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Psicologia para América Latina

versión On-line ISSN 1870-350X

Psicol. Am. Lat.  n.11 México sep. 2007

 

LA PSICOLOGÍA EN LA TRANSFORMACIÓN EDUCATIVA

 

A concepção dos professores a respeito da atuação do psicólogo nas escolas privadas/ensino fundamental-Teresina

 

 

Sheyla Karoline da Silva Gomes; Algeless Milka Meireles*

Universidade Estadual do Piauí – UESPI (Brasil)

 

 


RESUMEN

El psicólogo educativo (PEE) centra su actuación en la mejoría del proceso enseñanza-aprendizaje, ligando a la educación sus dimensiones psicológicas y contribuyendo a la formación integral del discente. Este trabajo tiene como objetivo averiguar la concepción del profesor acerca de la función del psicólogo educativo/escolar.Participaron en el estúdio 14 profesores de las escuelas de red particular de enseñanza de Teresina-PI, en lãs cuales se aplicaron cuestionários semiconducidos. Los datos apuntan concepciones combinadas en cuatro categorias acerca de la función del PEE: “resolver problemas de enseñanza-aprendizaje; desrrollar trabajo interdisciplinario, “ayudar a profesores y familiares a entender y trabajar con comportamientos y dificultades de aprendizaje; “orientar a profesores” que “ desconocen su función”. A pesar de que los datos revelan concepciones aproximadas acerca del papel del PEE, nos preocupa los relatos que nos consideran fiscales de la actuación interdisciplinária distorsionando su función esencial que es de subvencionalos y contribuyendo a mejorar la calidad de la enseñanza y promoviendo la formación ciudadana.

Palabras clave: Psicólogo educativo/escolar, Concepciones, Profesores.


RESUMO

O psicólogo educacional/escolar (PEE) possui sua atuação voltada para a melhoria do processo ensino-aprendizagem, vinculando à educação suas dimensões psicológicas e contribuindo para a formação integral do educando. Este trabalho tem como objetivo verificar concepções de professores acerca do papel do psicólogo educacional/escolar. Participaram do estudo 14 professores de escolas da rede particular de ensino de Teresina-PI, aos quais se aplicaram questionários semi-dirigidos. Os dados apontam concepções agrupadas em quatro categorias sobre a função do PEE: “resolver problemas de ensino-aprendizagem”; “desenvolver trabalho interdisciplinar”, subsidiando professores e familiares a entender e lidar com comportamentos e dificuldades de aprendizagem; “fiscalizar educadores” e “desconhecem sua função”. Apesar dos dados revelarem concepções aproximadas acerca do papel do PEE, preocupa os relatos que o consideram fiscal da atuação dos demais educadores, visto que compromete a atuação interdisciplinar, deturpando sua função essencial de subsidiá-los, contribuindo para melhorar a qualidade do ensino e promovendo a formação cidadã.

Palavras-chave: Psicólogo educacional/escolar, Concepções, Professores.


ABSTRACT

The educational psychologist possessed his action come back for the improvement of the process teach-learning, linking the its education psychological dimensions contributing for the integral formation of him educating. This work has like objective verify the conceptions of teachers about the paper of the educational psychologist. They participated of the study 14 teachers of schools of the private net of education of Teresina-PI, to the which will apply questionnaires are driven. The facts aim conceptions grouped in four categories about the function of the educational psychologist: “solve problems of education-learning”, develop work interdiscipline, subsidizing professors and family it understand it deal with behaviors and difficulty of learning; check teachers that do not know its function. Despite of the facts will reveal conceptions approached around the paper of the educational psychologist, concern the accounts that the consider fiscal of the action of the too teachers, seen that compromises the action interdiscipline, distorting his essential function of subsidize-the, contributing for improve the quality of the education and promoting the citizen formation.

Keywords: Educational/School Psychologist, Conception, Teachers.


