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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. v.3 n.1 Juiz de Fora jun. 2009

 

RELATOS DE PESQUISA

 

Comportamento pró-social através da técnica da carta perdida (Há vagas para altruísmo em estacionamentos universitários?)1

 

Pro-Social behavior using the lostlLetter technique (Are there parking spaces for altruism in university parking lots?)

 

 

Adriana Nunan* ; Bernardo Jablonski**

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

 

 


RESUMO

O presente estudo procurou avaliar o comportamento de ajuda entre estudantes e frequentadores de campus universitários utilizando a técnica da carta perdida. Nossa hipótese era a de que mulheres receberiam mais ajuda que homens que, por sua vez, seriam mais ajudados do que indivíduos homossexuais. Com este objetivo, um pedido de ajuda (escrito por um homem heterossexual, uma mulher heterossexual ou um homem homossexual) foi colocado nos para-brisas de carros em estacionamentos de universidades das cidades do Rio de Janeiro e de Niterói, num total de 102 cartas. Foi usada como base uma pesquisa semelhante realizada em Brasília (Silva et al., 1998). Obteve-se um baixo retorno das cartas perdidas (16,7%), o que sugere um grau de comportamento pró-social pouco expressivo. Também não foram encontradas diferenças na taxa de respostas entre regiões (zonas das cidades) ou entre os grupos de supostos autores das cartas. Uma análise dos porquês dos resultados obtidos é apresentada ao cabo do trabalho.

Palavras-chave: Comportamento pró-social, Carta perdida, Estudantes universitários, Atitudes.


ABSTRACT

The present study had the goal of evaluating helping behavior between university populations using the lost-letter technique. Our initial hypothesis was that women would receive more help than men, which would, in turn, be more helped than homosexuals. With this objective, a request for help (made by a heterosexual male, by a heterosexual female or by a homosexual male) was placed in the windshields of cars in university parking lots in the cities of Rio de Janeiro and Niteroi, summing up a total of 102 letters. A similar research developed in Brasília (Silva et al., 1998) was used as basis. We obtained a low return rate of the lost-letters (16.7%), which suggests a non-expressive degree of prosocial behavior. Also, we were unable to find differences in response rates between regions (areas in the city) or among groups of supposed authors of the letters. An analysis of the reasons why such results were obtained is presented at the end of the paper.

Keywords: Prosocial behavior, Lost-letter, University students, Attitudes.


 

 

Introdução

O estudo do comportamento pró-social e do altruísmo tem se mostrado relevante em uma época em que a violência urbana alcança índices elevados, e a ajuda ao próximo parece se tornar cada vez mais escassa. O interesse da psicologia social por este tema cresceu na tentativa de procurar entender como a inação de espectadores de pessoas em situação de perigo se relaciona com a presença de outros (Latané & Darley, 1970). No entanto, o que era originalmente conhecido como altruísmo, hoje é denominado de comportamento pró-social, um termo mais genérico, do qual o altruísmo seria uma de suas formas. Assim, “por altruísmo, entende-se qualquer ato que beneficia alguém, mas sem trazer qualquer benefício para o altruísta, e que geralmente envolve algum custo pessoal para aquele que ajuda” (Rodrigues, Assmar e Jablonski, 2009: 228). Mas, é justamente aí, na questão do “sem trazer qualquer benefício para o altruísta” que jaz o grande problema, ao qual até hoje teorias e pesquisas não foram capazes de dar uma solução satisfatória. Em outras palavras, a partir dessa colocação, duas vertentes divergentes se formaram: a que defende o altruísmo genuíno e a que defende o egoísmo dissimulado de altruísmo.

