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Revista Brasileira de Psicologia do Esporte

versão On-line ISSN 1981-9145

Rev. bras. psicol. esporte v.1 n.1 São Paulo dez. 2007

 

 

Psicologia do esporte no desenvolvimento do papel profissional de atleta

 

Sport Psychology on professional role athletes development

 

Psicología del deporte y el deserrollo del papel profesional del atleta

 

 

Marisa Markunas

Finasa Esportes
UniSant'anna

Endereço para correspondência

 

 


RESUMO

Conhecer o percurso da formação de atletas e o desenvolvimento do papel profissional, explicitando e discutindo possíveis contribuições da psicologia do esporte foi objetivo do presente estudo. Foram tomados como metodologia de investigação os preceitos do Psicodrama, a partir da Teoria de Papéis, ao estudar o imaginário sobre `o que é ser atleta' em encontros realizados com três grupos de jovens atletas de uma instituição particular de formação de atletas. Após este levantamento, foram analisadas as diferenças em três momentos do desenvolvimento esportivo (iniciantes na modalidade, praticantes e atletas juvenis), resultando na construção de uma análise da formação do papel profissional de atletas, em que se compreende que as crianças ingressam no contexto esportivo na Fase Role Taking, e ao prosseguirem em instituições de formação de atletas passam pelo Role Playing, culminando com o Role Creating quando chegam às categorias adultas-principais da sua modalidade.

Palavras-chave: Psicologia do esporte, Formação de atletas, Psicodrama, Papel profissional.


ABSTRACT

This study aimed at examining athletes' formative years, explicitly discussing the possible contributions of Sports Psychology. The method of investigation evolved around Psychodrama precepts of Roles Theory, studying what it means to be an athlete in three young groups from a private institution of athletic formation. After this survey, the differences of three moments of sports development were analyzed (freshmen, practitioners and junior athletes), resulting on the construction of an analysis about professional athletes' formation. Children who starts practicing sports get in Role Taking fases and continue in athlete´s institution on Role Playing fases, taking progress into adults categories on Role Creating fases.

Keywords: Sport psychology, Athletes formation, Psychodrama, Professional role.


RESUMEN

Conocer el precurso de la formación de atletas y el desarrollo del papel profesional, explicitando y discutiendo posibles contribuciones de la psicología del deporte, fue el objetivo del presente estudio. Fueron tomados como metodología de investigación, los preceptos del Psicodrama, a partir de la Teoría de Papeles, al estudiar lo imaginario sobre `lo que es ser atleta' en encuentros realizados con tres grupos de jóvenes atletas de una institución particular de formación de atletas. Después de este levantamiento, fueron analizadas las diferencias en tres momentos del desarrollo deportivo (iniciantes en la modalidad, practicantes y atletas juveniles), resultando en la construcción de un análisis de la formación del papel profesional de atletas, en que se comprende que los niños ingresan en el contexto deportivo en la Fase "Role Taking", y al proseguir en instituciones de formación de atletas, pasan por el "Role Playing", culminando con el "Role Creating", cuando llegan a las categorías adultas-principales de su modalidad.

Palabras clave: Psicología del deporte, Formación de atletas, Psicodrama, Papel profesional.


 

 

Introdução

Em poucas profissões o papel profissional é desenvolvido tão cedo como no contexto esportivo em que as atividades de preparação motora, física, técnico e tática acontecem desde tenra idade. A idade na qual as crianças começam a participar de competições esportivas varia dos 5 aos 12 anos de idade, de acordo com a modalidade escolhida. No caso de modalidades coletivas como o vôlei e o basquete as crianças começam a participar de disputas devidamente regulamentadas pelas federações esportivas desde os 11/12 anos de idade. A partir do ingresso em escolinhas ou clubes e instituições de formação de atletas, as crianças passam por uma estrutura de categorias, nas quais são divididas de acordo com o ano em que nasceram.

A constituição do papel profissional de atleta, diferentemente da grande maioria das profissões, ocorre ao longo da juventude. O papel de atleta vai sendo construído simultaneamente a tantas outras descobertas da vida, desde a pré-adolescência, de modo que a integração ou não-integração deste papel ao EU pode significar um processo complexo e de análise de valores fundamentais, já que o jovem se encontra numa etapa de reformulação de valores e perspectivas morais, trazendo consigo uma série de normas e crenças aprendidas na família, na escola e na comunidade que vive. Desta forma, acreditamos que o desenvolvimento do papel profissional de atleta está diretamente ligado à formação da própria identidade do indivíduo.

Ao propor uma discussão sobre a construção do papel profissional de atleta, estamos nos referindo aos praticantes do esporte de rendimento, caracterizado pela busca de resultados e superação de limites. O esporte resultado pode conduzir ao esporte profissão, o que nos auxilia na justificativa sobre a caracterização da análise do papel profissional de atleta estar ligada ao esporte-competição1, também conhecido como esporte de rendimento ou alto nível (Carravetta, 1997). Neste contexto, o atleta que não tem uma prática de excelência raramente chega a participar das atividades relativas ao mundo esportivo profissional e adulto, ou se chega, permanece por pouco tempo.

