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Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.13 no.3 São João del-Rei jul./set. 2018

 

Lógicas de mobilidade, projetos profissionais e experiências interculturais dos estudantes internacionais no Quebec1

 

Logics of mobility, professional projects and intercultural experiences of international students in Quebec

 

Lógicas de movilidad, proyectos profesionales y experiencias interculturales de los estudiantes internacionales en Quebec

 

 

Mircea Vultur

Professor do Institut National de la Recherche Scientifique Centre Urbanisation Culture Société - Québec, Canada. E-mail: mircea.vultur@ucs.inrs.ca

 

 


RESUMO

O presente artigo tem como objetivo analisar as lógicas de mobilidade dos estudantes internacionais no Quebec, bem como os seus projetos profissionais depois da diplomação e os efeitos culturais dessa experiência. Este estudo demonstra que os motivos de natureza estratégica e "experienciais" se juntam àqueles ligados a um projeto de emigração para o Canadá para sustentar as lógicas de mobilidade dos estudantes. No que se refere aos projetos de carreira após os estudos, observa-se que tais projetos são marcados pela incerteza. Se alguns estudantes consideram permanecer e trabalhar no Canadá ou voltar ao seu país de origem, uma grande maioria tem dificuldades em encontrar um emprego satisfatório e objetivam uma carreira internacional. Em termos de efeitos culturais dos estudos fora do país de origem, destaca-se uma reflexividade mais acentuada, um destaque da individualização e uma aculturação como dimensão da personalidade.

Palavras-chave: Estudantes internacionais. Quebec/Canadá. Mobilidade. Condições de estudos. Integração social. Projetos profissionais.


ABSTRACT

This article aims to analyze the logics of international student mobility in Quebec, as well as their professional projects after graduation and the cultural effects of this experience. This article demonstrates that strategic and "experiential" motives join those linked to an emigration project to Canada to support students' mobility logics. With regard to career projects after studies, it is observed that such projects are marked by uncertainty. If some students consider staying and working in Canada or returning to their home country, a large majority have difficulty in finding a satisfactory job and aiming for an international career. In terms of cultural effects of studies outside the country of origin, there is a more pronounced reflexivity, a highlight of individualization and acculturation as a personality dimension.

Keywords: International students. Quebec/Canada. Mobility. Study conditions. Social integration. Professional projects.


RESUMEN

El presente artículo tiene como objetivo analizar las lógicas de movilidad de los estudiantes internacionales en Quebec, así como sus proyectos profesionales después de la diplomación y los efectos culturales de esa experiencia. Este artículo demuestra que los motivos de naturaleza estratégica y "experiencial" se unen a aquellos vinculados a un proyecto de emigración a Canadá para sostener las lógicas de movilidad de los estudiantes. En lo que se refiere a los proyectos de carrera después de los estudios, se observa que tales proyectos están marcados por la incertidumbre. Si algunos estudiantes consideran permanecer y trabajar en Canadá o volver a su país de origen, una gran mayoría tiene dificultades para encontrar un empleo satisfactorio y objetiva una carrera internacional. En términos de efectos culturales de los estudios fuera del país de origen, se destaca una reflexividad más acentuadas, un destaque de la individualización y una aculturación como dimensión de la personalidad.

Palabras clave: Estudiantes internacionales. Quebec/Canada. Movilidad. Condiciones de estudio. Integración social. Proyectos profesionales.


 

 

Introdução

A circulação de estudantes internacionais2 aumentou consideravelmente nos anos 2000 e ganha novas formas, que se diferem fortemente de um lugar a outro, segundo os contextos nacionais (Belkhodja, 2012; Belkhodjae & Esses, 2013; Bilecen, 2009; McMullen & Elias, 2010; Brooks & Waters, 2011; King & Findlay, 2012).

Os dados que descrevem a amplitude das transformações contemporâneas observadas no contexto da mobilidade estudantil mostram que, entre 2000 e 2013, o número de estudantes passou de 100 a 200 milhões, o que significa um aumento superior às taxas de crescimento da população mundial (Ballatore, 2013). Esse crescimento do volume é acompanhado por transformações, sugerindo um movimento do sistema universitário mundial em direção à Ásia (Duclos, 2013) e uma tendência de feminização dos graduados (Vultur, 2016). Soma-se a isso a constatação que, em nível mundial, 3% dos estudantes (pouco mais de quatro milhões de pessoas) são escolarizados em um país diferente de seu país de origem e mais da metade dos estudantes em mobilidade vem da Ásia. Os dados estatísticos da OCDE (2012) mostram que a última década foi dominada pela migração de estudantes da China (694.400 estudantes em mobilidade) e da Índia (189.500) em direção a países anglo-saxões.3

A análise por regiões mostra que são os estudantes originários da Ásia (50%) e da Europa (25%) formam a maior parte dos efetivos de estudantes em mobilidade. Os estudantes vindos da África somam 10% do total de estudantes em mobilidade, enquanto os estudantes da América do Sul e da América do Norte representam respectivamente 5,4% e 3,8% dos efetivos. (Endrizzi, 2010, p. 6).

