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Revista Brasileira de Psicologia do Esporte

versión On-line ISSN 1981-9145

Rev. bras. psicol. esporte v.2 n.1 São Paulo jun. 2008

 

 

Bem-estar e locus de controle no esporte

 

Subjective well-being and locus of control in sport

 

Bien-estar subjetivo y locus de controle en el deporte

 

 

Marta Maciel Levy

 

 


RESUMO

A pesquisa teve como proposta investigar a presença ou não de bem-estar subjetivo e qual o locus de controle apresentado pelos atletas brasileiros de judô, que foram para as Olimpíadas em Atenas. A avaliação global do bem-estar subjetivo inclui considerações sobre felicidade, emoções agradáveis, satisfação de vida, redução do estado de ânimo e emoções desagradáveis. Já o locus de controle pretende identificar a percepção das pessoas com relação ao controle dos acontecimentos em que se encontram, podendo elas perceberem os eventos de sua vida como conseqüência de suas próprias ações, o que é chamado de controle interno, ou não relacionados com suas ações, controle externo. Foi, assim, possível perceber a presença do bem-estar subjetivo e do locus de controle interno nos atletas profissionais do judô, a partir dos dados coletados com a aplicação de um questionário sobre felicidade, e dos resultados obtidos a partir das respostas, dos mesmos atletas, na Escala Multidimensional de Locus de Controle.

Palavras-chave: Bem-estar subjetivo, Locus de controle, Esporte, Lazer.


ABSTRACT

The proposal of this work was investigate the presence, or not, of subjective well being and what is the locus of control in brazilian athlets of judo, who would go to Olimpic Games in Athenas. The global avaliation of subjetive well being includes considerations about happiness, pleasurable emotions, life satisfaction, less unplesurable emotions. The locus of control intend to explain the perception of people about the control of situations in what they live. The control could be perceived as being consequence of his person´s acts (internal locus) or outside this person´s control (external locus). The results achieved with the aplication of a questionary about happiness and the Multidimensional Locus of Control Scale showed the presence of subjective well being and internal locus of control in the professional athlets of judo.

Keywords: Subjective well-being, Locus of control, Sport, Leisure.


RESUMEN

La propuesta de este trabajo es investigar la presencia del bien estar subjetivo y cual es el locus de control de los atletas brasileños del judo que iban a las Olimpiadas en Atenas. La evaluación global del bien estar subjetivo incluye consideraciones sobre la felicidad, emociones agradables, satisfacción con la vida, reducción de los estados de ánimo y emociones desagradables. El locus de control pretende esclarecer el auto percepción con respecto a los acontecimientos a que las personas están subordinadas. La persona que puede identificar los acontecimientos como resultado de su control, control interno, o como fuera de su control, control externo. Fue posible con los resultados del cuestionario sobre felicidad, y de la Escala Multidimensional de Locus de Control, identificar la presencia del bien estar subjetivo y del locus de control interno en los atletas profesionales de judo.

Palabras-clave: Bienestar subjetivo, Locus de control, Deporte, Ocio.


 

 

Introdução

A psicologia do esporte tem se desenvolvido amplamente e vem sendo abordada como tema de destaque, tanto na área do esporte quanto na da psicologia propriamente dita. São muitos os benefícios da psicologia, genericamente, para os esportes. Aqui, o tema escolhido refere-se a uma visão do esporte especificamente a partir de construtos da psicologia social.

Considerando o papel significativo da psicologia social na área do esporte, pensou-se em um tema que articulasse ambos os interesses. A proposta deste trabalho foi abordar os construtos da psicologia social em sua relação com o esporte, avaliando também a percepção do atleta sobre a felicidade e o locus de controle pessoal.

Algumas definições permitem o entendimento da perspectiva apresentada. Primeiramente, ao referir-se à psicologia social, uma vasta gama de definições pode ser adotada. Aqui, sugerem-se as usadas por Sheriff and Sheriff (1969, apud Brawley e Martin, 1995), que define a psicologia social como "...o estudo científico da experiência e comportamento do indivíduo em relação a situações de estímulos sociais" (p.8), e por Allport (1954), que afirmou ser a psicologia social "...uma tentativa para entender e explicar como pensamento, sentimento e comportamento dos indivíduos são influenciados pela atual, imaginada ou sugerida presença de outros." (p.3).

Igualmente, múltiplas definições de psicologia do esporte poderiam ser citadas, dependendo das áreas específicas que têm influenciado várias pesquisas e interesses profissionais. Entretanto, se esporte é o foco central e não o exercício, a definição provida por Rejeski e Brawley (1988, p.232) é provavelmente tão útil quanto qualquer outra para o propósito desta discussão: "...psicologia do esporte é a contribuição educacional, científica e profissional da psicologia, para promoção e manutenção acentuada do comportamento relativo ao esporte".

