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Psicologia para América Latina

On-line version ISSN 1870-350X

Psicol. Am. Lat.  no.7 México Aug. 2006

 

ANÁLISIS Y CONSTRUCCIONES TEÓRICAS EN PSICOLOGÍA

 

A psicologia divulgada através de periódicos científicos indexados e através de revistas de grande circulação do Brasil: um estudo preliminar

 

 

Adriana Benevides Soares; Mara Sizino da Victoria; Alda Maria Angelina Pedrosa Cavalieri; Andréa Giglio Bottino

Universidade Gama Filho (UGF) (Brasil)

 

 


RESUMO

O objetivo deste estudo foi analisar a produtividade dos variados campos de atuação da Psicologia nos anos de 2000 e 2001. Para cumprir este objetivo, este trabalho realiza um levantamento das áreas do conhecimento psicológico publicado em revistas populares, ou seja, de grande circulação nacional e revistas científicas, periódicos do campo da Psicologia. Foram selecionadas 3 revistas populares para comparação e analisadas 777 reportagens, 13 revistas científicas e seus 529 artigos. A conclusão da pesquisa foi que a área da Psicologia Social foi a mais contemplada tanto nas revistas populares como nas científicas. Nas revistas populares a justificativa está numa identificação com o leitor fazendo-o participante do que lê e, assim, a comercialização da revista. No caso das revistas científicas, o que ocorre é que essas publicações servem como veículos de escoamento de uma produção especializada advinda, principalmente, dos programas de mestrado e doutorado na área da psicologia social.

Palavras-chave: Revistas populares, Produção científica, Periódicos.


ABSTRACT

The yield of the various fields of action of Psychology within the years of 2000 and 2001 was the aim of the present study. In view of fulfilling it, the study team made a review of psychological knowledge fields published in popular magazines, i.e., of wide national distribution, and scientific magazines, journals of Psychology. Three popular magazines were selected, for comparison, with 777 articles analyzed, as were 13 scientific magazines with yours 529 articles. The research concludes that the Social Psychology field was privileged, both in popular and scientific magazines. With popular magazines, the reasons lie in identifying with the reader, making him part of what he reads, thus boosting the magazine’s sales. In the case of scientific publications, it occurs that they serve as output vehicles of a specialized yield born mainly of master’s degree and doctorate’s programs.

Keywords: Popular magazines, Scientific yield, Publications.


 

 

I- Introdução

O objetivo deste trabalho é articular a produção de temas em Psicologia através de periódicos científicos indexados e de reportagens divulgadas em revistas não especializadas na área, revistas de grande circulação do país. E ainda, fazer um levantamento dos temas publicados nos periódicos científicos por região do Brasil.

Na produção científica, a quantidade e a qualidade são aspectos centrais em qualquer área do conhecimento, pois são indicadores do seu vigor, constituindo-se em parâmetro para sua mensuração e caminho para o seu desenvolvimento crescente. Outros indicadores da produção de conhecimento são a co-autoria, o índice de colaboração entre pesquisadores em nível nacional ou internacional e o número de citações. Embora não haja uma identidade entre produção científica e publicação, é o volume desta última um dos dados mais concretos para avaliação de sua produção (Yamamoto, Souza e Yamamoto,1999; Yamamoto, 2000). Estima-se que cerca de 1.000.000 de revistas científicas sejam publicadas anualmente no mundo, totalizando algo em torno de 6 a 7 mil artigos científicos escritos diariamente (Yamamoto, 2001). Nos últimos anos, tem havido uma preocupação não só com o aumento da quantidade da produção científica, mas também com a qualidade dos periódicos, sobretudo associada à avaliação do sistema de pós-graduação e aos trabalhos docentes (Yamamoto, Menandro, Koller, LoBianco, Hutz, Bueno e Guedes, 2002).

