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Pesquisas e Práticas Psicossociais

versão On-line ISSN 1809-8908

Pesqui. prát. psicossociais vol.14 no.1 São João del-Rei jan./mar. 2019

 

Pesquisa qualitativa em saúde e a perspectiva da Cartografia em Deligny e Deleuze/Guattari

 

Qualitative research in healthcare and deligny's and Deleuze/Guattari's Cartographic perspective

 

Investigacion cualitativa en salud y la perspectiva de la cartografia de deligny y Deleuze/Guatarri

 

 

Adriana Barin de AzevedoI; Flávia LibermanII; Rosilda MendesIII

IProfessora Doutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP, com doutorado sanduíche pela Université de Paris-Ouest X - Nanterre
IIDoutora em Psicologia Clínica pela PUC-SP
IIIProfessora associada do Eixo Trabalho em Saúde da Unifesp. Doutora em Saúde Pública pela USP

 

 


RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar os delineamentos teórico-metodológicos da investigação Atenção Básica e a Produção do cuidado em Rede, Santos - São Paulo, que teve como cenário de estudo Unidades da Atenção Básica e buscou identificar experiências de cuidado de saúde em rede. A investigação qualitativa e participativa orientou-se pela perspectiva cartográfica de Deligny e Deleuze/Guattari, por meio da utilização dos instrumentos Diários de Pesquisa e Mapa dos Trajetos dos Pesquisadores. Os resultados apontaram que o percurso metodológico permitiu instalar um território de pesquisa no qual todos os participantes produziam juntos os dados e os modos de perceber as redes de cuidado. O acompanhamento da implicação dos pesquisadores e de seus embates por não estarem no controle da investigação, aceitando entrar em contato com aquilo que não se sabe ou não se espera encontrar, mostrou que o conhecimento produzido em uma pesquisa provoca boas surpresas.

Palavras-chave: Pesquisa qualitativa. Cartografia. Mapas. Cuidado em saúde.


ABSTRACT

This article aims to present the theoretical-methodological outlines of the investigation Basic Attention and the Production of Care Network, Santos - São Paulo whose scenario of studies were the Basic Attention Units and which tried to identify experiences of healthcare network. The qualitative and participatory investigation was oriented by Deligny's and Deleuze/ Guattari's cartographic perspective through the use research diaries and a map of the researchers' course. The results pointed that the methodological path allowed to install a research territory in which all the participants produced together the data and the ways of perceiving the nets of cared. The follow-up of the implication of the researchers and their conflicts for not being in control of the investigation, accepting to get in touch with what is not known or expected to be found, showed that the knowledge produced in a research provokes good surprises

Keywords: Qualitative research. Cartography. Maps. Healthcare.


RESUMEN

Este artículo presenta las líneas metodológicas de investigación "Atención Básica y la producción de cuidado en red, Santos, São Paulo, teniendo como escenario del estudio Unidades de Atención Básica y buscó identificar experiencias de cuidado de salud en red. La investigación cualitativa y participativa se orientó por la perspectiva cartográfica de Deligny/Deleuze Gattari, mediante el uso de los instrumentos: Diarios de Investigación, y mapas de los trayectos de los investigadores. Los resultados indicaron que las apuestas metodológicas realizadas permitieron instalar un territorio de investigación en el cual todos los participantes producen juntos los datos y los modos de percibir las redes de cuidado. El acompañamiento de la implicación de los investigadores y sus choques en no estar en el controle de la investigación aceptando entrar en contacto con lo que no se sabe o no se espera encontrar, mostró que el conocimiento producido en una investigación provoca buenas sorpresas.

Palabras clave: Investigación cualitativa; Cartografia; Mapas; Cuidado en salud.


 

 

Introdução

Este trabalho apresenta os delineamentos teórico-metodológicos da investigação Atenção Básica e a Produção do cuidado em Rede no Município de Santos - São Paulo, Brasil realizada por um grupo de pesquisa do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Formação e Trabalho em Saúde (Lepets), da Universidade Federal de São Paulo, campus Baixada Santista. Teve como cenário de estudo 11 Unidades de Saúde da Atenção Básica da cidade de Santos, com o acompanhamento de 11 situações de cuidado. O objetivo da pesquisa foi identificar experiências de cuidado em saúde que acontecem em rede em três regiões da cidade nas quais estiveram envolvidos usuários e trabalhadores dos serviços.1

Utilizamos o termo rede para apontar as articulações realizadas entre profissionais tanto da área da saúde, como da assistência social, educação, cultura, como também apontar as articulações que acontecem informalmente com a própria comunidade, a qual pertence o usuário/família acompanhada. Uma rede formal, geralmente, é capaz de lidar com os problemas previstos, enquanto uma rede informal, por sua natureza altamente adaptativa, é capaz de responder melhor do que a rede formal aos problemas inesperados. (Krackhardt & Hanson, 1997).