Dentro da primeira vertente, podemos destacar os trabalhos de Batson (1991) como seu principal expoente. Para este autor, o tema do altruísmo é geralmente abordado dentro da relação empatia-altruísmo e que a preocupação empática por outra pessoa leva a uma motivação verdadeiramente altruísta para ajudar outro ser humano. Contudo, a relação empatia-altruísmo é altamente controversa, pois ela recai no dilema inicial do próprio altruísmo, já que é extremamente difícil separar a motivação em ajudar os outros genuinamente altruísta da egoísta. “Por exemplo, situações que normalmente levam o observador a sentir empatia pelo sofrimento do outro, também normalmente os leva a se sentirem tristes. Em tais casos, pode ser o desejo egoísta do ajudante em aliviar a sua tristeza que o levou a ajudar o outro.” (Maner, Luce, Neuberg, & Cialdini, 2002: 1601; tradução nossa).

É fundamentada nessa perspectiva que a vertente do egoísmo dissimulado como altruísmo se desenvolveu. Diversos teóricos, entre eles, Skinner (1971), Krebs (1975), Piliavin e Piliavin (1973) e Dawkins (1976/2001), afirmam que todo comportamento altruísta não passa de um ato egoísta disfarçado. Damos com a finalidade de receber, ajudamos aqueles em que temos algum interesse, ou dos quais esperamos que nos dêem alguma coisa em troca (Krebs, 1970; Unger, 1979). Dentre as correntes que defendem o “egoísmo dissimulado como altruísmo”, a mais forte, talvez por sua evidência, seja a da psicologia evolutiva, que afirma que desenvolvemos comportamentos de ajuda com a finalidade de garantirmos a sobrevivência de nosso próprio código genético, e que nossa pré-disposição a ajudar é sempre maior, quanto mais forte for o laço biológico com aquele que ajudamos (Dawkins, 1976/2001; McAndrew, 2002).

Sabemos pela experiência cotidiana, porém, que nem todo comportamento pró-social é direcionado apenas para aquele próximo de nós em constituição biológica. Assim, por exemplo, Cialdini et al. (1997) afirmam que a predisposição para ajudar aumenta também para aqueles que são emocionalmente próximos, tais como amigos íntimos ou indivíduos com os quais compartilhamos algumas opiniões. Esse compartilhamento, segundo os autores, comprometeria a distinção “eu” e “outro”, e esta justaposição (variando de acordo com a proximidade) faria com que os dois indivíduos fossem considerados como sendo uma entidade única. Essa proximidade afetiva foi denominada por Cialdini et al. como “oneness” (unicidade) o que, para eles, seria a causa do comportamento de ajuda. Estes autores argumentam que “ajudar uma pessoa com a qual alguém tem uma sensação de identidade integrada não pode ser visto como totalmente ‘altruísta’ porque nesse caso, ajudar o outro, corresponderia a ajudar a si mesmo” (Maner et al., 2002: 1602; tradução nossa).

Apesar do enfoque distinto entre essas diferentes teorias do egoísmo dissimulado, podemos encontrar um fator em comum: em todas elas a identificação (proximidade) com o outro, seja por questões genéticas, emocionais ou ideológicas, seria o elemento determinante do comportamento de ajuda. Mas, o que dizer daquelas situações onde a pessoa, necessitando de ajuda, é um completo desconhecido? Esse tipo de conjuntura, em geral, se mostra como um ponto fraco nas teorias do altruísmo dissimulado e um forte suporte para aqueles que defendem a teoria do altruísmo genuíno.

Nesse sentido, uma das teorias do altruísmo genuíno postula que o sujeito que ajuda possui uma afinidade com o “conceito de ajudar”; logo, não ajudar iria lhe causar um mal-estar e, é em virtude disso, que surgiria o comportamento de ajuda. Ver um outro ser humano em necessidade nada mais seria do que uma oportunidade do sujeito de colocar em prática esse tipo de atitude, como ajudar uma pessoa a conseguir um emprego, quando temos nós mesmos a opinião de que conseguir um emprego hoje em dia não é algo fácil. Nesse caso, estaríamos nos identificando com o problema de uma outra pessoa e ajudando-a em função disso. Assim, a partir dessa concepção, podemos perceber como a proximidade, mesmo não necessariamente com o sujeito em necessidade, é um dos fatores determinantes do comportamento de ajuda.