 

 

01. INTRODUÇÃO

1.1 História da psicologia

A psicologia é uma ciência que procura compreender o Homem, seu comportamento, para facilitar a convivência consigo próprio e com o outro; e seu objetivo tem variado ao longo do tempo e sua pré-história confunde-se com a própria história da Filosofia. E no sentido etimológico, seria a ciência da alma ou o estudo da alma, concedendo durante muitos séculos à Psicologia, a definição de estudo da alma. Teles (1999)

O rompimento brusco neste conceito se deu com René Descartes (1596-1650), cuja teoria do dualismo psicofísico-distinção entre corpo e mente - impregnou as idéias da época e influenciou toda a Psicologia posterior. Assim, durante muito tempo, precisamente por duzentos e cinqüenta anos, a Psicologia passou a ser o estudo da mente ou da consciência.

Segundo Teles (1999), nos séculos XVIII e XIX, duas grandes correntes dominavam o pensamento ocidental: o empirismo e o racionalismo; que contribuíram também para a construção da Psicologia. Mais tarde surgiu o associacionismo, considerado por muitos como a verdadeira ruptura entre Psicologia e Filosofia. O que mais tarde, ocasionou a "entrada" das ciências, Física e Biologia, que em conjunto com a psicologia desenvolveu uma característica experimental à mesma.

O nascimento da psicologia como disciplina autônoma ocorreu em Leipzig, na Alemanha, em 1879, quando Wunt estabeleceu o primeiro laboratório dedicado ao estudo da psicologia. E no início do século XX, com o aparecimento das chamadas escolas psicológicas: Estruturalismo, Funcionalismo, Behaviorismo, Gestaltismo e Psicanálise, ocorreram um rompimento com o dualismo implícito na Psicologia, então definida como a ciência do psiquismo ou dos fatos da consciência; levando a mesma a ter, seu campo próprio de estudo. Teles (1999).

1.2 A Psicologia no Brasil

A penetração da Psicologia como ciência autônoma da cultura brasileira deve ser vista sob o ângulo de seu desenvolvimento em termos gerais.

Viu-se, que, desde os tempos da colônia, há preocupações com os fenômenos psicológicos, relevada pelos conteúdos de obras oriundas de diversas áreas do saber, tais como Teologia, Filosofia Moral, Pedagogia ou Medicina. E que, é necessário reiterar que muitas das preocupações, contidas nestas obras, articulam-se como instrumentos de controle sobre a população colonial, atendendo aos interesses e necessidades da sociedade vigente da época Antonis (2003).

Sobre o pensamento psicológico propriamente dito, sua principal característica é ser tratada no interior de outras áreas do saber, tal fato que teve significativa mudança em períodos posteriores. E com a vinda da Corte Portuguesa para o Brasil, foram criadas algumas instituições - destaque para Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro e da Bahia - que vieram contribuir para o desenvolvimento qualitativo e quantitativo, na produção do pensamento psicológico da época Antonis (2003).

Além das Faculdades de Medicina e a elas relacionadas, surgiram os hospícios, por volta de 1930, e os mesmos serviam como um local de controle e saneamento da cidade, assim como de exclusão para pessoas não apitas ao convívio social; como o "louco", por exemplo. E mais tarde, os hospícios, vêm demonstrar uma preocupação com fenômenos psicológicos, de maneira diferenciada do que havia até então ocorrido; dando subsídios para o desenvolvimento da Psiquiatria.

Segundo Antonis (2003), vale a pena destacar aqui o trabalho de Ulysses Pernambucano, que produziu obras na área propriamente psiquiátrica, porém concebendo a "loucura" sob um ângulo mais psicológico que médico, além de ser o pioneiro no projeto de educação para crianças com deficiência mental, produtor de pesquisas psicológicas e formador de muitos pesquisadores nessa área. Assim como, Manoel Bomfim concebe o fenômeno psicológico como indissociável do processo socialização e mediatizado pela linguagem, entendendo o psiquismo como sendo determinado por fatores históricos e sociais. E assume uma postura crítica em relação aos laboratórios que estudam os fenômenos psicológicos complexos, de forma isolada, e não são aprendidos em sua totalidade, por meio de todas as formas pelas quais se manifestam no processo histórico-social.