Os principais países de destino dos estudantes internacionais, de todas as origens nacionais, são os Estados Unidos (18% dos estudantes em mobilidade), a Grã-Bretanha (11%), a França (7%), a Austrália (6%) e a Alemanha (5%) (OCDE, 2012).

Durante 15 anos, porém, constata-se uma diversificação dos destinos escolhidos pelos estudantes internacionais. Enquanto os Estados Unidos e a Grã-Bretanha perdem terreno, a Austrália e a Nova Zelândia veem seus números de estudantes internacionais aumentarem - alta de 7% e 2% respectivamente, entre 2000 e 2010 (Endrizzi, 2010).

 

Perfil estatístico dos estudantes internacionais no Quebec

Conforme dados do Ministério da Educação, do Ensino Superior e da Pesquisa do Quebec, em 2013, era possível contar um total de 32.778 estudantes internacionais matriculados na rede universitária quebequense, o que representa um aumento de 48% em relação a 2006. Dentre eles, cerca de 40% estavam matriculados nos ciclos superiores (mestrado e doutorado). Do total de estudantes internacionais, 41% frequentam universidades anglófonas e 59% universidades francófonas. Os dez principais países de origem desses estudantes são a França (12.459 estudantes, ou 38%), a China (2.884 estudantes, ou 8,8%), os Estados Unidos (2.623 estudantes, ou 8%), a Índia (1.128 estudantes, ou 3,4%), o Irã (977 estudantes, ou 3%), o Marrocos (828 estudantes, ou 2,5%), a Tunísia (787 estudantes, ou 2,4%), Camarões (496 estudantes, ou 1,5%), o Senegal (477 estudantes, ou 1,5%) e a Argélia (446 estudantes, ou 1,4%). O número de estudantes originários dos países da América Latina não é muito elevado, mas aumentou ao longo dos últimos anos devido, especialmente, à presença de um maior número de estudantes brasileiros. Entre 2010 e 2013, o número de estudantes brasileiros que vieram estudar no Quebec aumentou 4,5%, passando de 207 para 276 (Tremblay & Roy, 2014). Eles representam cerca de 1% do efetivo de estudantes internacionais no Quebec.

Além dos estudantes internacionais, o Quebec recebe anualmente cerca de 16.000 estudantes canadenses (não residentes no Quebec), cuja proporção varia de um estabelecimento a outro. Eles são majoritariamente presentes nas instituições anglófonas (37% na

Universidade de Bishop's, 29% na Universidade McGill e 9% na Universidade Concordia). Em termos de evolução, de 2013 a 2015, o efetivo estudantil originário do Quebec cresceu apenas 0,4%, enquanto o efetivo estudantil originário de outros países aumentou 13,5%. Durante esse mesmo período, o efetivo estudantil originário das outras províncias canadenses fora do Quebec diminuiu 6,3%. Portanto, há cada vez mais estudantes estrangeiros nas universidades quebequenses e essa quantidade não para de aumentar.

A proporção de estudantes internacionais varia sensivelmente de uma universidade a outra. No Institut National de la Recherche Scientifique (INRS), há uma média de 47% de estudantes internacionais, 24% na Escola Politécnica, 21% na McGill. A concentração de estudantes internacionais é maior no doutorado: 71% no INRS, 58% na Escola Politécnica, 46% na McGill.

Com relação à disciplina, 24% dos estudantes internacionais estudam em ciências humanas e sociais, 13% ciências puras, 12% engenharia, 10% administração, 9% letras, 6% matemática, 5% medicina, 4% informática, 2% música. Nas outras disciplinas, a proporção é abaixo de 1%.

Montreal e suas universidades atraem 75% dos estudantes internacionais do Quebec. Essa concentração deve ser compreendida à luz da quantidade, da diversidade e da qualidade das universidades e centros de pesquisa presentes no território metropolitano. Montreal concentra 11 grandes estabelecimentos universitários, dentre os quais dois anglófonos. Além disso, Montreal foi eleita, em 2013, a melhor cidade do mundo para estudantes internacionais, de acordo com o índice Sea Turtle4.