Retomando o tema da relevância da proximidade e sua relação com a incidência do comportamento altruísta, Milgram (1970) apontou diferenças entre meios urbanos e rurais na resposta altruísta. Em função do verdadeiro bombardeio de estimulações, muito além de nossa capacidade de processá-las, que é típica das grandes cidades e que contribuiria para provocar uma exaustão de fundo emocional, este autor propôs o que se denominou sobrecarga sensorial ou sobrecarga urbana. Segundo Milgram - e posteriormente, Cohen et al., 1986 -, pessoas em cidades (? grandes) seriam geralmente mais indiferentes a outros desconhecidos em virtude da alta densidade demográfica,em que o contato entre as pessoas se faz necessariamente mais superficial. Em contraste, pessoas em cidades pequenas (que em virtude da baixa densidade demográfica têm um contato muito mais aprofundando), tenderiam a ser menos indiferentes a outros desconhecidos. Simmel (1902/1950) já alertara, no início do século XX, para os perigos da superestimulação e de suas consequências, levando os indivíduos ao distanciamento emocional e ao cultivo da insensibilidade como forma de defesa contra demandas excessivas, típicas da vida no meio urbano. Na comparação entre cidades pequenas e rurais com cidades mais urbanizadas, moradores das últimas se mostram, de fato, menos propensos a transmitir um recado telefônico, apresentam menor probabilidade de despachar cartas “perdidas”, são menos prestativos com uma criança perdida e menos dispostos a prestar pequenos favores (Hedge & Yousif, 1992; Steblay, 1987).

Mais recentemente, tais achados foram confirmados por Levine et al. (1994) e Levine (2003). Curiosamente, neste último estudo de âmbito transcultural, a cidade do Rio de Janeiro mostrou-se a campeã, entre 23 cidades de todo o mundo, em termos de gentileza para com estranhos - aferida na ajuda a um cego a atravessar a rua, alertar um passante que sua caneta havia caído no chão e auxiliar uma pessoa de perna quebrada a recuperar seus pertences, igualmente caídos no chão. O fato de o Rio de Janeiro ser densamente povoado, o que contrariaria pesquisas anteriores acima citadas, é, segundo o autor, contrabalançado por outras características importantes, relacionadas ao baixo poder aquisitivo da população em geral, ao ritmo de vida mais lento e a uma cultura que valoriza a harmonia social, fatores que favoreceriam a ocorrência de comportamentos pró-sociais, embora, como veremos adiante, tais resultados não tenham se repetido em nossa pesquisa.

Paralelamente, inúmeros estudos ressaltam nesse processo a importância de fatores situacionais, tais como a empatia, recompensas, estados emocionais, disponibilidade de tempo, número de pessoas presentes e a força de normas sociais. Nesta última se enquadrariam as normas de reciprocidade e as de responsabilidade social, sendo esta – a convicção de que as pessoas devem ajudar aqueles que precisam de ajuda, sem esperar por recompensas futuras (Berkowitz, 1972; Schwartz, 1975) -, a moldura teórica que melhor referendaria o tipo de experimento que conduzimos. Nessa mesma perspectiva, inclui-se a questão do gênero do indivíduo que oferece ou que recebe ajuda, já que tendemos a ajudar mais aqueles mais (???) necessitados. Nesse caso, mulheres, sendo percebidas socialmente como mais frágeis e, portanto, mais necessitadas, tendem a receber mais ajuda (Penner, Dertke, & Achenbach, 1973; Pomazal & Clore, 1973; West, Whitney, & Schnedler, 1975).

