The realization of the proposal allowed the access to a different and potentiating way of experiencing the school environment, as well as the themes that permeate their everyday experiences.

Keywords: School environment. Adolescence. Potential spaces. Experience report.


RESUMEN

Adolescencia es una etapa singular del desarrollo en la vida del individuo, situada entre la infancia y la vida adulta, trayendo repercusiones físicas, psíquicas y sociales. Este artículo tiene como objetivo relatar las experiencias de las autoras en la conducción de talleres realizados junto los adolescentes en una escuela de comunidad costera de Maceió, Alagoas. Actividad fue fruto del Proyecto de Extensión "Espacios Potenciales", Instituto de Psicología de la Universidad Federal de Alagoas. Participaron de la propuesta alumnos en quinto año de enseñanza fundamental, con media de 11 años de edad. Utilizaron instrumentos lúdicos para trabajar los temas: adolescencia, embarazo en la adolescencia, abuso sexual y bullying. Los participantes demostraron empeño en las actividades y expresaron sus sentidos con respecto a los temas. La realización de la propuesta posibilitó el acceso a una forma diferente y potencializadora de vivenciar el ambiente escolar, así como los temas que atravesan sus vivencias cotidianas.

Palabras clave: Ambiente escolar. Adolescencia. Espacios potenciales. Relato de experiencia.


 

 

Introdução

As instituições, segundo Winnicott e Britton (1947/1999), desempenham um papel elementar na sociedade por meio de suas normas, códigos de conduta, além de práticas de assistência e cuidados e Servem, ainda, como continuidade ou complemento ao exercício de papéis parentais.

A escola, que é um apoio, mas não uma alternativa para o lar da criança, pode fornecer oportunidade para uma profunda relação pessoal com outras pessoas que não os pais. Essas oportunidades apresentam-se na pessoa das professoras e das outras crianças e no estabelecimento de uma tolerante, mas sólida, estrutura em que as experiências podem ser realizadas. (Winnicott, 1964/1982, p. 217)

Desse modo, demarca-se a importância da exploração do espaço da instituição escolar em razão de seu grande potencial nas vivências externas à família. Nesse espaço ocorre uma troca de experiências com uma comunidade diferente do lar, favorecendo o desenvolvimento da criança (Winnicott, 1964/1982).

Na perspectiva desse autor, a escola é um propício ambiente para uma mudança gradual de um contexto interno para um externo, na medida em que a própria família também faz parte da integração da escola com a criança, permitindo não uma ruptura, mas uma continuidade do desenvolvimento. Assim, observa o autor: "Essa introdução gradual do ambiente externo é a melhor maneira de levar uma criança a entrar em bons termos com o mundo mais vasto, e segue o modo pelo qual a mãe apresenta à criança a realidade externa" (Winnicott, 1965/1980, p. 56).

Com a mudança da infância à adolescência, curiosidades, dilemas e descobertas acerca da sexualidade também acontecem e nem sempre a instituição familiar consegue suprir tais questões e demandas. Para Macedo, Azevedo e Castan (2012), a puberdade não gera apenas mudanças biológicas, mas também alterações na constituição psíquica e social. Segundo a Organização Mundial da Saúde (WHO, 2014), a adolescência é uma fase do desenvolvimento compreendida entre 10 e 19 anos e tem suas peculiaridades, como podemos verificar a seguir: "[...] os jovens fazem uma profunda revisão de seu mundo interno e experiências infantis, buscando dar conta das transformações físicas da puberdade e da demanda de trabalho psíquico que invade seu território" (Macedo et al., 2012, p. 18). Os autores destacam que, os adolescentes, além de estarem vivenciando a mudança do corpo e a intensidade psíquica, "[...] recebem influência da cultura, época, contexto, criação, etc." (p. 20).

A escola como espaço de acolhimento, cuidado e prevenção deve oferecer suporte aos alunos adolescentes em desenvolvimento biopsicossocial. Winnicott (1964/1982) afirma que mais válido que uma educação sexual organizada é a possibilidade de acolhimento sincero da escola às demandas que surgem dos próprios alunos, ao ritmo deles. Nessa medida, será ambiente terapêutico, caso tenha possibilidade de fornecer o suporte necessário ao desenvolvimento das crianças e adolescentes (Winnicott & Britton, 1947/1999) e ao processo de construção de identidade. Importante considerar a necessidade de uso de métodos dialógicos a fim de incentivar participação e protagonismo, bem como mútuo aprendizado, por meio da realização de oficinas (Almeida et al., 2011). Essas, segundo Camargo e Ferrari, favorecem "espaço de discussão, de troca de experiências pessoais e do grupo, partindo da realidade para a reflexão e o debate de suas próprias práticas" (p. 945).

Os efeitos positivos da realização de oficinas com adolescentes na escola são destacados em diversas pesquisas, de diferentes áreas (Camargo & Ferrari, 2009; Almeida et al., 2011; Carvalho, Rodrigues & Medrado, 2005; Afonso, 2006; Soares, Amaral, Silva & Silva 2008). Tais estudos apresentam-no como processo de construção coletiva, sendo possível promover um mútuo amadurecimento, ao beneficiar adolescentes e pesquisador.