 

Procedimentos metodológicos

A pesquisa qualitativa apresentada neste artigo foi realizada com estudantes internacionais do Institut National de la Recherche Scientifique, uma instituição de pesquisa responsável pela formação de estudantes e mestrado e doutorado. Em 2014, a instituição acolhia 285 estudantes internacionais originários de 49 países, representando 47% do total da clientela estudantil.

A coleta de dados desta pesquisa foi realizada com 32 estudantes, por meio de entrevistas semiestruturadas. Eles foram questionados sobre seus percursos escolares e profissionais até o momento de suas inscrições na pós-graduação em Quebec. O objetivo desses questionamentos foi o de compreender os motivos que os levaram a estudar fora de seus países, as experiências de integração à vida universitária e os projetos futuros. O conteúdo das entrevistas presenciais foi submetido a uma análise de conteúdo por temáticas (Strauss & Corbin, 1998), o que permitiu analisar os elementos do discurso que se referiam às temáticas desta pesquisa. Utilizou-se também o auxílio do software N'Vivo.

 

Apresentação dos dados e discussão

A amostra da pesquisa qualitativa foi formada por 32 estudantes: 7 do mestrado e 25 do doutorado. Desses, 17 são homens e 15 mulheres. A idade dos participantes variou entre 23 e 41 anos, com uma média de 29 anos. A composição da amostra representa, de maneira equilibrada, as 5 grandes regiões do mundo: 6 oriundos da África Subsaariana: Camarões (1), Madagascar (1), Mali (2), Nigéria (1), Senegal (1); 4 oriundos da Ásia oriental: China (1) e Vietnã (1) e do Oriente Médio: Irã (1) e Jordânia (1); 7 estudantes originários dos países do Magreb: Argélia (2), Marrocos (1), Tunísia (4); e 9 estudantes oriundos da Europa Ocidental: Alemanha (1), França (7), Itália (1). Por fim, 6 estudantes da amostra oriundos da América Latina: Brasil (2), Colômbia (2), México (1), Venezuela (1). Os franceses formam o grupo mais numeroso (20%) com 7 estudantes em uma amostra de 32.

 

Gráfico 1

 

A pesquisa foi realizada ao longo do ano 2014 e abordou diversos assuntos. Este artigo apresenta apenas uma parte dos resultados desta pesquisa, os quais dizem respeito a: a) os motivos evocados pelos estudantes na decisão de estudar no exterior; b) seus projetos de carreira; e c) os efeitos culturais dos estudos no exterior.

 

Os Motivos para Estudar no Exterior

Por que os estudantes vão estudar no exterior? Para voltar ao seu país em seguida, para se instalar no país de destino ou para iniciar uma carreira internacional? Quais motivos eles evocam para justificar a realização de seus projetos de estudo no exterior?

É difícil separar os diferentes motivos que levam à ida ao exterior para os estudos. A análise do material empírico recolhido com estudantes internacionais do INRS mostra que existem estratégias pessoais utilizadas para realizar projetos profissionais, situações favoráveis ligadas ao contexto familiar do estudante e/ou a disponibilidade de bolsas de estudo. Observa-se também fatores variados, como contato com uma pessoa que já estudou no exterior ou como situações de limitações, quando, por exemplo, a partida ao exterior se torna uma modalidade de escapar de uma logística de pesquisa inadequada ou de uma situação problemática ligada à falta de oportunidades no país de origem. No discurso dos estudantes, os motivos de partir para estudar no exterior nunca são unívocos e exclusivos. Contudo, há algumas motivações que são mais dominantes que as outras no discurso dos estudantes e que têm um papel maior na decisão de partir para estudar no exterior. Essas motivações foram agrupadas em três grupos principais: a) as motivações instrumentais, b) as motivações "experienciais"; e c) as motivações ligadas a um projeto de imigração para o Canadá.

a) As motivações instrumentais: a grande maioria dos entrevistados evoca motivações instrumentais para justificar seus projetos de estudos no exterior, as quais aparecem como dominantes no discurso de mais de dois terços dos estudantes internacionais da amostragem desta pesquisa. Elas dizem respeito ao projeto escolar e à carreira, o que inclui também o desejo de aprender inglês, e são geralmente relacionadas ao plano de aperfeiçoamento e de sucesso profissional. A ausência de oportunidades de carreira nos países de origem dos estudantes ou a logística inadequada para fazer pesquisa, assim como o desejo de aprender "diferentemente", "de outra maneira", encontram-se igualmente entre as motivações instrumentais desses estudantes. Os tópicos abaixo apresentam uma série de motivações de ordem instrumental que estiveram na origem da decisão dos estudantes ouvidos nesta pesquisa de realizar seus estudos no exterior.

