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Psicologia em Pesquisa

versão On-line ISSN 1982-1247

Psicol. pesq. vol.6 no.1 Juiz de Fora jul. 2012

 

ARTIGOS

 

Imagem de si e Autoestima: A Construção da Subjetividade no Grupo Operativo**

 

Self-image and Self-esteem: The Construction of Subjectivity in the Operative Group

 

 

Cibele Mariano Vaz de MacêdoI; Regina Glória Nunes AndradeI,;

IPrograma de Pós-graduação em Psicologia Social, Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Endereço para correspondência:

 

 


RESUMO

Este artigo analisou como a participação de crianças, nas oficinas da Ação Griô do Centro Cultural Cartola (CCC), influencia a construção subjetiva delas a partir da formação da imagem de si. Para tanto, desenvolveu-se um Grupo Operativo, que propôs atividades expressivas, nas quais as crianças foram estimuladas a falar, desenhar ou escrever, enfocando sempre a expressão de sua subjetividade relacionada à sua imagem de si. Os resultados foram analisados com base nos conceitos de campo social, espaço social e habitus. Concluiu-se que a influência exercida na construção subjetiva das crianças possibilita a formação de uma imagem de si fortalecida para o enfrentamento das vulnerabilidades sociais e a busca pela autonomia de uma melhoria real de qualidade de vida.

Palavras-chave: Imagem de si; subjetividade; grupo operativo


ABSTRACT

This work analyzed how the participation of children in the activities of the Ação Griô Group at the Cartola Cultural Center in Rio de Janeiro influenced the construction of their subjectivity and their self-image. For this purpose, an Operative Group was developed, in which expressive activities were proposed, thus stimulating children to talk, draw and write, so that they could always express their subjectivity related to their self-image. The concepts of social field, social space and habitus guided the analysis of the results. We conclude that the influence of the operative groups on the children's construction of subjectivity leads to the formation of a stronger self-image which better prepares them to face social vulnerabilities and to get a real improvement in quality of life.

Keywords: Integrality; health care; subjectivity.


 

 

O presente artigo discute a construção da subjetividade a partir da ideia da imagem de si, que se constitui na interseção sujeito e relações afetivas significativas nos diferentes períodos do ciclo vital e nos diferentes espaços socioculturais. Nessas relações, o sujeito constrói uma imagem de si ao responder quem ele acha que é, como percebe suas características físicas e psicológicas, suas qualidades ou falhas. Por meio das funções perceptivas e ativas, a imagem de si desempenha influência fundamental em escolhas e decisões e, assim, constitui a construção subjetiva.

Para alcançar o objetivo proposto de compreender as formas de apropriação e produção de sentido na construção da subjetividade, feitas pelas crianças que frequentam o Centro Cultural Cartola (CCC), a partir das relações estabelecidas nas oficinas da Ação Griô, este artigo se fundamentou em uma metodologia participativa, sustentada pelo método de compreensão do espaço proposto por Bourdieu (1998). A técnica de ação da pesquisa de campo está centrada na metodologia de Grupo Operativo, de Pichon-Rivière (1991, 1998).

A atenção e o tratamento oferecidos ao paciente em seu processo de adoecimento pode ocorrer de forma fria, hostil e isolada, ou num ambiente acolhedor e empático, onde o sujeito possa resguardar sua identidade e vivenciar seu momento de forma menos traumática. May (1978) assinala que o sentimento de medo provindo da solidão é resultante, na maioria das vezes, da ansiedade de perder a consciência de si mesmo. Neste sentido, ressalta que todo ser humano adquire grande parte do senso de sua própria realidade através do olhar dos outros e de suas percepções. Mas, em contrapartida, quando essa dependência alheia atinge um grau exacerbado, ocorre um temor de que, em sua falta, se possa perder o senso da própria existência.

Os resultados alcançados na realização do grupo operativo foram analisados a partir dos três conceitos propostos por Bourdieu (1998): campo social, espaço social e habitus.

Para apreender a lógica do campo social, torna-se necessário, portanto, adentrar no habitus de um dado espaço social, temporal e historicamente localizado. É necessário compreender a lógica do campo social para que se entenda de que forma seus atores constroem os espaços de possibilidades, pois a posição no espaço social se apresenta como fator determinante para o habitus que produz as escolhas.

De acordo com Bourdieu (1998), o campo social é o universo de práticas específicas, sendo a sociedade um conjunto de campos sociais relativamente autônomos, atravessados por enfrentamentos e resistências, cujos critérios são constituídos de dentro para fora.