Tal como nas discussões e reflexões de Rubio (2001), temos como elemento constituinte do presente estudo o esporte contemporâneo, o atleta da atualidade, dos nossos tempos. Segundo a autora, o atleta e o esporte contemporâneos têm suas origens no período da Idade Moderna, refletindo uma distinção de valores e práticas: "O esporte contemporâneo, no seu processo de construção, sofreu influência das transformações sócio-culturais e absorveu uma série de características da sociedade industrial moderna. Segundo Guttmann (1992) em função disso, características como secularização, igualdade de chances, especialização, racionalização, burocratização, quantificação e busca de recorde, princípios que regem a sociedade capitalista pós-industrial, marcam indelevelmente a prática esportiva, tendo o rendimento como princípio norteador" (p.95).

Tubino (1999:13) ao discorrer sobre a origem do esporte afirma que "embora possam haver diferentes interpretações do esporte, ele é um fenômeno profundamente humano, de visível relevância social na história da humanidade e intimamente ligado ao processo cultural de cada época".

O esporte de competição a que nos referimos neste trabalho é aquele em que o amadorismo foi deixado de lado em relação à supremacia do profissionalismo capitalista.

A queda do amadorismo figura como uma das características do esporte contemporâneo como destaca Rubio, 2001: "...apontar apenas o rendimento enquanto elemento marcante do esporte contemporâneo, apresentado como um dos espetáculos da pós-modernidade, seria desconsiderar outros valores que foram sendo transformados, principalmente a partir da década de 1970, ou mais precisamente com a queda em desgraça do conceito de amadorismo" (p.96)..."É a partir desse momento que os dois elementos fundantes do esporte moderno, o amadorismo e o fair play, passaram a sofrer seu grande revés. Considerados a base do Olimpismo, esses conceitos foram norteadores do esporte ao longo do século XX, até aproximadamente os anos 70, quando a relação causal dinheiro e desempenho esportivo passaram a compor uma dupla inseparável, levando o esporte a se tornar uma carreira profissional e uma opção de vida para crianças e jovens possuidores de um nível de habilidade desejada para o desempenho esportivo" (p. 213).

Entendemos assim que se justifica a necessidade de refletirmos sobre a formação profissional de jovens atletas, já que o esporte é uma modalidade profissional e não apenas aquela na qual prevalece o prazer, o jogo em si, a brincadeira e a ludicidade. Falando sobre as transformações do esporte ao longo do tempo e da história, Constantino (1990:169) diz que: "O Desporto2 começa por ser sinônimo de divertimento, cerca de meio século mais tarde era reconhecidamente entendido como atividade física, exercida no sentido do Jogo, cuja prática supunha treino, regras e um sistema codificado de avaliação. O lúdico, o prazer, cedia lugar ao esforço e ao rendimento."

 

1. O atleta

Rubio (2001) discutindo as características que relacionam o atleta ao mito do herói apresenta uma caracterização do atleta profissional: "Esse indivíduo a quem nos referimos, que vem a ser identificado como um ser raro, um entre milhares, usufrui dessa condição [ser herói] uma vez que é mínima a parcela da população que pratica esporte com finalidade competitiva e consegue atingir níveis de atuação e exposição que justifiquem a sua situação de ídolo. O preparo físico (e por que não psicológico também) extraordinário que tem o atleta, que envolve a explicitação inevitável da busca e superação de limites, torna-o alvo de identificações e projeções, levando-o a ser adorado por sua torcida, e respeitado, e por vezes odiado, pelos adversários"(p.100).

Feijó (2000) falando sobre a formação profissional de atletas afirma que "toda formação profissional, no final das contas, é uma deformação humana.... A (de)formação profissional do esporte abre as portas para inseguranças e medos, ansiedades e estresses, agressões humanas e somatizações. O atleta vive sempre na fronteira do desequilíbrio emocional. (...) Como se isso não fosse suficiente, além de toda a gama de estresses que a vida desportiva possibilita, enquanto a produtividade permanece, sempre se convive com o fantasma da inevitável `aposentadoria': em média, o atleta apresenta alto rendimento durante uns dez anos e depois disso, como vai ser a vida da pessoa que se limitou a apenas jogar jogos?"(p.22).

A aposentadoria nem sempre é condicionada pela queda no rendimento esportivo ou falta de habilidade física, mas pela ocorrência de lesões físicas e tantos outros fatos de ordem pessoal que acabam por afastar o atleta definitivamente das quadras, dos campos, das piscinas etc. Ser atleta é tomar consciência desta possibilidade inevitável, que acontecerá a todos, para uns ainda em idade juvenil, para outros depois de longos anos de prática esportiva. Para Rubio (2001) o atleta submetido a uma rotina desgastante de treinos e jogos, se vê envolvido por questões como a ausência de contato com a família, superexposição na mídia e a impossibilidade de admitir para si e para o público suas fragilidades, angústias e incertezas.