Helena Antipoff foi também uma grande empreendedora na criação de instituições educacionais para "crianças com deficiência", "menores abandonados" e crianças da zona rural; bem como, pesquisas que concluem que a inteligência é determinada pelas condições sócio-econômico-culturais. Antonis (2003)

Não devemos esquecer das revoluções que ocorreram no país. Uma delas a Revolução Industrial, e que deu subsídios para um maior desenvolvimento da Psicologia no Brasil. E com isso, houve toda uma preocupação de desvincular a imagem da Psicologia como uma ciência elitista, para algo mais social e que pudesse atender também às necessidades das camadas menos desfavorecidas (operários das indústrias).

De acordo com Antonis (2003), grandes transformações vieram a ocorrer também no âmbito das idéias psicológicas, que lançam as bases para que possamos nos referir à Psicologia como ciência autônoma, e que deve ser vista sob o foco das condições histórico-sociais. E nesse contexto, essa ciência conquistou seu próprio espaço como área de conhecimento e campo de ação, concomitante e diretamente relacionado à entrada de teorias, modelos de atuação e técnicas de Psicologia, já na condição de ciência autônoma tal como concebida na Europa e nos Estados Unidos. Entretanto, seu desenvolvimento não ocorreu deforma isolada, pois a evolução geral da Psicologia nos países citados acima, constituiu-se como elemento fundamental para que, integrando-os aos fatores locais, pudessem em conjunto gerar as condições que possibilitaram efetivar a Psicologia como ciência e prática no contexto social brasileiro.

De acordo com esse contexto, é possível dizer que o período que vai da última década do século XIX à terceira década do século XX, no Brasil, foi o momento histórico em que a Psicologia alcançou sua autonomia em relação às outras áreas de conhecimento, tornando-se como ciência independente e, integrando-se a vários campos da vida social brasileira. E com isso, além de seu reconhecimento como ciência autônoma, iniciou-se o processo de sua efetivação como profissão, que foi regulamentada pela Lei nº 4.119, em 27 de Agosto de 1962, e estabeleceu o currículo mínimo do curso para as Universidades de Psicologia, que se constituíam como originárias de seus cursos superiores Antonis (2003).

1.3 Psicologia Escolar

A psicologia escolar, segundo Guzzo (2002), surgiu de legítimas necessidades educacionais e escolares, principalmente em ocorrência de problemas de aprendizagens e comportamentos apresentados por alunos. Gomes (1999) ressalta que sua importância serve como "instrumento dinâmico", podendo ser utilizado para beneficiar o processo ensino-aprendizagem.

Rossi (1996) afirma que a psicologia escolar é uma área desconhecida pelos profissionais de educação, sejam eles professores diretores, "burocratas das delegacias de ensino" ou estudantes de psicologia que atuam sob um olhar ultrapassado e restrito no que se refere ao que pode ser desenvolvido pelo psicólogo escolar. A expectativa que se tem sobre os serviços que um psicólogo pode prestar, volta-se para a psicologia clínica, ou seja, restringe-se ao atendimento do aluno problema, na tentativa de diagnosticar e modificar comportamentos considerados inadequados.

Durante 50 anos que se seguiram ao nascimento da Psicologia, seu crescimento, incluindo a psicologia escolar, ocorreu amplamente nos países da América do Norte e Europa Ocidental e somente após a segunda Guerra Mundial, as dimensões internacionais da psicologia escolar começaram a ser reconhecidas. Foram coletados informações de 43 Ministérios da Educação em países desenvolvidos e em desenvolvimento, a respeito da função, preparação e características gerais da psicologia, assim como a regulamentação da disciplina, e os resultados indicaram que a psicologia tinha adquirido um imenso interesse entre educadores e outras autoridades educacionais Guzzo (2001).