O surgimento da psicologia desportiva deve ser pensado a partir do início do século XX, quando, em 1901, na Europa, começou-se a articular a psicologia e o esporte. Jusserand, neste mesmo ano, publicou um livro sobre psicologia do futebol (Jusserand, Jean Jacques. Le sport et les jeux d'exercice dans l'ancienne France, Paris, Ed. Plon et Nourrit, 1901). Dos três países considerados berços da psicologia do esporte Alemanha, a antiga URSS e os EUA os dois últimos destacaram-se pela projeção dos principais precursores.

A psicologia desportiva começou a crescer significativamente a partir de 1980, em virtude da ampliação da cultura psicológica dos atletas e treinadores em relação à necessidade humana de superação de conquistas (Rubio, 2000).

A psicologia do esporte investiga tanto o esporte quanto o exercício. No caso do esporte, visa o rendimento esportivo, na prática estruturada de apoio multidisciplinar, com o objetivo de promover o melhor desempenho e vitória dos atletas.

No exame do esporte competitivo, a psicologia esportiva ainda pode ser dividida em dois setores: um relacionado à atividade esportiva e outro relacionado ao atleta. (De Rose Júnior, 2000).

Depois de estabelecida a área de estudo, é importante definir a área de atuação do psicólogo. Os campos de atuação do psicólogo são basicamente três: atuação didática, pesquisa e intervenção. (De Rose Júnior, 2000).

O reconhecimento da importância da psicologia do esporte para o desempenho dos atletas e equipes é antigo, mas se restringia à teoria. No entanto, pesquisadores e profissionais da área vêm, desde a década de 1990, difundindo o seu valor em nosso país. (De Rose Júnior, 2000).

A pesquisa da psicologia social do esporte é conduzida, em geral, com o objetivo de esclarecer a possibilidade de hipóteses psicológicas serem sustentadas no domínio do esporte. O nível de interface entre psicologia social e do esporte pode: (a) estender-se do plano superficial para um mais profundo, (b) ser relativo à pesquisa básica e aplicada e (c) ocorrer em um nível conceitual, metodológico ou de intervenção. (Rejeski e Brawley, 1988)

Como exemplo dos benefícios da psicologia social para o esporte, podemos citar a pertinência do desenvolvimento da coesão de grupo, no caso de esportes coletivos; a preocupação quanto à ansiedade e orientação de meta, tanto para as equipes como para os atletas que atuam individualmente. Estes fatores são extremamente relevantes para que os atletas apresentem um comportamento motivado, o que pode levar a um melhor desempenho em diferentes práticas esportivas.

Os instrumentos da psicologia social a serem utilizados são o bem-estar subjetivo e o locus de controle. Os componentes que definem o bem-estar subjetivo ainda não são muito claros. Sendo assim, a escolha do locus de controle foi pensada por ser este um construto muito valorizado nos estudos que enfatizam os fatores psicossociais e por possibilitar a análise da percepção individual dos sujeitos da pesquisa. (Pereira, 1997)

Algumas pesquisas vêm demonstrando forte correlação entre felicidade e relações interpessoais (Csikszentmihalyi, 1992). Deste modo, estar ou não na companhia de outras pessoas faz uma grande diferença na qualidade da experiência, pois promove um bem-estar geral. No entanto, não basta a companhia de outras pessoas, sendo necessário também saber conviver bem com elas. Este é um ponto fundamental já que, em competições, a presença do público influencia, e muito, o desempenho dos atletas individualmente e em grupo.

De acordo com o modelo da terapia cognitiva, o modo como uma pessoa interpreta ou percebe um acontecimento em sua vida irá influenciar suas emoções e comportamentos. Esta interpretação dependerá das crenças que as pessoas desenvolvem ao longo de suas vidas através da relação com o ambiente (Beck, 1997). Portanto, se uma pessoa acreditar que ela não exerce poder e controle sobre o que acontece em sua vida, provavelmente seu comportamento será o de não tomar iniciativa. Podemos, a partir desta reflexão, dar início ao entendimento e ao trabalho da questão do locus de controle, que trata da percepção individual sobre o controle dos acontecimentos experimentados.

O termo locus de controle pretende explicar a percepção das pessoas com relação ao controle dos acontecimentos em que se encontram, podendo ela perceber os eventos de sua vida como conseqüência de suas próprias ações, o que é chamado de controle interno, ou não relacionados com suas ações, controle externo. (Garcia, 1985, apud Barboza, 2001)

Pelo fato das pessoas com locus de controle externo atribuírem a fatores externos quase tudo que lhes acontece, é muito provável que também confiram, por exemplo, a felicidade à sorte ou azar. Weiss e Sherman (1973, apud Judge e Bono, 2001) afirmaram que quando indivíduos com locus de controle interno percebem que seus desempenhos estão fora dos padrões impostos, eles se esforçam para alcançar o modelo desejado. E segundo Rotter (1990), pessoas com locus de controle interno tendem a possuir maior controle sobre suas vidas.