Em um estudo sobre a produção científica stricto sensu em psicologia editada em revistas científicas indexadas dentro de um conjunto de bases internacionais, Glänzel e Schubert (1985, citado por Yamamoto et al.,1999) indicaram uma participação brasileira de apenas 0,47% do total das publicações. Gibbs (1995), Silva e Baffa Filho (2000) também apontaram este mesmo percentual tomando como base o ano de 1989. Gibbs (1995) caracteriza a produção científica latino-americana como sendo de baixa visibilidade quando comparada à produção de outras origens, já que cerca de 70% dos seus periódicos não estão incluídos em qualquer indexador internacional. Oliveira (1998) constatou que a produção científica brasileira em psicologia representa 1,3% do total de pesquisas de nosso país e de 0,3 % no exterior entre os anos de 1992 a 1996.

Uma segunda forma de divulgação dos temas em psicologia apresenta-os mesclados a assuntos da vida cotidiana sem preocupação com fundamentação teórica e com dados empíricos que os comprovem, espelhando e realimentando uma visão popular da psicologia.

Sendo a produção de temas em Psicologia um assunto relevante e alvo de muitos estudos (ver Yamamoto et al., 1999; Yamamoto, 2000; Yamamoto, 2001; Yamamoto et al. 2002), nesta pesquisa, o interesse incidiu na comparação da divulgação do conhecimento psicológico, tanto dos periódicos científicos indexados como das reportagens divulgadas nas revistas populares em circulação no país, além de traçar um perfil do primeiro tipo de publicação nas diversas regiões geográficas do Brasil.

Os periódicos científicos distinguem-se das revistas populares, principalmente, porque apresentam estudos e teorias que resultaram de uma metodologia científica, feitos por profissionais da área e com interesses específicos. Periódicos científicos atingem um conjunto restrito de leitores com interesses específicos, leitores esses que também podem integrar o conjunto de consumidores de revistas populares. Tanto os artigos científicos quanto reportagens das revistas populares encontram-se veiculados na internet. Além dessa possibilidade, os periódicos científicos estão disponíveis apenas nas bibliotecas de instituições de pesquisa e universidades, enquanto as reportagens das revistas populares são acessíveis em qualquer banca de jornal no Brasil.

As publicações das revistas populares não têm uma preocupação com a metodologia científica, mas sua principal função é divulgar teorias informais acerca do contexto onde o indivíduo se insere, informando-o do que poderia acontecer nas mais variadas situações e proporcionando-lhe mais segurança através do conhecimento. As revistas populares expõem o ambiente cultural, o modo como as pessoas vivem, seus valores e são fatores que influenciam o comportamento dos indivíduos. A formulação de modelos é essencial para seu bem-estar devido às constantes e rápidas mudanças que perpassam nossa sociedade.

Neste sentido, o objetivo deste estudo foi realizar uma análise dos variados temas de atuação da Psicologia nos anos de 2000 e 2001. Comparar as reportagens das revistas populares em circulação e dos artigos científicos em Psicologia permite o conhecimento de quais áreas da psicologia estão sendo mais exploradas tanto nas revistas populares quanto nos periódicos científicos. Existiria congruência dos temas contemplados nas publicações desses dois tipos de veículos? E ainda, as regiões Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste do Brasil apresentariam perfis diferentes quanto às áreas da Psicologia de maior e menor divulgação nos periódicos científicos indexados?

 

II- Metodologia

Instrumentos

Foram utilizados dois instrumentos de classificação, o primeiro, o quadro de áreas e sub-áreas de conhecimentos em Psicologia do CNPq para classificação da área de pertinência de todas as reportagens e artigos científicos, e o segundo, uma ficha construída para seleção e categorização das reportagens de revistas populares. Nos periódicos científicos não houve a necessidade de seleção de artigos, já que todos eram da área da Psicologia. Por isso, só foi utilizada a seção de categorização desta mesma ficha.