Diante deste cenário, do contexto que qualifica e determina a prática esportiva profissional, das condições e necessidades da formação de atletas, é que questionamos o papel da psicologia do esporte. Como se dá a formação de atletas e a promoção de talentos esportivos, do ponto de vista da psicologia? Que elementos psicológicos, de origem e interfaces social e afetiva-emocional estão presentes neste processo de formação?

O atleta como herói refere-se a uma representação do imaginário coletivo conforme explicita Rubio (2001). Trata-se de um indivíduo idealizado sobre o qual projetamos anseios e crenças universais das necessidades de cada indivíduo superar e até ultrapassar os limites humanos. São as características e elementos do imaginário presentes no esporte que podem remeter crianças e jovens a desejarem e atuarem pela concretização de ser um esportista.

A mídia reforça o imaginário coletivo a respeito da concepção do atleta viver em plena luta e satisfação. O atleta é visto como aquele que desfruta de prazeres e favores especiais em relação à população em geral. A prática esportiva é vista como responsável pelo gozo, alegria e diversão ilimitados. Desta mesma forma as crianças e jovens ingressam no mundo esportivo.

Ao estudar e conhecer as possibilidades de compreensão e intervenção do Psicodrama3, passamos a refletir sobre a formação do papel profissional de atleta como fator decisivo na promoção de talentos esportivos, na constituição da subjetividade e identidade de um indivíduo que tem a prática esportiva como perspectiva de atividade profissional. O questionamento que configuramos neste momento parte da constatação de que: mesmo com as vivências, exercícios e práticas esportivo-competitivas muitas crianças e jovens não conseguem alcançar o patamar de desenvolvimento adequado para a execução das tarefas esportivas, havendo portanto carências no desempenho do papel de atleta. Pode o psicodrama contribuir para a assimilação/construção do papel profissional de atleta, levando a um bom nível de desempenho esportivo?

 

2. O Psicodrama4

Psicodrama é o nome como é conhecida a teoria criada por Jacob Levi Moreno em 1921, que se refere ao Projeto Socionômico, descrito no Sistema Sociométrico (Moreno, 1993). Segue abaixo um diagrama explicativo (Figura 1) deste sistema:

 

 

3. Sociodrama

A Socionomia é a ciência das leis sociais, composta pela Sociodinâmica, Sociometria e Sociatria.

A proposta de Moreno (1921) surgiu de diversas tentativas do autor em sistematizar uma forma terapêutica, espontânea e criativa do teatro tradicional. Do Teatro Espontâneo surgem o Jornal Vivo e o Teatro Terapêutico, que posteriormente tomam a forma de Psicodrama e Sociodrama (Naffat Neto, 1997).

O Psicodrama por se tratar da terapêutica das questões individuais, ainda que sob a luz da influência social e sobretudo, das relações interpessoais, ganhou força e destaque sendo responsável então por nomear todo o conjunto teórico proposto.

Dentre os instrumentos de intervenção desta teoria, destacamos o sociodrama por ter sido o método utilizado na investigação ora apresentada. O sociodrama corresponde, segundo Gonçalves, Wolff, Almeida, (1988) a um tipo de terapia que privilegia os grupos que se mantém reunidos em função de tarefas e/ou objetivos comuns. O objeto do sociodrama diz respeito àquilo que é característico do grupo focalizado, os papéis coletivos aos quais o grupo está ligado, como nesta investigação ao papel de atleta e não especificamente a vivência individual. Trata-se de uma investigação grupal a respeito do imaginário sobre `ser atleta' e não da vivência particular de uma atleta.

A prática da metodologia e fundamentos psicodramáticos no esporte representam um instrumento reconhecido por psicólogos do esporte de diversas orientações teóricas, mas sobretudo, de uma visão de mundo e filosofia adotados por aqueles envolvidos com o Projeto Socionômico de Moreno. Segundo Bomfim, (1994:227 apud Franco 2001), a vivência de jogos dramáticos, com grupos esportivos de modalidades exclusivas, como por exemplo, em times de basquete, vôlei ou em equipes de natação já está sendo, há tempos utilizada.