(i) Adquirir uma experiência de estudos no exterior e desenvolver suas competências profissionais: uma parte dos estudantes aponta a motivação de adquirir uma experiência profissional no exterior como fonte de seu projeto migratório. É o caso desta estudante originária do Mali, que afirma:

Eu queria ter mais experiência no campo profissional, pois eu já tinha um mestrado em economia e um diploma universitário especializado em estatística. Eu obtive esses diplomas na África, portanto eu queria receber outras formações aqui no Canadá para melhorar minhas competências. Foi realmente esse o objetivo principal de minha vinda ao Canadá para estudos. (Claudine)

(ii) Aprender e aperfeiçoar o inglês: para outros estudantes, aprender e aperfeiçoar o inglês constitui a motivação principal, sobretudo para os estudantes de origem francesa, mas também para certos latino-americanos, como é o caso desta estudante colombiana, que diz:

Eu pensava que seria bom encontrar um doutorado fora da Colômbia. Eu estava certa disso, pois eu buscava melhorar meu nível de inglês e sabia que a experiência fora do país é melhor. Eu pensei que o Canadá era um país muito frio e muito legal. Eu adorei o fato de poder melhorar meu inglês. E eu também queria aprender francês. Então eu estava muito entusiasmada quando eu vi que poderia vir para cá. (Manuela)

As experiências linguísticas fazem parte das motivações para estudar no exterior mas, geralmente, estão conectadas a outros motivos ligados a uma experiência global de vida no exterior. Nesse plano, a língua de ensino exerce um papel importante na escolha dos estudantes em estudar no Canadá. Para os francófonos que se dirigem para programas nos quais eles podem aprender inglês, o Canadá é um destino de excelência. Para os demais, há a possibilidade de aprender tanto o inglês como o francês.

(iii) Descobrir uma nova maneira de fazer ciência, aprofundar seu campo de especialização ou viver um novo tipo de relação pedagógica com os professores: esse tipo de motivação aparece frequentemente no discurso dos estudantes. É o caso desta estudante, de origem francesa, que afirma:

A principal razão da minha ida para o exterior é que eu desejava descobrir a ciência em outro país, além da França. Eu tinha feito alguns estágios na França, em determinada região, e eu queria descobrir a ciência em outros lugares. Eu pensei em outras regiões da França, mas eu me disse que não. Seria bom partir para um lugar mais americanizado, um pouco como o Canadá. Aqui, os orientadores são mais acessíveis, com uma fala mais espontânea e uma discussão mais friendly. (Léa)

Para os estudantes internacionais, o Quebec aparece como um lugar "entre-os-dois" ou seja, um tipo de ciência americana com métodos europeus de aprendizagem e de pesquisa, que se combinam de maneira a enriquecer o percurso pedagógico dos estudantes. O tipo de relação com o orientador, menos hierarquizada e mais direta, é igualmente bastante apreciada.

(iv) A falta de oportunidades combinada com as limitações do sistema de educação do país de origem e, especialmente, a ausência de uma especialização em um campo de estudos de interesse do estudante: alguns trechos das entrevistas ilustram essa série de motivações. É o caso desta estudante colombiana, que responde o seguinte para a pergunta: "Quais são os motivos que te levaram a estudar no exterior?"

Quando eu comecei minha graduação na Colômbia, eu sabia desde lá que faria os estudos de pós-graduação em outro lugar, pois, infelizmente, a educação e a ciência não são prioridades do governo colombiano. Você deve buscar no exterior oportunidades de conhecer as realidades de diferentes laboratórios, diferentes instituições e aprender trabalhar de outra maneira. (Valentina)

Joan, estudante brasileiro vai no mesmo sentido:

P.: Quais são os motivos pelos quais você escolheu estudar no exterior, o que levou você a ir a outro lugar para os estudos?

R.: No Brasil, eu estava em uma das melhores universidades do país, era uma boa universidade, mas não era magnífica. As oportunidades para realizar estudos avançados no mestrado ou no doutorado são poucas, pois, primeiramente, se você tem uma bolsa, você não pode trabalhar. As bolsas não são suficientes para pagar as despesas relacionadas às suas necessidades. Eu tentei estudar no Brasil enquanto eu trabalhava para uma empresa, mas eu não tinha tempo para os estudos. Eu tinha planos de deixar o Brasil, seja para estudar, seja para trabalhar, mas a oportunidade de estudar apareceu antes, portanto, aqui estou no Canadá para estudar. (Joan)