Para Bourdieu (1998), o espaço social é formado por agentes ou grupos nele distribuídos. Assim, se cria um campo de forças, no qual há lutas empreendidas pelos agentes, cada qual com seus meios e fins, de acordo com sua posição na estrutura do campo e objetivando sua conservação ou transformação.

O conceito de habitus, entendido por Bourdieu (1998) como um sistema de esquemas individuais, socialmente constituído por disposições estruturadas e estruturantes, adquirido nas e pelas experiências práticas, constantemente orientado para funções e ações da atuação diária. Entendido como uma subjetividade socializada, pretende recuperar a noção ativa do sujeito, como produto da história no campo social e da experiência acumulada pela trajetória individual. Atua na disposição do sujeito em fazer escolhas, baseado nas concepções que tem.

As reflexões teóricas sobre a formação da imagem, a fase do narcisismo e os aspectos relativos às vulnerabilidades e autonomia foram úteis para a análise dos dados resultantes da realização do Grupo Operativo

Assim, pretendeu-se contribuir para a discussão acerca do acesso à cultura como potencial transformador da posição das crianças em seu campo social e como meio para a desmistificação de perspectivas que naturalizam as vulnerabilidades sociais, mostrando que espaços sociais como o CCC, pelo incentivo à cultura, proporcionam uma fundamentação para a construção subjetiva embasada em uma imagem de si positiva.

 

Formação da Imagem

Refletir sobre a imagem de si implica em contextualizá-la. Na sociedade contemporânea, surgem novos espaços e novas formas de inserção nesses espaços, os quais geram novos atores sociais e novas formas de se colocar. Além disso, a formação da imagem de si encontra-se, para além das receitas dos manuais de autoajuda ou das estatísticas que mensuram o autoconceito, nas construções sociais da identidade pela cidadania cultural.

Para compreender a imagem de si, torna-se necessário compreender a formação da imagem: trata-se de um fenômeno psíquico que possibilita ao sujeito representar e registrar os eventos vividos e/ou percebidos. A imagem forma-se como representação visual, que interfere na maneira como o sujeito percebe, reage e interage com o meio social.

A imagem é captada pelo sujeito enquanto absorção psíquica, sendo passível de ambiguidades, em função de sua evanescência e da possibilidade de sofrer distorções, podendo acarretar uma discrepância entre a reprodução da realidade e as condições evanescentes da imagem. A imagem implica a condição fundamental de reproduzir-se a partir de outras imagens impressas na subjetividade (Andrade, 2003).

No entendimento de Fink (1966):

Nós podemos colocar a questão de saber se toda imagem é uma cópia, ou se toda cópia é uma imagem refletida. A imagem refletida é uma cópia essencialmente determinada pela relação contemporânea, que oferece do original que ela representa. É necessário que o original determine a cópia (p.100).

A primeira fase da formação do eu foi chamada por Lacan (1998) de "estádio do espelho", cujo tema principal é a concepção da formação do eu através da imagem de seu próprio corpo. O espelho é usado por Lacan (1998) como uma metáfora que elucida um fenômeno que ocorre dos 6 aos 18 meses de idade, no qual o outro faz a função do espelho, por nomear a imagem nele expressa. O estádio do espelho organiza-se em torno das identificações e das imagens; para tanto, é necessário entendê-lo como uma identificação.

Desse modo, pode-se afirmar que a imagem de si é construída na interseção "sujeito-relações afetivas significativas", nos diferentes períodos do ciclo vital e nos diferentes espaços socioculturais. O sujeito compõe sua imagem de si, ao responder, de forma consciente ou inconsciente, quem ele acha que é, como ele se vê ou, como Branden (2000) explica, como ele se avalia.

A imagem de si, como fenômeno social, influencia o modo como as relações interpessoais se estabelecem. No encontro subjetivo, as imagens projetadas pelo outro se tornam responsáveis pela descoberta do sujeito, pela forma como ele se estrutura e se reconhece (Zugliani, Motti & Castanho, 2007). Sendo a imagem de si o núcleo do funcionamento emocional, ela concentra diversos processos de sofrimento e superação, por incluir uma luta que envolve reflexão, esforço, senso crítico e responsabilidade.

Branden (2009) destaca a importância do sentimento de competência pessoal e o de valor pessoal na formação da imagem de si saudável, aspectos que unem autoconfiança e respeito. Desse modo, a imagem de si apresenta-se enquanto juízo pessoal de valor, no qual o sujeito acessa no outro somente por meio de relatos ou comportamentos.