Neste sentido, Franco (2001) destacou cuidados na compreensão e conseqüentemente no uso de jogos dramáticos. "Os jogos dramáticos vistos por alguns leigos como dinâmicas de grupo, jogos pedagógicos, dramatizações, `brincadeiras' para entrosamento grupal ou motivação têm seduzido muitos profissionais da área [Psicologia do Esporte] pelo seu dinamismo, sutileza e ludicidade. Mas uma dramatização ou vivência em jogo dramático não pode ser vista como um espetáculo teatral ou um `show'. É preciso elucidar que do mesmo jeito que esse tipo de recurso pode ser considerado leve e divertido, ele pode enveredar, por exemplo, por caminhos tortuosos, contundentes e difíceis durante a sua aplicação com um grupo" (p.198-199). Além disso, a autora ainda aponta que possibilitar vivências a partir de jogos dramáticos pode ser `perigosa' não só por percorrer caminhos difíceis, mas sobretudo por incorrer em falta de objetividade e apropriação por parte dos atletas sobre o trabalho realizado. "Conforme mencionado anteriormente, o Psicodrama tem uma série de jogos e de técnicas interessantes, as quais costumam despertar bastante interesse no aplicador. Porém a empolgação, frente a esses recursos, pode `cegar' ou mascarar os reais objetivos de aplicação. Infelizmente tenho encontrado colegas da área que me pedem `técnicas legais' que `mobilizem o grupo', mas esses profissionais não estão tão atentos ao que é pedido pelo próprio grupo, o que eles realmente estão precisando. Às vezes, estão mais preocupados com o impacto visual, cênico (e até alegórico) do que com a implicação que cada técnica pode causar. Isso é muito perigoso!"(p. 159).

 

3. A teoria de papéis e a hipótese de trabalho

O termo papel tem relação direta com a Teoria de Papéis que decorre da Sociodinâmica como explicitado no diagrama acima. Segundo Gonçalves, et alli. (1988:66) "o conceito de papel que pressupõe inter-relação e ação, é central nesse conjunto articulado de teorias, imprescindível, sobretudo para a compreensão da teoria da técnica terapêutica".

Na dinâmica de relações interpessoais, o indivíduo desenvolve ao longo da vida uma série de papéis que dizem respeito às exigências e necessidades das situações vividas de modo que cada pessoa é composta por um `cacho de papéis', como diz Moreno (1978:27) "os papéis não estão isolados, tendem a formar conglomerados". O termo papel foi definido por Moreno como a "forma de funcionamento que o indivíduo assume no momento específico em que reage a uma situação específica na qual outras pessoas ou objetos estão envolvidos" (Moreno, 1978: 27). Portanto, cada pessoa será composta por tantos papéis quantas forem as situações diferenciadas e específicas em sua vida, por exemplo, papel de irmão, constituído na relação que o indivíduo estabelece com aqueles criados em contexto fraternal; o papel de aluno vai sendo constituído nas relações estabelecidas com outras pessoas que atuam em complementaridade exercendo funções de ensino e autoridade em contexto escolar etc.

Neste último exemplo ficou evidenciado uma outra característica importante do conceito de papel que é a complementaridade. Todo papel corresponde a um contrapapel ou papel complementar que confere a ambos a característica de co-existência e portanto, permite a constituição de cada uma das partes - papel e contrapapel - em função da presença da outra.

Segundo Franco (2000), o atleta somente será atleta na relação dos papéis complementares. "Tanto o técnico pode facilitar a imagem que cada atleta seu faz de si próprio, como também pode `arrasar' com qualquer projeto de auto-imagem esportiva" (p.29). Além das figuras complementares, que são os pais, familiares, e, sobretudo o técnico, o orientador físico, a torcida e dirigentes, participam da construção do papel profissional de atleta a prática da ação esportiva, o modelo do atleta profissional e a imitação. É neste contexto, que se desenrolam todas as atividades, desafios e sucessos da formação profissional de jovens atletas.

Vale acrescentar que ao falar dos sentidos do termo Papel, Gonçalves et alli. (1998) apontam dois caminhos principais: um referente à representação teatral e outro às funções sociais que as pessoas exercem na comunidade em que vivem ou mesmo na comunidade mundial. No segundo sentido citado, os autores afirmam que as pessoas exercem funções que são delimitadas e circunscritas pelas condições sócio-econômicas, que podem ser denominadas papéis profissionais, além das relações interpessoais diretas nas quais atuam. Igualmente são citados os papéis determinados pela classe social, os papéis afetivos, os papéis determinados pelas atitudes e ações das pessoas, os papéis familiares dentre outros.

Segundo a Teoria de Papéis, o desenvolvimento de um determinado papel passa por três momentos característicos, em que o indivíduo começa tomando o papel (Role Taking), a partir de ações predominantemente de imitação, passando pela fase em que experimenta o papel, jogando-o (Role Play) até chegar ao período em que é capaz de exercitá-lo com suas características próprias, criando seu próprio papel (Role Creating).

Tomando isso como referência, entendemos que as jovens atletas ingressam na prática esportiva competitiva realizando atividades relativas à fase de Role Taking (Tomada de Papel), passando pelo Role Playing (Jogo de Papel) quando ingressam em instituições para formação e promoção de atletas (nesta fase as jovens passam por um difícil processo de adaptação a regras e restrições do jogo); aquelas que ultrapassam a fase anterior chegarão ao Role Creating (Desempenho do papel), consolidando então a expressão do Papel Profissional de Atleta.