Nessa direção, o presente trabalho resulta do projeto de extensão "Espaços Potenciais", sob coordenação da Profa. Dra. Paula Orchiucci Miura, no Instituto de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas. As ações desse projeto de extensão estão estreitamente relacionadas ao projeto de pesquisa, sob a mesma coordenação, aprovado pelo comitê de ética e intitulado "Potencializando profissionais, crianças e adolescentes de uma comunidade litorânea de Maceió". O projeto de extensão se alinha ao proposto por Winnicott (1971/1975, p. 63), ou seja, um espaço como uma área intermediária de experimentação e expressão da espontaneidade e da criatividade, que promove um desenvolvimento emocional saudável. "É um lugar de descanso para o indivíduo permanentemente engajado na tarefa humana de manter as realidades internas e externa separadas, e ao mesmo tempo inter-relacionadas" (p. 318).

Sendo assim, objetiva relatar as experiências das autoras na condução das oficinas realizadas com os adolescentes em uma escola de uma comunidade litorânea de Maceió, Alagoas. Essas oficinas foram fruto de intervenções do projeto de extensão "Espaços Potenciais" e tiveram o intuito de promover um ambiente acolhedor e receptivo para os adolescentes, ou seja, possibilitar um espaço entre a realidade e a imaginação, onde houvesse a livre expressão dos participantes, experimentação de vivências subjetivas e criativas.

 

Método

As oficinas ocorreram em uma escola pública situada em uma comunidade litorânea de Maceió/AL. A equipe facilitadora das atividades foi composta pelos discentes deste trabalho, matriculados no curso de Psicologia da Universidade Federal de Alagoas, sob supervisão da Profa. Dra. Paula Orchiucci Miura, docente da mesma instituição e curso. Participaram das oficinas 26 alunos, de ambos os sexos, com idades entre 11 e 14 anos, estudantes do 5º ano do ensino fundamental. Foram realizadas sete oficinas, com duração de aproximadamente 60 minutos, com a utilização dos seguintes instrumentos: desenhos, contação de histórias, vídeos, colagens e dinâmicas. A seguir será apresentado como foram desenvolvidas cada uma das oficinas temáticas.

 

O contrato

No primeiro encontro foi realizada uma dinâmica de apresentação dos adolescentes, buscando promover integração e aproximação entre os membros do grupo. No decorrer das apresentações, os adolescentes acrescentaram outras características aos colegas, proporcionando mais ludicidade e interação à proposta. Em seguida, foram abordadas as temáticas de interesse dos participantes para os próximos seis encontros e estabelecido contrato de participação de todos nas próximas oficinas. Os temas escolhidos foram pelos adolescentes em conjunto com a equipe, quais sejam: adolescência, gravidez na adolescência, abuso sexual e bullying.

 

Adolescência

No segundo encontro foi apresentada a proposta de construir e discutir o conceito de adolescência. No pátio da instituição educacional, os adolescentes se dividiram em grupos e realizaram atividades de colagens em cartolina sobre as "expectativas" e "realidades" da adolescência.

 

Gravidez na adolescência

No terceiro encontro, foi trabalhada a temática da gravidez na adolescência, do seguinte modo: os alunos foram organizados em círculo no pátio da escola e a equipe facilitadora questionou-os a respeito do que era gravidez na adolescência: significado, diferenças entre a gravidez de um adulto e de um adolescente, como era para meninas e meninos, o que se alterava nas rotinas.

Depois dessa atividade, os adolescentes foram convidados a decorar ovos cozidos com tintas guaches de diversas cores e na sequência os alunos apresentaram sua obra de arte (ovo decorado) e atribuíram um nome ao seu ovo, momento chamado "o batismo do ovo". Os nomes foram anotados pela equipe, que também fotografou os ovos decorados. Os alunos comprometeram-se a cuidar do ovo até a próxima oficina, na semana seguinte.

No quarto encontro, os facilitadores retomaram a atividade de como foi cuidar do ovo por uma semana, cada aluno pôde descrever sua experiência de cuidado. Na sequência, realizou-se a seguinte atividade: um balão de ar passava entre os participantes, e ao ser interrompida a música, o adolescente com o balão em mãos teria que dizer para o grupo um método contraceptivo. Essa atividade foi concluída com a exposição de métodos contraceptivos e de doenças sexualmente transmissíveis, destacando a relevância do uso dos preservativos para se evitar as doenças sexualmente transmitidas e não apenas a gravidez.

Devido à proximidade do encontro de encerramento das oficinas, a equipe preparou uma cartolina dividida em quatro partes, referentes aos últimos quatro encontros. Na cartolina foram incluídas as datas dos encontros e disponibilizados espaços nos quais os participantes poderiam registrar recados, sugestões e reclamações durante a semana. Tal iniciativa buscou proporcionar uma forma de trabalhar o término do trabalho de modo a, gradativamente, preparar os adolescentes para a despedida. O cartaz foi entregue ao fim do quarto encontro, sendo explicado seu significado e a finalidade dos espaços em branco.

 

Abuso sexual

O quinto encontro teve como tema de discussão o abuso sexual, sendo tal assunto trabalhado coincidentemente no Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual contra Crianças e Adolescentes por meio da exibição de dois vídeos: O segredo de Tartanina (Francischetti, 2014) e Diga Não ao Abuso Sexual (Loures, 2014).