Baseado em metodologias qualitativas, de caráter participativo, este projeto trabalhou com pesquisa-intervenção, que incluiu aqueles que de alguma forma foram envolvidos pela investigação. Entende-se por isso que todos os participantes, pesquisadores da universidade, trabalhadores dos serviços de saúde e as situações selecionadas contribuíram, de algum modo, no registro, produção e mapeamento da experiência.

Os pesquisadores da universidade constituem um grupo de pesquisa com cerca de trinta integrantes, entre docentes, estudantes de graduação e pós-graduação com diferentes formações e trabalhadores da rede de serviços de saúde da cidade de Santos. A formação desse coletivo propiciou um espaço de debate numa perspectiva interdisciplinar, pela qual a produção de conhecimento é fruto do encontro entre as diferentes posições teóricas e a heterogeneidade de atuações práticas que envolvem o trabalho em saúde. Nesse sentido, os pesquisadores traçaram seus trajetos da pesquisa por meio de um trabalho comum, entre as áreas, construindo uma relação com as equipes das Unidades de Saúde e posteriormente com as situações selecionadas e acompanhadas. Essa relação foi fortalecida pela implicação dos pesquisadores na experiência, que acolheram, cada um a sua maneira, questionamentos sobre suas concepções de saúde e reinventaram seu modo de agir e construir em seu cotidiano redes de cuidado.

Ao longo da investigação, avaliando os trajetos realizados, os pesquisadores foram tomados por uma série de questões e impressões que foram compartilhadas em espaços coletivos de conversa para pensar os diferentes caminhos do processo de cuidado. É nesse processo que os dados da pesquisa foram sendo produzidos, ou seja, os acontecimentos mais marcantes ganharam visibilidade e puderam, assim, ser enunciados.

Trataremos, portanto, neste artigo, a respeito apenas dos delineamentos teórico-metodológicos desenvolvidos nesta pesquisa por meio do método cartográfico de Deleuze e Guattari e com inspiração na produção de mapas de Fernand Deligny, utilizando para isso dois instrumentos: os Diários de Campo e um Mapa de Trajetos dos Pesquisadores.

A aposta metodológica criou uma partilha coletiva entre pesquisadores com a escrita nos Diários de Pesquisa e da conversa nas reuniões quinzenais. Nessas reuniões, apareciam questões produzidas no encontro com os trabalhadores e as situações selecionadas narrando ocorrências inusitadas marcadas por sensações de impotência, tristeza, alegria, desconforto e sempre muitas surpresas. A reunião constituía-se também como espaço de compartilhamento dos escritos dos Diários de Pesquisa. A opção por esse tipo de registro escrito, como ferramenta de intervenção, foi uma aposta na reflexão da própria prática, na medida em que o ato da escrita do vivido, no âmbito individual ou no coletivo, é o momento de reflexão sobre e com o vivido, revelando o não dito e pressupondo a não neutralidade do pesquisador no processo de pesquisar (Barbosa & Hess, 2010; Pezzato & L'Abbate, 2011).

Nesse processo, sentimos a necessidade de acrescentar um novo dispositivo que explicitasse elementos dos trajetos percorridos e o modo como os pesquisadores se inseriram na pesquisa. Tínhamos a intenção de observar quais eram os movimentos de cada um na relação com o coletivo, quais eram os pontos de referência que se repetiam, como gestos, lugares e objetos, e o modo como cada um se sentia afetado por esse mesmo território.

Com esse objetivo e inspiradas na obra de Fernand Deligny (2007), que desenvolveu um importante trabalho de produção de mapas em uma experiência de convivência com crianças autistas, o qual será apresentado a seguir, experimentamos o desafio de registrar nosso percurso de pesquisa com o desenho de um mapa traçando linhas dos nossos deslocamentos no território geográfico das três regiões pesquisadas.

A produção do mapa surge como um dos dispositivos em uma pesquisa que apresenta como metodologia a cartografia, desenvolvida por Deleuze e Guattari (1980), pois permite documentar o cotidiano e dar visibilidade à trajetória dos pesquisadores. Traçando as linhas dos percursos nos mapas, buscou-se indicar os gestos corriqueiros dos pesquisadores e os acontecimentos inesperados que reinventavam seu modo de investigar, o que explicita o modo como esse território de pesquisa é instalado e os efeitos produzidos pela presença dos pesquisadores nesses espaços e no cotidiano das relações.