A hipótese deste trabalho está baseada na construção do papel profissional a partir da Teoria de Papéis. Buscamos verificar em que medida a passagem de uma fase a outra (do Role Taking ao Role Playing e deste ao Role Creating) configura-se como aspecto fundamental na construção do papel de atleta, uma vez que muitos jovens não prosseguem nesta caminhada por não cumprir as exigências da fase seguinte do desenvolvimento.

Partimos da suposição de que na formação esportiva há um estrangulamento no período referente à fase de Role Playing, ou seja, no momento em que o atleta deixa a prática lúdica e divertida em si mesma e passa a ter que respeitar regras e obrigações do jogo competitivo, deixa de lado a criatividade, correndo o risco de atuar de maneira cristalizada, reproduzindo os movimentos motores especializados e as `regras do jogo'. Muitas crianças deixam de praticar a atividade esportiva ou não são capazes de corresponder a um nível de exigência muito superior àquele vivenciado até então nas fases de Role Taking e Role Playing. Denominamos aqui de estrangulamento o fenômeno da seleção restritiva decorrente do desenvolvimento físico, biológico e emocional em relação às exigências esportivas, uma vez que eles não conseguem seguir rumo ao Role Creating.

Atuando junto a jovens que transitam nestas fases de desenvolvimento, a experiência cotidiana vem nos mostrando que as formas de vivenciar e perceber o crescimento e evolução exigidos ao longo do desenvolvimento esportivo diferem nas diversas categorias em que as crianças e jovens são distribuídas, explicitando assim o caráter processual em que a tomada do papel profissional se dá. Acreditamos, portanto, que à medida que este processo puder ser constantemente redimensionado pelas atletas em formação e pelos profissionais responsáveis pela relação ensino-aprendizagem, teremos um alargamento da passagem de atletas às fases seguintes de formação, de modo a diminuir o chamado estrangulamento. Tomar consciência destes processos parece ser um caminho inicial e auxiliar na apropriação do indivíduo sobre seu próprio processo de formação esportiva-profissional.

 

Método

Sujeitos

Foram sujeitos da investigação 34 jovens atletas do sexo feminino, de uma instituição particular de formação em basquetebol. As atletas foram divididas em três grupos , segundo suas respectivas categorias: grupo Mini (12 a 13 anos) n= 15, Infantil (15 anos) n= 12 e Juvenil (18 a 19 anos) n = 7, representando as categorias inicial, intermediária e final num processo de formação, de acordo com os critérios de divisão da Federação correspondente à modalidade esportiva praticada.

Procedimentos

Foi realizado um encontro com cada um dos grupos (Mini, Infantil e Juvenil), a fim de traçar o imaginário das jovens sobre o que é ser atleta e então analisar as diversas vivências em relação às fases de desenvolvimento e integração de papéis conforme as hipóteses teóricas. Em cada encontro as atletas deveriam responder inicialmente à questão: "Ser atleta é..." Em seguida, diferentes procedimentos psicodramáticos (Teatro Espontâneo e Sociodrama) foram realizados com cada grupo a fim de explicitar o imaginário coletivo. Todas as jovens deram consentimento para participação nesta pesquisa.

Deste modo, cada grupo produziu expressões-tema sobre o questionamento "ser atleta é..." e em seguida estas idéias foram agrupadas e dirigidas, gerando ao final cenas dramáticas, vivências e reflexões coletivas gerando um conteúdo relativo a como cada grupo etário compreende a questão levantada.

 

Resultados e Discussão

A partir da análise dos conteúdos produzidos foi possível apontar as características específicas de cada grupo investigado. Nas expressões apresentadas pelo grupo Mini (12-13 anos) está presente o sonho, o gosto pela prática, associados com características relativas aos benefícios `externos' do esporte, como explicitado nas expressões: "Estamos aqui por um sonho e não por qualquer coisa" ... "Me sinto bem jogando porque gosto" ... "O esporte nos afasta das drogas, nos dá uma `vida mais saudável'" ... "Além de me sentir responsável, [a modalidade] ajuda a desenvolver o raciocínio".

Ficou evidente nestas palavras o distanciamento ainda existente entre a vivência destas meninas e a vida de atleta profissional, em particular no que diz respeito às limitações, às dificuldades como distância da família etc, conforme apresentado em nossa introdução sobre a formação de atleta.

Neste grupo inicial também apareceu a figura do ídolo, o modelo a ser seguido, copiado, que corresponde à etapa do Role Taking (Tomada do Papel), que prescindem da imitação na construção de um papel e que possivelmente corresponde à etapa que muitas meninas se encontram nesta categoria esportiva: "Me sinto bem jogando, torcendo, vendo outros jogarem, o X (nome de jogador profissional da modalidade), nós prestamos atenção...".