No geral, os motivos instrumentais dizem respeito aos diversos elementos relacionados ao percurso escolar e profissional do estudante e o desejo de construir uma carreira. Esses motivos são orientados pelas oportunidades que a imigração representa e também pela falta de oportunidades de estudos, de carreira e de possibilidades no país de origem. Desse ponto de vista, os estudantes internacionais são os portadores de um "cosmopolitismo forçado" (Godin & Rea, 2011); sua migração para os estudos é, geralmente, mais motivada por problemas relacionados a aspectos econômicos do que por um desejo pelo movimento que transcende as fronteiras nacionais e culturais.

b) Os motivos "experienciais": os motivos instrumentais, dominantes, são estreitamente ligados a motivos de ordem "experiencial", que se referem à ideia de descobrir outros países e de ter a experiência da diversidade cultural. Trata-se de motivos característicos dos estudantes que partem ao exterior sem metas profissionais precisas com o objetivo de descobrirem a si mesmos e serem mais autônomos em suas vidas. Por detrás desses motivos, a questão dos estudos ou da carreira, sem ter sido posta de lado, continua presente. Por exemplo, o desejo de viajar e de descobrir o Canadá estão presentes nas motivações evocadas por esta uma estudante italiana:

Eu sempre quis ir para o exterior, pois me parecia interessante viajar. Eu acredito que a única maneira verdadeira de viajar é trabalhando ou estudando em algum lugar. Assim, eu quis me mudar do meu país de origem, o que era interessante também em nível científico trocar de sistema, para fazer pesquisa. (Celina)

A estada no exterior para estudos é um meio de esses estudantes abrirem seus horizontes, o que, no que diz respeito à sua empregabilidade, dá um sinal positivo de iniciativa e de mobilidade. Evidentemente, o contexto de cada país torna necessário avaliar de maneira diferenciada a significação de tais motivações, que também é relacionada a uma forma de distinção e de sucesso social.

b) Os motivos ligados às oportunidades de emigração para o Canadá: a terceira série de motivos que justificam a escolha de estudar no exterior consiste no projeto de emigração para o Canadá. Alguns estudantes organizam seu projeto de estudos no exterior com o objetivo de iniciar um processo de imigração no Canadá, o qual foi elaborado levando em consideração um projeto de vida global ou as diversas limitações encontradas no país de origem. Para esses estudantes, os motivos de partida são compromissos entre as exigências da esfera profissional, os projetos para o futuro e as limitações sociais de diferentes tipos. Os estudos aparecem como sendo o primeiro passo para a obtenção da residência permanente no Canadá. Vários casos relatados por estudantes do Senegal, México, Brasil e França se encontram inseridos nessa categoria.

De modo geral, a explicação dos motivos para estudar no exterior se situa na interseção das esferas social e individual, em um contexto de transformação do espaço internacional da divisão do trabalho, da natureza das carreiras e dos percursos profissionais. O que se verifica é que a maioria dos estudantes entrevistados nesta pesquisa são todos free movers, que não se beneficiaram de um incentivo institucional vigoroso (informação, publicidade), de um dispositivo de auxílio ou de um programa de assistência financeiro no seu país de origem. Suas motivações levam em conta principalmente interesses instrumentais, de ordem profissional, científica, intelectual e econômica. Observa-se que as políticas de incentivo dos países de origem influenciam muito menos os motivos de partida para o exterior do que os projetos individuais, que são os verdadeiros motores da mobilidade.

A análise da motivação dos estudantes do INRS para estudar no exterior leva a identificar alguns fatores que contribuíram para sua vinda ao Canadá. Em seguida há uma enumeração daqueles que se sobressaem de maneira mais transversal: em primeiro lugar, a oferta de formação. Trata-se aqui de fatores como a qualidade e o interesse pelas aulas, a maneira de fazer pesquisa, o reconhecimento dos diplomas obtidos no Canadá no mercado internacional. Igualmente, devem ser inseridos nessa categoria os esforços das universidades canadenses para a atração dos estudantes internacionais, materializados em políticas de isenção de tarifas suplementares para estudantes internacionais e na oferta de bolsas de estudo. Em segundo lugar, pode-se citar a existência de relações entre os países, especialmente as relações históricas e culturais (presente, particularmente, no caso dos estudantes franceses e magrebinos que vêm para Quebec), assim como uma política de imigração que atraia estudantes de um grande número de países. Em terceiro lugar, as perspectivas profissionais que os estudos feitos no Canadá abrem no mercado de trabalho canadense e internacional. Em quarto lugar, nota-se o interesse pelo país, especialmente, em função da atratividade cultural e da qualidade de vida. Finalmente, a língua de ensino, a possibilidade de estudar tanto em inglês como em francês, em razão da política do bilinguismo, constitui outra atração fundamental dos estudos no Canadá.