O primeiro vídeo foi baseado num livro escrito por psicólogas (Silva, Soma & Watari, 2011), com o intuito de contribuir para a promoção e prevenção contra o abuso sexual tanto infantil como juvenil. O livro trata da história da tartaruga Tartanina. Essa personagem começou a apresentar comportamentos diferentes, retraídos e, quando indagada por seus amigos, dizia não poder explicar, pois era segredo, guardado em seu baú (casco). Após certo tempo de história, um amigo descobre que outro personagem (polvo) fotografava Tartanina sem o casco. O amigo foi ameaçado pelo polvo, Tartanina ficou com vergonha, mas no fim das contas, ela contou à sua professora, que era uma pessoa em quem ela confiava. A professora tomou a providência de informar os pais sobre a situação, bem como os pais o denunciaram à polícia e ao Conselho Tutelar. A história apresenta, de maneira lúdica, a vivência de uma situação de abuso e sobre a importância de procurar um adulto de confiança que lhe ofereça proteção. A seguir, os facilitadores das oficinas assistiram ao vídeo com os adolescentes, apresentaram questões sobre os personagens e pontos específicos da história.

O outro vídeo, Diga Não ao Abuso Sexual (Loures, 2014), tem um caráter mais informativo sobre o abuso, tratando sobre como ele pode acontecer, elucidando questões como partes do corpo da criança que são íntimas, toques que podem fazer as crianças e adolescentes sentirem-se mal, como ainda órgãos institucionais adequados para serem feitas denúncias contra atos de abuso sexual. Ao término da exibição, um novo debate foi promovido.

Bullying

No sexto encontro, foi trabalhado o bullying. Neste dia, a equipe iniciou com a leitura de uma história para os alunos, adaptada pela equipe, em que havia cinco personagens animais. Cada um realizava bem uma atividade específica de uma competição: voar, nadar, escalar e correr. Havia um quinto, um esquilo, que zombava daqueles, quando perdiam na prova que não correspondia à sua melhor habilidade. Chegando sua vez de realizar todas as atividades, o esquilo descobriu, com os demais, que ainda que não realizasse bem algumas das tarefas, havia sempre uma na qual era excepcional. Nesse momento, recebendo apoio dos animais dos quais riu em seus fracassos, o personagem percebe que todos sempre vão ter uma atividade que executam com maestria, assim como atividades com as quais têm dificuldades. Dessa forma, a história buscou valorizar as potencialidades de cada animal, bem como, fazendo um paralelo, a de cada participante. Posteriormente, todos se reuniram fora da sala de aula, onde, em pé, formaram um círculo no pátio, de mãos dadas. A proposta consistiu em que cada um atribuísse uma característica positiva ao colega que se encontrava à direita, reconhecendo as qualidades e potencialidades do colega.

 

Despedida

No sétimo e último encontro, foi realizada atividade de despedida. Na sala de aula, foi proposto que os participantes fizessem algo, em forma de desenho e/ou por escrito, a fim de expressar o que significaram os momentos das oficinas. Foi combinado que os desenhos seriam levados pela equipe e que cada membro da equipe facilitadora também faria um desenho para representar a experiência vivenciada com o grupo. Na conclusão, cada participante foi chamado para apresentar e comentar o que havia produzido. Por fim, as produções da equipe foram então expostas ao grupo.

Para encerrar, os lanches da confraternização oferecidos pela equipe foram colocados na mesa e distribuídos entre todos os participantes, a professora e diretora. O momento foi fotografado e foram distribuídos balões de sopro, pipocas e pirulitos. A despedida foi realizada com muito carinho e afetos, seja por sorrisos, seja abraços.

A equipe retornou poucos dias depois para entregar um cartaz por ela confeccionado, decorado e colorido intitulado "Espaços Potenciais", com a fotografia do último encontro e com as mensagens produzidas pelos para que ficasse na escola.

 

Resultados e discussão

O contato com a diretora, a coordenadora e as professoras foi, desde o início, satisfatório e facilitador, já que demonstraram disponibilidade em dialogar, bem como em planejar quais seriam os melhores dias das oficinas para os alunos, professoras e escola. Isso se mostra extremamente importante para que atividades como essas possam acontecer em instituições.

A escuta e disponibilidade psíquica dos facilitadores possibilitou, logo no primeiro momento, no contrato, que os adolescentes expusessem temáticas que lhes fossem interessantes de serem trabalhadas ao longo das oficinas. Esse planejamento orientou o trabalho, de modo flexível, a partir da experiência e da reflexão (Afonso, 2006). Por sua vez, o contrato se estabelece conjuntamente, "a Oficina deve ser um trabalho aceito pelo grupo, nunca imposto" (p. 31). Isso possibilita que haja maior aceitação e apropriação da Oficina, uma vez que o modo de conduzir a proposta empreendida deve moldar-se às peculiaridades do grupo.

Na oficina sobre adolescência, os alunos associaram as expectativas que tinham dessa fase aos seguintes itens: esporte (judô, natação), carreira artística (atriz, cantora, modelo, músico), trabalho (motorista, presidente), relacionamento amoroso (imagem de uma mulher, a qual um dos adolescentes afirmou desejar), gravidez (adolescente grávida e pai com um bebê) e representação de superação (recorte de salto com vara com a justificativa "ela dá a volta por cima" [sic], recorte com legenda "vitoriosa"). No que concerne à realidade, os adolescentes apresentaram: esporte (judô e corrida), carreira artística (cantores com violão), carnaval, alimentação (hambúrguer), família (mãe com criança), prostituição, luta contra abuso sexual, álcool, estilo próprio.