Sobre a análise das expressões finais do grupo Infantil (15 anos), é importante destacar a riqueza possibilitada pelo método utilizado, o Teatro Espontâneo, no qual as atletas construíram personagens a fim de concretizar o `ser atleta', revelando características marcantes para esta etapa, explicitado pela construção dos personagens: "Eu escolhi o Robô porque é diferente e não tem nenhum sentimento, ele não tem nada, não sente nada, então se ele tiver que emagrecer... não tem sentimento, não tem problema... não tem canseira, não tem nada...vai ter que treinar do mesmo jeito" e "o maracujá geneticamente alterado tem todo um processo de bastante tempo crescendo para dar folhas e depois frutos, mas aqui ele não passou por esse processo pra poder dar frutos a toda hora que precisava, ele deu uma flor bonita mas antes dos outros maracujás" e "Eu peguei o papel `ser diferente' e pensei, vou criar um personagem bem diferente o Gago Troncho. Peguei o `animado' que apesar de ser gago-troncho pra entrar num time de basquete ele `ralou muito' aí ele passou por `tudo de bom e de ruim', teve que `amar [a modalidade]' e `conquistou seu objetivo'".

Destas descrições evidenciamos o Ser atleta para este grupo corresponde ao ser diferente, precoce dar frutos antes da hora, não poder expressar seus sentimentos livremente e ter que saber se controlar ou mesmo não saber o que fazer, mas ter que corresponder às expectativas.

Estes personagens podem auxiliar na justificativa do uso do psicodrama como facilitador do desenvolvimento do papel profissional de atleta na medida em que atua explicitando a necessidade de mudanças no comportamento individual em relação às necessidades e situações emergentes que o papel profissional exige ao longo do tempo.

As ações e estratégias psicodramáticas permitem às atletas visualizar os conflitos com os quais se deparam e as estratégias de enfrentamento utilizadas, promovendo alterações na realidade, aqui-agora sobre o drama que se configura. Busca-se assim maior apropriação do papel construído com perspectivas que configurem por fim `o atleta que quero ser', `o atleta que desejo ser', tal como afirmou uma das atletas juvenis ao final da etapa de investigação de seu grupo: "o seu trabalho [esta pesquisa] não deveria ser sobre "ser atleta é", mas sobre o que deveria ser `ser atleta'". Isto explicita a necessidade das jovens confrontarem as reais condições que vivenciam na construção do papel profissional e as expectativas vigentes sobre o "ser atleta".

Este grupo (juvenil) trouxe como expressões-tema os Prazeres e Vantagens em ser atleta, evidências das restrições e desvantagens desta vivência profissional, questionando as dificuldades em ter uma vida `normal' paralela ao mundo esportivo, podendo estudar etc. O grupo produziu uma cena de uma atleta batendo em um obstáculo (uma parede), sem saber como sair do lugar, o que em análise conjunta denotou a dificuldade em lidar com os conflitos centrais vividos por aquele grupo: "ser ou não atleta ?"

Neste grupo, aconteceu um diálogo entre dois personagens: a `atleta ignorante' e o `não-atleta' que foi investigado e trabalhado com técnicas psicodramáticas (foram realizados o espelho e a inversão de papéis), que possibilitaram às presentes, construir, no `como se', no faz-de-conta psicodramático, uma saída, uma solução para o conflito vivido. O personagem com dificuldades colocou-se numa postura mais ativa, mostrando um atleta que deixa de ser ignorante e consegue conciliar os estudos e a prática esportiva profissional. Trata-se de uma possibilidade técnica do psicodrama que auxilia ao sujeito tomar consciência de suas necessidades e propor as mudanças, no contexto do faz-de-conta em primeiro lugar para então experimentá-lo nas condições reais do dia-a-dia.

Ao refazer esta cena, ficou evidente o conflito, o drama coletivo referente ao `ser ou não atleta, ao desafio de transitar entre as vantagens e desvantagens de ser atleta', explicitando comportamentos e características pessoais que precisam estar presentes para ser um jogador profissional. Estas representações configuram a etapa relativa ao Role-Creating na construção do papel profissional de atleta, pois há consciência, reflexão e ação em direção a um tipo particular e próprio de atleta que cada uma pode ser.

A partir das falas e mesmo da temática representada pelos diversos grupos podemos identificar uma diferença na manifestação do imaginário sobre o que é ser atleta deflagrando características que identificamos como uma maior ingenuidade no grupo inicial (Mini), culminando com a explicitação do conflito coletivo na categoria mais próxima da profissionalização (Juvenil), relativo ao "Ser ou Não Ser atleta ?".

Enquanto no Mini as expressões manifestam características coletivas, como o ser campeão [que é inevitavelmente realizado em grupo], no Juvenil temos presentes os dramas individuais, como o conflito entre estudar ou não, seguir ou não a carreira. No grupo Infantil (intermediário) começam a surgir os conflitos entre o trabalho coletivo e as exigências individuais, pois as meninas que até então privilegiavam a prática lúdica e o prazer de estar em grupo de amigas, começam a se dar conta que apenas algumas delas seguirão no caminho competitivo e exigente da profissionalização, a diferenciação entre o que pode e o que não pode ser feito, o que conduzirá umas ou outras à profissionalização passa a ser evidenciado.