Outra questão que deve ser abordada refere-se ao fato da psicologia do esporte ser ainda alvo de desconfiança por parte de atletas e de treinadores. Este é um dos maiores obstáculos para a realização do trabalho desenvolvido pelo psicólogo esportivo e diz respeito ao preconceito, à falta de conhecimento sobre a psicologia do esporte e sobre o papel desempenhado pelo profissional. (Rubio, 2000)

A psicologia do esporte direcionada à competição precisa, então, ser difundida, considerando-se as expectativas dos dirigentes e da comissão técnica. E o psicólogo do esporte necessita esclarecer até onde vai seu trabalho com o grupo e quais os limites éticos existentes que deverão ser respeitados. (Rubio, 2000)

 

Felicidade

"Felicidade não se acha, se conquista." (Léa Waider) 

A resposta predominante à questão genérica e direta sobre o que uma pessoa espera da vida é "ser feliz".

"...Aristóteles concluiu que, mais do que qualquer outra coisa, homens e mulheres buscam a felicidade. Ela é procurada por si mesma, enquanto todas as outras metas - saúde, beleza, dinheiro ou poder - são valorizadas somente porque esperamos que nos tornem felizes." (Csikszentmihalyi, 1999, p. 13) E se a pergunta for "o que é ser feliz", as mais diversas explicações serão dadas. Algumas pessoas acreditam que a felicidade está relacionada ao dinheiro, ao poder econômico e aquisitivo; outras julgam que ser feliz é ter amigos, família e um bom trabalho. É possível verificar, a partir destes exemplos, a dificuldade de se estabelecer um padrão de percepção e definição único para o conceito de felicidade. No entanto, se houver necessidade de se instituir um significado genérico para este termo, pode-se afirmar que a maioria das respostas está relacionada a um estado de alegria ou de satisfação com a vida. Estes termos são respectivamente emoção e cognição (Argyle e Martin, 1991). Se, então, a felicidade for tomada no sentido de satisfação com a vida, resultado de reflexão, revela-se um conceito bem definido que pode ser mensurado. Segundo Veenhoven (1991, tradução de Argyle, Strack e Schwarz, 1991, p. 10), a "...satisfação com a vida é concebida como a condição pela qual um indivíduo julga a qualidade global de sua vida, como um todo, favoravelmente."

A felicidade tem sido apontada como um componente afetivo do bem-estar subjetivo, que também contém cognição. Na medição da felicidade são encontrados resultados com ênfase na alegria, outros na satisfação assim como na combinação de ambos. Segundo Pereira (1997), um dos conceitos sobre bem-estar subjetivo é a predominância da freqüência de ocorrência do afeto positivo sobre o afeto negativo. (Diener, 1984; Argyle, 1987; Argyle, Schwarz e Strack, 1991; Pereira e Engelmann, 1993 e Pereira, 1997). Inúmeros estudos revelam que para a experiência e a percepção do bem-estar é necessário a freqüência de contatos sociais na dinâmica das relações inter-pessoais de afinidade.

Podemos estabelecer três categorias para a definição do bem-estar subjetivo (Diener, 1984): há o critério interno, que define o bem-estar subjetivo como uma virtude ou santidade. É uma qualidade socialmente desejável, o que leva esta categoria a ser considerada normativa. O critério de felicidade desta categoria não é o julgamento do indivíduo e sim um valor do observador.

Outro critério para conceituação do bem-estar subjetivo é a maneira que cada pessoa avalia a qualidade positiva em sua vida. Neste caso, são os padrões do indivíduo que estão em questão. Esta categoria indica a satisfação de vida. Shin e Johnson (1978, apud Diener, 1984) definiram este conceito de felicidade como uma avaliação global da qualidade de vida da pessoa, de acordo com os próprios padrões escolhidos.

O terceiro critério refere-se à preponderância de afetos positivos sobre os negativos (Bradburn, 1969 apud Diener, 1984). Sendo assim, a pessoa experimentaria, na maior parte do tempo, emoções prazerosas ou estaria predisposta a estas emoções, independentemente do que está sentindo no momento. É importante ressaltar a relevância da presença de afetos positivos, que não ocorre apenas na ausência de afetos negativos. A imagem do que é uma boa vida pode variar, de acordo com a cultura, por exemplo; mas em um nível genérico inclui relacionamentos íntimos, responsabilidade com uma comunidade, aproveitamento da vida e diversão.

Há muitos meios de se elevar o bem-estar subjetivo. No ocidente, por exemplo, podemos determinar alguns indicadores que possibilitam um alto nível de bem-estar subjetivo e que conduzem a um afeto ou a uma emoção positiva; são eles melhor saúde, menor índice de divórcio, maior produtividade e um comportamento mais responsável no trabalho. (Argyle, Schwarz e Strack, 1991)

Durante cerca de 50 anos de estudos sobre o bem-estar subjetivo, podemos identificar dois estágios das pesquisas. O primeiro refere-se aos projetos iniciais em que eram aplicadas medidas simples de felicidade e de satisfação em vários grupos; os pesquisadores então podiam, a partir dos resultados, descrever a média do nível de bem-estar subjetivo encontrado lá. Estes eram trabalhos descritivos e não abordavam os processos psicológicos que controlavam o bem-estar subjetivo. (Diener e Biswas-Diener, 2000).

