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Psicologia para América Latina

On-line version ISSN 1870-350X

Psicol. Am. Lat.  no.13 México July 2008

 

LA PSICOLOGÍA EN LA TRANSFORMACIÓN EDUCATIVA

 

Diferenças comportamentais de gêneros em espaços estruturado e não-estruturado

 

 

Camilla Volpato BroeringI; *; Grazielle Rocha França**

IUFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

 

 


RESUMO

A presente pesquisa investigou se existem diferenças comportamentais entre meninos e meninas na situação da brincadeira, dentro de espaços estruturado e não-estruturado, categorizou os comportamentos obtidos nos diferentes espaços, e verificou a freqüência dos mesmos nos espaços distintos. Utilizou-se como método a observação realizada em duas etapas: observação livre para levantamento de dados iniciais; observação para a contagem de comportamentos mais freqüentes. Observou-se 11 crianças, 05 meninos e 06 meninas, de uma escola particular infantil. Percebeu-se que as diferenças confirmam o que a literatura aponta em relação aos comportamentos, visto que os meninos apresentam mais comportamentos de discutir, chamar a atenção, agredir, brincar com o corpo, explorar o ambiente, e birra; enquanto que as meninas apresentam comportamentos de cuidar, organizar, e serem assertivas. O comportamento de imitar é mais comum para os meninos, o que sugere uma nova pesquisa, pois tal comportamento deveria ser comum aos gêneros masculino e feminino.

Palavas-chave: Diferenças comportamentais, Espaços estruturado e não-estruturado, Gênero, Brincadeira.


ABSTRACT

This research investigated if there are behaviors differences between boys and girls in the situation of joke, in structured spaces and no-structured spaces, made categories about the behaviors in different spaces, and investigated the same. It was utilized the observation in two stages: free observation for survey and observation of frequency of behaviors. It was observed 11 children, 05 boys and 06 girls, of the child school. It was noted the differences are confirmed by the literature, since the boys present behaviors about to discuss, to get attention, to attack, to play with body, to explore the environment, and stubbornness; and the girls present behaviors about to take care, to organize and to be assertive. The behavior of to imitation is more common in the boys, and that suggest a new research, because it would be common in both genders.

Keywords: Behaviors differences, Structured spaces and no-structured spaces, Gender, Joke.

 


RESUMEN

Este estudo investigado si hay diferencias entre los comportamientos de los niños y las niñas en la situación de broma, en espacios estructurados y no estructurados espacios, hizo categorías sobre los comportamientos en los distintos espacios, y se investigó la misma. Se utilizó la observación en dos etapas: la observación libre de encuesta y observación de la frecuencia de las conductas. Se observó 11 niños, 05 varones y 06 niñas, los niños de la escuela. Se tomó nota de las diferencias son confirmadas por la literatura, ya que los muchachos presentes para discutir acerca de los comportamientos, para recibir atención, a atacar, a jugar con el cuerpo, para explorar el medio ambiente, y la terquedad, y el actual comportamiento de las niñas a punto de tener cuidado, para organizar y ser asertivos. El comportamiento de que la imitación es más común en los varones, y que sugieren una nueva investigación, porque sería a los dos géneros.

Palabras clave: Comportamientos diferencias, Espacios estructurados y no estructurados espacios, Género, Broma.


 

 

Introdução:

O presente artigo se refere à realização de uma pesquisa com crianças de uma escola particular, com o intuito de verificar as diferenças comportamentais existentes entre meninos e meninas, dentro dos espaços estruturado e não-estruturado.

A escola apresenta como alternativa de trabalho, a exploração de espaços, com a construção de cantos, que propiciam a interação e o faz-de-conta, influenciando a autonomia das crianças quanto às possibilidades de escolha e afetando, de alguma maneira, o que a criança faz ou deixa de fazer. Tendo visto que as crianças nem sempre freqüentam estes cantos, pois se localizam fora da sala-de-aula, surgiu um interesse da escola, em saber se a diferenciação de espaços, estruturado e não-estruturado, acarreta diferenças nas brincadeiras e nos comportamentos de meninos e meninas, abordando deste modo, a questão de gênero.