Segundo Guzzo (2001), para que a psicologia escolar se desenvolva em país, é necessário levarmos em conta as condições internas em que se encontra o mesmo, assim como sua realidade econômica; visto que, a qualidade nos serviços da psicologia escolar tende a existir em países que dão um alto valor na educação e cujo sistema educacional está bem desenvolvido. E além desses, alguns problemas podem por em risco o desenvolvimento da psicologia escolar, como a falta de profissionalismo dos psicólogos escolares, descrições vagas e inapropriadas da profissão, "dificuldades" na preparação de normas, poucos P.Es. são preparados para a pesquisa e a insatisfação profissional por parte de alguns profissionais.

Assim, a Associação Internacional de Psicologia Escolar, representado a necessidade de uma ética profissional mais séria, adotou um regulamento ético para seus membros (Oakland, Goldman e Bischoff, 1991).

O prestígio profissional dos psicólogos escolares é pequeno. Os que trabalham na área recebem pouco reconhecimento pelos seus serviços, são limitados de oferecer um maior número de serviços, recebem salários baixos e ouvem que seus serviços são "dispensáveis" Guzzo (2001).

A inserção do psicólogo escolar no ambiente escolar é de fundamental importância, pois, além de contribuir no processo de melhoria da qualidade de ensino; fornece à educação suas dimensões psicológicas Pandolfi (1999).

Segundo Rossi (1996), ainda hoje se discute a respeito do papel do psicólogo na área escolar, na busca de identidade profissional permeada por objetivos claros, que possam determinar uma atuação mais direcionada. Assim, mudanças estão ocorrendo, orientadas talvez, pela própria prática profissional, direcionadas à descobertas de novos rumos na sua atuação.

A Psicologia Escolar no Brasil teve seu início marcado mais pela psicometria. Durante meio século, os serviços psicológicos se caracterizavam pela avaliação de prontidão escolar, organização de classes, diagnósticos e encaminhamento para serviços especializados. Era uma atuação marcadamente remediativa com nuances do modelo médico dentro da situação escolar Guzzo (2001).

A formação do P.E. se dá no âmbito do curso como um todo de forma não claramente definida, pois tal profissional tem sido preparado como um "psicólogo generalista". Com um sistema educacional repleto de problemas e dificuldades intrinsecamente relacionadas a questões sociais e políticas, o psicólogo escolar no Brasil necessita de formação especializada para atuar com competência frente a estes desafios Guzzo (2001).

Diante desta realidade a Constituição da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional (1988) e a realização do 1º Congresso Nacional de Psicologia Escolar em 1991, foram iniciativas que marcaram o início do desenvolvimento da Psicologia Escolar no Brasil como área de conhecimento científico e de atuação profissional Guzzo (2001).

1.4 A atuação do psicólogo escolar

Novaes (1996) fala do papel que o psicólogo tem em relação à necessidade da melhoria do processo educativo; bem como de promover uma mudança social. O psicólogo escolar também está relacionado com sua capacidade de auxiliar os indivíduos a enfrentar futuras situações que lhes afetarão em sua vida.

Então, para que o psicólogo escolar (P.E.) tenha êxito no contexto escolar, é necessário que o mesmo inicie sua ação conhecendo a instituição onde vai atuar. Não esquecendo que o ensino-aprendizagem por ser dinâmico, multidimensional, necessita ser realizado com a colaboração da "equipe", ou seja, com os demais funcionários da escola, realizando um trabalho interdisciplinar.

Ribeiro e Guzzo (1987) afirmam que:

"O psicólogo escolar deve ter objetivos mais amplos do que remediar problemas individuais. Se o trabalho do psicólogo na escola se restringir ao atendimento do aluno-problema, estará não só limitando sua atuação, a qual poderia, se de outra forma, atingir um número maior de estudantes, como também estará contribuindo diretamente para a manutenção do modelo educacional vigente e que é a origem e a causa de muitos dos problemas encontrados nas escolas."

O P.E. encontra muitas dificuldades para sua atuação. Essas vão, desde a falta de uma lei federal que exija sua permanência na escola, até, a certa resistência por parte dos outros profissionais da escola (corpo docente, orientadores, supervisores, serviços gerais, etc). Além do fato que, a presença de um psicólogo na escola demanda um "gasto extra" para instituição e a sensação de "vigilância" aos funcionários. No entanto, sua necessidade no ambiente escolar vem sendo reconhecida paulatinamente, pois sua presença é solicitada com mais freqüência, tendo em vista sua significativa importância no processo da qualidade de ensino.