Todas as facetas da experiência pessoal sofrem interferência da forma como o sujeito se vê, como ele se relaciona com outras pessoas e com as situações da vida e como reage a elas. O desenvolvimento e a proteção da imagem de si relacionam-se com a capacidade da autoavaliação adequada de sentimentos e comportamentos.

Como um conceito pessoal, a imagem de si habita a subjetividade do sujeito: o que ele pensa e sente sobre si mesmo e não o que o outro, ou o meio social, pensa sobre ele. Como experiência íntima, essencial para uma vida satisfatória, a autoestima exerce influência na interação do sujeito com o mundo.

A imagem de si encontra-se contida em um dinamismo, que a torna sempre em processo de revisão, adaptação e construção, que nunca chega ao fim, e que se inicia no desenvolvimento satisfatório do narcisismo proposto por Freud (1914/1969), como iremos apresentar no próximo item.

 

Narcisismo e a Produção da Imagem de Si

Na Psicanálise, Freud (1914/1969) descreve que "a autoestima expressa o tamanho do ego [...] Tudo o que o sujeito possui ou realiza [...] ajuda-o a aumentar sua autoestima" (p.115). Freud (1914/1969) reconhece que ela está diretamente relacionada com a libido narcisista, o que se deve ao fato de que o amor que envolve desejo e privação diminui a autoestima e, ao contrário, ser amado e ser correspondido no amor a aumenta.

O narcisismo, em limites não extremados, participa da fase normal de desenvolvimento psíquico, de fundamental importância na construção do eu e do lugar do outro em sua vida. As dificuldades no relacionamento intersubjetivo ocorrem quando, por algum motivo, a saída dessa fase fica comprometida ou, na vida adulta, o retorno a ela encapsula o eu em si mesmo, caracterizando um modo de subjetividade em que não há legítimo valor e interesse pelo outro.

O narcisismo é formado por um conjunto de imagens que existem em torno de uma falta. Freud (1914/1969) explica que, na identificação narcísica, o eu se identifica com a imagem de um objeto desejado; portanto, a imagem narcísica é uma das condições necessárias ao surgimento do desejo e de seu reconhecimento.

Freud (1914/1969) divide a autoestima em três partes: uma parte da autoestima primária, referente ao resíduo do narcisismo infantil; a outra, deriva da onipotência corroborada pela experiência, na realização do ideal do eu; e a terceira, procedente da satisfação da libido objetal. A criança sairá do narcisismo primário quando seu eu se confrontar com um ideal, composto de crenças, valores e comportamentos, com o qual tem de comparar-se, e poderá representar um momento de transformação e crescimento.

Coelho Filho (2007) adverte que a atitude madura da autoestima evidencia uma imagem de si positiva, expressa no equilíbrio da autovalorização e da autoavaliação. Há, portanto, um equilíbrio entre satisfazer necessidades pessoais e em relação aos outros e em atender as demandas socioculturais em determinado momento, no tempo e em circunstâncias específicas.

 

Vulnerabilidade e Autonomia: Impactos Sobre a Formação da Imagem de Si

A crise das relações presente na contemporaneidade, marcada por uma sociedade de risco, provoca a falsa sensação de ser superficial a discussão sobre a imagem de si. Todavia, tomada a partir da reflexão de como o sujeito pensa, sente e se comporta diante das demandas socioculturais contemporâneas, a imagem de si apresenta grande relevância em estudos feitos em lugares que convivem com a vulnerabilidade social, como a Mangueira, campo da presente pesquisa.

A situação de vulnerabilidade social pode estar relacionada não só à segregação espacial, compreendida de forma que vai além da questão financeira, como também às múltiplas dimensões da pobreza, que englobam questões relativas à renda, à escolaridade, ao ciclo de vida familiar, bem como ao acesso aos bens e serviços públicos e privados. O mesmo se aplica às áreas de risco ou degradação ambiental (Alves, 2006). Especificamente no caso da Mangueira, há ainda as questões relativas ao tráfico e à violência.

A noção de vulnerabilidade diz respeito às situações em que, normalmente, estão presentes fatores como a exposição ao risco, a incapacidade de reação e a dificuldade de adaptação diante da concretização do risco; assim como a insegurança e o estigma – este talvez o componente mais complexo.

Cabe ressaltar que a experiência da vulnerabilidade social para além das consequências negativas pode tornar-se uma força positiva, capaz de impulsionar quem a vivencia a reapropriar-se de sua autonomia, até então ameaçada. A grande ameaça provocada pela vulnerabilidade social diz respeito ao exercício da autonomia.