Eagly e Crowley (1986), por sua vez revisaram uma série de experimentos comparativos entre a incidência de comportamento de ajuda para homens e mulheres e verificaram que homens eram mais altruístas em situações de emergência e de risco (que requeriam ações consideradas heróicas), enquanto as mulheres prestavam mais apoio emocional em situações relacionadas a expectativas sociais, tais como cuidar de crianças ou idosos (Belansky & Boggiano, 1995; Brody, 1990). Como apontam Rodrigues, Assmar e Jablonski (2009), tais diferenças podem ser explicadas a partir da distinta socialização de homens e mulheres. Eagly e Crowley (1986) também constataram que os homens ofereciam mais ajuda quando a pessoa em necessidade era mulher, enquanto as mulheres ofereciam ajuda em igual valor para ambos os sexos.

A hipótese de que pessoas caracterizadas como pertencentes a determinado grupo social discriminado (tais como negros ou homossexuais, por exemplo) seriam menos propensas a receber ajuda também foi analisada por vários pesquisadores em diversas situações sociais (e.g.Walters & Curran, 1996). Dessa forma, buscando avaliar a relação entre comportamento altruísta e grau de desvio da norma social, Hansson e Slade (1977) testaram a hipótese de Milgram (1970) acerca do altruísmo, e tanto eles, quanto posteriormente Whitehead e Metzger (1981), constataram que não apenas o tamanho da comunidade influi no grau de altruísmo, como a interação com o status “desviante” altera o grau de ajuda para com estranhos. Resultados semelhantes foram obtidos por Gore et al. (1997), que comprovaram que heterossexuais eram ajudados quase duas vezes mais do que homossexuais na mesma situação.

Em pesquisas que mensuram o comportamento pró-social, a técnica utilizada com maior frequência é a da Carta Perdida, devido ao fato de ser facilmente aplicável, replicável e de apresentar resultados fidedignos. O primeiro registro desta técnica, segundo Webb, Campbell, Schwartz, Sechrest e Grove (1981), é do ano de 1948 em uma pesquisa sobre “honestidade” realizada por Merrit e Fowler (1948). Reutilizada por Milgram, Mann e Hartner (1965), consiste em distribuir envelopes com cartas endereçadas a pessoas fictícias em lugares públicos ou em lugares em que há grandes possibilidades de serem encontradas, como por exemplo, no para-brisa de um carro, em lojas de departamento, cabines telefônicas e até perto de caixas de correio. Os envelopes já são selados para facilitar a sua entrega pela pessoa que os encontrar. Através do número de cartas devolvidas, relacionado com o número de cartas distribuídas, se obtém um resultado que pode ser considerado similar ao que ocorre em termos de opinião pública.

Podemos citar, como exemplo, a pesquisa realizada em 1969 por Allan W. Wicker, na qual o experimentador utilizou a técnica da carta perdida para comparar a popularidade entre candidatos políticos nas eleições presidenciais nos Estados Unidos. As cartas eram supostamente endereçadas aos partidos políticos aos quais pertenciam cada candidato, e o objetivo era comparar o número de cartas entregues a cada candidato com a quantidade de votos que receberam ao final das eleições. Tal pesquisa mostrou que o maior número de retornos foi de cartas encontradas em para-brisas de carros (88% das cartas devolvidas), enquanto apenas 54% das cartas encontradas na rua foram devolvidas. Um outro estudo, dessa vez realizado por Bouchard e Stuster (1969), em relação à mesma eleição nos Estados Unidos, também confirmou que o local que obteve o melhor retorno foi o carro, mostrando que há outros fatores além da preferência política que determinam se uma carta será devolvida ou não.

A hipótese de Wicker (1969) era a de que as pessoas entregariam as cartas dos candidatos com os quais simpatizavam mais. O estudo revelou ser a técnica da carta perdida um instrumento sensível para testar a opinião pública, mas não suficientemente confiável para testar a popularidade de um candidato político, ainda que a quantidade de retornos, no todo, justifique a sua eficácia. Em suas críticas, Milgram (1969) concorda que essa técnica possa de fato prever os resultados de uma eleição, ainda que de forma aproximada, em função da atuação de outros fatores, tais como: se as cartas foram achadas por lixeiros, crianças, analfabetos ou até por pessoas suficientemente boas para entregar cartas para um candidato que não o de sua preferência.