Foi notável a importância dos esportes e da carreira artística para os adolescentes, surgindo tanto como realidade quanto expectativa, representando a construção de projetos de vida a partir desses enfoques. Vale ressaltar que o judô aparece de forma mais frequente, pois faz parte da realidade dos adolescentes da comunidade, muito deles praticam o esporte em uma instituição no bairro vizinho, sendo um projeto de grande destaque, engajamento e envolvimento de crianças, jovens e famílias do entorno comunitário. Souza, Castro e Vialich (2012) observaram que os motivos de os jovens participarem do projeto social com práticas desportivas de uma comunidade foram: "o projeto ser percebido como uma espécie de 'porto seguro', que afasta os jovens das ruas, da violência, das drogas e da criminalidade; ser uma oferta de oportunidades educacionais e; incentivo de pais e/ou responsáveis" (p. 771).

Percebe-se que, como etapa do ciclo vital, o jovem constantemente participa de novas experiências e modos de existir. Representada por transições biológicas, típicas da puberdade, e psíquicas, com o manejo de novas demandas, o adolescente engaja-se na construção de novos projetos de vida e resoluções temporárias diante de conflitos existenciais experimentados, configurando assim um período de crise. Consequentemente, exige-se do ambiente de convívio que se ofereça a estabilidade necessária e a oportunidade de o jovem fantasiar, almejar e concretizar possíveis escolhas (Macedo et al., 2012).

Os relacionamentos amorosos e a família foram destacados pelos adolescentes, em conformidade com o proposto por Macedo et al. (2012), ou seja, ocorre processo de desinvestimento objetal das figuras parentais, um maior investimento em si mesmo e nos outros. Os temas gravidez na adolescência, prostituição e abuso sexual, em menor frequência, emergiram da produção dos cartazes e refletiam questões familiares e de convívio para esses alunos em suas comunidades, sendo importantes temáticas para serem inseridas nas políticas públicas.

Na atividade sobre o significado da gravidez na adolescência, as respostas indicaram uma responsabilização dos adolescentes, inclusive da mulher, relataram que a gravidez provoca evasão escolar, gastos, fizeram referência à responsabilidade recaída sobre o pai (inclusive financeira) e discutiram a respeito das mudanças que a gestação provoca no corpo e na vida da adolescente. De forma geral, observou-se na fala dos adolescentes que a gravidez na adolescência deve ser evitada, que é algo ruim, que traz prejuízos à escolaridade, ao corpo, e que é um ato irresponsável, evidenciando uma visão compartilhada de que essa gravidez não é passível de ser um evento desejado pelos adolescentes. Segundo Dias e Teixeira (2010), esse é um dos posicionamentos da Organização Mundial da Saúde compartilhado pelos profissionais da saúde, educação, porém não é um posicionamento unânime entre os adolescentes, que também atribuem aspectos positivos à gravidez nesse período da vida, por exemplo, ser um projeto de vida; constituir sua própria família; vivenciar a experiência de ser mãe e pai, entre outros.

Dessa forma, trabalhar essa temática em oficinas é uma maneira de os adolescentes compartilharem suas experiências e significarem-nas em grupo. Martins e Souza (2013) relatam sobre os benefícios de se trabalhar a temática da sexualidade dos adolescentes por meio de oficinas com intuito de "ampliar o acesso dos adolescentes às informações e propiciar a reflexão e expressão sobre sexualidade, na perspectiva de motivar mudanças de atitudes em favor de sua qualidade de vida" (p. 174). Ainda nessa direção, Nogueira et al.. (2011) observaram que por meio de um jogo educativo os adolescentes puderam compartilhar suas experiências sobre sexualidade de forma dinâmica e lúdica. O jogo aqui foi percebido como um "instrumento para potencializar a comunicação e a reflexão entre adolescentes e os profissionais de saúde, os pais e os educadores" (Nogueira et al.. 2011, p. 952).

Na atividade com o ovo, observou-se inicialmente o empenho e cuidado dos adolescentes no manuseio do "filho" (ovo), na preocupação em não trocá-lo entre os ovos dos demais colegas, e no momento em que, para secar mais rápido a tinta, alguns dos adolescentes os colocaram para "tomar sol". Alguns dos participantes fizeram planos de brincar com os ovos ou protegê-los da família levando à escola, simbolizando as responsabilidades e compromissos inerentes ao ato de cuidar e de ser responsável, facilitando a reflexão anterior sobre as responsabilidades e possíveis consequências de gerar um bebê precocemente.

Ao falarem sobre a experiência de cuidar do ovo após uma semana sob os cuidados dos adolescentes, apenas dois deles lembraram de levar o ovo para a escola. As justificativas de quem não levou foram: ovo quebrou, alguém pegou, estragou, os pais reclamaram. Ainda que no início alguns alunos tenham dito que foi fácil cuidar do ovo, outros demonstraram ter desistido da atividade proposta durante o intervalo de uma semana, jogando o ovo fora, ou atirando-o em algum lugar. Ao fim, relembramos que, por não estarem com os ovos no dia proposto, isso podia indicar que não tinha sido tão fácil assim.

Podemos considerar que os jovens acreditam que nada vai acontecer com eles e, invadidos por um sentimento onipotente, acabam por atuar sem preocupação com as consequências de seus atos (Winnicott, 1961/2013). Os adolescentes, ao serem convidados para vivenciar essa dinâmica, puderam experienciar o dia a dia de ter que cuidar e se responsabilizar por alguma coisa ou alguém, no caso o ovo; demonstraram que não foi uma tarefa fácil, pois a maioria não conseguiu finalizá-la, abandonando, destruindo, jogando fora o objeto. Nesse caso, tiveram que se deparar com as consequências de seus comportamentos ou ao menos foram chamados para refletir sobre.