De acordo com Navarro e Andrade (2007), a autonomia equivale à liberdade individual, ao livre consentimento e ao saber escolher o que é melhor para si. A autonomia compreende, então, duas convicções éticas: o sujeito deve ser tratado com autonomia e aqueles, cuja autonomia está diminuída, se encontram em situação de vulnerabilidade.

A autonomia fica comprometida quando há uma imagem de si negativa, já que, nesse momento, a resistência para enfrentar os percalços da vida encontra-se diminuída, pela impotência. Nesses casos, há predominância de aspectos negativos e comportamento de evitação às situações de risco. A tendência à paralisação e ao isolamento que, segundo Aragón e Diez (2001), representam deterioração e desintegração da existência pela ausência de uma imagem de si adequada.

Aragón e Diez (2001) admitem a importância de iniciativas que promovam o autoconhecimento e a autoaceitação; entretanto, ressaltam a necessidade de uma atuação coerente com o que cada um sente e conhece acerca de si mesmo, sobretudo em atuar sobre si, isto é, em tomar decisões coerentes. Tal comportamento, que exige esforço e dedicação, em contrapartida, promove melhorias na imagem de si. Dado que a imagem de si se dá a partir do sentimento e da experiência de adequação à vida e às vicissitudes, viver conscientemente é fator primordial para a saúde da imagem de si.

 

Método

Esta pesquisa realizou-se a partir da metodologia de Grupo Operativo de Pichon-Rivière (1991; 1998). O Grupo Operativo define-se por um conjunto restrito de pessoas, com um objetivo comum, de duração limitada, centrado em uma tarefa, e no qual teoria e prática são articuladas constantemente. Visa a promover o esclarecimento, a comunicação, o aprender a pensar, a operar uma dada realidade, o fazer crítica e autocrítica, explicitando os medos de seus integrantes quanto às mudanças e elaborando as experiências cotidianas em comum.

O conceito de tarefa guia a ação do grupo. Pichon-Rivière (1998) considera que, na operação de tarefas, é possível resolver situações de ansiedade – tarefa entendida como a inscrição da pessoa no mundo e na descoberta do desejo. Por meio da tarefa, torna-se possível ao sujeito recuperar um pensamento discriminativo, obter consciência de sua identidade e da identidade dos outros integrantes do grupo. Nesse sentido, a técnica do Grupo Operativo orienta-se para a expressão livre e espontânea dos integrantes, no qual eles podem atuar com seu repertório próprio de conduta.

O processo do Grupo Operativo é dinâmico. Para sua prática, o interesse recaiu mais no "como" do que no "o que"; não tendo sido enfocado a atividade em si, mas, sim, a condução dessa atividade, ou seja, como ela se desenrolou e como se deram as discussões daí advindas.

O Grupo Operativo foi realizado com crianças que frequentam regularmente a Ação Griô do Centro Cultural Cartola (CCC). A Ação Griô está integrada aos Pontos de Cultura do Programa Cultura Viva da Secretaria de Programas e Projetos Culturais (SPPC) do Ministério da Cultura. Uma iniciativa que visa a resgatar cantigas e a contação de histórias, que tem como missão mediar a memória e a produção de conhecimento histórico, ao criar e instituir uma política nacional de educação, cultura oral e economia comunitária para o fortalecimento da identidade e ancestralidade de jovens, por meio do reconhecimento do lugar social, político e econômico de sua tradição oral.

Participantes

O Grupo Operativo foi desenvolvido com quinze crianças, sendo oito meninas e sete meninos, cuja média de idade varia entre seis e quatorze anos. O número de participantes não variou durante a realização do grupo, embora tenha havido faltas esporádicas. O critério de inclusão no Grupo Operativo foi o de ser participante das oficinas da Ação da Griô; não houve critério de exclusão. Para frequentar as oficinas da Ação Griô, exige-se que as crianças estejam matriculadas na escola, o que significa que todos os participantes do Grupo Operativo frequentam regularmente o ensino fundamental. A maioria dos participantes mora na Mangueira, com exceção de três deles: um morador da Penha e outros dois de São Cristóvão, bairros que pertencem à Zona Norte da Cidade do Rio de Janeiro e ficam próximos à Mangueira, onde o CCC está situado.

Antes de se iniciarem as atividades do grupo propriamente ditas, foram realizadas observações participantes, no período entre março e junho de 2008, durante as oficinas da Ação Griô, tendo como objetivo conhecer como era realizado o trabalho dentro do CCC, quais eram os seus frequentadores e estabelecer relações de transferências que facilitassem a expressão das crianças durante as sessões do Grupo Operativo.