 

Revisão de literatura:

Weinstein & David (1987) ponderam que a organização da sala de aula tem influência sobre os usuários determinando em parte o modo como professores e alunos pensam, sentem e se comportam, por isso, um planejamento cuidadoso do ambiente físico é parte integrante de um bom manejo do ensino em sala de aula, pois dependendo da maneira como estão dispostos, os materiais, objetos e móveis podem (ou não) influenciar o desenvolvimento das crianças.

Assim, se o espaço for planejado e organizado em função das crianças de maneira a lhes propiciar a brincadeira, autonomia e interações, acaba possibilitando seu desenvolvimento e a ampliação e construção de conhecimentos. Ao contrário, pode impedir o desenvolvimento destes aspectos. A organização do espaço desta forma, pretende tirar o adulto do centro do processo e permitir que as crianças brinquem com diferentes materiais, sem precisar necessariamente da presença do adulto. Estruturando o espaço, este fica mais agradável: as crianças aproveitam mais para brincar, ao mesmo tempo em que as regras vão se estabelecendo e o grupo vai se constituindo.

Numa escola infantil, a sala é o local das atividades estruturadas, organizadas e propostas pela educadora. Conforme Oliveira et al. (1992), o arranjo do espaço para ampliar as oportunidades de contato e interações sociais pode ser feito pela colocação de zonas de atividades delimitadas por divisórias baixas. A educadora pode propor as atividades sem centralizar ao seu redor todas as crianças, gerando um tempo de espera; ou seja, ao arrumar a sala com algumas crianças, favorece a interação entre as demais crianças.

A sala organizada desta maneira permite tanto brincadeiras movimentadas, como descer, subir, saltar, como também, brincadeiras de linguagem. O essencial no uso deste espaço é que se descentralize a figura da educadora, que passa a atuar como facilitadora da interação das crianças em atividades e brincadeiras, sem depender tanto da mediação do adulto. Este fica mais disponível para observá-las e estabelecer um contato individual mais efetivo com alguma criança ou grupo de crianças que o procure ou perceba precisar de uma atenção especial (Rossetti-Ferreira, 1988).

Sendo assim, uma maneira de trabalhar o espaço é a construção de cantos - zonas circunscritas - delimitações do espaço onde as crianças possam brincar desempenhando diversos papéis que as ajudem a compreender melhor as situações cotidianas da sua vivência, valendo-se do imaginário. Os cantos são utilizados para diferentes situações de trabalho, favorecem a mobilidade e iniciativa das crianças, promovem a realização das atividades de forma coletiva e organizada, possibilitando a exploração e a descoberta.

Um aspeto interessante no que tange à brincadeira é o papel do gênero. Segundo Bichara (1994) vários estudos têm constatado que meninos preferem brincadeiras de super-heróis, papéis com muita ação, e em contrapartida, as meninas preferem atividades relacionadas a atividades domésticas, como brincadeiras de casinha, aniversários, etc. Ainda no que diz respeito ao gênero, há um poderoso agente da realidade que está presente: a estereotipia do gênero, através da qual meninos brincam de temas masculinos e meninas de temas considerados femininos.

De acordo com a questão do gênero, a sociedade tem papel fundamental para esta diferenciação. Desde cedo, são impostos determinados valores, tanto a meninos, como a meninas, impondo o que cada um pode ou não fazer. Estes valores demonstram que ao brincar, mesmo de faz-de-conta, a criança espelha e reconstrói o universo de valores, hábitos e convenções da sociedade a que pertence, sendo, para tanto, incontestável a penetração do mundo social durante o brinquedo, sejam sob a forma de definição de papéis, valores morais, conhecimentos, e normas de interação.