O para-brisa de um carro parece ser o melhor lugar para se deixar uma carta perdida, visto que o motorista possivelmente se sentiria mais responsável pelo documento do que se ele passasse por uma carta no chão ou se a encontrasse em qualquer outro lugar. No mesmo sentido, outros autores (Webb et al., 1981) postulam que idealmente devem-se utilizar envelopes abertos (não colados) e já selados. Levine (2003) lembra que a ausência de caixas de correio em países não desenvolvidos pode alterar significativamente o retorno do número de missivas. Já Bushman e Bonacci (2004), afinados com o progresso, lançaram mão da técnica do “e-mail perdido” para medir atitudes racistas antiárabes nos EUA após o ataque às torres gêmeas em 2001. Segundo os autores, o e-mail é hoje em dia um meio popular de comunicação e receber uma mensagem mal endereçada não é incomum. Apesar do baixo retorno (22% de respostas), os autores apostam nessa nova técnica como meio de estudo atual e pertinente.

 

Metodologia

Objetivos

No presente trabalho, utilizamos a técnica da carta perdida para testar, simultaneamente, o comportamento pró-social de estudantes e indivíduos frequentadores de ambientes universitários, e se este seria influenciado por fatores relacionados a gênero ou orientação sexual. O grau de envolvimento emocional utilizado por nós se referia ao fato de a carta ser uma exposição de motivos para solicitar uma vaga de emprego por parte de uma pessoa cujo pai estaria doente, ou seja, uma situação de vida importante com a qual, provavelmente, a maioria dos sujeitos teria empatia.

Tomamos por base um estudo semelhante realizado pelo Instituto de Psicologia da UNB em 1998 (Silva, Günther, Lara, Cunha, & Almeida, 1998), porém com as seguintes modificações: não foi avaliada a influência do preconceito contra negros na postagem das cartas, as cartas em nossa pesquisa não possuíam telefone para contato e foram distribuídas exclusivamente em estacionamentos de instituições universitárias.

As Cartas

As cartas perdidas utilizadas na pesquisa eram uma exposição de motivos para a solicitação de uma vaga de emprego. Junto aos envelopes (que continham a carta de exposição de motivos) encontravam-se bilhetes escritos à mão explicando um desencontro entre amigos e solicitando que o dono do carro (suposto amigo desencontrado) lesse o documento, fechasse a carta e a colocasse no correio até a quinta-feira daquela semana.

Os Autores das Cartas

Foram criados 3 personagens fictícios de nomes “Paula” (mulher heterossexual), “Paulo” (homem heterossexual) e “Carlos” (homem homossexual). Tais nomes foram escolhidos cuidadosamente para que fossem relativamente comuns e que não remetessem a qualquer tipo de associação, tal como classe social, por exemplo. O gênero, bem como a orientação sexual de cada personagem, foram explicitados tanto na carta de exposição de motivos quanto nos bilhetes escritos à mão. A variação dos autores das cartas foi criada com o objetivo de verificar se o gênero ou a orientação sexual do personagem influenciariam na postagem das cartas. Utilizamos somente um personagem homossexual masculino, pois o preconceito contra homens gays na sociedade brasileira é maior do que o existente contra lésbicas (Nunan, 2007).

Os bilhetes anexados às cartas foram escritos à mão, em uma folha de caderno pautada e rasgada ao meio com o intuito de mostrar um grau de intimidade entre o autor e o suposto amigo. Os bilhetes foram escritos da seguinte forma, de modo a representar os personagens: “Paula”, por estudante do sexo feminino com letra cursiva; “Paulo” por estudante do sexo masculino, com letra cursiva; e “Carlos”, por estudante do sexo feminino com letra de forma. O nome selecionado para o amigo desencontrado foi “Rafa”, pois este é um apelido que representa tanto o nome masculino “Rafael”, quanto o feminino “Rafaela”. Procedemos assim posto que não tínhamos conhecimento prévio do sexo do indivíduo que iria encontrar a carta, e nosso objetivo era aumentar o grau de identificação com o “amigo”.