A pesquisa foi submetida e aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estado do Rio de Janeiro. A participação de todos foi voluntária, mediante a assinatura dos responsáveis do "Termo de Consentimento Livre e Esclarecido".

Procedimentos

Antes de se iniciarem as atividades do grupo propriamente ditas, foram realizadas observações participantes, no período entre março e junho de 2008, durante as oficinas da Ação Griô, tendo como objetivo conhecer como era realizado o trabalho dentro do CCC, quais eram os seus frequentadores e estabelecer relações de transferências que facilitassem a expressão das crianças durante as sessões do Grupo Operativo.

As sessões do Grupo Operativo ocorreram no período entre setembro e novembro de 2008, perfazendo um total de onze. Foram propostas tarefas em diversas disposições, algumas em duplas, outras no grupo maior e outras individualmente. Durante a realização das atividades foi estabelecido que todos podiam compartilhar e discutir as experiências vividas nas atividades do grupo. As crianças foram estimuladas a falar, desenhar ou escrever sobre elas mesmas: suas opiniões, gostos, sonhos, desejos, sua família, os lugares que conhecem e o local onde moram.

Cada sessão do Grupo Operativo propôs uma atividade, com disposição e enfoque específicos, como descritos a seguir.

A primeira, a atividade "Entrevista Participativa" (05/09/2008), foi realizada em duplas: uma criança foi o entrevistador e a outra, o entrevistado. Em seguida, elas trocaram de papeis e, ao final, cada entrevistador apresentou seu entrevistado para as demais crianças do grupo. A Entrevista Participativa abordou questões relacionadas aos desejos, gostos, amigos, sonhos e medos.

Na segunda, na atividade "Regras Para um Mundo Melhor" (12/09/2008), as crianças discutiram o que acham que não está bom no mundo, o que precisaria mudar para que ele ficasse melhor e, depois, o que precisaria ser feito, quais as regras a serem estabelecidas para essas mudanças.

Na terceira, na atividade "Autógrafos" (19/09/2008), cada criança recebeu um cartão com quatro questões que ela deveria perguntar para as outras do grupo; aquelas crianças cujas respostas eram positiva tiveram seu nome assinado no cartão. À medida que realizavam o trabalho, iam discutindo e justificando as respostas.

Na quarta, na atividade "Minha História Pessoal no CCC" (26/09/2008), cada uma escreveu uma história pessoal relacionada ao CCC: como o conheceu, o que fazem, o que acham. Em seguida, contaram a história para todas as demais.

Na quinta, na atividade "Meu Mundo" (03/10/2008), as crianças receberam uma folha com um círculo, no qual elas desenharam como era o mundo para elas; ao final, descreveram o desenho e discutiram no grupo com era o mundo em uma visão pessoal.

Na sexta, a atividade "Entrevista da Família" (10/10/2008) foi realizada em duplas, com uma criança de entrevistador e outra de entrevistado. Depois, mudando os papeis, responderam às questões relativas ao seu grupo familiar. Ao final, cada entrevistador apresentou a família de seu entrevistado. A oitava sessão também abordou a família; nela as crianças construíram e apresentaram sua "Árvore Genealógica" (24/10/2009).

Na sétima, na atividade "Caixa de Sentimentos" (17/10/2008), cada criança tirava de dentro de uma caixa um cartão que continha um sentimento. Ela foi estimulada a dizer sua reação diante dele e, assim, a iniciar a discussão no grupo sobre o tema, tendo a liberdade de expor sua opinião diante dos sentimentos apresentados pelos colegas.

Na nona, "Meu Lugar no Mundo" (31/10/2009), em duplas, responderam questões relacionadas ao lugar em que moram, aos lugares de que gostam mais e menos, às viagens que fizeram ou gostariam de fazer. No decorrer da tarefa, comentavam e discutiam as respostas.

Na décima, também com o enfoque no território, pintaram no Mapa (14/11/2009) os lugares que conheciam na cidade do Rio de Janeiro e na Região Metropolitana. Ao final, elas apresentaram os lugares ao grupo.

Na última sessão, a única do Grupo Operativo feita sem a identificação das crianças, elas escreveram em um cartão: Para o meu futuro, eu desejo... (28/11/2008) e puderam falar sobre seus sonhos e desejos para o futuro.

Instrumentos

A análise foi realizada a partir do método empírico de Bourdieu (1998), que considera que as propriedades são relacionais, isto é, existem em relação umas com as outras. Assim, as definições são alcançadas pelas relações que se estabelecem no campo social e não pelas propriedades consideradas em si mesmas. Dessa forma, propõe-se a abordagem do que está circunscrito em um determinado momento histórico, em um determinado espaço social, constituído por agentes distribuídos em função de sua posição - o habitus - nesse mesmo espaço.