 

Participantes:

A amostra foi constituída de 11 crianças, 06 do sexo masculino e 05 do sexo feminino, alunos do Jardim de Infância de uma escola particular, com idades variando entre 3 anos e 1 mês e 4 anos e 11 meses.

 

Métodos:

Realizou-se inicialmente uma observação livre para levantar os principais comportamentos que ocorriam, a fim de dirigir às próximas observações. Após a coleta dos comportamentos, os mais freqüentes, no sexo feminino e no sexo masculino, foram categorizados. Então, os participantes novamente foram observados nos espaços estruturado e não-estruturado. O período de observação foi dividido em quatro sub-períodos de 15 minutos, para cada sexo, sendo dois períodos para cada tipo de espaço. Os comportamentos foram contados em cada sub-período de observação, levando-se em conta as categorias. Os dados foram contabilizados em uma tabela (Tabela 1), registrando então, o tipo de comportamento emitido (categoria), e a freqüência (número de comportamentos), tanto para meninos quanto para meninas.

 

Discussão:

De acordo com os dados coletados, verifica-se que o comportamento de agredir é mais freqüente em meninos do que em meninas, em ambos os espaços. Na pesquisa, 19 comportamentos foram emitidos por meninos no espaço não-estruturado, e 28 no estruturado. Para as meninas, a prevalência foi de 01 no não-estruturado para 03 no estruturado. Denota-se que a estrutura do ambiente pode ser propícia à emissão de comportamentos agressivos, porque há mais estímulos dispostos (materiais, objetos e móveis) que influenciam o desenvolvimento agressivo das crianças.

Nesta pesquisa, evidencia-se que no espaço não-estruturado as meninas pouco discutem sobre suas idéias, sendo que nenhuma delas o fez. Contudo, o espaço estruturado permite a discussão, facilitando a expressão delas, tendo em vista a ocorrência de 08 comportamentos de discussão neste espaço. Quanto ao sexo masculino, a ocorrência é de 14 comportamentos no não-estruturado para 14 no estruturado. Nota-se que ambos os espaços são propícios para a discussão, no que tange ao sexo masculino.

Como forma de defender as idéias, os meninos chamam mais atenção da professora do que as meninas, no sentido de atrair a atenção, em ambos os espaços. No espaço não-estruturado há 17 comportamentos, enquanto que no estruturado 09. Para as meninas há a incidência de 03 no não-estruturado para 02 no estruturado. Contudo, as meninas são mais assertivas que os meninos. O sexo feminino obteve 05 comportamentos assertivos no espaço não-estruturado e 09 no estruturado. Já os meninos, apresentaram 02 comportamentos assertivos no não-estruturado e 03 no estruturado.

O comportamento de cuidar do outro é uma característica feminina em ambos os espaços. Para as meninas ocorrem 02 no não-estruturado e 11 no estruturado. Já os meninos apresentam 01 comportamento em cada espaço, e mesmo assim, em decorrência da manifestação de comportamentos agressivos, como forma de compensar algo errado que fizeram.

A pesquisa aponta que no espaço estruturado há mais oportunidades para que a criança reproduza os valores morais que aprende nos diversos sistemas da sociedade. Verificou-se que a predominância de comportamentos de organização para o sexo feminino é de 02 para 11 nos espaços não-estruturado e estruturado. Para os meninos ocorre a proporção de 01 comportamento para 01. Verificou-se que tal fato não sugere que os meninos sejam desorganizados, e sim, que eles são mais dependentes de outros, para a organização de suas tarefas, confirmando a necessidade masculina de chamar a atenção.

Os comportamentos de criar masculino e feminino, em contato com diversos estímulos ambientais, aparecem quase que, na mesma proporção no espaço estruturado (04 masculinos e 05 femininos). No espaço não-estruturado os meninos não apresentaram diferença significativa em relação ao espaço anterior, totalizando 02 comportamentos. As meninas não manifestaram comportamento de criar no espaço não-estruturado.