Tomando como referência a Teoria de Papéis, podemos analisar a formação de atletas, supondo que nas proximidades da categoria Infantil, aquela que está no meio do processo de formação, a jovem atleta começa a passar pelo conflito fundamental entre gozar o jogo esportivo, curtir a brincadeira e tomar a atividade esportiva como trabalho, `tarefa seria'. Esta hipótese surge, tomando como base os encontros realizados, diante da riqueza demonstrada pelos personagens construídos, sobretudo o Gago e o Robô, que podem explicitar a necessidade da perfeição e do acerto e a ausência da falha e do erro na prática esportiva profissional.

Ao perceber e identificar as diferentes formas de subjetividade subjacentes à vivência de "ser atleta" propomos uma leitura teórica sobre a formação do papel profissional de atleta, tendo como referência a Teoria de Papéis, em que as categorias iniciais de formação e escolinhas de esporte, dizem respeito ao Role Taking na qual a prática infantil dá maior ênfase ao brincar.

Em seguida, começam a surgir as dificuldades com a necessidade de comprovação das habilidades esportivas para sua permanência no processo de formação profissional. Neste período, acreditamos que ocorra o estrangulamento, o sonho de ser atleta é interpolado pelas condições e situações concretas/reais tanto em relação às capacidades físico-motoras da garota, quanto em relação às suas habilidades técnico-táticas. O período intermediário de formação refere-se portanto, ao Role-Play e aquelas jovens que `sobreviverem' ao processo, em busca da integração deste novo papel e sua identidade poderão chegar ao Role Creating, como parecem questionar as atletas juvenis ao buscar meios de relacionar outras exigências da vida em geral e o trabalho esportivo.

 

Considerações Finais

Apontamos aqui como contribuição da psicologia do esporte, a possibilidade de compreensão do desenvolvimento do papel profissional e de necessárias intervenções a fim de auxiliar jovens e profissionais a compreender os entraves e sobretudo, criar saídas e alternativas às dificuldades do cotidiano.

Conforme as considerações apresentadas sobre o sociodrama realizado, é pertinente oferecer aos atletas em formação oportunidades de reflexão e contínua re-significação do papel profissional de atleta. Para tanto, sugerimos que seja desenvolvida uma metodologia de ação baseada na Teoria de Papéis, tendo como instrumento e método de análise o jogo de papéis, ou Role-Play5, além dos demais métodos psicodramáticos, por se referir a um método de trabalho bastante pertinente no treinamento do papel profissional. Segundo Gonçalves et alli. (1988:42) "qualquer novo papel a ser desenvolvido pode ser auxiliado pelo uso de role-playing, possibilitando assim um papel mais espontâneo e criativo, sem medo e ansiedades".

Naffah Neto (1997) ao discorrer sobre o método de role-playing, enquanto método de interpretação de papéis a partir de sua explicitação e transformação, aponta que trata-se de um instrumento que visa a educação e o desenvolvimento da espontaneidade6 de uma forma mais global, sendo portanto o método central no psicodrama pedagógico ou sócio-educativo. Por esta utilização, o autor aponta o perigo do uso ideológico deste método moreniano, corroborado por Motta (2002), passando [de role-playing] a role-training em que o método é utilizado como forma de exercer controle sobre os indivíduos via o `treinamento' de papéis, recaindo portanto numa conserva cultural7. Portanto, é importante que o método de role-playing possa ser considerado como um instrumento a favor da autonomia e desenvolvimento pessoal-profissional de cada jovem e não da autoridade e normatização da instituição responsável pelo processo.

Franco (2001) fala sobre a necessidade de estimularmos a constituição e expressão espontânea e criativa dos papéis em oposição às conservas culturais destes mesmos papéis: "Tanto o atleta, quanto o técnico, adolescente ou adulto frente a uma situação adversa, podem recorrer a uma alternativa mais fácil que é copiar papéis. Num primeiro momento, sem saber como agir, as pessoas tomam um papel internalizado, padronizado e executam, às vezes, de maneira mecânica e repetitiva, sem a menor consciência ou reflexão. Agindo de acordo com protótipos pré-estabelecidos por outros interesses, o atleta pode perder sua individualidade, peculiaridade e, principalmente, o prazer em exercer seus próprios papéis" (p. 153).

Por conta disto, reafirmamos o conflito da passagem da criança que brinca ao jovem atleta em formação, que terá as exigências e necessidades do jogo como possível entrave ao desenvolvimento do papel profissional, destacando como tarefa da psicologia do esporte a atenção e cuidado com estes aspectos.

A importância do desenvolvimento de um atleta espontâneo e criativo, que possa durante o jogo esportivo ultrapassar limites e alcançar resultados até então inesperados, tem relação com as considerações de Huizinga (1996) sobre a tensão estar presente no jogo, representando incerteza. Desta forma, não há como prever comportamentos para resultados esportivos esperados, não há como criar um padrão de atleta. A incerteza presente no jogo inviabiliza conhecermos o que exatamente vai acontecer e como reagir, coerente com a plasticidade da ação humana, que jamais poderia ser compreendida numa relação causa e efeito, como seria previsto se tomássemos como referência um padrão de comportamento do atleta [referente portanto a conserva cultural].