No decurso das pesquisas, em 1984, Diener realizou uma investigação de caráter mais teórico e psicológico, que considera a importância do temperamento e da personalidade como relevantes bases para o estado de felicidade das pessoas. Por exemplo, Lucas, Diener, Grob, Suh e Shao (1997, apud Diener e Biswas-Diener, 2000) descobriram que a despeito da diversidade cultural, há uma tendência geral de pessoas extrovertidas apresentarem mais emoções positivas. Tellegen, Lykken, Bouchard, Wilcox, Segal e Rico (1988, apud Diener e Biswas-Diener, 2000) afirmaram que os genes são responsáveis por 40% da variação na emoção positiva e 55% da variação na emoção negativa, visto que o ambiente compartilhado da família explica 22% e 2% da variação na emoção positiva e na emoção negativa, respectivamente.

Assim, estudos e investigações indicam que o temperamento nato é uma influência muito importante para o bem-estar subjetivo das pessoas, em uma perspectiva de longo prazo, embora os eventos imediatos possam modificar o padrão dos respondentes. Entretanto, Inglehart e Klingemann (2000, apud Diener e Biswas-Diener, 2000) demonstraram que existem grandes diferenças, entre nações, no que diz respeito ao bem-estar subjetivo e, conseqüentemente, hereditariedade não é a única influência na felicidade.

 

Bem-estar subjetivo

"Não há satisfação maior do que aquela que sentimos quando proporcionamos alegria aos outros." (M. Taniguchi)

A qualidade de vida é um dos temas mais discutidos na atualidade pois é importante que as pessoas vivam bem para que possam exercer todas as funções que lhe cabem de forma eficiente e satisfatória. Sendo assim, a relevância do estudo do bem-estar subjetivo é explicada pelo fato de constituir um dos itens principais para que uma pessoa alcance bom nível de qualidade de vida. O bem-estar pode ser objetivo ou subjetivo. Neste trabalho, o foco detém-se no bem-estar subjetivo. É, portanto, necessário esclarecer um pouco mais a respeito deste termo.

O bem-estar refere-se à "...questão do que leva as pessoas a avaliarem suas vidas de maneira positiva. Essa definição de bem-estar subjetivo tem sido rotulada de satisfação com a vida e trabalha com os padrões dos respondentes em determinar o que é uma vida boa." (Diener 1984 , p.543). O bem-estar considera o indivíduo, subjetivamente, "...a partir de medidas positivas. Não é só a ausência de fatores negativos [...] Entretanto, a relação entre índices positivos e negativos não é completamente entendida." (Diener, 1984, p. 543-544). O bem-estar subjetivo pretende, em sua medição, fazer uma avaliação global de todos os aspectos da vida da pessoa, sendo também possível estimar, separadamente, afeto ou satisfação.

Assim, segundo Diener (2000), a avaliação global do bem-estar subjetivo inclui considerações sobre felicidade, emoções agradáveis, satisfação de vida, redução do estado de ânimo e emoções desagradáveis. Mesmo que tais critérios sejam subjetivos, é possível, a partir de reações cognitivas e emocionais, medir a avaliação pessoal percebida por cada sujeito.

Pereira (1997) descreve três principais indicadores do bem-estar subjetivo. O primeiro refere-se a uma experiência cognitiva em que o indivíduo compara sua situação presente com aquela em que ele esperava estar, ou seja, o sucesso que a pessoa acredita ter alcançado frente a algum objetivo almejado. O segundo relaciona-se à experiência dos aspectos afetivos que pode ser medida através da quantidade de episódios positivos e negativos ocorridos em um passado recente. O terceiro determina aspectos psicossociais da saúde que podem incluir fatores como locus de controle, ansiedade e crises emocionais.

Segundo Pereira (1997), dois aspectos são muito importantes na ocorrência subjetiva dos estados afetivos: a) intensidade de afeto e b) freqüência de afeto. A intensidade de afeto tem sido comumente utilizada como indicador do bem-estar subjetivo, tanto nas perspectivas unipolares quanto nas bipolares, isto é, relativas à força ou peso com que ocorre (a questão da unipolaridade e da bipolaridade varia de acordo com os teóricos). Freqüência de afeto refere-se ao número de vezes que ocorre um tipo de afeto, durante períodos de tempo. A freqüência de ocorrência de afeto positivo e de afeto negativo tem sido apontada como o melhor indicador do bem-estar subjetivo em comparação à intensidade de ocorrência (Diener, 1984).