Para a realização desta pesquisa, todos os procedimentos éticos foram cumpridos e os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição (Parecer CEP 674.539 de 28/5/2014).

 

A cartografia e o dispositivo de mapas

A opção por realizar a pesquisa na perspectiva de uma pesquisa-intervenção partiu do entendimento de que a investigação é um modo de interferir no campo, de provocar questionamentos e, nesse caso, construir outras redes de cuidado. Por se tratar de uma pesquisa que adota o método da Cartografia, reforça que o trabalho do pesquisador não se faz de modo prescritivo, mas construído em processo (Passos et al., 2014; Ferigato & Carvalho, 2011; Paulon & Romagnoli, 2010).

Nesse sentido, esse tipo de pesquisa participativa é aquele em que o pesquisador é inventado pela própria experiência, sem que ele exista antes dela. O pesquisador-cartógrafo ao realizar sua tarefa não pode permanecer na posição de um "observador distante", "o cartógrafo lança-se na experiência, não estando imune a ela" (Passos & Eirado, 2015, p. 129).

A opção pela pesquisa-intervenção e pela Cartografia nos colocou o compromisso de pesquisar junto, de pesquisar com: com as Unidades, com os gestores, com os trabalhadores de saúde, com os usuários, com os demais pesquisadores. Desde os encontros iniciais, havia uma intenção de pactuar com as equipes o envolvimento dos trabalhadores dos serviços. Esse arranjo significava um anseio do grupo de pesquisadores de não reproduzir modelos tradicionais de pesquisa que enfatizam muito mais o trabalho individualizado, isolado, fragmentado e pouco ou nada cooperativo. Por isso, desde os primeiros esboços do projeto, a atitude coletiva, a interdisciplinaridade e o compromisso pela inclusão foram princípios fortemente defendidos pelo grupo de pesquisa.

Para Rolnik (2006), o que define o cartógrafo é exclusivamente um tipo de sensibilidade que ele prioriza em seu trabalho, um "composto híbrido" que envolve seu olho e simultaneamente as vibrações de seu corpo, procurando inventar procedimentos adequados ao contexto em que se encontra. A autora afirma que "é muito simples o que o cartógrafo leva no bolso: um critério, um princípio, uma regra e um breve roteiro de preocupações - este cada cartógrafo vai definindo e redefinindo para si, constantemente" (Rolnik, 2006, p. 67).

Sendo assim, o método cartográfico "visa acompanhar um processo e não representar um objeto" (Kastrup, 2015, p. 32), pois "não se trata de uma ação sem direção, já que a cartografia reverte o sentido tradicional de método sem abrir mão do percurso da pesquisa" (Barros & Passos, 2015, p. 17).

Cartografar significa traçar linhas de ação, ou seja, construir um tipo de atenção, uma capacidade de rastrear e estar à espreita das experiências de um território por meio de uma atitude investigativa. Essa atitude do pesquisador faz com que ele seja, ao mesmo tempo, levado por essas linhas e modificado em seu agir. Nesse sentido, dizemos que com esse método não se faz coleta de dados, mas sim cultivo de dados, já que estes não estão ali para serem descobertos. Entende-se que os dados são produzidos a partir da presença dos pesquisadores, no campo de forças ali existente, que permite estabelecer uma composição de ideias e ações com os trabalhadores dos serviços de saúde e as situações acompanhadas.

Dizemos então que o pesquisador-cartógrafo tem um tipo de presença em processo, já que os caminhos são construídos ao mesmo tempo em que se transita por eles. Configura-se, nesse momento, uma experiência cuja tarefa é uma produção individual e também coletiva (Liberman, 2008). É essa presença em processo que buscamos captar por meio dos registros dos Diários de Pesquisa e das discussões nas reuniões quinzenais, nas quais os pesquisadores debatem a experiência vivida.

Em consonância com esses pressupostos, o coletivo realizou, no fim da pesquisa, uma experiência de produção de mapa, na qual foi possível registrar os deslocamentos de cada pesquisador em seus trajetos e encontros realizados em campo, nas suas passagens pelos serviços e nos domicílios dos sujeitos acompanhados no território.