Os critérios estabelecidos para seleção de reportagens ou artigos a serem considerados para categorização exigiam que a matéria ocupasse uma página inteira, e que o exame de seu conteúdo permitisse atribuir três palavras-chave pertinentes ao campo da Psicologia, além de somar pelo menos três pontos, consideradas as possibilidades de pontuação que se seguem. Quando o tema central é da área psicológica – 5 pontos; quando dois temas subjacentes são da área psicológica – 3 pontos; quando um tema subjacente é da área psicológica – 2 pontos; quando existe depoimento de psicólogo – acréscimo de mais um ponto aos já obtidos. Quando a reportagem atinge a pontuação mínima estabelecida para seleção tanto no item temático quanto no item palavras chave, como pertinente à área psicológica, a reportagem é selecionada e, ao final, é categorizada a sua pertinência a alguma área da psicologia, segundo a tabela do CNPq – áreas da Psicologia.

O CNPq categoriza as grandes áreas de conhecimento, estando a Psicologia inserida na grande área de Ciências Humanas. A Psicologia abrange dez diferentes especialidades de conhecimento, que são as utilizadas nesta pesquisa, para classificar os artigos científicos e as reportagens populares, a saber; 1– Fundamentos e Medidas em Psicologia; 2– Psicologia Experimental; 3– Psicologia Fisiológica; 4– Psicologia Comparativa; 5– Psicologia Social; 6– Psicologia Cognitiva; 7– Psicologia do Desenvolvimento; 8– Psicologia do Ensino e Aprendizagem; 9 – Psicologia do Trabalho e Organizacional 10 –Tratamento e Prevenção psicológica.

Material

Os periódicos selecionados para a pesquisa eram indexados em bancos de dados nacionais ou internacionais, critério este utilizado como indicativo de reconhecimento acadêmico. Todos os periódicos utilizados nesta pesquisa eram indexados pela Psycinfo, Lilacs ou Scielo. O banco de dados PsycINFO reúne a literatura na área de Psicologia desde 1987 até o presente, estando vinculado à American Psychological Association – APA. A Lilacs compreende a literatura relativa às Ciências da Saúde e é uma base de dados da cooperativa do Sistema Bireme / Centro Latino Americano e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde. O Scielo é uma biblioteca eletrônica que abrange uma coleção selecionada de periódicos científicos brasileiros – Scientific Electronic Library Online.

Foram contabilizados 50 periódicos indexados distribuídos nas várias regiões e estados do Brasil, com exceção da região Norte. Na região Sul são editados 08 (16%) periódicos indexados que estão distribuídos entre os estados do Rio Grande do Sul com 05 periódicos e do Paraná com 03 periódicos. A região Sudeste é a que reúne grande concentração de periódicos indexados em três de seus estados: São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, com respectivamente 28, 08 e 02 periódicos indexados cada um.

O estado de São Paulo é aquele que apresenta maior concentração de edição de periódicos científicos indexados - 28 (56%) - confirmando a idéia de que os grandes centros urbanos reúnem centros universitários com uma eficaz produção científica. O estado do Rio de Janeiro apresenta 08 periódicos científicos indexados, o equivalente a 16% das edições e quase a quarta parte da produção encontrada no estado de São Paulo. Yamamoto et al. (1999) e Silva e Baffa Filho (2000) já haviam detectado que a produção científica no Brasil era mais concentrada na região Sudeste: eixo São Paulo – Rio.

Na região Nordeste os estados do Rio Grande do Norte e do Ceará têm, cada um deles, um periódico científico indexado. Na região Centro-Oeste apresenta-se o Distrito Federal com dois periódicos indexados.

Não foi encontrado periódico indexado em qualquer estado da região Norte.

Do total de 50 periódicos científicos indexados decidiu-se utilizar 13 (atendendo critério de 25%). Das regiões Sudeste e Sul, que reúnem, respectivamente, 76% e 16% dos periódicos, foram selecionados 9 (Sudeste) e 02 (Sul). As regiões Nordeste e Centro-Oeste reúnem, cada uma, 4% dos periódicos, o que levou à seleção de 01 periódico de cada região, para que ambas estivessem representadas.