Na atividade do balão, os métodos de anticoncepção citados foram: camisinha, cirurgia, abstinência, medicamento, coito interrompido. Dois alunos não souberam falar métodos contraceptivos distintos dos já citados pelos colegas de turma, recebendo estes um balão e colocando embaixo da blusa, em referência ao não uso de contraceptivos e, consequentemente, início de uma gravidez. Ao fim, esses dois alunos relataram a experiência nada agradável de ter que sair da roda devido à gravidez. Interessante notar o quanto os alunos estavam entusiasmados com a atividade, chegando a ocorrer situações em que alguns queriam que o balão parasse com eles, mas quando acontecia, não sabiam outros métodos contraceptivos. Isso demonstra sua disponibilidade e interesse em participar do que foi proposto, mas, ao mesmo tempo, falta informação sobre outros métodos. Após uma conversa sobre os métodos contraceptivos e de doenças sexualmente transmissíveis, os adolescentes reconheceram a importância da utilização dos métodos para além do intuito de não engravidar. Assim, o acesso a informações a respeito dos métodos e das doenças transmitidas sexualmente permitiu uma reflexão quanto aos demais riscos de relações sexuais desprotegidas.

É importante lembrar que, segundo as afirmações de Dias e Teixeira (2010) e Cerqueira-Santos, Paludo, Scrirò e Koller (2010), a informação e a consciência da necessidade do uso de camisinhas e anticoncepcionais não são suficientes para uma mudança efetiva de atitude de buscar e utilizar contraceptivos, por ser o exercício da sexualidade ainda um tema tabu na sociedade. Dessa forma, trabalhar essa temática por meio de oficinas, como proposto aqui e em outros trabalhos (Martins & Souza, 2013; Nogueira et al.. 2013), pode ser uma maneira de possibilitar a mudança efetiva de comportamento, já que a própria experiência e vivência do adolescente é compartilhada nesses espaços, não ficando restrita a assimilação e conscientização de informação.

Com relação à atividade sobre o término das oficinas, acredita-se na relevância de se conscientizar sobre este, pois "é importante que o grupo saiba quantos encontros pode esperar ter e que seja lembrado com alguma antecedência da aproximação do fim da Oficina, para que possa deixar aflorar e trabalhar os sentimentos evocados" (Afonso, 2006, p. 49). Assim, para o autor, é necessário que o fim das oficinas seja trabalhado, para que coincida "com esse cronograma, e não com um processo interno de finalização" (p. 48), tornando-se possível que o processo de reflexão provocado pela oficina continue.

Na atividade sobre abuso sexual, os alunos mostraram-se bastante participativos. A maioria afirmou ter gostado do vídeo e classificaram como uma história triste, sendo o baú que Tartanina lugar de guardar e carregar seu segredo (do abuso que sofrera), os alunos pontuaram que o amigo da tartaruga notou que ela estava diferente, triste. Eles ainda frisaram que a situação foi resolvida quando ela falou com a professora, e o baú não mais existiu. Quando a equipe questionou o motivo de Tartanina ter contado para a professora, os adolescentes enfatizaram que ela era confiável e adulta, sabendo como ajudar a tartaruga. E quando a equipe facilitadora indagou o que a professora fez com o segredo de sua aluna, eles afirmaram que ela denunciou ao Conselho Tutelar e às autoridades o Polvo Malvo, e ele foi preso.

Com relação ao debate sobre o vídeo Diga Não ao Abuso Sexual (Loures, 2014), mais uma vez os participantes da atividade se envolveram, fazendo perguntas e respondendo às questões levantadas pela equipe facilitadora. Momentos de silêncio foram observados e afirmações de que ambos os vídeos eram tristes e apresentaram o abuso sexual. Destacaram ser uma situação vivenciada na realidade por algumas crianças e adolescentes. Algumas questões buscavam esclarecer o que eram partes íntimas e toques físicos. Os adolescentes explicaram, dizendo que toques bons deixam o coração alegre, e assim se sentiam bem. Eles ainda falaram, de acordo com o que o vídeo apresentara, que o coração era o "radar", sendo, assim, capaz de saber quando um toque é ruim ou não.

Quando a equipe perguntou em que espaços normalmente ocorrem esses toques ruins, os adolescentes enfatizaram ser em lugares escondidos. Quando perguntado o que poderiam fazer diante dessas situações, afirmaram que tinham que contar para alguém adulto, alguém responsável, alguns deles tendo falado para fazer como Tartanina, que contou o segredo. Outros adolescentes disseram que poderiam contar para a polícia, e outros apontaram que poderiam informar ao Conselho Tutelar.

Ao fim, solicitou-se que cada um deveria utilizar uma única palavra como definição das atividades realizadas. Muitas palavras remetiam a "legal", "bom", "aprendizado", "triste", "ruim", "feio". Quando se perguntou o porquê de considerarem ruim ou triste, alguns se manifestaram relacionando suas palavras ao abuso sexual. A equipe apontou que, apesar de triste, no fim da história o segredo pôde ser revelado, a denúncia do abuso foi feita a uma pessoa de confiança; que, apesar de algo triste, um conflito foi elucidado quando a personagem tomou certas atitudes. Na conclusão da atividade do dia, voltou a ser abordado o que se comemora no dia 18 de maio, tendo os alunos frisado que a luta não se restringe a essa data, pois, segundo eles, o abuso é uma realidade e não ocorre apenas em um dia, é algo recorrente. Algo que acontece sempre, por isso era ruim, segundo alguns.