De acordo com a especificidade ou generalidade vivida, a satisfação de vida pode referir-se a três sub-níveis: (a) nível de satisfação diante de características específicas das condições particulares de vida (satisfação com o número de cômodos da residência, com sua localização, com as dimensões do espaço físico dos cômodos, etc.); (b) nível de satisfação com a totalidade de conteúdos particulares da vida (satisfação com a moradia, com o trabalho, com a saúde, com a educação, etc.) e (c) nível de satisfação com a totalidade dos domínios gerais de vida, denominada, exclusivamente, satisfação de vida ou satisfação com a vida em geral ou, ainda, satisfação de vida como um todo. Esta subdivisão foi sugerida por Glatzer (1987, p.25 apud Diener, 1984)

Os estudos do bem-estar subjetivo buscam saber como as pessoas determinam se estão felizes ou não. Para Diener (1984, p. 547) "...o bem-estar subjetivo se refere ao modo como as pessoas avaliam suas vidas, e inclui variáveis como satisfação de vida, satisfação marital, ausência de depressão e ansiedade, e presença de humores positivos". Diener considera três características marcantes do bem-estar subjetivo. A primeira é a subjetividade, já que condições objetivas como saúde ou riqueza, embora potenciais para o bem-estar, não pertencem ao campo da experiência individual. A segunda característica é o fato de que o bem-estar subjetivo inclui medidas positivas como alegria, prazer e otimismo, não configurando apenas uma ausência de fatores negativos, como era pensado anteriormente. A terceira refere-se à abrangência da avaliação global de todos os aspectos da vida de uma pessoa na medição de bem-estar. Neste conceito, mesmo que influências ou satisfações dentro de um certo domínio possam ser avaliadas, a ênfase é normalmente destinada ao julgamento integrado da vida da pessoa como um todo. Diener e Suh (1996, apud Barbosa, 2001).

 

Locus de controle

O termo locus de controle pretende explicar a percepção das pessoas com relação ao controle dos acontecimentos em que se encontram, podendo ela perceber os eventos de sua vida como conseqüência de suas próprias ações, o que é chamado de controle interno, ou não relacionados com suas ações, controle externo (Garcia, 1985, apud Barboza, 2001).

A partir deste conceito podemos, com a aplicação de escalas, saber se uma pessoa percebe os acontecimentos em que está inserida, através de uma visão externa, considerando Deus, entidades externas, sorte ou azar os responsáveis pelos eventos vivenciados, ou se acredita ser responsável por seu destino, por suas experiências, levando em conta fatores internos.

"As primeiras escalas de locus de controle foram construídas logo depois de se ter demonstrado que as pessoas variam no modo de reagir às suas experiências de sucesso e fracasso dependendo da atribuição que fazem às conseqüências da tarefa realizada, se à habilidade ou ao acaso" (Dela Coleta, 1986, p.1)

A primeira escala de mensuração do locus de controle foi elaborada em 1955, por Phares, e teve posteriormente a ampliação da escala por James, em 1957, com a inserção de 30 itens, passando a ser composta de 60 itens (Barboza, 2001)

Em 1966, Rotter desenvolveu a Escala de Locus de Controle Interno-Externo, a mais utilizada, então, como referência para os pesquisadores que o sucederam. Constituída de 29 itens, dos quais 6 são pouco relevantes, a escala de Rotter considera que o construto é unidimensional, isto é, a percepção do sujeito a respeito do controle se restringe à internalidade ou externalidade. Dentre os pesquisadores que questionaram a validade do conceito de unidimensionalidade, destaca-se o pensamento de Hanna Levenson, que em 1973 desenvolveu a Escala Multidimensional de Locus de Controle, que diferencia-se da de Rotter no que diz respeito à sua aplicação empírica. Segundo Levenson, o locus de controle externo não deve necessariamente significar algo ruim ou indesejável. Em sua escala, a externalidade é dividida entre pessoas que acreditam no poder de outras pessoas sobre si próprias e nas que julgam o mundo como imprevisível e incontrolável. (Dela Coleta, 1986).

A escala elaborada por Levenson é a mais utilizada atualmente e é composta por 24 itens divididos em três sub-escalas: controle interno, controle externo autêntico e controle externo defensivo. Esta escala foi traduzida e validada no Brasil por Dela Coleta em 1986.

Assim, foi possível definir dois tipos de controle externo: o controle externo autêntico, que refere-se às pessoas que acreditam no poder vindo de Deus, do destino, da sorte, do azar ou de entidades sobrenaturais, e o controle externo defensivo, encontrado em pessoas que pensam que o controle advém de pessoas poderosas, como pais, patrões, governantes, autoridades ou professores. Os "externos defensivos" imaginam poder ter controle de suas vidas em algum momento, no futuro. A tendência para explicar situações por atribuição de causas externas ou internas varia nos sujeitos e depende da história social e individual de cada um.