Essa proposta foi inspirada no trabalho de Fernand Deligny, escritor, educador, poeta, que trabalhou em diferentes instituições: escola, hospital psiquiátrico, coletivos que se ocupavam de adolescentes considerados infratores e irrecuperáveis, e que construiu uma experiência singular, fora das instituições, baseada na convivência em rede com crianças autistas. Ao longo desse trabalho, Deligny desenvolve uma prática que consta na produção de mapas, a qual se tornará bastante conhecida e explorada em diferentes campos teórico-práticos. Os mapas são desenhados em diferentes tipos de papel, como cartolina e papel vegetal. As linhas que formam um mapa indicam os trajetos realizados pelas crianças e pelos adultos ao longo de um dia, meses ou anos nessa rede de convivência. O dispositivo do mapa surge para dar conta da angústia dos adultos, chamados por Deligny de presenças próximas, que não sabiam o que fazer quando as crianças se machucavam ou sofriam em demasia. Deligny pretendia desviá-los do hábito, próprio aos diferentes profissionais do cuidado, de conduzir um tratamento, de intervir no modo de vida considerado patológico e de interpretar o significado dos gestos e trajetos das crianças.

Com os mapas era possível perceber uma composição de linhas, dentre as quais as linhas costumeiras referentes ao cotidiano de atividades, aos deslocamentos das presenças próximas e as linhas de erro, referentes aos gestos das crianças autistas, seu modo de agir a partir das atividades. Desse modo, se delineava um território de gestos e trajetos que compunham uma rede, com a qual a criança autista podia tomar iniciativas e existir a partir de sua singularidade.

As presenças próximas eram aquelas que produziam os mapas. Nesses mapas, que foram publicados em algumas obras de Deligny (Deligny, 2007), é possível perceber o território geográfico onde adultos e crianças conviviam, a organização dos diferentes lugares, que eram distantes entre si, onde ficavam os acampamentos ou casas abandonadas habitadas cada uma por um ou dois adultos responsáveis por poucas crianças na região de Cévennes,2 localizada no centro-sul da França. Alguns desses locais foram utilizados por mais tempo que outros, mas o local que se manteve ao longo dos 30 anos foi o de Graniers, onde Deligny habitava com uma criança autista e uma presença próxima. Nesse espaço, a rotina habitual era a de atender às necessidades da vida, de modo que os autistas acompanhavam sempre suas presenças próximas que eram para eles como que um centro de gravidade em torno do qual giravam e com o qual partilhavam gestos. Por exemplo, o gesto de cortar a lenha, de amassar o pão e de carregar as formas de pão até o forno, de conduzir as cabras, de buscar água no rio. Esses mapas permitiam observar o estado de corpo de uma criança, por exemplo, no caso em que ela se aproximava de um rio e ficava por um longo período ouvindo o barulho da água ou, em outra situação, em que ela se agitava quando era levada a fazer um passeio que desviava do percurso conhecido que costumava fazer. O que se percebia era a importância daquele território no qual elas podiam viver a sua maneira, reiterando os mesmos trajetos cotidianamente, seguindo um traçado e elegendo alguns pontos de referência que as situavam no espaço.

O trabalho de produção de mapas era diário na experiência em Cévennes, compilando um elevado número de materiais que permitiam acompanhar as mudanças nos gestos e trajetos e perceber novos elementos na convivência com aquelas crianças. Além de ter uma função terapêutica para dar conta da angústia das presenças próximas e de lhes servir de material para conhecer o território e definir as atividades que permitiriam a iniciativa das crianças autistas, pelos gestos e trajetos, os mapas também se tornavam um meio de documentação da experiência, sendo apresentados às famílias das crianças com a intenção de mostrar o cotidiano de convivência e cuidado. Além disso, também operavam como disparador para a escrita de Deligny, que tanto transcrevia algumas atividades e trajetos registrados nos mapas quanto produzia um campo conceitual, tornando-se um material importante para a criação de novos instrumentos de pesquisa.

 

Discussões e resultados

A experiência de captar e dar visibilidade aos movimentos dos pesquisadores

Deligny é um dos autores fundamentais para Deleuze e Guattari em sua formulação de um método da Cartografia. O acesso ao seu trabalho inspirou o caminho cartográfico na pesquisa, pois nos deparamos em nosso processo com um campo comum compartilhado pelos pesquisadores, pelos trabalhadores dos serviços e sujeitos acompanhados.