 

Projetos profissionais após os estudos dos estudantes internacionais

A análise das entrevistas com estudantes internacionais foi realizada de modo a estudar também os projetos profissionais e de carreira após os estudos no INRS e os fatores que influenciam esses projetos. Sendo assim, a análise realizada neste artigo indica uma heterogeneidade de projetos de carreira e de motivos que se encontram na origem desses projetos. Os fatores que influenciam os projetos de carreira dos estudantes são igualmente heterogêneos e variam conforme os indivíduos. Alguns projetos têm sua origem em estratégias pessoais, tendo como base um individualismo mais pronunciado, que destacam as chances de promoção e de fazer carreira no Canadá ou em nível internacional; outros têm um fundamento mais coletivista e emocional, relacionando-se com as necessidades de retorno ao país de origem. Nesse eixo binário (individualismo/coletivismo), o material coletado revela a existência de três grupos de estudantes:

a) Os estudantes que buscam continuar no Canadá por motivos ligados às possibilidades de emprego: esse grupo de estudantes que escolheram permanecer no Canadá após seus estudos e de continuar aqui suas carreiras evoca a seguinte série de elementos como a base de sua decisão: (i) a existência de oportunidades na esfera profissional e na carreira, materializadas por um melhor reconhecimento dos diplomas universitários obtidos no Canadá; as oportunidades de ter mais experiências em seu campo de estudos específico, as motivações financeiras ligadas às expectativas de melhores remunerações financeiras; (ii) a qualidade de vida experimentada no Canadá, durante seus estudos universitários; o bom ambiente de vida, proteções sociais interessantes, a qualidade do sistema de saúde e dos serviços, em outras palavras, "um sistema que funciona"; (iii) a estabilidade política julgada em comparação aos países de origem, geralmente marcados pela corrupção e por uma pior situação econômica. O caráter "social" do sistema canadense, a existência de leis de proteção social sobressai de maneira pronunciada em seus discursos. Esses estudantes falam também do sucesso pessoal que pode resultar dessas condições profissionais e econômicas favoráveis.

b) Os estudantes "flutuantes" com projetos incertos que permanecem à espreita de oportunidades e que visam a uma carreira internacional: esse grupo é o mais numeroso no conjunto da amostragem da pesquisa. Os motivos evocados em favor da experiência internacional são ligados principalmente à incerteza profissional presente tanto no Canadá quanto no país de origem, o que cria um vazio na capacidade de localização de um emprego satisfatório. Esses estudantes se mostram muito sensíveis ao estado dos segmentos do mercado de trabalho em diversos países, particularmente nos setores profissionais ligados aos estudos que eles realizaram.

c) Os estudantes que buscam retornar ao seu país de origem após os estudos: esses estudantes evocam motivos ligados ao compromisso moral com seus países, as ligações familiares ou probabilidades de serem mais bem apreciados em suas carreiras uma vez tendo retornado ao país de origem. Entre esses estudantes, alguns se dizem interessados em outras mobilidades de curta duração, mas desejam, ao final, retornar a seus países de origem para valorização da sua formação no exterior e serem úteis em seus setores profissionais nos países de origem.

Outros fatores que influenciam o plano de carreira dos estudantes internacionais aparecem em seus discursos de maneira transversal, podendo fazer com que eles passem de um grupo a outro: a força dos laços familiares e a questão de poder encontrar um(a) parceiro(a); o sentimento de pertencimento à sua sociedade de origem, o qual pode se tornar mais forte em um dado momento; as barreiras de comunicação cultural e linguística; as restrições de trabalho após os estudos para os estudantes internacionais, fatores conjunturais, como a recessão de 2008 e suas consequências; o ambiente de pesquisa para aqueles que buscam seguir uma carreira acadêmica. De maneira geral, as decisões compreendendo os projetos "pós-estudos" implicam em motivações e questões múltiplas que dizem respeito a aspectos políticos, econômicos ou pessoais, conforme os países de origem e as perspectivas de realização profissional no país de destino ou no cenário internacional.

É preciso notar que mesmo tendo sido os estudantes que tomaram a decisão de permanecer no Canadá, de buscar uma carreira internacional ou de retornar a seu país de origem, em muitos casos verificou-se a influência dos pais e parceiros de vida nessa decisão. O sistema de relações pessoais exerce um papel importante na tomada de decisão relacionada à carreira.