Em 1998, a partir da solicitação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e da iniciativa da Associação de Pesquisa e Pós-Graduação em Psicologia (ANPEPP) foi criada uma comissão para avaliação das revistas científicas em psicologia, tendo sido este trabalho, realizado em duas etapas (março de 1999 e setembro de 2000). Os periódicos foram avaliados em vinte e oito itens por uma comissão formada por especialistas na área, mas foram classificados a partir de quatro itens extraídos da escala geral e cuja pontuação utilizamos para seleção dos periódicos científicos indexados participantes desta pesquisa.

Para seleção dos periódicos científicos indexados desta pesquisa utilizou-se a avaliação da CAPES-ANPEPP (Sabadini e Sampaio, 2000) priorizando três critérios, a saber: 1) serem editados em 2000 e 2001; 2) terem circulação nacional em 2000; 3) terem melhor escore de qualidade (média 1999/2000).

Segundo a avaliação CAPES – ANPEPP, a revista de melhor escore da região Nordeste é “Estudos de Psicologia” da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, UFRN. A região Centro-Oeste é representada por “Psicologia: Teoria e Pesquisa” da Universidade de Brasília – UnB. A região Sudeste, no Rio de janeiro, por “Arquivos Brasileiros de Psicologia” da Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e “Revista do Departamento de Psicologia - UFF” da Universidade Federal Fluminense. Na mesma região, em São Paulo, por “Cadernos de Psicologia” e Temas em Psicologia” (ambos da Sociedade Brasileira de Psicologia, sediada em Ribeirão Preto), “Psicologia USP” (Universidade de São Paulo), “Revista Estudos de Psicologia” (PUC-Camp), “Paidéia” (USP, em Ribeirão Preto), “Boletim de Psicologia” (Sociedade de Psicologia do Estado de São Paulo) e “Psico-USF” (Universidade São Francisco, em Bragança Paulista). A região Sul está representada por “Psicologia: Reflexão e Crítica” da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS e “Psicologia em Estudo” da Universidade Estadual de Maringá – UEM.

Estes periódicos evidenciam a pouca quantidade de produção científica, seja porque sua produção é onerosa, ou pela escassa utilização que têm entre os próprios especialistas da área (Aguiar Netto, 1988). Foram elas escolhidas para fazer parte desta pesquisa, pois representam a produção científica em Psicologia em diferentes regiões do Brasil. Krgyzanowski e Ferreira (1998) apontam ainda que há irregularidade na publicação e distribuição dos periódicos, falta de normatização dos artigos e dos periódicos e ausência de corpos editorais e consultores qualificados.

Sobre as revistas populares participantes desta pesquisa, sua participação obedeceu aos seguintes critérios: terem circulação nacional; serem revistas similares no seu formato, periodicidade, público alvo, editoração e vinculação com editoras diferentes. As três revistas populares serão designadas “X”, “Y”, e “Z” evitando-se sua identificação por serem produtos comerciais.

A delimitação dos anos de 2000/2001 foi uma escolha baseada em dados atuais procurando visualizar o que circula hoje no país pertinente ao conhecimento de psicologia.

Procedimentos

Para a seleção e categorização das reportagens das revistas populares avaliadas quanto à pertinência de seu conteúdo à área psicológica foi utilizada a seguinte metodologia: leitura completa de seu conteúdo por dois especialistas, 1 doutor em psicologia e 1 mestre em psicologia; avaliação do conteúdo como pertinente ou não à área psicológica; organização cronológica em que as revistas foram editadas (4 exemplares mensais) e classificação de cada reportagem. Cada reportagem só podia ser classificada em uma única área de conhecimento da psicologia. Ainda que alguma pudesse ser veiculada a mais de uma área, era classificava na área de maior ênfase.

Quanto aos artigos científicos, realizou-se a seleção apenas dos periódicos. Para classificar tanto os artigos dos periódicos científicos como as reportagens das revistas populares, quanto à pertinência à área psicológica, foi utilizada a classificação determinada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para a Psicologia.