Começamos a perceber esse campo comum já na produção dos Diários de Pesquisa, que permitiu situar o pesquisador nesse cotidiano de investigação. No fim da pesquisa, quando surgiu a necessidade de desdobrar o exercício do Diário na produção do mapa, esse compartilhamento dos deslocamentos no território apareceu por meio das memórias escritas nesses Diários, como também das memórias do corpo e de questões próprias a outros espaços frequentados pelos pesquisadores que também afetam suas ações e impressões.

Ao traçarmos um mapa, criamos outro modo de documentar a experiência do grupo de pesquisadores, por meio da memória do processo de pesquisa que não se resume a seus resultados. Os traços do mapa indicavam tanto os movimentos dos pesquisadores, previamente definidos nos objetivos da pesquisa, quanto os acontecimentos inesperados que produziram deslocamentos em suas trajetórias. Diferentes temporalidades da experiência apareceram nas linhas desse único mapa, indicando dias, meses, e até mesmo os tempos não cronológicos dos afetos. Tudo isso aparecia de modo emaranhado, com linhas cruzadas mostrando os diferentes deslocamentos e os caminhos regularmente repetidos por todos.

O emaranhado dessas linhas traçadas pelos diferentes pesquisadores produziu um segundo deslocamento, para além daquele dos territórios investigados. Nessa composição coletiva, cada pesquisador sai do controle daquilo que quer registrar e vai sendo levado pelo traçar do mapa, que se esboça com novos elementos que esse traçar permite ver. Diríamos que são as memórias afetivas dos pesquisadores que conduzem sua mão no ato de traçar, além do próprio encontro que ativa memórias já esquecidas. Como pontua Miguel (2015) a respeito do deslocamento da posição do observador na cartografia de Deligny,

A cartografia como método de trabalho inverte assim a necessidade de uma reflexão prévia para em seguida agir; antes, ela impede e interdita essa necessidade. Ela é, desse modo, a forma mesma de uma prática que poderia se traduzir em campos políticos, sociais, estéticos e clínicos, mas a cada vez partindo de seu meio, desviando-os a priori e premissas; uma prática que, sem dúvida, parte da sua posição para assim poder entender a posição que o observador ocupa e enfim poder deslocá-la. (Miguel, 2015, p.12)

Essa concepção de Deligny quanto a desviar o sujeito do controle do seu projeto, da sua preparação prévia para o agir e para traçar as linhas do mapa, traz uma discussão importante, na medida em que acessa aquilo que, no processo de pesquisar, geralmente é abandonado quando tentamos concluir a pesquisa. Não se trata de nos contentarmos com os dados que facilmente reconhecemos, mas de acessar detalhes que apenas aparecem nos trajetos cotidianos da pesquisa pelos quais sempre se descobre algo novo, já que um território é traçado e instalado a partir dos movimentos dos pesquisadores da universidade que se misturam às experiências dos profissionais e usuários habitantes dessa região. É assim que a pesquisa é desviada de um caminho que controla e busca o lugar conhecido da coleta dos dados. O interessante, no processo da pesquisa, é quando o pesquisador encontra aquilo que ele não espera, que ele não conhece, ou seja, quando ele se surpreende.

Mapear as linhas desse percurso operou, portanto, como um dispositivo no trabalho do pesquisador. Podemos dizer ainda que a experiência de produzir um mapa deu visibilidade às dúvidas colocadas sobre os efeitos da presença do pesquisador, como aparece no desenho de um olho com os dizeres "pesquisador/observador"; mostrou um modo de ver os trajetos com linhas indicando os trajetos saindo da universidade em direção à região dos morros e palafitas, onde a pesquisa acontecia e sob uma das linhas a escrita "pesquisar com os pés". Nesse mapa também foram desenhadas impressões dos pesquisadores da universidade produzidas pela visita aos domicílios dos usuários e às unidades de saúde, como a imagem de café e pão mostrando o acolhimento que alguns espaços ofereciam; em outro lugar aparece a palavra imprevisto, indicando as mudanças impostas às combinações iniciais; em outro ponto do mapa aparecem vários traços saindo do desenho de uma unidade de saúde com o nome de uma usuária que pela sua história de vida e pela rede de cuidado construída produziu muitos afetos e questões durante a pesquisa (Figura 1)

Os efeitos desse percurso aparecem nessas errâncias do pesquisador, para utilizar uma expressão de Deligny com relação aos desvios dos trajetos repetidos e reiterados pelas crianças autistas em seu cotidiano na rede de convivência. O pesquisador faz seus desvios na investigação, oscila entre as expectativas e frustrações próprias ao processo. São os corpos dos pesquisadores, é o corpo desse coletivo que conhece seus próprios trajetos por meio dos movimentos desviantes, das surpresas, impedindo que a experiência seja, rapidamente, explicada e interpretada.