Nesse sentido, a Mangueira funciona como o campo social. O CCC instaura-se como um espaço social que se converte num espaço de tomadas de posição pela intermediação do habitus, que se relaciona com valores, preconceitos e estigmas assumidos pelas crianças que frequentam suas oficinas.

Resultados

As atividades do Grupo Operativo foram guiadas pelo objetivo proposto: a investigação da construção da subjetividade de crianças a partir da participação delas nas oficinas da Ação Griô. Mais importante do que o fazer as atividades foram as discussões por elas originadas, que serviam de estímulo à expressão livre, que evidenciava, por sua vez, a imagem de si dos participantes.

Respeito à individualidade − a proposta de cada atividade era que, ao final, as crianças apresentassem o que havia sido desenvolvido. Entretanto, cada criança era respeitada quanto ao desejo de expressar-se ou de expor sua produção. Desenvolvia, assim, a importância do respeito na relação e a confiança que surge a partir da segurança em ser respeitado. Assim, o sujeito experimenta certa autonomia em relação a sua imagem de si, pois a estima que o outro nutre por ele nutre também sua autoestima.

Perspectivas para o Futuro − as crianças percebem a sua participação nas atividades culturais do CCC como uma oportunidade de se aprimorarem. E quando questionadas sobre o que elas pretendem da vida, elas afirmavam: "Eu pretendo levar a vida ajudando a comunidade carente"; "pretendo ser médico"; "eu quero ser bombeiro"; "queria ser um policial diferente desses que a gente vê na comunidade". Nos relatos, observa-se a possibilidade de se estabelecer um ciclo no qual quanto mais o sujeito se desenvolve, mais ele pretende desenvolver relações saudáveis para o desenvolvimento do outro. Evidencia-se, ainda, o principal objetivo do CCC: formar cidadãos críticos.

Senso de responsabilidade − A fala – "Devemos começar no horário, porque foi avisado desde a semana passada. Quem não veio foi por falta de interesse" – mostra o compromisso e a responsabilidade em participar do grupo. E permite o entendimento de que a autoestima possibilita que o sujeito atue de forma mais independente, em atendimento a metas a serem alcançadas. Isso fica também evidenciado no relato de uma das crianças que não foi selecionada para fazer parte da orquestra de violinos, depois de passar um ano participando das oficinas da Ação Griô, que são pré-requisitos para a audição do violino: "No próximo ano terei que ser mais responsável e disciplinado para entrar no violino".

Expressão livre de sentimentos – solicitados a completarem frases relacionadas aos sentimentos, uma das crianças pediu: "Eu posso escrever mais de um? Eu gosto de escrever sobre isso!". E foi a primeira a querer compartilhar com os colegas o seu sentimento: "Eu fico assustada quando..." As crianças compartilharam sentimentos, desde medos infantis – monstros, fantasmas e vultos – até relatos da realidade em que vivem, como se deparar com o caveirão (Carro blindado da Polícia do Rio de Janeiro) ou com um assassinato.

Transformação pessoal – muitas foram as expressões de transformação pessoal a partir da participação nas oficinas da Ação Griô: "Eu mudei tudo [depois que começou a frequentar o CCC], a minha vida e meu coração, porque era muito bagunceira, muito, muito". "Tia, você se lembra quando comecei aqui, como eu era sapeca?". "Griô para mim é contar histórias, aprender coisas e fazer amigos". "Griô é perder a vergonha". "Griô para mim é aprender a falar". Relatos que apontam novas possibilidades de posicionamento na vida e nas relações, estimuladas pelo incentivo ao autoconhecimento, à convivência em grupo, fundamentado no acesso à cultura e no exercício da cidadania cultural.

No Grupo Operativo, as crianças relataram ainda as oportunidades que tiveram e os lugares que conheceram por intermédio das atividades do CCC. Outro tema recorrente durante as sessões eram as narrativas relacionadas aos medos da realidade em que vivem, por um lado, e à esperança de um mundo melhor, o desejo de paz e alegria, por outro.

Os resultados, como apresentados acima, apontam para uma influência positiva da construção da subjetividade exercida pela participação das crianças nas oficinas da Ação Griô, como discutiremos a seguir.