Em resumo, o que se sobressai no discurso dos estudantes é a forte presença da indeterminação, que é, principalmente, uma resposta às incertezas do mercado de trabalho, aos horizontes profissionais e também pessoais, pouco previsíveis que os fazem considerar outros projetos de mobilidade, seja para os estudos, seja para o emprego. Percebeu-se igualmente a emergência do fenômeno chamado atualmente de "fleximobilidade" (Ballatore, 2013). Como a grande parte dos estudantes internacionais é constituída pelos "melhores estudantes" das universidades de seus países de origem, por jovens competitivos com uma forte predisposição à mobilidade, tudo indica que a mobilidade para os estudos é acompanhada por uma mobilidade ulterior no plano profissional.

 

Experiências e efeitos culturais dos estudos no exterior

A grande maioria dos estudantes entrevistados relatou experiências interculturais positivas geradas, principalmente, pela composição multiétnica dos grupos de estudantes. Vários deles destacaram esse aspecto, que é vivenciado como uma experiência intercultural positiva. Pouquíssimas experiências interculturais negativas são relatadas pelos estudantes entrevistados. Essas experiências, de pequena amplitude, foram vivenciadas no exterior da instituição universitária. Trata-se de momentos passageiros, sem consequências graves e que causam pouca animosidade ou tensão - experiências ligadas principalmente à Carta dos Valores Quebequenses, que concernia os estudantes internacionais de religião muçulmana, e foram ilustradas por episódios de discussões mais tensas a respeito desse assunto.

Em termos de efeitos culturais, de ordem geral da experiência universitária no exterior, três deles parecem significativos:

a) Uma reflexividade mais pronunciada: em primeiro lugar, a experiência universitária no exterior cria um tipo de relação com o saber que marca aqueles que vivem tal experiência. Durante o período de estudos na universidade estrangeira, o estudante aprende a se instruir de uma maneira diferente, a mobilizar os conhecimentos aprendidos no país de origem, a completá-los em busca de novas competências e a produzir um conhecimento original. A formação universitária, combinada ao estatuto de "migrantes", os leva a desenvolver sua reflexibilidade, ou seja, a provação dos conhecimentos utilizados que contribuem para uma reflexão sobre eles mesmos e sobre o mundo que os cerca. Afirmações como "Eu passei a me conhecer muito mais"; "Eu me desenvolvi como ser humano"; "Estudar no exterior me ajudou a encontrar uma nova identidade", são repetidas pelos estudantes internacionais. O contato com os outros representa para os estudantes internacionais um espelho no qual cada um se enxerga e que os fazem tomar consciência de quem eles são.

b) Um destaque da individualização: a experiência dos estudos no exterior se insere igualmente em um processo global de individualização que acompanha a formação no exterior. Esse processo se manifesta em diversos aspectos: a concorrência entre os estudantes pela excelência e, particularmente, pelo acesso ao financiamento; o imperativo de expressão pessoal no trabalho universitário; o sucesso no mercado de relações sociais, no qual o estudante deve se destacar dos demais individualmente e não a partir de uma rotulagem social preestabelecida em função de seu status no país de origem. Soma-se a isso o fato de que as condições materiais obrigam grande parte dos estudantes internacionais a organizar suas vidas cotidianas de maneira mais individual.

c) O destaque da aculturação como dimensão da personalidade: a aculturação como processo, ao longo do qual grupos e indivíduos originários de contextos diferentes se relacionam uns com os outros nos espaços de estudos e de pesquisa acarreta mudanças culturais e psicológicas em todos e constitui uma importante consequência dos estudos no exterior. Durante o período de estudos no exterior, observam-se formas de apropriação distanciada das outras culturas que tornam os estudantes mais abertos ao mundo. Praticamente a maioria dos estudantes entrevistados mencionou que viver no exterior os havia tornado mais abertos e compreensivos em relação às outras culturas, principalmente porque eles haviam feito amizades fora do espaço étnico de seu país de origem. Uma grande maioria indicou que sua experiência no exterior lhes havia permitido conhecer mais e ser mais tolerante em relação à diferença.