Entendemos assim, que apesar de conhecer e atuar sobre sistemas de jogos, lidando com regras e limites é fundamental ao atleta de alto nível fazê-lo de maneira própria e até imprevisível, o que coloca seu adversário sempre em prontidão para outra resposta nova. Não será esta a característica que nos chama atenção no esporte? A não repetição, mas a criatividade e novidade das ações, o gosto do atleta em fazer seu trabalho? A criação e não só a reprodução?

Entendemos por fim, que a construção do papel profissional de atleta passa pelo cuidadoso processo de ação-reflexão-ação, na busca de consciência e apropriação de sua história e não apenas reprodução de outras tantas vivências particulares vitoriosas. Cada um será o atleta que pode ser e não apenas reproduzirá o atleta que todos desejam que ele seja ou mesmo que tantos outros tenham sido no passado e tenham se tornado heróis e modelos a serem seguidos.

Esperamos que estas considerações possam auxiliar na reflexão e, sobretudo na construção de metodologias em psicologia do esporte que favoreçam o desenvolvimento humano, a promoção de saúde e qualidade de vida, além da exclusiva busca de resultados, índices e recordes esportivos. Que o jogo valha a pena em si mesmo, que a vida seja valorizada e a moral seja desenvolvida em oposição às amarras e conservas culturais da sociedade contemporânea, convergindo no mesmo sentido das reflexões finais de Rubio (2001:215) pois "o significado que a prática esportiva adquire ao longo do período competitivo, ou profissional, pode influenciar diretamente nos rumos da vida futura do atleta (...) uma forma de elaborar essa história marcada por tantos sobressaltos está no envolvimento com a criação e formação de novos atletas, que poderão vir a se manifestar contra esse sistema, reparando ao mestre o passado e criando para si a possibilidade do gozo não vivido por outros. Essa é uma das indicações de que a carreira de um atleta não é fruto apenas de uma disposição e talento individuais, da afirmação de uma vontade latente ou da determinação em perseguir objetivos. Fatores externos como a influência parental, políticas institucionais e papel dos formadores, sejam eles professores de educação física ou técnicos, podem influenciar e até determinar a transformação de um aspirante em atleta".

 

Bibliografia:

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Endereço para correspondência
Rua Santa Eudóxia, 361
2533-010 São Paulo - SP
E-mail: marisamk@usp.br

 

 

1 Há também outras formas de esporte que podemos tratar: o esporte participação relativo ao lazer e à prática de tempo livre, o esporte educação, com a pretensão de formação, preparando seus participantes à cidadania e o esporte performance (esporte de rendimento) voltado exclusivamente para a competição (Tubino, 1999).
2 Desporto é o termo utilizado em Portugal referente ao Esporte utilizado usualmente no Brasil, embora, segundo Tubino (1999) haja controvérsias quanto a utilização dos dois termos no Brasil. O termo Desporto foi aqui utilizado pela manutenção da tradução original da publicação realizada em Portugal.
3 Ver a seguir considerações sobre a Teoria Psicodramática, que é considerada uma linha pesquisa e intervenção em psicologia e freqüentemente utilizada em psicologia do esporte.
4 Outras considerações básicas sobre a teoria podem ser encontrados no livro Gonçalves, C.S., Wolf, J.R, Almeida, W.C de Lições de Psicodrama: introdução ao pensamento de J.L.Moreno, 4ª edição, São Paulo: Ágora, 1988.
5 Importante salientar que o termo Role Play refere-se a dois conceitos na teoria psicodramática: diz respeito à segunda fase do desenvolvimento de papéis como já descrito - e ao método terapêutico utilizado para auxiliar no desenvolvimento de um papel.
6 Espontaneidade e criatividade são conceitos principais do psicodrama, representando critérios de saúde e autonomia do indivíduo.
7 O termo conserva cultural também é um dos conceitos centrais na teoria psicodramática e refere-se àquilo que está cristalizado no modo de ser e agir de uma pessoa, trata-se dos padrões, referências materiais, normas de comportamento e conduta que levam à cristalização de um processo de criação. É o produto definitivo e imutável em oposição ao processo da criação, representado em comportamentos estereotipados, sem autonomia e espontaneidade.

 

Sobre a autora

Psicóloga formada pela PUC-SP, especialista em Psicodrama (SOPSP-COGEAE/PUC-SP), mestre em Educação Física Pedagogia do Movimento Humano (EEFE-USP). Coordenadora de Psicologia do Esporte do Programa Finasa Esportes, professora da UniSant'anna e colaboradora de cursos de especialização do Instituto Sedes Sapientiae, Universidade Gama Filho e UniFMU. Membro fundadora da ABRAPESP.

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