 

Discussão

As categorias elencadas nos resultados corroboram o que se pretendeu investigar com o Grupo Operativo: a influência da participação das crianças nas oficinas da Ação Griô na construção da subjetividade e na formação da imagem de si

A realização do Grupo Operativo possibilitou observar a conscientização das crianças sobre a relevância do outro na construção do autoconhecimento. O Grupo Operativo, nesse sentido, foi terapêutico, pois criou ambiente para a livre expressão da subjetividade, possibilitando a promoção do diálogo. Sendo assim, a construção do autoconhecimento abre caminho para que as crianças se posicionem no mundo de forma ativa, crítica e responsável.

Na análise dos conceitos propostos por Bourdieu (1998), compreende-se que a Mangueira funciona como o campo social que se estrutura pelas relações dinâmicas entre instituições e agentes sociais, distintamente posicionados em função de sua visibilidade e recursos disponíveis. Serve também como referência para a reelaboração de práticas e narrativas, configurando-se como território que resiste aos processos de massificação e naturalização da violência, por meio de práticas culturais variadas.

A análise do campo social objetivou o alcance do invariante, o que significa compreender estruturas e mecanismos de construção, reprodução e transformação do espaço social, o CCC, que se converte num espaço de tomadas de posição, habitus, que se relaciona com a imagem de si formada pelas crianças, a partir dos valores trabalhados nas oficinas, que buscam a transformação de preconceitos e estigmas.

Evidenciou-se a busca do fortalecimento, por meio da arte e da cultura, da imagem de si das crianças, que são incentivadas a desenvolver a capacidade de se sentirem aceitas e reconhecidas. Estratégias foram empreendidas para que elas melhorem sua imagem de si, tornando viável a diminuição de conflitos, tanto individuais quanto sociais, ao propiciar ferramentas para lidar de maneira mais efetiva nas situações de enfrentamento da vulnerabilidade social às quais estão sujeitas e, assim, abrirem-se à possibilidade de assumirem atitudes frente ao mundo mais autônomas e menos dependentes.

Sem dúvida, ficou evidente que trabalhos como o do Grupo Operativo, por meio de atividades expressivas, estimulam o autoconhecimento e são de grande valia para que crianças exercitem a autonomia em suas escolhas, se orgulhem de ser quem são e se responsabilizem por sua vida e seu sucesso. Sempre que uma atividade foi realizada na oficina da Ação Griô, era dito às crianças que tudo feito ali era arte, e a primeira coisa que deveriam aprender era valorizar a própria arte e a arte dos colegas. Esse é o primeiro passo para que as crianças desenvolvam uma imagem de si e um sentimento de pertencimento positivos.

O conceito de "estádio do espelho" (Lacan, 1998) ficou demonstrado na transformação produzida no sujeito quando este assume uma imagem de identificação, cuja função consiste em integrar a criança em uma dialética que a constituirá como sujeito. Por outro lado, o narcisismo (Freud, 1914/1969), em sua dimensão saudável, possibilita que a criança admita a importância de gostar de si mesma, preservar-se, cuidar-se e refletir antes de se envolver em alguma situação, como observado nas relações estabelecidas durante o Grupo Operativo.

Iniciativas voltadas para a formação da imagem de si, quando alcançam êxito, minimizam riscos relativos à identificação das crianças com rótulos, estigmas, estereótipos ou com a vitimação. A música e a dança foram utilizadas como forma de desenvolver a criatividade e a cidadania, e possibilitam às crianças serem vistas e ouvidas, além de permitir-lhes ocuparem um espaço e afirmarem o pertencimento.

Percebeu-se que o contato com a cultura, seja pela arte, como a música, seja pelo esporte, faz com que a criança aprenda a importância de respeitar o outro, respeitar regras de convivência social, conviver de forma positiva com sucessos e fracassos e vencer pelo esforço pessoal de forma responsável, independente e autoconfiante.

A participação das crianças nas oficinas da Ação Griô revelou a capacidade de integrar diversos pontos de uma rede de referência que, pelo exercício da cidadania cultural, promovem a interação social, contribuem para o descobrimento de talentos e para experimentarem relativa igualdade social, pelo menos no que diz respeito ao acesso à cultura e, principalmente, para melhorarem a imagem de si, baseada no sentimento de pertencimento ao território em que vivem.

As práticas culturais realizadas no CCC mostram que há outras possibilidades, por meio de apropriações singulares que cada sujeito faz na construção de sua subjetividade, inserido nesse contexto de paradoxos e resistências, no qual se encontra a Mangueira, que se fortaleceu enquanto coletividade no enfrentamento das vulnerabilidades sociais.