Diários e mapas: traçados e trajetos dos pesquisadores

Os dispositivos dos Diários de Pesquisa e do mapa como documentação da experiência foram decisivos para perceber o movimento e as mudanças dos pesquisadores ao longo dessa trajetória de investigação.

Os Diários contam um modo de pesquisar com todos os envolvidos por meio dos trajetos dos pesquisadores, nos dias de visita, passando pelos serviços, onde encontravam os trabalhadores e, posteriormente, seguindo para o domicílio dos sujeitos acompanhados e para outros serviços que constituíam sua rede de cuidado. Quando imprevistos ocorriam e a visita programada era cancelada, outros caminhos começavam a se delinear. Por exemplo, uma situação relatada no Diário foi transcrita no mapa, por meio de um traço que indicava o percurso de um dia de visita. O movimento do traço envolvia um desvio pelo qual o pesquisador indicava que fora surpreendido por um dia de chuva forte e precisou andar um longo trecho da rua, escorado em um muro para conseguir chegar até o domicílio do sujeito acompanhado. Esse acontecimento faz o pesquisador experimentar o encontro com a situação de outra maneira, ou seja, suas percepções quanto ao local que visita, quanto ao tempo de percurso e as conversas que se seguem a partir desse imprevisto são necessariamente novas. Podemos dizer, então, que essa linha de desvio trouxe outros olhares à experiência.

Em outro Diário de Pesquisa, um pesquisador escreve-traça os efeitos de um encontro. Na visita ao domicílio da senhora que acompanhava, o pesquisador é afetado pela sensibilidade com que ela o recebe e com a condição de adivinha-profetiza que ela incorpora.

Após nos aproximarmos, nos cumprimentamos por ali mesmo no meio da rua. Neste momento, destaco o tratamento que recebi dela, me cumprimentando de modo carinhoso, com um beijo na cabeça. Seu gesto prontamente me remeteu ao modo como minha mãe costumava agir comigo e, após lhe expressar esta percepção, para minha surpresa, M. responde dizendo que naquela noite havia conversado com a minha mãe, já falecida. (Diário de Pesquisa, 10/11/2014)

Todo o encontro daquele dia é perpassado por esse laço construído entre o pesquisador e a usuária, de modo que o olhar dela para o entorno, para sua rede de cuidado construída com o serviço é transpassado por esse afeto. Trata-se de outro modo de acompanhar um gesto, de seguir a linha de um modo de vida.

Em outro Diário, também acessamos um relato dos desencontros próprios à experiência do pesquisar. O pesquisador se questiona a respeito do quanto as idas ao território envolvem outra temporalidade, outras vias de comunicação, de entendimento, de pactuação ou mesmo de estado de corpo ao adentrar em outro cotidiano de ações.

Uma das ACS fez um bolo de milho, o qual foi objeto de desejo de todas as ACS. Um bolo bastante famoso. Porém, as demais acabaram não levando nada. Diante da situação, acabei optando por ir à padaria e comprar o restante dos alimentos e sucos para o nosso café coletivo. No caminho fiquei pensando no tema da falta de comunicação. Porém, este tema não atravessara somente as ações daquela equipe. Diante do adiantado da hora e da ausência de meus outros dois colegas pesquisadores, percebo que tal questão estava em jogo também do nosso lado, certamente por motivações distintas. Acabo me recordando que fiquei de enviar um e-mail a meus colegas, mas acabei me esquecendo de fazê-lo. Qual a importância do comunicar-se nessa complicação que envolve o tema das redes? Mais ainda, quais atravessamentos podem estar em jogo, impedindo ou nos impelindo à comunicação? Ainda no trajeto fui pensando o quanto fora difícil parar e fazer articulações com a rede durante meu exercício profissional, seja pela correria do dia a dia, seja pelos telefonemas que não dão certo, seja pelo acúmulo de atividades, seja pela própria dificuldade de uma gestão do tempo. (Diário de Pesquisa, 16/12/2014)

Questões comuns e linguagens e modos de funcionamento distintos. Esse território do pesquisar é composto de uma presença e ao mesmo tempo de uma ausência, do lembrar e do esquecer, do que cada participante consegue fazer em cada situação: levar o bolo, não levar nada, ir à padaria, aguardar os colegas que não foram avisados do encontro.