As fontes reais dos eventos vivenciados têm pouco ou nenhum valor se comparadas com a percepção que o sujeito tem do controle dos acontecimentos. É esta percepção a grande determinante da conduta humana. (Dela Coleta, 1982 apud Barboza, 2001). Há, desta forma, uma tendência presente em cada indivíduo para tentar explicar os eventos vivenciados, atribuindo a estes causas internas e externas. Tal tendência é resultado de um processo de aprendizagem social, visto que a percepção de controle depende das contingências entre a própria ação e as respostas que o meio proporciona (Dela Coleta, 1982 apud Barboza, 2001).

As pessoas identificadas com o controle interno têm, geralmente, como uma de suas características, maior persistência nos esforços para obter resultados em suas investidas. São, em geral, as que possuem maior fluência verbal e apresentam maior satisfação durante a interação social (Dela Coleta, 1982 apud Barboza, 2001). Sendo assim, há uma tendência em se relacionar a internalidade com características mais positivas. (Lefcourt, 1981 apud Barboza, 2001)

Lacerda (1998, apud Barboza, 2001), no entanto, acrescenta que para muitos atletas o grande prazer é superar-se e exibir-se publicamente, mostrando o que foi alcançado após tantos esforços e sacrifícios. Observa-se, assim, a existência de uma influência de caráter externo (Barboza, 2001), já que o reconhecimento de outras pessoas surge como um dos principais fatores de motivação.

Os exemplos e hipóteses acima são alguns dos motivos que justificam a pesquisa do locus de controle na prática esportiva, pois a aplicação de escalas de mensuração de locus de controle é um modo de identificar características que podem estar relacionadas a determinadas atitudes e comportamentos dos atletas; e com estes dados é possível que o psicólogo desportivo fundamente um trabalho elaborado a partir de tais características pessoais, o que pode ser essencial para a complementação do acompanhamento psicológico desenvolvido nos treinos.

 

Lazer

O lazer é uma das questões fundamentais a serem consideradas, uma vez que o esporte não deve ser observado tão somente por uma ótica competitiva mas por sua relação com o bem-estar subjetivo, tendo em vista que o lazer é um dos componentes fundamentais para que uma pessoa sinta-se satisfeita com a vida. (Csikszentmihalyi, 1999)

O lazer pode ser definido como o tempo livre em que o sujeito não está envolvido no trabalho ou em alguma tarefa obrigatória; esta definição encontra-se geralmente associada a alguma atividade prazerosa.

Um dos pontos primordiais quando se pensa em lazer, no âmbito da psicologia social, refere-se à maneira como as pessoas utilizam seu tempo livre e quais as atividades eleitas nessas ocasiões. Acredita-se que é mais fácil obter prazer com o lazer do que com o trabalho. "...Geralmente, supõe-se que não é necessária qualquer habilidade para apreciar o tempo livre, e que qualquer pessoa pode fazer isso. No entanto, os sinais sugerem o oposto: é mais difícil desfrutar o tempo livre do que o trabalho." (Csikszentmihalyi, 1999, p. 67) É importante saber utilizar os momentos de lazer; de outra forma, podem faltar motivação e concentração para as diferentes atividades prazerosas que devem ocupar este período

O esporte destaca-se como uma das atividades que mais geram prazer, e a satisfação observada em sua prática pode ser explicada pela elevação do bem-estar subjetivo que ocorre quando o exercício do lazer encontra-se direcionado ao cumprimento de alguma meta. No entanto, o esporte não é a opção mais praticada se comparada com o tempo ocupado pelas pessoas em outras atividades, como o tempo gasto em frente à televisão, por exemplo, que seria uma forma de lazer passivo, ou seja, que quase não demanda investimento, pois o esporte, que se caracteriza por lazer ativo, e exige um dispositivo de ativação e investimento, não é tão facilmente disponível e demanda outros esforços tais como a preparação para a atividade em questão e alguma habilidade específica para sua prática. (Csikszentmihalyi, 1999)

 

Esporte

São muitas as definições possíveis caracterizando o esporte. Assim, pode-se entender esporte, segundo Loy (1969, p. 239, traduzido de Brawley e Martin, 1995, p. 470), como "...um institucionalizado, competitivo acontecimento de jogo caracterizado por habilidade física, estratégica e chance em combinação."

A relação entre esporte e saúde tem sido objetivo de muitos estudos, pois são muitos os benefícios obtidos para a saúde, de um modo geral, a partir da regularidade na atividade física e na prática esportiva. No entanto, questiona-se o bem-estar físico no esporte de alto-nível, pois nesta área desportiva os atletas apresentam muitas lesões, devido a superação de limites constantemente imposta pela equipe técnica e pelo próprio atleta. É importante destacar que este trabalho não se propôs a pesquisar os prejuízos físicos dos atletas no percurso esportivo e sim relacionar o esporte com a felicidade.