O desenvolvimento da autoestima propicia que as crianças e os jovens enfrentem as vulnerabilidades de suas vidas de forma mais adequada, o que significa ir além de evitarem conflitos ou de envolverem-se com o tráfico e o crime para alcançarem uma melhoria real na qualidade de vida, pelo exercício da cidadania cultural. Por meio dela, atingirem a responsabilidade e a autonomia, à medida que os processos da imagem de si sejam apropriados de forma favorável, proveitosa e segura.

A formação da imagem de si, enquanto conceito dinâmico e relacional que resulta na auto-estima, foi observada quando as crianças expressaram como se veem, como se posicionam na sociedade e como fazem escolhas. Nas atividades do Grupo Operativo, elas afirmaram que, depois que começaram a frequentar a Ação Griô do CCC, percebem-se mais concentradas e se sentem mais capazes para aprender coisas novas.

 

Considerações finais

A realização do Grupo Operativo levou à percepção de que as crianças que frequentam a Ação Griô do CCC, apesar de conviverem com uma realidade de vulnerabilidade, conseguem apreender fatores positivos quanto à imagem de si. As discussões decorrentes das atividades possibilitaram-nas expressar sua visão de mundo e as expectativas em relação ao futuro e como estão construindo sua subjetividade.

Em geral, como elas relataram na última atividade do grupo, elas sonham em ser felizes, casarem-se, tornarem-se advogados, enfermeiros, bombeiros, empresários ou membros da Marinha. E já aprenderam que, para isso, precisam dedicar-se e esforçar-se; sabem que são responsáveis por suas escolhas e respectivas consequências.

Ressaltou-se a importância de propiciar o acesso à informação e à cultura, por configurar-se uma possibilidade de despertar, nas crianças e jovens, uma atuação social consciente, sensível, responsável e crítica, fatores fundamentais na construção da subjetividade.

As práticas do CCC exemplificaram uma luta resistente de preservação e reapropriação da cultura local, por ocuparem o espaço de cidadania cultural e influenciarem a construção da subjetividade do sujeito, como ficou evidente durante a realização do Grupo Operativo.

Iniciativas como as do CCC são válidas por incentivarem a autonomia, por serem emancipatórias, mesmo não desconhecendo as vulnerabilidades sociais às quais as crianças estão expostas, mas buscando fortalecê-las para o enfretamento necessário da realidade na qual estão inseridas. Considera-se, então, que o papel do CCC seja o de promover discussões que facilitem a consciência crítica dos participantes, que assim poderão fazer escolhas por si mesmos. O CCC pode promover trocas de conhecimentos e saberes, que propiciem o desenvolvimento de uma imagem de si saudável e segura, sem necessariamente escolher ou assumir um saber que deve ser de livre iniciativa de cada um.

Conclui-se que, apesar de iniciativas como a Ação Griô e o CCC não terem o poder de acabar com a violência, o tráfico ou o estigma, nem mesmo de evitar o envolvimento das crianças e jovens com essas realidades, elas possibilitam que uma imensidão de alternativas se descortinem. Pois se constituem como meio facilitador do autoconhecimento, da descoberta de habilidades e da construção da subjetividade baseada na formação de uma imagem de sifortalecida pelas relações.

 

 

Referências

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Endereço para correspondência:
Cibele Vaz de Macêdo
Regina Glória Nunes Andrade
Rua São Francisco Xavier, 524, sala 10.009, bloco F- Maracanã
CEP 20550-900 - Rio de Janeiro – RJ
E-mail: mailto:cibelevaz@gmail.com

Recebido em 23/12/2010
Revisto em 17/11/2011
Aceito em 15/12/2011

 

 

*Desde 2004, a pesquisa Construções de identidade cultural e autoestima com jovens e crianças no Centro Cultural Cartola (CCC) − vinculada ao Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), e coordenada pela Profa. Regina Andrade − desenvolve com mestrandos e doutorandos projetos de temáticas diversas como cultura e identidade cultural, território, autoestima, vulnerabilidade e autonomia, ética e estética. Diversos trabalhos desenvolvidos no Centro Cultural Cartola estão reunidos no livro Território Verde e Rosa: Construções Psicossociais no Centro Cultural Cartola, organizado por Andrade e Vaz (2010). Dentre esses está a pesquisa que resultou na Dissertação Identidade Cultural e Imagem de Si: Construções de Subjetividades no Território do Centro Cultural Cartola - Mangueira/RJ, de Vaz (2009). Pesquisa que investigou, através de Grupos Operativos, a construção da subjetividade de crianças que frequentam a oficina de contação de história Ação Griô, do Centro Cultural Cartola (CCC), na Mangueira/RJ, a partir das relações estabelecidas entre território, identidade cultural e imagem de si, cuja parte dos resultados está apresentada neste artigo.