O Procedimento

A pesquisa foi realizada entre os meses de março e abril de 2006, em universidades públicas e particulares nas cidades de Niterói e do Rio de Janeiro (nas zonas sul, oeste, norte e centro). As cartas foram distribuídas em 17 campi, previamente selecionados por possuírem estacionamento próprio. Utilizou-se tal critério de escolha com o intuito de que as cartas fossem encontradas por indivíduos que frequentassem o ambiente universitário, acreditando que estes, possivelmente, seriam pessoas com nível de instrução elevado e/ou que compreenderiam a importância do envio do documento.

Foram distribuídas um total de 102 cartas em 17 campi universitários, sendo que em cada local eram colocadas 6 cartas: 2 de mulher heterossexual (“Paula”), 2 de homem heterossexual (“Paulo”) e 2 de homem homossexual (“Carlos”).

Todos os envelopes estavam etiquetados com o nome de uma empresa fictícia, cujo endereço era uma caixa postal alugada pelos experimentadores. Essa precaução foi tomada com o objetivo de evitar que o endereço da empresa em questão ficasse associado a um bairro em particular, e que as cartas fossem postadas ou não dependendo de noções pré-concebidas que o indivíduo tivesse sobre um bairro específico.

A cada campus universitário foi assignada, aleatoriamente, uma letra diferente que corresponderia à sigla da empresa fictícia. Assim, por exemplo, no campus da universidade X foram distribuídas cartas endereçadas à empresa “AVS & Cia”, no campus da universidade Y utilizamos a sigla “BVS & Cia” e assim sucessivamente. Dessa forma, foi possível identificar quais campus postaram quais cartas. Tomou-se o cuidado também de distribuir as cartas apenas às segundas-feiras, posto que o bilhete solicitava que esta fosse colocada no correio até a quinta feira daquela semana. Esse procedimento permitia que o indivíduo, que encontrasse a carta, dispusesse de tempo suficiente para postá-la. Vale ressaltar, por último, que os envelopes estavam previamente selados, de modo a evitar qualquer tipo de custo financeiro para os indivíduos que encontrassem as cartas, o que poderia reduzir as chances destas serem postadas.

 

Resultados

Do total de cartas distribuídas (102), verificou-se que apenas 16,70% delas (isto é, 17 cartas) foram postadas. Nossa análise indicou não haver diferenças significativas na quantidade de cartas postadas por frequentadores de universidades públicas ou particulares (lembrando que deixamos cartas em 7 campi de instituições públicas e 10 campi de universidades particulares). Também não fomos capazes de encontrar discrepâncias entre regiões (zonas da cidade) – ainda que na Zona Oeste tenha se concentrado o maior número de cartas postadas (6) - ou entre os grupos de supostos autores das cartas. Em outras palavras, os dados levantados por nós sugerem que mulheres heterossexuais, homens heterossexuais e homens homossexuais receberam, em média, o mesmo percentual de ajuda, e que a ajuda prestada foi, no todo, muito pequena.

Não obstante os achados citados acima, não nos foi possível realizar uma análise estatística dos dados devido ao baixo número de cartas postadas e, consequentemente, do elevado erro amostral que isto acarretaria. Dessa forma, qualquer conclusão baseada nos resultados deve ser analisada com cautela, o que nos levou a proceder a uma análise descritiva do observado baixo grau de comportamento pró-social encontrado. Ainda assim, dentre os dados coletados, cabe ressaltar alguns pontos interessantes: em 7 campi não houve retorno algum das cartas (universidades UERJ, IBMEC e Castelo Banco) e que a instituição campeã de retornos foi a PUC – talvez por possuir, à época, uma agência dos correios. Além disso, foram observadas algumas peculiaridades nas cartas postadas, que são interessantes de serem mencionadas: uma carta do personagem “Paulo” (homem heterossexual) recebeu um selo adicional, enquanto que em outra, o indivíduo que postou a missiva colocou um adesivo para fechar o envelope; em uma das cartas de “Carlos” (homem homossexual) foi colocado um novo remetente; e, finalmente, nas cartas escritas por “Paula” (mulher heterossexual) uma pessoa corrigiu um suposto “erro” no documento de exposição de motivos, ao passo que outra se deu ao trabalho de redigitar o documento, fazer modificações nele (provavelmente com o intuito de torná-lo mais claro), e comprar envelopes e selos novos para postar a carta – uma legítima “boa samaritana”!