Um procedimento relevante e importante é o lidar diretamente com as crianças sobre a temática de abuso sexual. Segundo Pelisoli e Piccoloto (2010), a literatura corrobora tal premissa, visto que as crianças que passaram por programas de intervenções mostraram um conhecimento maior sobre o abuso sexual quando comparadas às que não passaram por programas de prevenção sobre o tema. Ao considerar que na maior parte dos casos o agressor faz parte da família, a escola mostra-se como um lugar propício para a detecção de violência, como um lugar ideal para intervenções (Brino & Williams, 2003).

De acordo com Pelisoli e Piccoloto (2010), a realização de grupos nas escolas pode fazer com que as crianças e adolescentes se vejam como sujeitos de direitos e, sendo assim, tendo garantias, cabendo tanto à família como ao Estado assegurá-las desses direitos. Os referidos autores reiteram que, a partir de um contato maior com esse assunto, a população vulnerável ao abuso sexual pode ter mais ferramentas para sua própria proteção, como acesso a adultos que possam buscar meios eficazes para proteção dessa população. Também esses grupos desenvolvidos nas escolas podem discutir e expor a diferença entre contatos físicos abusivos e não abusivos, como também possibilitar alternativas que proporcionem proteção em situações adversas.

Em muitos casos, a educação sexual nas escolas limita-se a aulas superficiais, enfatizando a anatomia e fisiologia dos órgãos sexuais, ou a abordagem de doenças sexualmente transmissíveis. As discussões sobre educação sexual poderiam ir para além dessas questões, pontuando assuntos como relacionamentos ilegais e abusivos, sendo estes ocorridos nos mais diversos contextos. A utilização de palestras ministradas por profissionais de distintas áreas (Psicologia, Direito), oficinas e o uso de vídeos educativos, poderiam enriquecer e beneficiar muitos alunos, visando, assim, a uma explicação para além de aspectos biológicos da temática (Pelisoli & Piccoloto, 2010).

Na oficina sobre bullying, os adolescentes participaram demonstrando curiosidade sobre a história dos animais, eles falaram sobre as habilidades e limitações de cada animal da história e pontuaram que o esquilo zombava dos demais colegas. Ao ser feita uma reflexão, alguns dos adolescentes abordaram que em práticas diárias com os colegas de classe tais situações ocorriam. A equipe frisou que cada animal tinha uma especialidade, que era bom em algo, que a diversidade de habilidades era algo tão positivo que possibilitava, assim como com os personagens, que os alunos trocassem conhecimentos e habilidades se ajudassem em lugar de caçoar, afinal, todos eram diferentes. Os adolescentes se mostraram muito atentos e compreensivos quanto ao que era o bullying e que praticá-lo era algo negativo. Inclusive alguns alunos se identificaram com a problemática, confirmando a importância de a discussão ser levantada.

Com relação aos desenhos confeccionados sobre o animal com o qual mais se identificava, a maioria fez referência aos animais que não zombaram dos demais. Ou seja, os participantes demonstraram identificação com os animais que auxiliaram o esquilo a se conscientizar de sua potencialidade. Na atividade de atribuição de características positivas ao colega, foi possível perceber, inclusive e mais nitidamente, o efeito dessa oficina, ao proporcionar crescimento por parte do grupo, com a conscientização e minimização de atitudes de rejeição e hostilização entre os colegas.

O bullying constitui-se de ações intencionais e repetitivas que podem ser de cunho físico, verbal, social ou sexual (Macedo, Martins, Cainé, Macedo & Novais, 2014). Para Botelho e Souza (2007), tais práticas dividem alunos em alvos (vítimas), autores (agressores), alvos/autores (vítimas agressoras) e testemunhas (espectadores). A violência escolar está diretamente relacionada à violência social, e a escola, assim como o contexto social, é reconhecida como ambiente onde há muitos preconceitos e se desenvolvem situações de exclusão de adolescentes (Grossi & Santos, 2009).

Diferentes autores reconhecem a importância da escola nesse cenário, tanto como ambiente onde o bullying acontece quanto como ambiente que pode transformar essas situações (Bandeira & Hutz, 2010; Lisboa, Braga & Ebert, 2009). Bandeira e Hutz (2010) compreendem que a escola precisa adaptar-se às situações, transformando-se, para que seja possível agir para combater o bullying.

Além disso, Lisboa, Braga e Ebert (2009) também destacam a importância de fomentar a capacidade de aceitar as diferenças e de respeito entre crianças e adolescentes. Para Santos e Barros Júnior (2012), a Psicologia pode contribuir na observação das relações interpessoais e na busca pelo cultivo dessas relações na escola, o que observamos na realização das oficinas. E, ao propor que cada adolescente expresse uma qualidade do colega ao lado, foi provocada uma positiva reflexão acerca do outro.

No encontro de despedida, muitos deles haviam desenhado, sendo que alguns também escreveram no desenho. Escreveram palavras a respeito da saudade das oficinas e da equipe e de agradecimentos pelos momentos compartilhados. Dentre os desenhos havia a representação da equipe, desenhados um por um (com textos ao lado, com palavras de afeto e agradecimento pelo trabalho realizado com eles). Quase todos os adolescentes mostraram seus desenhos e leram seus recados. As palavras escolhidas pela equipe foram: Alegria, Carinho e Crescimento, representando as oficinas por meio de mensagens e desenhos. As mensagens foram sendo guardadas em uma bolsa, definida pelo grupo como a "bolsa do tesouro". A maioria das mensagens expressou agradecimento e saudades.