Vale lembrar que, como se trata de uma profissão relativamente recente, a função do P.E. tem sido percebida de forma errônea pela escola, sociedade, pelos pais, alunos e até mesmo entre os próprios psicólogos. Fato esse que, auxiliou em uma imagem de que o P.E. é dotado de "poderes" capazes de solucionar todo e qualquer problema relacionado aos alunos e/ou escola.

E como se não bastasse, ainda acarretam ao mesmo a função clínica, impondo ao psicólogo escolar, o que ele deve fazer com o "aluno-problema"; esperando assim que o P.E. faça uma terapia com o aluno e sua família; com objetivo de resolver o problema do aluno. É aí onde está o perigo; pois, se o P.E. não tiver bem esclarecida em sua mente qual é seu papel e função dentro da escola, pode deixar-se conduzir pela vontade dos outros.

De acordo com Reger (1988), o modelo clínico é inadequado para educação, pois, fragmenta o processo educativo, sendo que o professor fica responsável somente pela "educação" da sala de aula e o psicólogo pelo comportamento "inadequado" do aluno, não permitindo assim que o processo educacional seja realizado de forma multidimensional, como fora dito no início.

Assim, o modelo educacional, segundo Reger (1988), mostra-se como o mais adequado para atuação do psicólogo escolar, pois atribui ao mesmo o papel de educador, tendo como principal objetivo, aumentar a eficiência e qualidade do processo educacional com base nos conhecimentos psicológicos que possui.

1.5 O psicólogo no cotidiano da escola: re - significando a atuação profissional

Os novos paradigmas na educação e na interdisciplinaridade e na compreensão dialética dos fenômenos históricos - culturais, exigem a análise, sob novos prismas, da história: relação entre Psicologia e Educação, desde um ponto de vista das contribuições teóricas e das práticas psicológicas inseridas no contexto cultural.

De acordo com Guzzo (1999), a hipótese que direciona o trabalho do pedagogo junto aos psicólogos que atuam na área da psicopedagogia, sustenta que as práticas psicológicas que orientam a atuação profissional serão necessariamente, re-significadas, se apoiadas em teorias que enfatizam os fatores objetivos e subjetivos do processo ensinar - aprender, as condições dos contextos sócio - cultural, a importância das relações intra e inter subjetivo professor - aluno, o aprendiz como sujeito do conhecimento e o papel da escola, na de cidadão.

Essa re-significação deve ter como bases referenciais teóricos que considerem os processos interativos, conscientes e inconscientes, inerentes aos sujeitos em processo de ensino, numa perspectiva psicodinâmica e sócia - histórica focalizando o sujeito em relação. Tornando-se necessário a conscientização de papéis, de funções e de responsabilidades dos sujeitos participativos do processo educativo, possibilitando a (des) construção ou a reconstrução de uma nova identidade profissional para o psicólogo que atua na escola Guzzo (1999).

Assim, deve-se buscar descutir e selecionar os elementos que constituem o processo da relação ensinar - aprender e as formas pelas quais os psicólogos, no contexto escolar, podem contribuir com a promoção do desenvolvimento individual, coletivo e institucional dos sujeitos em relação, procurando resgatar a especificidade da profissão.

Guzzo (1999) aponta que, a reconstrução da identidade profissional passa pela re-significação da atuação profissional a partir das especificidades que caracterizam as práticas psicológicas. Igualdade e justiça social, solidariedade com classes socialmente desfavorecidas, compromisso com o desenvolvimento e a aprendizagem dos alunos e da escola, não é antagônico com a Psicologia. E tendo como ponto de partida essas reflexões, procura-se resgatar a identidade do psicólogo que atua na escola, de modo que as diferenças profissionais sejam respeitadas e afirmadas, com base no desenvolvimento de competências técnicas e pessoais, específicas da Psicologia, e na conscientização de papéis, responsabilidades e funções.