 

Discussão

Nossos resultados ilustram um baixo índice de retorno das cartas distribuídas em universidades, o que possivelmente indica, como citado acima, um grau de comportamento pró-social pouco expressivo entre os frequentadores de campi e estudantes universitários do Estado do Rio de Janeiro. Do total de cartas distribuídas, verificou-se que apenas 16,70% delas foram postadas, um número consideravelmente menor que o obtido por pesquisas semelhantes (Bridges & Coady, 1996; Forbes & Gromoll, 1971; Wicker, 1969). A pesquisa realizada em Brasília, utilizada como base do presente estudo, obteve um índice de retorno de 50% das cartas que não continham número de telefone. Acreditamos que as diferenças no número das cartas postadas pelos participantes do Rio de Janeiro e do Distrito Federal possam ser atribuídas a alguns fatores distintos.

Primeiramente, o estudo de Silva et al. (1998) distribuiu um número superior de cartas, o que coincide com a opinião esposada por Milgram (1969), para quem as cartas devem ser distribuídas em larga escala (pelo menos 100 por grupo). Outro ponto importante que poderia explicar a discrepância dos resultados entre ambas as pesquisas brasileiras é o fato de o estudo de Brasília ter sido aplicado em “grandes áreas de estacionamento”, não especificadas, mas aparentemente frequentadas por um público diverso do nosso, limitado a estacionamentos de instituições universitárias. Lembremos, igualmente, que o estudo de Silva et al. (1998) foi realizado quase dez anos antes do nosso e que, durante esse período, a sociedade brasileira passou por diversas mudanças que podem ter interferido nos resultados obtidos.

Assim, por exemplo, uma das possíveis explicações para os resultados obtidos por nossa pesquisa pode estar relacionada a determinadas características atuais da sociedade, tais como a crescente demanda de tempo e ritmo de vida acelerado. Partindo do pressuposto de que as pessoas se atribuem cada vez mais funções, solicitações que não façam parte dos seus hábitos cotidianos requerem um maior investimento de tempo e de disponibilidade para serem realizadas. Aparentemente, estamos vivendo em uma época em que o dia parece curto para todas as atividades necessárias e planejadas, e em que os compromissos se sobrepõem de forma avassaladora e que fazem com que o dia de 24 horas não atenda mais a tantas demandas. E como demonstram estudos anteriores (e. g. Darley & Batson, 1973), o fator tempo pode ser decisivo na ajuda a estranhos em necessidade. Não pode ser desprezada também a questão do medo e da insegurança, uma vez que na cidade do Rio de Janeiro já há algum tempo, várias modalidades de assalto vêm colocando a população em sobressalto. É possível que um envelope no para-brisa do carro tenha despertado reações de medo e o desejo de não se envolver em algo que, mesmo que remotamente, pudesse representar algum perigo.