Sobre o cartaz elaborado pela equipe facilitadora, este foi muito bem recebido pelos participantes e pela escola, de modo que a diretora e a professora colaram em uma parede no pátio, e assim os demais alunos da escola puderam ver a produção, ficando muito contentes, assim como toda a equipe. A diretora e a professora mostraram-se satisfeitas e contentes com o trabalho realizado pela equipe do grupo de extensão, e as portas da instituição ficaram "abertas" para possíveis trabalhos posteriores de intervenção naquele espaço.

 

Supervisão

Com o passar dos encontros, durante as reuniões do Projeto de Extensão "Espaços Potenciais", a equipe teve a oportunidade de partilhar continuamente a experiência com os demais membros do projeto. Assim, foi possível delinear aspectos positivos, negativos e também perceber elementos de uma maneira diferente e mesmo os não percebidos. No espaço de compartilhamento das experiências, foi possível pontuar os aspectos positivos e aqueles que poderiam ser reformulados em outras atuações interventivas.

A supervisão da orientadora e os olhares também atentos dos demais integrantes da equipe serviram para aqueles que foram à escola se atentassem a elementos não antes notados. Esses momentos de supervisão, que foram semanais e/ou quinzenais, ofereceram mais segurança para a realização das oficinas na instituição escolar. Sensibilizou a equipe a ter atenção quanto à disponibilidade para os adolescentes com os quais entrariam em contato, assim como as demais pessoas com as quais construíram laços.

Considera-se a supervisão um elemento central quanto ao processo de aprendizagem, de prática, assim como também do aprimoramento da identidade do psicólogo (Peixoto, Silvares, Rocha, Monteiro & Pereira, 2014). Tendo em vista a formação do psicólogo, a supervisão viabiliza a identificação, o manejo com os elementos que constituem a prática desse profissional e o ensino. A supervisão propicia ao discente reflexão sobre a experiência de situações da prática profissional do psicólogo, as relações estabelecidas nesse âmbito da supervisão, e a sua própria formação. Também é estimulada a postura profissional e ética, como a estruturação da identidade do profissional da Psicologia (Silva Neto & Oliveira, 2015).

 

Considerações finais

Ao realizar a proposta das oficinas, pôde-se proporcionar um espaço potencial onde os adolescentes puderam vivenciar expressiva e criativamente os momentos das dinâmicas envolvendo temas de interesse dos jovens.

Pôde-se observar a implicação e o envolvimento dos adolescentes em todas as atividades, a equipe engajada nas atividades esteve disponível para escutar o dito e o não dito dos jovens. Pôde-se conhecer mais acerca do contexto da realidade daquela escola e daqueles estudantes e percebeu-se o quanto foi importante trazer as temáticas trabalhadas pela equipe, questões muitas vezes muito pouco ou não abordadas na escola. As oficinas permitiram aos adolescentes ter contato com formas diferentes de vivenciar a escola. A repercussão deste trabalho foi destacada de maneira prazerosa e satisfatória pelos participantes. Assim, foi possível perceber que as oficinas realmente proporcionaram um espaço potencial para os participantes.

Um fator essencial que possibilitou a realização do trabalho foi o apoio da escola. Desde o primeiro contato, a instituição apresentou-se aberta e colaborativa para com as atividades, oferecendo todo o suporte necessário, demonstrando também a necessidade da inserção de atividades com propostas semelhantes. Sendo assim, a direção e coordenação expressaram agradecimentos e declararam que a escola estaria aberta para novas atividades.

Por fim, a importância desse projeto também para a equipe como discente do curso de Psicologia pôde se ratificar, por ter havido contato com o campo educacional, bem como houve a contribuição para o fortalecimento na profissão, de modo a tornar os integrantes mais sensíveis e conhecedores de distintas realidades que se refletem no cenário educacional.

 

Referências

Afonso, M. L. M. (2006). Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial. In M. L. M. Afonso. (Org). Oficinas em dinâmica de grupo: um método de intervenção psicossocial (pp. 9-62). São Paulo: Casa do Psicólogo.         [ Links ]

Almeida, J. R. S., Oliveira, N. C., Moura, E. R. F., Sabóia, V. P., Mota, M. V., & Pinho, L. G. M. (2011). Oficinas de promoção de saúde com adolescentes: relato de experiência. Rev. Rene, 12, 1052-8.         [ Links ]

Bandeira, C. M., & Hutz, C. S. (2010). As implicações do bullying na auto-estima de adolescentes. Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional, 14(1), 131-138.         [ Links ]

Botelho, R. G., & Souza, J. M. C. (2007). Bullying e educação física na escola: características, casos, consequências e estratégias de intervenção. Revista de Educação Física, 139, 58-70.         [ Links ]

Brino, R. F., & Williams, L. C. A. (2003). Concepções da professora acerca do abuso sexual infantil. Cadernos de Pesquisa, 119,113-128.         [ Links ]

Camargo, E. Á. I., & Ferrari, R. A. P. (2009). Adolescentes: conhecimentos sobre sexualidade antes e após a participação em oficinas de prevenção. Ciência & Saúde Coletiva, 14(3), 937-946.         [ Links ]