Essa escrita dos Diários permite ver esses movimentos que pertencem ao coletivo de pesquisadores, tanto o grupo de pesquisa quanto os trabalhadores dos serviços e os sujeitos acompanhados. Essa escrita não é a de um sujeito apenas, ela documenta um processo e dá voz a um coletivo. São os traços e gestos de cada um que saltam por meio das palavras daquele que escreve, enquanto é afetado e está implicado nessa experiência do pesquisar com o outro, e mais do que isso, com e por meio de um território comum.

De outro modo, isso também ocorre no dispositivo do mapa, que registra pelas linhas: imagens, desenhos, palavras, que ao serem expressos, instalam um território. A tentativa de fazer um mapa no fim de pesquisa como dispositivo metodológico, em apenas um dia de encontro dos pesquisadores da universidade, tem um caráter singular que é distinto da experiência de Deligny.

O mapa produzido nesta pesquisa convocou um tipo de corporeidade aos pesquisadores que envolvia realizar essa experiência juntos, misturando as memórias com traçados na cartolina utilizada como material. Esse convite disparou neles muitos afetos e os ajudou a dar consistência ao território que eles mesmos produziram, ao se deslocarem pelas três regiões da cidade, ao encontrarem trabalhadores e usuários das redes de cuidado, ao modificarem seus próprios corpos quando reinseridos no meio universitário. Podemos dizer que o mapa permitiu ver elementos da experiência que geralmente passam despercebidos, que não estão no foco de nossa intenção investigativa.

Ao se observar a imagem que se formava no processo de produção desse mapa, percebia-se a densidade da experiência, que envolvia aproximar distintas linguagens, a dos trabalhadores, das situações e dos pesquisadores; visualizar e conhecer diferentes dimensões presentes nos encontros entre os participantes da pesquisa e ampliar a compreensão e as problematizações que emergem do campo investigativo.

Nesse sentido, entendemos que o exercício processual de traçar mapas indica a constituição de um coletivo e de um plano comum. Trata-se de constituir uma grupalidade para além das dicotomias que regem as relações institucionais e intersubjetivas no âmbito da saúde sobrepujando as fronteiras preestabelecidas das disciplinas e dos saberes para que coletivamente seja possível compreender a complexidade da realidade investigada (Mendes et al., 2016).

Em Crítica e Clínica (1997), Deleuze reforça essa ideia de que o mapa permite ver algo que ultrapassa as individualidades. Dizemos que o papel identitário que define o pesquisador, o sujeito acompanhado e o profissional de saúde é dissipado, na medida em que uma experiência comum é afirmada. O autor sugere que se acompanhe por meio dos trajetos a subjetividade do próprio meio percorrido. Não são as subjetividades individuais, mas um modo de vida compartilhado que produz maneiras singulares de estar no mundo. Ao fazer ver que tanto objeto quanto sujeito são, na verdade, movimentos, trajetos e afetos, Deleuze nos torna sensíveis a outra dimensão de nosso objeto de pesquisa, de modo que as redes de cuidado são cartografadas em seu próprio processo. Segundo o autor,

O trajeto se confunde não só com a subjetividade dos que percorrem um meio, mas com a subjetividade do próprio meio, uma vez que este se reflete naqueles que o percorrem. O mapa exprime a identidade entre o percurso e o percorrido. Confunde-se com seu objeto quando o próprio objeto é movimento. Nada é mais instrutivo que os caminhos de crianças autistas, cujos mapas Deligny revela e superpõe, com suas linhas costumeiras, linhas erráticas, anéis, arrependimentos e recuos, todas as suas singularidades. (Deleuze, 1997, p. 73)

Salientamos que o mapa aparece como um procedimento expressivo que com o traçar permite assimilar, elaborar, dar visibilidade, documentar a experiência, sem reduzi-la a uma leitura interpretativa que encaixaria o processo no problema previamente formulado da pesquisa, que encaixaria os "casos" como expressões da investigação, em vez de considerar as relações expressivas (Orlandi, 2017) que fazem desses usuários e familiares expressão de uma rede de cuidado. O traçar é um modo de sinalizar os movimentos que envolvem um cuidar e fazer rede em saúde e, por isso, é também um modo de produzir conhecimento, dar visibilidade e reconhecer as ressonâncias no corpo do pesquisador e no processo da pesquisa ao se pesquisar com o outro.