A atuação psicológica na escola privilegia o enfoque de uma ação preventiva, mas não pode, a priori e preconceituosamente, rejeitar de todos os ensinamentos e a experiência acumulada do modelo clínico, pois no âmbito escolar, tal fato deve acontecer apenas em caráter emergencial e não psicoterápico.

A Psicologia oferece à Pedagogia uma gama significativa de contribuições relevantes para a prática educativa, mas o P.E. deve desenvolver e aperfeiçoar suas competências e responsabilidades técnicas, pessoais e éticas de modo a estabelecer uma cooperação recíproca entre as mesmas.

Daí o interesse em realizar a seguinte pesquisa, buscando mais informações a respeito de como os profissionais da área escolar vêem o trabalho desenvolvido pelo psicólogo escolar. Por ser uma profissão relativamente nova e por surgir meu interesse em atuar na área, é que pretendo investigar como é aceita a condição do P.E. em trabalhar em conjunto com professores, diretores, supervisores e demais funcionários da escola.

 

2. OBJETIVO

Verificar a concepção dos professores a respeito da atuação do psicólogo escolar (P. E.).

 

3. MÉTODO

3.1. PARTICIPANTES

Participaram da pesquisa, quatorze professores, inseridos em duas escolas da rede particular de Teresina. E os mesmos atuam no ensino fundamental dessas instituições particulares.

3.2. INSTRUMENTO

Foi aplicada uma entrevista com de perguntas abertas, onde o objetivo principal era registrar a concepção dos mesmos em relação ao trabalho desenvolvido pelo psicólogo escolar na escola.

3.3. PROCEDIMENTO

O questionário foi entregue aos participantes no ambiente escolar e no momento de intervalo dos mesmos. A coleta de dados foi realizada através dos questionários devolvidos ao pesquisador, e conseqüentemente, o levantamento dos resultados obtidos, foi comparado, analisado e demonstrado de forma descritiva; tomando como base, a literatura citada na presente pesquisa.

 

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

De acordo com os dados coletados dos professores de ensino fundamental, em duas escolas da rede particular de Teresina, os resultados foram o seguinte:

PARTICIPANTES

SEXO

IDADE

TEMPO DE PROFISSÃO

TEMPO DE TRABALHO NA INSTITUIÇÃO PESQUISADA

TRABALHOU EM OUTRAS ESCOLAS COM P.E.

M.M.L.T.R.D.

Feminino

42 anos

22 anos

16 anos

Não

R.S.T.R.

Masculino

31 anos

10 anos

08 anos

Sim

K.M.F.S.

Feminino

27 anos

01 ano

10 meses

Não

A.F.S.N.

Masculino

30 anos

07 anos

02 anos

Sim

C.M.S. do V. S.

Feminino

39 anos

18 anos

18 anos

Não

J.D.M.C.

Feminino

31 anos

____

08 meses

Não

T.M.F.S.

Feminino

36 anos

07 anos

07 anos

Não

D.R.S.

Masculino

38 anos

10 anos

07 anos

Não

V.M.S.R.

Feminino

38 anos

15 anos

09 anos

Sim

M.S.M.D.

Feminino

45 anos

09 anos

02 anos

Não

M.I.R.P.

Feminino

36 anos

19 anos

12 anos

Não

J.M.R.

Feminino

26 anos

06 anos

05 anos

Não

T.S.

Feminino

44 anos

16 anos

16 anos

______

A.F.R.

Masculino

23 anos

04 anos

02 meses

Sim

•Quanto à opinião dos mesmos
em relação à função do
psicólogo na escola

Em termos gerais os professores têm uma opinião de que o psicólogo escolar deve orientar no que diz respeito ao relacionamento interpessoal de professores, alunos e seus familiares (pais ou responsáveis). O que está de acordo com Cosnier (1972) quando o mesmo fala da função de orientar e aconselhar pais e alunos, e Gomes (1999) ao falar da importância deste profissional como "instrumento dinâmico" que beneficia o processo ensino-aprendizagem.