Carvalho, A. M., Rodrigues, C. S., & Medrado, K. S. (2005). Oficinas em sexualidade humana com adolescentes. Estudos de Psicologia, Natal, 10(3), 377-384.         [ Links ]

Cerqueira-Santos, E., Paludo, S. S., dei Schirò, E. D. B., & Koller, S. H. (2010). Gravidez na adolescência: análise contextual de risco e proteção. Psicologia em Estudo, 15(1), 72-85.         [ Links ]

Dias, A. C. G., & Teixeira, M. A. P. (2010). Gravidez na adolescência: um olhar sobre um fenômeno complexo. Paidéia, Ribeirão Preto, 20(45), 123-131.         [ Links ]

Eisenstein, E. (2005). Adolescência: definições, conceitos e critérios. Adolesc Saude, 2(2), 6-7.         [ Links ]

Francischetti, E. (2014). O segredo de Tartanina [Vídeo]. Recuperado em 3 setembro, 2017, de https://www.youtube.com/watch?v=yW9NjNS-y8k

Grossi, P. K., & Santos, A. M. (2009). Desvendando o fenômeno bullying nas escolas públicas de Porto Alegre, RS, Brasil. Revista Portuguesa de Educação, 22(2), 249-267.         [ Links ]

Lisboa, C., Braga, L. L., & Ebert, G. (2009). O fenômeno bullying ou vitimização entre pares na atualidade: definições, formas de manifestação e possibilidades de intervenção. Contextos Clínicos, 2(1), 59-71.         [ Links ]

Loures, E. V. (2014). Campanha contra o abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. Recuperado em 3 setembro, 2017, de https://www.youtube.com/watch?v=Sc6yp863EE0

Macedo, E., Martins, F., Cainé, J., Macedo, J., & Novais, R. (2014). Bullying escolar e avaliação de um programa de intervenção. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, (spe1), 15-20.         [ Links ]

Macedo, M. M. K.; Azevedo, B. H., & Castan, J. U. (2012). Adolescência e Psicanálise. In M. M. K. Macedo. (Org). Adolescência e Psicanálise: interseções possíveis (pp. 13-64). Porto Alegre: EDIPUCRS.         [ Links ]

Martins, C. B. de G, & Souza, S. P. S. de. (2013). Adolescente e Sexualidade: as possibilidades de um projeto de extensão na busca de uma adolescência saudável. Avances en Enfermería, 31(1), 170-176.         [ Links ]

Nogueira, M. J., Barcelos, S., Barros, H., & Schall, V. T. (2011). Criação compartilhada de um jogo: um instrumento para o diálogo sobre sexualidade desenvolvido com adolescentes. Ciência & Educação, Bauru, 17(4), 941-956.         [ Links ]

Peixoto, A. C. A., Silvares, E. F. M., Rocha, M. M., Monteiro, N. R. O., & Pereira, R. F. (2014). A Percepção de estagiários em diferentes IES do Brasil sobre a supervisão. Psicologia: Ciência e Profissão, 34(3), 528-539.         [ Links ]

Pelisoli, C., & Piccoloto, L. B. (2010). Prevenção do abuso sexual infantil: estratégias cognitivo-comportamentais na escola, na família e na comunidade. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, 6(1), 108-137.         [ Links ]

Santos, T. E. M., & Barros Júnior, F. O. (2012). Bullying e adolescência: experiência em uma escola pública de Teresina-PI. Revista FSA, 9, 277-286.         [ Links ]

Silva Neto, W. M. F., & Oliveira, W. A. (2015). Práticas do supervisor acadêmico na formação do psicólogo: estudo bibliométrico. Psicologia: Ciência e Profissão, 35(4), 1042-1058.         [ Links ]

Silva, A. R. S., Soma, S. M. P., & Watari, C. F. (2011). O segredo da Tartanina: um livro a serviço da proteção e prevenção contra o abuso sexual infanto-juvenil. São Paulo: Universidade da Família.         [ Links ]

Soares, S. M., Amaral, M. A., Silva, L. B., & Silva, P. A. B. (2008). Oficinas sobre sexualidade na adolescência: revelando vozes, desvelando olhares de estudantes do ensino médio. Esc Anna Nery Rev Enferm, 12(3), 485-491.         [ Links ]

Souza, D. L. de, Castro, S. B. E. de, & Vialich, A. L. (2012). Barreiras e facilitadores para a participação de crianças e adolescentes em um projeto socioesportivo. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, 34(3), 761-774.         [ Links ]

World Health Organization (2014). Adolescent Pregnancy. Recuperado em 3 setembro, 2017, de http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs364/en/

Winnicott, D. W. (1975). O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora. (Originalmente publicado em 1971).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1980). A família e o desenvolvimento individual. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1965).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (1982). A criança e o seu mundo. Rio de janeiro: Editora LTC. (Originalmente publicado em 1964).         [ Links ]

Winnicott, D. W. (2013). Adolescência: transpondo as zonas de calmarias. In D. W. Winnicott. A família e o desenvolvimento individual (pp. 115-128). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1961).         [ Links ]

Winnicott, D. W., & Briton, C. (1999). Tratamento em regime residencial para crianças difíceis. In D. W. Winnicott (Org.). Privação e delinquência (pp. 59-86). São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1947).         [ Links ]

 

 

Recebido em 30/09/2017
Aprovado em 09/04/2018

 

 

1 Trabalho apresentado no XIII Congresso Nacional de Psicologia Escolar e Educacional, em Salvador, Bahia, de 27 a 30 de setembro de 2017.

Creative Commons License