As pesquisas na área esportiva podem apontar muitos benefícios obtidos com a prática esportiva. Mesmo a interface entre esporte e bem-estar subjetivo pode ser pensada e estudada por diferentes pontos, pois o esporte pode ser relacionado com aspectos diversos e distintos da felicidade, como já foi demonstrado anteriormente.

Esta pesquisa procurou ater-se à questões do bem-estar subjetivo e do locus de controle, e a percepção dos atletas sobre ambos os construtos.

 

Método

Participantes

A escolha dos participantes foi realizada com o objetivo de levantar dados sobre o judô, esporte individual, em que o Brasil tem se destacado nacional e internacionalmente. O judô encontra-se em terceiro lugar dentre os esportes que mais conquistaram medalhas olímpicas para o Brasil. Os atletas brasileiros já obtiveram dez medalhas em Olimpíadas, dentre elas duas de ouro, três de prata e cinco de bronze (http://www.gazetaesportiva.net/olimpiadas/2004/), além das medalhas obtidas nas Para-Olimpíadas.

Assim, foram aplicados um questionário sobre felicidade e uma escala de avaliação do locus de controle em oito atletas, três mulheres e cinco homens, entre 20 e 31 anos de idade, da seleção olímpica brasileira. Todos os atletas tinham segundo grau completo, dentre os quais quatro com curso superior incompleto e três tendo concluído algum curso universitário.

Instrumentos

Para o levantamento de dados sobre o bem-estar subjetivo, foi proposto um questionário de cinco perguntas, relacionando felicidade e esporte. Cada pergunta teve o objetivo de avaliar a percepção dos atletas a respeito da felicidade, destacando sua percepção sobre este conceito e sobre o sentimento de bem-estar experimentado em diferentes momentos e situações esportivas.

Para mensuração do locus de controle foi utilizada a Escala Multidimensional de Locus de Controle, desenvolvida por Levenson em 1973 e adaptada para o Brasil por Dela Coleta (1986). Esta escala é composta de três sub-escalas que mensuram o grau de internalidade, o grau de externalidade defensiva - associada a outros poderosos - e o grau de externalidade autêntica - vinculada ao acaso. Os resultados obtidos referem-se à soma dos valores de cada item, de forma que escores maiores na primeira sub-escala indicam maiores graus de internalidade; maiores escores nas duas sub-escalas subseqüentes indicam maiores graus de externalidade.

Procedimentos

Os participantes foram convidados a preencher um pré-questionário com dados pessoais e informações sobre a sua prática esportiva. Em seguida eles responderam de forma dissertativa a cinco perguntas específicas no questionário sobre felicidade.

A última etapa foi a aplicação da Escala Multidimensional de Locus de Controle. (Dela Coleta, 1986), onde eles indicaram o quanto concordavam ou não com as afirmações colocadas. A escala é semelhante à do tipo verdadeiro ou falso, e, assim, não exigiu muito esforço dos respondentes.

 

Análise de dados e resultados

As informações colhidas através do questionário de felicidade foram trabalhadas a partir de uma análise de conteúdo (Bardin, 1994). As respostas geraram categorias com temas gerais que englobavam o conteúdo de idéias expressadas, possibilitando assim a análise da percepção dos atletas de judô sobre o bem-estar subjetivo e a felicidade.

As dezenove respostas relativas a primeira questão, que tinha como objetivo saber o que é felicidade para cada um dos atletas, foram divididas em 4 categorias: 'relações interpessoais'; 'valores humanos'; 'motivação de auto-realização' e 'outros'. A maioria das respostas foi incluída na categoria de 'valor humano', que destacou-se com 12 itens (63,15%), contra três (15,78%) incluídas em 'relações interpessoais', duas (10,52%) pertencentes a categoria de 'motivação de auto-realização' e mais duas (10,52%) em 'outros'.

A segunda questão, que teve como objetivo avaliar a percepção de cada atleta sobre os momentos de maior intensidade de afetos, positivos e negativos, no esporte, foi dividida em dois níveis de respostas: o que considera os 'melhores momentos na prática esportiva', que foi sub-dividido em duas categorias, 'vitórias' e 'outros'; e o que destaca os 'piores momentos', e foi definido pelos seguintes três tópicos: 'contusões e conseqüentes interrupções na prática desportiva', 'derrotas' e 'outros'.

Na categoria de 'melhores momentos' preponderaram os itens referentes a categoria de 'vitórias', que equivaleu a 91,66% das respostas.

Nos 'piores momentos' foram encontrados um total de treze respostas e destacou-se o número próximo de ocorrências nos tópicos referentes as 'perdas', que contou com seis itens (46,15%), e no relativo as 'contusões e conseqüentes interrupções na prática desportiva'que obteve cinco respostas (38,46%).

A terceira questão, que propôs-se a identificar a importância do esporte na vida do atleta fora do ambiente esportivo, foi dividida quanto as suas duas perguntas: 'fala ou não de esporte'; e 'do que fala'.