Não esquecendo que alguns professores responderam que a função do psicólogo escolar faz-se necessária para resolver problemas relacionados com ensino-aprendizagem do alunado, corroborando Guzzo (2002) quando a mesma cita que a psicologia escolar surgiu de necessidades educacionais, principalmente de problemas do alunado, relacionados com comportamento e aprendizagem, como se pode verificar logo abaixo:

" Resolução de conflitos, melhor interação aluno-professor-família(...)." R.S.T.R-31 anos

" Orientar o professor na percepção dos problemas de aprendizagem e como esses podem ser trabalhados na sala de aula." T.M.F.S. -36anos

" Orientar docentes e discentes, visando superarem as dificuldades existentes dentro do processo ensino aprendizagem." M.M.L.T.D. -42anos

" Ajudar o professor no relacionamento com alunos e pais." D.R.S. -38anos

" O psicólogo contribui para a orientação do aluno, em vários aspectos da sua vida: no campo disciplinar, familiar, educacional, de convivência, etc." K.M.F.S. -27anos

Vale ressaltar que seis professores disseram que a função do psicólogo escolar está relacionada a um trabalho multidisciplinar junto aos professores e familiares do aluno, o que vem corroborar com Reger (1998); e também de auxiliar os professores a entender comportamentos e dificuldades de aprendizagem que possam atrapalhar na formação do educando. Enfatizando e afirmando que o psicólogo tem o papel de melhorar o processo educativo, como já fora citado por Novaes (1996 ) anteriormente.

" Fazer o acompanhamento do aluno junto com os professores. Ajudar o professor a entender certos comportamentos do aluno, para que juntos possam contribuir na formação da criança." M.I.R.P. -36anos

" (...)auxiliar na forma de lidar com crianças que apresentam determinadas dificuldades aprendizagem ou com comportamento difícil de se trabalhar." M.S.M.D. -45anos

" O psicólogo deve juntamente com a família e a escola devem procurar solucionar algumas questões, que venham a interferir na formação do educando.(...)." J.M.R. -26anos

Porém, dois professores não sabiam de certo qual a função do psicólogo no ambiente escolar ou que sua atuação está desvirtuada.

" Não sei nem mesmo qual a função do psicólogo!" T.S. -44anos

" A função do psicólogo a meu ver está desvirtuada, uma vez que o profissional analisa o aluno/indivíduo fora do contexto da sala de aula, diferente do professor que, no dia-a-dia, lida com o mesmo aluno no grupo." V.M.S.R. -38anos

Lembrando que um professor se recusou a responder o questionário por que não queria responder nada que o comprometesse perante à escola, porém me disse que sua opinião a respeito da função do psicólogo escolar era semelhante e um pouco mais ofensiva que a de seu colega de trabalho V.M.S.R. Uma outra escola, denominada de "X", foi visitada pela pesquisadora para obtenção de mais dados, mas apesar da mesma ter sido muito bem recebida pelo coordenador pedagógico do ensino fundamental; os professores não quiseram responder o questionário. Segundo alguns, por falta de tempo e outros, por ter algo mais importante para fazer, e sentaram-se à mesa para tomar café. A pesquisadora esperou ainda cerca de dez minutos junto aos mesmos, onde apenas um dos seis professores presentes mostrou-se interessado em responder o questionário; mais não podia, pois tinha que entregar questões e respostas de uma revisão em alguns minutos ao coordenador.

 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebeu-se que a função do psicólogo no ambiente escolar é algo visto sob dois ângulos extremos. Ou ele serve como "o salvador da pátria", dotado de "poderes" que solucionarão todos os problemas existentes no ambiente escolar e se estendendo aos familiares dos educandos; ou é visto como alguém que está a serviço do diretor da escola para "fiscalizar" os demais funcionários, e que desta forma, poderá atrapalha o trabalho do professor, pois o psicólogo não passa o tempo todo dentro da sala de aula com aluno, só o vendo assim, em algumas sessões. Isso, salvo em alguns professores que vêem o psicólogo como um aliado e facilitador no processo da formação do aluno como um todo.

