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Psicologia para América Latina

versión On-line ISSN 1870-350X

Psicol. Am. Lat.  no.32 México nov. 2019

 

Editorial

 

 

Ana Paula Porto NoronhaI; Deives Perez Bispo dos SantosII

IEditora chefe
IIEditor Associado

 

 

A União Latino-Americana de Entidades de Psicologia (ULAPSI) é constituída por 65 organizações representativas das diferentes áreas da Psicologia originárias de 15 países. Destarte, uma das suas principais incumbências é acompanhar, perscrutar e dialogar sobre as movimentações tanto das organizações filiadas quanto acerca das realidades sociocultural, econômica e política dos povos do nosso subcontinente. Neste sentido, a ULAPSI tem ensejado a reflexividade e a atuação das pessoas que atuam na Psicologia, seja como psicólogas, pesquisadoras ou estudantes, tendo em vista a tendência contemporânea observada em inúmeros segmentos das sociedades latino-americanas à afinidade e aquiescência aos temas e medidas autoritárias, bem como à mobilização e esforço das elites financeiras e governantes de diversos países para garantir a implantação de medidas socioeconômicas e políticas norteadas pela perspectiva neoliberal. São elas, que têm conduzido à drástica redução ou aniquilamento dos direitos sociais e cívicos das populações, à flexibilização e eliminação das leis trabalhistas e a uma crescente egressão dos Estados Nacionais em relação às suas responsabilidades com setores fundamentais para a sobrevivência e desenvolvimento humanos, como a saúde, a ciência, a assistência social e a educação.

Atenta às questões supracitadas, somente neste ano de 2019, a ULAPSI se manifestou e apoiou ações relacionadas a alguns acontecimentos graves e penosos, tais como: a) a violação dos direitos humanos de indígenas, dos campesinos e trabalhadores no Equador; b) o flagelo das catástrofes ambientais na Amazônia e na costa nordeste do Brasil, os quais incidiram sobre a rotina de vida e as possibilidades de geração de renda das pessoas residentes nas áreas afetadas; c) os ataques à soberania e autodeterminação da Venezuela e do seu povo, os quais têm vivido sob permanente ameaça de intervenção militar estadunidense; d) as violências promovidas pelo Estado, por intermédio da sua polícia, contra manifestantes do Chile em sua justa luta pelo direito ao acesso à água, eletricidade, gás, saúde e educação.

Ainda, a ULAPSI monitora e dialoga com entidades da Psicologia da Costa Rica, Brasil, Bolívia, Guatemala, El Salvador, Colômbia, Argentina, Paraguai sobre os ataques promovidos nestes países aos campos educativo e científico, materializados por intermédio da perseguição aos corpos discente e docente de escolas e universidades, sucateamento ou privatização de instituições educacionais públicas, bem como à restrição ao livre fluxo de saberes científicos e academicamente referenciados. É neste inquietante cenário que a ULAPSI torna pública uma nova edição da Revista Psicologia para a América Latina, em cumprimento ao seu papel de asseverar a difusão de saberes da Psicologia, possibilitando tanto a ideação quanto a consubstanciação de conhecimentos críticos que sejam capazes de subsidiar práticas resistentes e dedicadas à superação dos graves e persistentes problemas sociais que vivenciamos na América Latina contemporânea.

Neste número encontrarmos o artigo de Anita Castellani Honório, Fernanda Ottati e Felipe Augusto Cunha, que investigaram a adaptação ao ensino superior. Para tanto, pesquisaram universitários dos cursos de administração, ciências contábeis, engenharia civil, engenharia de produção, fisioterapia, pedagogia e psicologia. Os achados indicaram que as dimensões carreira, adaptação institucional e adaptação social foram mais frequentes, o que eles interpretaram como boa adaptação à universidade. Os autores discutem em termos da relevância da compreensão da adaptação, tendo em vista que pode favorecer a adaptação dos estudantes e o entendimento sobre as vivências no ensino superior.

'Juventude, ativismo político, políticas públicas e a confusão que é articular isso tudo' é o título do artigo de Bruno Vieira e Claudia Mayorga. O artigo propõe uma reflexão sobre a articulação juvenil com a política e a participação de jovens nas políticas pública. Trata-se de um texto teórico, no qual é destacado que a temática pode ser configurada e reconfigurada em razão das necessidades e do dinamismo das construções sociais.

O terceiro artigo, de autoria de Karina Ferreira Leão e Daniela Sacramento Zanini, tem como título 'Desempenho cognitivo de indivíduos que sofreram acidente vascular encefálico'. O estudo comparou o desempenho cognitivo de pessoas com AVE em razão do hemisfério e da artéria afetada. Foi utilizada uma bateria de instrumentos neuropsicológicos e a amostra contou com 30 pessoas entre 24 e 60 anos. Foram encontradas diferenças significativas entre o hemisfério lesionado e a habilidade de alternância, span auditivo, visuoconstrução, fluência verbal léxica e semântica e compreensão verbal, assim como diferenças se fizeram presentes em relação à artéria afetada.

Na sequência, Caroline Tozzi Reppold, Luiza Santos D'Azevedo, Bruna Simões Tocchetto, Gabriela Bertoletti Diaz, Sergio Kakuta Kato e Claudio Simon Hutz escreveram o artigo intitulado 'Avanços da Psicologia Positiva no Brasil'. O texto teórico ilustra o desenvolvimento da Psicologia Positiva no Brasil. Os autores discorrem sobre os estudos brasileiros que objetivaram construir ou adaptar instrumentos de avaliação psicológica. São destacados os grandes avanços na área por pesquisadores brasileiros e a necessidade de investimento para a difusão do conhecimento para a América Latina.

Um importante trabalho de pesquisadores mexicanos foi elaborado por Jacobo Herrera Rodríguez, Jesica Vega Zayas e Francisco Javier Ruvalcaba Coyaso. 'Autopsia psicológica: Revisión y propuesta de aplicación en casos de suicidio y feminicidio en México' é o nome do artigo, que retrata a proposição dos autores sobre a aplicação de uma técnica de autopsia psicológica como recurso auxiliar em situações de perícia em casos de suicidio ou feminicídios.

'Behavioral intervention in women with Fibromyalgia: Clinical Significance and Reliable Change' é o título do artigo de Luziane de Fátima Kirchner, Maria de Jesus Dutra dos Reis e Francine Náthalie Ferraresi Rodrigues Queluz. As autoras avaliaram o efeito de 20 sessões de intervenção analítico-comportamental. Especialmente, foi analisado o efeito das sessões sobre o estresse, a ansiedade, a depressão, as habilidades sociais e a incapacidade frente a dor em quatro mulheres com fibromialgia. Além dos instrumentos usados para coleta de dado, o cortisol foi coletado ao despertar. Como achados, foram encontradas mudanças positivas nas pontuações de todos os instrumentos, mas não no cortisol.

Por fim, apresenta-se o sétimo e último artigo, cujo título é 'Percepções de pacientes oncológicos sobre espiritualidade: Um estudo qualitativo'. Trata-se de um artigo qualitativo, no qual os autores investigaram oito pacientes diagnosticados com câncer e que estavam em tratamento de quimioterapia, radioterapia e/ou medicamentoso com acompanhamento médico participaram do estudo. Um questionário subsidiou as entrevistas semidirigidas. Os resultados permitiram refletir sobre a importância da elaboração de tratamentos e estratégias de enfrentamento que envolvam a espiritualidade.

Desejamos a todos uma ótima leitura.

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