Em relação ao comportamento de imitar, percebe-se que a imitação é bastante freqüente em escolares. Evidencia-se que os meninos apresentam 17 comportamentos de imitar nos dois espaços. Já as meninas apresentam 04 no não-estruturado e 07 no estruturado. Salienta-se que neste estudo, os meninos apresentam mais comportamentos de imitar, fato este que não fica evidente na literatura, visto que, a imitação na idade escolar está relacionada ao contato grupal.

 

Conclusão:

Enfatiza-se que, da mesma forma que os comportamentos têm diferenças no que tange ao gênero, afirma-se que existem diferenças também, no que diz respeito ao espaço. Alguns comportamentos apresentam diferenças em decorrência do espaço em que se dão, porém, não diferem muito em relação ao gênero. Comportamentos como cuidar do outro, organizar, ser assertivo e trabalhar em equipe não diferem muito de um gênero para outro no espaço não-estruturado, porém, em virtude da estruturação do espaço, apresentam notável diferença. Muitos comportamentos esperados em relação ao sexo masculino se confirmam, por exemplo, o agredir e o discutir. Contudo, socialmente, espera-se que meninos sejam mais independentes que meninas, o que não foi percebido no ambiente escolar estudado, visto que o sexo feminino foi mais assertivo e menos dependente do que o sexo oposto.

Em relação às meninas, verificou-se que o espaço estruturado é mais propício ao cuidar e organizar, devido à própria estrutura ambiental que permite o desempenho de papéis. Talvez isto ocorra por causa dos fatores culturais que delegam o papel de organizar e cuidar às mulheres.

Embora a amostra tenha sido pequena, no geral, a literatura confirmou as diferenças comportamentais de gênero, nas situações de brincadeira, observadas nos espaços não-estruturado e estruturado. Salienta-se a necessidade de investigar dados em relação aos comportamentos de imitar, visto que foi detectada uma diferença entre gêneros, a qual não é confirmada pela literatura.

 

Referências Bibliográficas:

BICHARA, I.D. (1994) Um estudo etiológico da brincadeira de faz-de-conta em crianças de 3 - 7 anos. Tese de doutoramento. Instituto de Psicologia da USP.        [ Links ]

DAVID, T.G. & WEINSTEIN, C. S. (1987) The built environment and children’s development. In: WEINSTEIN, C. S. & DAVID, T.G. Spaces for Children - The built Environment and Child Development. New York: Plenum, p. 3-18.

OLIVEIRA, Z.M.R. et al. (1992) Creches, Crianças, Faz-de-Conta & Cia. Petrópolis: Vozes.        [ Links ]

ROSSETTI-FERREIRA, M.C. (1988) A pesquisa na universidade e a educação da criança pequena. Cadernos de Pesquisa (67): 59-63, nov.        [ Links ]

 

 

*Mestranda em Psicologia da Saúde, processos psicossociais e desenvolvimento psicológico. camillabroering@bol.com.br
**Psicóloga. Penha/S.C. (Brasil)

 

 

Tabela 1: Tabela de freqüência de comportamentos de crianças em ambos os sexos em espaços estruturado e não-estruturado

Tabela 1: Tabela de freqüência de comportamentos de crianças em ambos os sexos em espaços estruturado e não-estruturado



Comportamentos


Espaço não-estruturado


Espaço estruturado


Total


Masculino


Feminino


Masculino


Feminino

Imitar o outro


Cuidar do outro


Discutir


Organizar


Ser assertivo


Chamar a atenção


Criar


Agredir


Brincar com o corpo


Explorar o ambiente


Trabalhar em equipe


Comportamento de birra

17


01


14


01


02


17


02


19


03


12


02

05

04


02


-


02


05


03


-


01


-



-

05

-

17


01


14


01


03


09


04


28


-



05

20

07

07


11


08


11


09


02


05


03


-



-

13

-

45


15


36


15


19


31


11


51


03



17

40

12

TOTAL

95

22

109

69

295

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