 

III- Resultados e Discussão

III.1. Análise das Revistas Populares por Área da Psicologia

A seleção resultou em quantidades diferentes de reportagens para cada revista popular: 387 na revista “X”, 178 na “Y”, e 212 na “Z. O histograma abaixo demonstra o perfil por área de conhecimento da Psicologia das três revistas:

Histograma I

Número de Reportagens das Revistas Populares Classificadas Por área de conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

Como se pode notar no histograma, a área mais privilegiada das revistas populares foi a Psicologia Social (53,28%, N= 414), seguida da área de Tratamento e Prevenção (18,40%, N= 143). Isso pode ser justificado porque a Psicologia Social e a área de Tratamento e Prevenção contemplam focos de interesses próprios do cotidiano das pessoas, aproximando as vivências do dia a dia dos estudos teóricos sobre, por exemplo, a violência, a educação, a justiça, saúde física e psíquica, o que poderia indicar um reflexo do momento social, da cultura física do corpo e da influência de assuntos que promovem a sintonia mente/corpo como indispensáveis para uma boa qualidade de vida. Sua maior divulgação pode se dar devido a esta íntima relação em que os indivíduos se vêem inseridas no que é retratado. Além disso, estas áreas atendem a demanda de seus leitores, aos anseios e as expectativas da população, explicando muitos dos problemas sociais e de saúde imediatos do cotidiano das pessoas.

As áreas menos contempladas foram Psicologia do Trabalho e Organizacional e Psicologia Fisiológica (9,27%, N= 72 e 9,91%, N= 77, respectivamente); Fundamentos e Medidas, Psicologia Comparativa (ambas com 0,39%, N = 3), Psicologia Cognitiva (0,51%, N= 4), Psicologia Experimental (2,32%, N = 18), Psicologia do Ensino e Aprendizagem (2,57%, N= 20), Psicologia do Desenvolvimento Humano (2,96%, N= 23), estas últimas refletindo áreas de saber psicológico menos compartilhadas com o senso comum.

A procura por leitura de reportagens divulgadas pelas revistas e jornais populares em circulação no país justifica-se pela necessidade que o homem tem de compreensão dos seus próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos para sentir-se mais seguro e feliz, procurando explicação para seus anseios nestes textos escritos numa linguagem menos técnica e mais compreensível para ele como leigo. Pode-se referir a estes textos como as teorias implícitas sobre o conhecimento em Psicologia, no qual predominam as que são compartilhadas por um grupo de pessoas (Brochier,1999).

III.2. Análise Geral dos Periódicos Científicos Indexados por Área da Psicologia

Os 13 periódicos científicos representam as diversas regiões do Brasil e, portanto, suas diversidades inerentes. Todos os periódicos somaram 529 artigos científicos. O perfil das áreas da Psicologia publicado nos periódicos científicos fica bem visualizado no histograma abaixo:

Histograma II

Número de Artigos dos Periódicos Científicos classificados por Área de Conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

No histograma está claro que a área da Psicologia Social é a que mais teve artigos (30,25%, N= 160). Em seguida, três áreas se destacaram, a saber: a Fundamentos e Medidas (17,20%, N= 91), Tratamento e Prevenção (15,50%, N= 82) e Psicologia Cognitiva (13,24%, N= 70). As outras áreas tiveram pouca representatividade, como a Psicologia do Ensino e Aprendizagem (7,18%, N= 38), Psicologia Experimental (5,48%, N= 29) e Psicologia do Desenvolvimento (4,91%, N= 26). As áreas com menos publicação foram a da Psicologia do Trabalho e Organizacional e Psicologia Fisiológica (ambas com 2,83%, N= 15 e a Psicologia Comparativa (0,57%, N= 3).