Devido à profissão do psicólogo escolar, de certa forma, ser nova, a grande maioria dos profissionais da área escolar tem o mesmo como uma ameaça, fato esse que interfere e prejudica um melhor acompanhamento e desenvolvimento no processo de formação do aluno; seja no campo educacional, pessoal (intra e interpessoal). E não devemos esquecer da questão da imagem do P.E. ser associada exclusivamente ao modelo clínico (mesmo no ambiente escolar), fato esse que tem sua origem desde os tempos da colonização no Brasil e que faz parte da própria história da Psicologia.

Percebeu-se que os professores que já havia trabalho em outras Instituições que havia Psicólogo, se mostraram mais acessíveis para responder o questionário e mais interessados em saber sobre o referido trabalho. Isto pode ser percebido em conversas informais dos mesmos com a pesquisadora, afirmando assim, o que alguns autores já citados nessa pesquisa falam a respeito de que um bom relacionamento entre profissionais da educação (interdisciplinar), favorece tanto uma melhoria na qualidade de ensino, como gera transformações sociais aos indivíduos envolvidos nesse processo. E de certa forma, é a partir desses profissionais que já têm uma visão mais ampla e conscientizada do trabalho do P.E.,que os demais profissionais da educação, aos poucos, irão mudar também essa visão distorcida da função do psicólogo escolar.

A meu ver, cabe ao próprio psicólogo, através de sua atuação dentro da escola, reverter esse quadro. E para que isso ocorra, é necessário que o mesmo, saiba qual sua função dentro desta instituição, para que não seja apenas uma "marionete" onde todos falam o que ele deve fazer em seu ambiente de trabalho.

Diante dessa situação, o psicólogo escolar deveria fazer uma re-significação da sua atuação na instituição escolar, para que através da interação com os demais funcionários, ocorra uma conscientização da função, de papéis e responsabilidades que cada um deve ter; que segundo Guzzo (1999), possibilitaria a reconstrução de uma nova identidade profissional para o P.E.

O que mais surpreende, verifica-se no que diz respeito ao descaso de alguns profissionais da área escolar, com o profissional de psicologia e até mesmo com o próprio acadêmico. Com essa atitude, fica mais difícil desenvolver um modelo educacional multidisciplinar que vise o desenvolvimento e formação do aluno; que segundo Reger (1988), é o mais adequado para atuação do psicólogo escolar.

Devido à profissão de psicólogo ser recente no Brasil, com o psicólogo escolar não poderia ser diferente. Ainda há uma grande necessidade de divulgação do papel que este profissional deve exercer na sociedade como um todo; seja na escola, comunidade, clínica, organização (empresas), hospital...

Em Teresina a situação não é diferente, e acredita-se, que se torna ainda pior, por ser uma profissão que ainda está sendo associada por muitas pessoas a uma imagem de algo místico ou dotado de "super poderes" capazes de solucionar todo e qualquer problema que venha surgir no educando. E na maioria das vezes acarreta certa resistência por parte dos demais profissionais da escola, por não saberem de fato qual função o P.E. deve desenvolver no ambiente escolar.

A psicologia escolar em Teresina vem se desenvolvendo há pouquíssimo tempo, fato esse que a profissão às vezes é vista de forma errônea pela escola, comunidade, pais. Mais em oposição a esse fato, a necessidade de um psicólogo atuando nesse ambiente em conjunto com os demais profissionais da área educacional, vem sendo reconhecida paulatinamente em nossa cidade, pois já é notada a solicitação de sua presença com mais freqüência nas instituições escolares.

Cabe agora ao P.E. mostrar seu trabalho, valendo-se de seus conhecimentos psicológicos, com objetivo de aumentar a qualidade no processo educacional. Ou seja, para que o mesmo seja visto como um educador, que leva em consideração o contexto social em que a criança está inserida; desenvolvendo assim um modelo educacional multidisciplinar, em conjunto com os demais profissionais da escola, visando à formação da criança.

 

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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*Orientadora

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