 

Considerações finais

A análise dos motivos para estudar no exterior indica que vários fatores contribuem para a ida dos estudantes ao Canadá. Destaca-se, em primeiro lugar, a oferta de formação: a qualidade do ensino e o interesse pelas aulas, a maneira de fazer pesquisas, o reconhecimento dos diplomas recebidos no Canadá no mercado de trabalho internacional. Nessa mesma categoria, também se incluem os esforços das universidades canadenses para atrair estudantes internacionais, como as políticas de isenção de tarifas suplementares para estudantes internacionais ou a oferta de bolsas de estudos. Em segundo lugar, pode-se referir à existência de relações entre países, especialmente relações históricas e culturais (presentes principalmente no caso dos estudantes franceses e magrebinos que vão a Quebec) ,assim como a uma política de imigração que atrai os estudantes de um grande número de países (Garneau & Bouchard, 2013). Em terceiro lugar, as perspectivas profissionais que os estudos no Canadá abrem no mercado de trabalho canadense e internacional também são evocadas pelos estudantes. Nota-se também um interesse pelo país, especialmente a atratividade cultural e a qualidade de vida. Por último, a língua de ensino, a possibilidade de realizar os estudos tanto em francês como em inglês, graças à política do bilinguismo, constitui um outro fator de atração importante para os estudos no Canadá (Guo & Chasse, 2011).

Ademais, verificou-se que os projetos de carreira depois dos estudos são, todavia, marcados pela incerteza. Se uma parte dos estudantes objetiva ficar e trabalhar no Canadá (por motivos ligados à existência de um mercado de trabalho dinâmico na área dos estudos) ou voltar ao seu país de origem (por motivos ligados ao engajamento moral de seus países, aos laços familiares existentes ou à possibilidade de serem mais apreciados em sua carreira), a grande maioria tem dificuldades de encontrar um emprego satisfatório e objetiva uma carreira em nível internacional, em função das oportunidades que podem lhes ser oferecidas.

Por último, observou-se que, durante o período de estudos em uma universidade estrangeira, o estudante "aprende a se instruir de maneira diferente", a mobilizar os conhecimentos adquiridos no país de origem, a completá-los com a busca por novas competências e a produzir um conhecimento original. A formação universitária combinada com a condição de "migrante" leva os estudantes a desenvolver sua "reflexividade", ou seja, à provação dos conhecimentos utilizados, que contribui a uma reflexão sobre eles mesmos e sobre o mundo que os cerca. A experiência de estudos no exterior se insere igualmente em um processo geral de individualização que acompanha a formação em um outro país. Esse processo de manifesta em diferentes níveis: a concorrência entre os estudantes pela excelência e, em particular, pelo acesso ao financiamento, o imperativo de expressão pessoal no trabalho universitário, o sucesso no mercado de relações sociais, no qual o estudante deve se destacar dos demais individualmente e não a partir de uma rotulagem social preestabelecida em função de seu status no país de origem. Soma-se a isso o fato de que as condições materiais obrigam grande parte dos estudantes internacionais a organizar suas vidas cotidianas de maneira mais individual. Finalmente, durante o período de estudos no exterior, testemunham-se formas de apropriação distanciada de outras culturas que tornam os estudantes mais abertos ao mundo. Quase todos os estudantes entrevistados mencionaram que viver no exterior lhes tornaram muito mais abertos e compreensivos em relação a culturas diferentes, principalmente porque fizeram amigos que pertencem a espaços étnicos diferentes daquele de seus países de origem.

 

Referências

Ballatore, M. (2013). Revenir et repartir! Trajectoires d'étudiants Erasmus du sud et du nord de l'Europe, Cahiers québécois de démographie, 42(2), 335-369.         [ Links ]

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Recebido em: 20/3/2017
Aprovado em: 8/8/2018

 

 

1 Agradeço a Luciana Gransotto e Oscar Berg, mestrandos em Memória Social e bens Culturais da Universidade La Salle (Canoas) e Renato Carvalho de Oliveira, pesquisador de INRS (Canadá) pelas participações na coleta de alguns dos dados utilizados neste artigo e pelas contribuições na tradução do texto para o português.
2 No contexto do presente artigo, utiliza-se o conceito de estudantes internacionais e não de estudantes estrangeiros, já que esse último era utilizado de maneira clássica para analisar o fluxo de estudantes de países do sul em direção aos países do norte, fluxo que exigia uma gestão diferenciada ligada à imigração. Os estudantes do norte, dos países desenvolvidos, eram frequentemente denominados pelo termo "estudantes internacionais"; esses últimos deveriam, no mercado da educação, contribuir para o aumento do prestígio da universidade que lhes acolhia. Com o processo de globalização, a noção de estudante estrangeiro está desaparecendo, já que hoje todos os estudantes têm se tornado um público-alvo interessante para as universidades, especialmente a título de consumidores de conhecimento, de clientes à procura dos melhores produtos no mercado da formação.
3 Consequentemente, a sobre-representação dos estudantes originários do leste asiático nos estudos sobre estudantes internacionais é sem dúvidas um fator facilmente explicado por sua sobre-representação em número de estudantes em mobilidade no mundo.
4 Para mais informações, veja o site http://seaturtleindex.com/city/overall/

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