Os resultados relativos às áreas encontradas nas revistas científicas demonstram, em grande parte, o escoamento da produção intelectual dos mestrados e doutorados do nosso país. Dos 46 cursos de pós-graduação em Psicologia no Brasil, 17,4% são explicitamente de Psicologia Social e 21,7% são das áreas de Saúde, explicando o alto percentual também em Tratamento e Prevenção. Muitos outros programas, porém, sobre a rubrica geral de Psicologia, apresentam em sua maioria áreas de concentração em clínica, social e saúde, deixando, apenas, 26% das propostas de mestrado e doutorado contemplando todas as demais áreas da Psicologia, o que pode ser relacionado ao alto número na área de Fundamentos e Medidas, o que inclui a construção e validação de medidas psicológicas, história e sistemas em Psicologia, toda a metodologia, instrumentação e equipamento, além de técnicas de processamento estatístico, matemático e computacional em Psicologia. Sendo assim, é natural que encontremos, prioritariamente contempladas nos periódicos científicos, as áreas da Psicologia Social, Fundamentos e Medidas e do Tratamento e Prevenção.

III.3. Análise Específica por Região do Brasil dos Periódicos Científicos Indexados por Área da Psicologia

Esta análise foi feita com os 13 periódicos científicos indexados e seus 529 artigos divididos por 4 regiões brasileiras: o Nordeste, Sul, Sudeste e Centro-oeste. A região Norte ficou excluída da análise porque não foi encontrado periódico indexado em qualquer estado da região.

III.3.1. Região Nordeste

Histograma 3

Número de Artigos dos Periódicos Científicos da Região Nordeste Classificados por Área de Conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

A área que mais se destacou foi a Psicologia Social (30,30%, N= 10), seguida da Psicologia do Ensino e Aprendizagem (18,18%, N= 6) e Psicologia Cognitiva, Psicologia do Trabalho e Organizacional, Tratamento e Prevenção (12,12%, N= 4). Não houve artigos nas áreas da Psicologia Fisiológica e Psicologia Comparativa. Já as outras, o percentual foi baixo: Psicologia Experimental (9,09%, N= 3), Fundamentos e Medidas e Psicologia do Desenvolvimento (ambas 3,03%, N= 1).

III.3.2. Região Sul

Histograma 4

Número de Artigos dos Periódicos Científicos da Região Sul Classificados por Área de Conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

 

Na região sul, Psicologia Social (29,08%, N= 41) e Psicologia Cognitiva (24,11%, N= 34) foram as áreas de maior produção científica. Nas áreas de Fundamentos e Medidas e de Tratamento e Prevenção houve publicação (14,18%, N= 20 e 11,35%, N= 16, respectivamente). Nas outras áreas, o percentual foi baixo, mas em todas houve algum trabalho publicado: Psicologia do Desenvolvimento (7,09%, N= 10), Psicologia Fisiológica e Psicologia do Ensino e Aprendizagem (ambas 4,25%, N= 6), Psicologia Experimental (3,55%, N= 5), Psicologia do Trabalho e Organizacional (1,42%, N= 2), Psicologia Comparativa (0,71%, N= 1).

III.3.3. Região Sudeste

Histograma 5

Número de Artigos dos Periódicos Científicos da Região Sudeste Classificados por Área de Conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

A região sudeste teve como área predominante a Psicologia Social (30,42%, N= 94), seguida da área de Tratamento e Prevenção (20,71%, N= 64) e Fundamentos e Medidas (17,47%, N= 54). As áreas restantes obtiveram percentuais baixos, mas não houve nulidade: Psicologia Cognitiva (8,41%, N= 26), Psicologia do Ensino e Aprendizagem (7,77%, N= 24), Psicologia Experimental (6,47%, N= 20), Psicologia do Desenvolvimento (3,89%, N= 12), Psicologia Fisiológica (2,59%, N=8), Psicologia do Trabalho e Organizacional (1,94%, N= 6), Psicologia Comparativa (0,32%, N=1).