 

Considerações Finais

Entendemos que há muitas maneiras de realizar o pesquisar-com, ou seja, um trabalho de investigação comum a todos os participantes de uma pesquisa. O percurso deste grupo ao se ocupar em investigar as redes de cuidado na Atenção Básica acessou essa experiência por meio da escrita, da conversa e do traçado de um mapa. Nas linhas cruzadas dos percursos dos pesquisadores, mapeando um território e as ações entre trabalhadores de saúde e sujeitos acompanhados, foi possível enxergar uma experiência comum, um campo de relações, de deslocamentos de cada participante indicando modos de implicação dos pesquisadores neste projeto.

Os delineamentos teórico-metodológicos desta pesquisa, apostando em uma pesquisa-intervenção de perspectiva cartográfica posta por Deleuze e Guattari, na escrita dos Diários de Pesquisa e na experiência de produção de mapa inspirada em Deligny, permitiu acessar alguns núcleos de sentido da experiência, como as diferentes camadas do que é um cuidado, do que é a produção de redes, de como se constrói uma relação entre universidade e serviço pela presença do pesquisador. Podemos dizer também que, acolher a sensação de angústia surgida nesse processo ao questionarmos a respeito de qual seria a boa medida de uma intervenção em pesquisa é mais um dos efeitos da pesquisa. Ao identificar redes formais e informais, descobrindo os diferentes modos de se construir um cuidado em saúde, os pesquisadores se deparam com ações mais protocolares e hierárquicas, mas também com ações mais intuitivas e em composição com aquele que é cuidado.

No entanto, as disparações trazidas por esta pesquisa não se esgotam nesses núcleos. Sabemos que podemos ainda revisitar esse mapa e esses Diários de Pesquisa, pois há neles muitas percepções sutis, falas dos sujeitos acompanhados, dos trabalhadores das Unidades de Saúde, um modo de afetar e ser afetado por meio desse campo comum construído na pesquisa que alertam para as diversas facetas da produção do cuidado que acontece em rede. Nesse sentido, esta pesquisa foi importante por permitir ver esses diferentes tipos de ação, no entanto, não pôde garantir que as mudanças necessárias para melhor efetuação das redes de cuidado fossem imediatamente realizadas. São pequenas doses de intervenção que se consegue criar com a ação do pesquisar, produzindo minimamente novos questionamentos e construindo com as equipes novos olhares para o cuidado em rede.

Ainda assim, a pergunta quanto à melhor maneira de pesquisar com, quanto ao modo de estar mais presente para reinventar as estratégias de cuidado permanece pulsando nos corpos. Tanto no que diz respeito ao cuidado direto das situações acompanhadas quanto com relação ao cuidado dos trabalhadores das equipes de saúde, os pesquisadores sentem que sua implicação produz efeitos com ações que só virão com o tempo.

Ao analisarmos nosso aprendizado e a forma como processualmente fomos materializando um método de pesquisa, percebemos que os objetivos e valores por nós defendidos foram gradualmente tomando contornos mais claros. O processo de pesquisa configurou-se, assim, como potência formativa, que exigiu uma abertura às sutilezas das relações entre nós pesquisadores, e entre nós e todos os atores envolvidos nesse emaranhado de situações que foram, intencionalmente ou não, sendo produzidas. É preciso manter esse olhar atento aos elementos que pouco se percebem no cotidiano do trabalho, mas que interferem nos modos de promover saúde para que as redes continuem sendo tecidas pelos trabalhadores e usuários sem que a burocratização, o cansaço e as ações individualizadas no campo da saúde as impeçam.

 

Referências

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Recebido em: 23/4/2018
Aprovado em: 14/12/2018

 

 

1 A pesquisa Atenção Básica e a Produção do cuidado em Rede no Município de Santos - São Paulo foi realizada entre os anos de 2014 e 2016, vinculada ao projeto PPSUS-São Paulo, com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp). Dois artigos foram publicados a partir de seus resultados: Maximino, V. S., Liberman, F., Frutuoso, M. F. P., & Mendes, R.(2017). Profissionais como produtores de redes: tramas e conexões no cuidado em saúde. Saúde e Sociedade, 26, 435-447, e Oliveira, E. C. S., Pezzato, L. M., & Mendes, R. (2018). Às margens do cuidado: regulações de gênero em uma equipe de saúde. Physis, 28, 1-20. Também se encontra em elaboração o livro Pesquisar com os pés: deslocamentos no cuidado e na saúde, R. Mendes, A. B. Azevedo & M. F. P. Frutuoso (Orgs.).
2 As habitações organizadas nessa região ocuparam alguns territórios de Cévennes como Graniers, Monoblet, Serret, l'Île dans Bas, Pont-Neuf, Murettes, Ajoncs.

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