Na primeira categoria foram oito itens, sendo sete (87,5%) no tópico 'sim' e uma (12,5%) no 'não'.

As vinte e sete respostas relativas a segunda pergunta foram divididas em cinco categorias, sendo elas: 'esporte', com oito itens (29,62%); 'outros', também com oito (29,62%); 'atividades de lazer', com cinco (18,51%); 'relações interpessoais', igualmente com cinco (18,51%); e valor humano, apenas com uma (3,70%) resposta.

A questão quatro, que pretendeu avaliar o nível de satisfação do atleta em sua prática esportiva, foi sub-dividida a partir das três perguntas inseridas na questão: 'escolheria o mesmo esporte', que obteve um total de oito respostas, sendo seis (75%) no sub-tópico 'sim' e duas (25%) no sub-tópico 'dúvida'; se pudesse mudar algo mudaria, com um total de sete itens, cinco (71,42%) no sub-tópico não e duas (28,57%) no sim; e 'o que mudaria', que contou com duas respostas distintas, que não foram classificadas em categorias específicas.

A quinta e última questão, que teve como objetivo identificar a percepção de cada atleta sobre os meios de obtenção de bem-estar subjetivo no esporte, que ampliariam assim, o estado de felicidade, foi dividida em três categorias: 'motivação de auto-realização', destacando-se com onze itens (55%); 'outros', com seis (30%) e 'valor humano', apenas com três respostas (15%).

Mesmo tendo mais de uma categoria, pensou-se que seria possível englobar todas as respostas no item relativo a 'motivação de auto-realização', pois todas as respostas parecem ter um forte indicador motivacional.

A partir da análise dos resultados obtidos na aplicação da Escala Multidimensional de Locus de Controle, foi possível observar que sete dos oito atletas apresentaram locus de controle interno, e o atleta que não obteve maiores escores nas respostas relativas ao locus interno apresentou escores muito próximos nas três sub-escalas.

A média dos escores obtidos em ambas as escalas relativas ao locus de controle externo, defensivo e autêntico, são muito semelhantes e mostram o equilíbrio existente no que diz respeito à percepção dos atletas sobre os eventos que são controlados por fatores externos.

 

 

Conclusões

Esta pesquisa teve como principal objetivo estudar dois construtos característicos da psicologia social: o bem-estar subjetivo e o locus de controle, articulados ao esporte. A partir da bibliografia abordada, e da aplicação e análise do questionário de felicidade e da escala de locus de controle, observou-se a pertinência do desenvolvimento de pesquisas relacionando mais amplamente a relação entre esporte e felicidade.

O esporte destacou-se, na pesquisa teórica e também na breve investigação prática, como um meio significante de obtenção e elevação dos níveis de bem-estar subjetivo, e conseqüentemente, de felicidade.

A percepção dos atletas, observada através do somatório de escores na Escala Multidimensional de Locus de Controle, sobre os acontecimentos de suas vidas, mostrou que eles percebem o controle dos eventos vivenciados por eles como prioritariamente internos, o que condiz com as pesquisas realizadas, que indicam que pessoas com locus de controle interno tendem a possuir maior controle sobre suas vidas (Rotter, 1990). Este resultado também vai de encontro com estudos que indicam ser mais esperado que atletas percebam os acontecimentos de suas vidas guiados por fatores internos, pois estas pessoas em geral, têm uma maior predisposição a persistir nos esforços realizados para que obtenham os resultados esperados em suas investidas. (Rodrigues, Assmar e Jablonski, 1999). Pessoas com locus de controle interno, em geral, apresentam maior satisfação durante a interação social (Dela Coleta, 1982 apud Barboza, 2001). Há, neste sentido, uma tendência em se relacionar o locus de controle interno às características mais positivas. (Lefcourt, 1981 apud Barboza, 2001)

Outra questão abordada nesta pesquisa refere-se à existência ou não de bem-estar subjetivo em atletas de alto-nível. Está questão foi respondida no conteúdo teórico e na coleta de dados, pois foi possível identificar, com a análise realizada a partir das respostas subjetivas obtidas no questionário, a preponderância de afetos positivos sobre os afetos negativos, já que a maioria dos atletas caso pudessem reiniciar suas carreiras novamente escolheriam o mesmo esporte e não fariam mudanças em seu percurso.

Os dados obtidos indicam que, de um modo geral, há satisfação com a prática esportiva, o que justifica a permanência dos atletas no esporte mesmo com todos os problemas experimentados. Assim, é possível especular que esta satisfação, passível de ser interpretada como um otimismo frente ao histórico esportivo destes atletas, também tenha relação com as Olimpíadas de Atenas, realizada em agosto de 2004, da qual eles participaram, pois para a maioria destes atletas o mais importante alvo a ser atingido no universo do esporte é, sem dúvida, a medalha olímpica.

 

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