O sentimento de insegurança experienciado pela população carioca está relacionado a uma das variáveis que optamos por não controlar nesta pesquisa: o gênero do indivíduo que encontrava a “carta perdida” em seu carro. Em um estudo piloto, realizado no início de março de 2006, durante o qual foram distribuídas 18 cartas (6 de cada personagem), utilizamos selos diferenciados para os proprietários dos carros, ou seja, em carros dirigidos por mulheres eram colocados envelopes com um selo de uma boneca, enquanto que foram utilizados selos de aviões para os motoristas do sexo masculino. Tal procedimento foi possível na medida em que os pesquisadores aguardavam a saída dos motoristas dos seus respectivos veículos e distribuíam as cartas do acordo com o sexo de cada um. Esta variável foi introduzida com o intuito de verificar se haveria diferenças na ajuda oferecida por homens e mulheres, tal como foi discutido na introdução deste trabalho. Entretanto, optamos por não fazer esta diferenciação na pesquisa maior posto que no estudo-piloto a presença dos pesquisadores nos estacionamentos das universidades foi interpretada como uma ameaça por transeuntes, fato que, possivelmente, prejudicou a postagem das cartas (no estudo-piloto apenas 2 cartas foram postadas, de um total de 18 distribuídas).

Ainda outro fator que, acreditamos, tenha influenciado os resultados da pesquisa diz respeito à facilidade e rapidez exibidas pela comunicação eletrônica (e.g. internet), que tem trazido um impacto negativo considerável na frequência do envio de cartas pelo correio, tornando-o um meio de comunicação cada vez menos utilizado. Postulamos tal hipótese levando em consideração que, com o passar das décadas, pesquisas que utilizaram a técnica da carta perdida (Bridges, 1996; Bridges & Coady, 1996; Forbes & Gromoll, 1971; Wicker, 1969) obtiveram índices de retorno das cartas cada vez menores. Tendo em vista que a amostra estudada por nós foi composta, na sua grande maioria, por estudantes universitários, acreditamos que esses indivíduos já façam parte de uma geração com pouco ou nenhum hábito de ir ao correio, e que pode ter ficado desconcertada com a solicitação de ajuda em questão. Por outro lado, de modos diversos, a carta ainda hoje persiste, resistindo aos avanços tecnológicos da era comunicacional. Segundo dados da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (http://www.correios.com.br, relatório de 2005), o número de cartas simples enviadas, após ter subido entre 2000 e 2001, vem caindo, embora ainda esteja em patamares significativos, acima dos 3 milhões de unidades/ano. Já as cartas impressas e registradas, franqueadas e as enviadas por Sedex, vêm tendo aumentos significativos desde então (entre 60 e 120%). Assim, missivas de cunho afetivo, ou nutridoras dos laços intersubjetivos, somam-se a outros tipos de correspondências ainda em voga, o que pode anular, ao menos em parte, o argumento da existência de uma geração muito afastada dos correios face à concorrência tecnológica (Gorrese & Jablonski, 2002).

Enfim, em função do exposto anteriormente, cabe ressaltar que, mesmo que existam poucos indivíduos pró-sociais, os que o são se empenharam consideravelmente em ajudar o próximo. Como já o dissemos igualmente, mesmo que os resultados por nós encontrados não tenham sido robustos o suficiente para inferências comprobatórias (devido ao reduzido tamanho da amostra), as especulações acima podem servir de ajuda a futuras pesquisas acerca deste tópico, e que, lamentavelmente, a disposição para ajudar um estranho em necessidade parece estar sendo sobrepujada por questões de tempo ou de segurança.

 

Referências

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Recebido em: Maio 2009
Aceito em: Junho de 2009

 

 

1 Esta pesquisa contou com a colaboração dos seguintes alunos de graduação do Departamento de Psicologia da PUC-Rio: Leonardo Rosa Nascimento, Luana Flores Pereira, Maria Gurgel e Mariano de Araújo Fonseca. Participaram de fases iniciais da pesquisa os alunos Ana Victória Oswaldo Cruz Healey e Diego Nicolau.
* Psicóloga e Doutora em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).
** Psicólogo Social e Professor Assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Contato: Rua Marquês de São Vicente, 287 / 701 – Gávea – Rio de Janeiro – RJ – CEP 22451- 041. Tel.: (21) 2512-9840 E-mail: bjablonski@uol.com.br

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