III.3.4. Região Centro-oeste

Histograma 6

Número de Artigos dos Periódicos Científicos da Região Centro-oeste Classificados por Área de Conhecimento da Psicologia dos anos de 2000 e 2001

 

As áreas de maior evidência foram a Fundamentos e Medidas (36,21%, N= 21) e Psicologia Social (29,31%, N= 17). Na área da Psicologia Cognitiva, algumas produções foram publicadas (13,80%, N= 8), mas nas outras o percentual foi baixo e nulo: Psicologia do Desenvolvimento, Psicologia do Trabalho e Organizacional (ambas com 5,17%, N= 3), Psicologia do Ensino e Aprendizagem, Tratamento e Prevenção (3,45%, N= 2), Psicologia Experimental, Psicologia Fisiológica (1,72%, N= 1) e nulidade para Psicologia Comparativa.

 

IV- Considerações finais

Existe uma consonância no que diz respeito à área da psicologia mais difundida, tanto nos meios de comunicação populares quanto nos científicos, apesar de atribuirmos causas diferentes a esta aparente coincidência. No caso das revistas populares, uma identificação com o leitor que faz com que a revista comercialize o tema fazendo com que o indivíduo sinta-se partícipe do que lê; no caso das revistas científicas, veículos de escoamento de uma produção especializada, advinda, principalmente, dos programas de mestrado e doutorado na área da Psicologia Social.

Na análise dos periódicos científicos indexados das diferentes regiões geográficas do Brasil, nota-se também uma tendência para um maior número de publicações na Psicologia Social, porém, com uma maior distribuição de produção em outras áreas também, o que não ocorreu com as revistas populares.

A categorização das reportagens e dos artigos serviu para dar uma visão ampla de como os temas da Psicologia estão distribuídos nos veículos de comunicação. Além disso, foi uma contribuição no sentido de colocar em ênfase a produção de conhecimento psicológico no Brasil, não só nos meios formais – nos periódicos científicos – como também nos meios onde leigos também têm acesso – as revistas populares.

 

IV- Referências

  • Aguiar Netto, M. C. (1988). “A produção do conhecimento psicológico fora do espaço acadêmico”. In Conselho Federal de Psicologia (Org.) Quem é o psicólogo brasileiro? São Paulo: Edicon, 988, 123-137.
  • Brochier, A. C. (1999). Das concepções da inteligência: uma pesquisa exploratória. Dissertação de Mestrado não publicada, Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro.         [ Links ]
  • Gibbs, W. W. (1995). “Lost science in the third world”. Scientific American, 76-83.
  • Krgyzanowski, R. F. & Ferreira, M. C. G. (1998). “Avaliação dos periódicos científicos e técnicos brasileiros”. Ciência e Informação. 27 (2) 165-175.
  • Oliveira, M. A. P. S. (1998). Comprometimento organizacional e com a carreira: influência sobre a produção científica de pesquisadores brasileiros. Dissertação de Mestrado não publicada, Pós-Graduação em Psicologia. Brasília, D.F: UNB.         [ Links ]
  • Sabadini, A. Z. P. & Sampaio, M. I. C. (2000). “Avaliação das revistas científicas em Psicologia. CAPES – ANPEPP”. Serviço de Biblioteca e Documentação do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo.
  • Silva, J. A. & Baffa Filho, O. (2000). “A Centralização do Saber”. Paidéia: cadernos de psicologia e educação, 10 (19), 08-11.
  • Yamamoto, O. H; Souza, C. C. & Yamamoto, M. E. (1999). “A produção científica na psicologia: uma análise dos periódicos brasileiros no período 1990-1997”. Psicologia: Reflexão e Crítica, 12 (2) 549-565.
  • Yamamoto, O. H. (2000). “Publish or Perish: o papel dos periódicos científicos”. Estudos de Psicologia (Natal), 5 (1) 3-9.
  • Yamamoto, O. H. (2001). “Vale a pena avaliar periódicos científicos?”. Estudos de Psicologia. (Natal), 6 (2) 129-131.
  • Yamamoto, O. H., Menandro, P. R. M. Koller, S. H.; LoBianco, A. C.; Hutz, C. S.; Bueno, J. L. O & Guedes, M. C. (2002) “Avaliação de periódicos científicos brasileiros da área da psicologia”. Ciência e Informação, 31 (2) 163-177.

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